SOY
Jorge Luis Borges
Soy el que sabe que no es menos vano
que el vano
observador que en el espejo
de silencio y
cristal sigue el reflejo
o el cuerpo (da lo
mismo) del hermano.
Soy, tácitos
amigos, el que sabe
que no hay otra
venganza que el olvido
ni otro perdón. Un
dios ha concedido
al odio humano esta
curiosa llave.
Soy el que pese a
tan ilustres modos
de errar, no ha
descifrado el laberinto
singular y plural,
arduo y distinto,
del tiempo, que es
de uno y es de todos.
Soy el que es
nadie, el que no fue una espada
en la guerra. Sov
eco, olvido, nada.
Sou
Sou o que sabe que
não é menos vão
Que o vão
observador que, no espelho
de silêncio e vidro
segue o reflexo
ou o corpo (dá no
mesmo) do irmão.
Sou, tácitos amigos,
o que sabe
que não há outra vingança
que o esquecimento
nem outro perdão.
Um deus há concedido
ao ódio humano esta
curiosa chave.
Sou o que, em que pese os ilustres modos
de errar, não há
decifrado o labirinto
singular e plural,
árduo e distinto
do tempo, o que é
um e de todos.
Sou o que é nada, o que não foi uma espada
na guerra. Sou eco, esquecimento, nada.
Ilustração: "A moça diante do espelho" de Pablo Picasso
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