Friday, March 24, 2017

Uma poesia de Elicura Chihuailaf

AÚN DESEO SOÑAR EN ESTE VALLE         
Elicura Chihuailaf

Las lluvias tocan las cuerdas 
de su aire
y, arriba, es el coro que lanza 
el sonido de la fertilidad
Muchos animales hubo -va diciendo
montes, lagos, aves buenas palabras
Avanzo con los ojos cerrados:
Veo, en mí, al anciano
que esperando el regreso
de las mariposas
habita los días de su infancia
No me preguntes la edad -me dice
y estaré contento
¿para qué pronunciar lo que
no existe?
En la energía de la memoria
la Tierra vive
y en ella la sangre de los    
Antepasados
¿Comprenderás, comprenderás
por qué -dice
aún deseo soñar en este Valle?

AINDA DESEJO SONHAR NESTE VALE

As chuvas tocam as cordas
do seu ar
e, acima, é o refrão que lança
o som da fertilidade
Muitos animais foram-vá dizendo
montanhas, lagos, pássaros boas palavras
Avanço com os olhos fechados:
Vejo em mim, o ancião
que espera o retorno
das borboletas
que habitam os dias de sua infância
Não me perguntes a idade- me diz
e estarei feliz
para que pronunciar o que
não existe?
Na energia da memória
a terra vive
e nela o sangue dos
antepassados
Compreenderás, compreenderá
por que-diz
ainda desejo sonhar neste vale?

Ilustração: Luso-Poemas. 

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