Monday, May 28, 2018

A poesia de Jorge Boccanera


ELLA                             
Jorge Boccanera

Viene despacio,
entra
tropieza con mi tos,
con mi costumbre de dejar la nuca
en cualquier parte.
Viene despacio,
ordena mis silencios,
desata las palabras necesarias
recibe la correspondencia de mis ojos.
Viene despacio,
a tender sus manteles de ternura.
Viene despacio,
apenas echa humo para no despertarme.
Se abre paso entre vasos arrojados al día,
retratos de mujeres,
noches de bronca y noches de ginebra.
Viene despacio,
entra,
se arrodilla al borde de mi alma
a juntar los fragmentos de mi risa.
Después se vuela azul como la tarde

ELA

Vem devagar,
entra
tropeça com a minha tosse
com o meu hábito de deixar a nuca
em qualquer lugar.
Vem devagar,
ordena os meus silêncios
desata as palavras necessárias
recebe a correspondência dos meus olhos.
Vem devagar,
para colocar suas toalhas de mesa.
Vem devagar,
apenas cheque a fumaça para não me acordar.
Se abre o caminho entre os copos jogados diariamente,
retratos de mulheres,
noites de raiva e noites de gim.
Vem devagar,
entra,
ajoelha-se na borda da minha alma
para recolher os fragmentos do meu riso.
Depois voa azul como a tarde

Ilustração: Imagens com Texto. 


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