Sunday, November 28, 2021

XLIV

 


São essas coisas tão simples,

que ninguém vai entender,

que me fazem ver

como viver contigo é tão bom.

O beijo pela manhã,

a discussão sobre o que teremos na refeição,

as visões diferentes sobre a vida,

esta tua forma tão louca e tão querida

de, às vezes, me dizer

como devia ser melhor.

Ainda que saiba

que não tem jeito

procuras ensinar ao velho papagaio

novos truques

com a obsessão das boas professoras

e me castigas com beijos,

enquanto bebemos vinho

e me dizes

que serei teu último homem –

o que não acredito –

e que com outro

não poderá mais ser feliz

zombando do tamanho

do meu nariz.

Ilustração: Feche a porta quando sair: coisas simples. 

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