Saturday, February 28, 2009
VIDA, MINHA VIDA
Prisão
Não se pode lapidar
Nem a vida nem a palavra
Que são, do tempo, escravas.
Ilustração: www.oquintopoder.com.br
O MÍNIMALISMO DE UNGARETTI
EFI CUBERO
Quemadura
Efi Cubero
Una interrogación se abre al paisaje.
Frente a este vasto código de signos
tu huella asume el desandado tiempo.
La madurez del sol quema la tarde
y sabio olvida lo antes incendiado
y a veces niño juega a lo infinito.
Hoy evocas el sol de la cerilla
que iluminó tu limitado espacio.
Prendido del febril chisporroteo
tembló el tiempo - ¡la vida!-
en aquel gesto.
Aún te miras los dedos y sonríes
-dolor fugaz y oscuro- cuando rozas,
ajena ya y extraña,
la leve sombra de la quemadura.
Queimadura
Uma pergunta se abre à paisagem.
Frente a este vasto código de sinais
assume a sua pegada desandado o tempo.
A maturidade do sol queima a tarde
e sábia esquece o antes incendiado
e, por vezes, criança joga ao infinito.
Hoje evocas o sol do jogo
que iluminou teu limitado espaço.
Preso do febril chiar
treme o tempo -a vida!-
naquele gesto.
Ainda assim olhas os dedos e sorrindo
-fugaz dor e escura-quando roças,
alheia e estranha
a leve sombra da queimadura.
Friday, February 27, 2009
EFI CUBERO
El lugar de los hechos
Efi Cubero
El tiempo vuelve siempre al lugar de los hechos.
En tus ojos confirmo que regresa.
De borrar algo – digo – borraría tan sólo
este pliegue cerrado o cauteloso
que fue formado en previsión de aquello:
del corazón dispuesto a la inocente entrega.
De borrar algo – pienso – borraría el recelo.
Lo esquivo de un silencio
profundamente herido por la duda.
O lugar dos fatos
O tempo sempre retorna ao lugar dos fatos.
Em teus olhos confirmo que regressa.
Apagar algo- digo - apenas apagar
Esta prudência fechada ou cautelosa
que foi formada na esperança de que:
o coração esteja disposto à inocente entrega.
Apagar algo - penso eu – apagaria o receio.
A timidez de um silêncio
profundamente ferido pela dúvida.
JOSÉ MARIA GÓMEZ VALERO
EL LOCO
José Maria Gómez Valero
Mostró a los ancianos
su ropa empapada,
su pelo mojado,
sus manos llenas de barro.
La lluvia no llegará, le dijeron,
tú sabes que la lluvia no llegará.
[de Travesía encendida]
O louco
Mostrou aos anciões
Sua roupa empapada,
Seu pelo molhado,
Suas m/aos cheias de barro.
A chuva não chegará, lhe disseram,
Tu sabes que a chuva não chegará.
Thursday, February 26, 2009
JOSÉ MARIA GÓMEZ VALERO
EL TIEMPO QUE NOS QUEDA ES PARA LAS CARICIAS
[el lenguaje del perdón]
José Maria Gómez Valero
Pero si fui
el fuego en el que ardía tu casa,
las ruinas en tus ojos,
el dolor en tu voz.
Pero si fui
padre de tu hambre,
cuchillo en tu mesa,
sal en tu sed.
Pero si conseguí
que vivieras en desdicha,
que el miedo vistiera tus ropas,
que masticaras la soledad
como un fruto amargo.
Pero si fui arpón sucio
clavado en tu belleza:
por qué vienes.
Pero si no soy
digno de tu llanto:
por qué lloras ahora,
por qué te abrazas a mí.
[de Lenguajes]
O tempo que nos resta para as carícias
( A linguagem do perdão)
Mas se fui
o incêndio que queimou tua casa,
as ruínas de teus olhos,
a dor na tua voz.
Porém, se fui eu
o pai de tua fome
a faca na tua mesa,
o sal na tua sede.
Se consegui
que vivésses na miséria,
que o medo vestisse tuas roupas,
que mastigasses a solidão
como um amargo fruto.
Porém, se fui o arpão sujo
em tua beleza:
por que vens.
Porém, se não
digno de tuas lágrimas:
por que choras agora
por que te abraças a mim.
Ilustração: www.comunidade.cn
GINSBERG
To Lindsay
Allen Ginsberg
Vachel, the stars are out
dusk has fallen on the Colorado road
a car crawls slowly across the plain
in the dim light the radio blares its jazz
the heartbroken salesman lights another cigarette
In another city 27 years ago
I see your shadow on the wall
you’re sitting in your suspenders on the bed
the shadow hand lifts up a Lysol bottle to your head
your shade falls over on the floor
(Paris, May 1958)
Para Lindsay
Vachel, as estrelas se apagaram
a escuridão caiu sobre a estrada de Colorado
um automóvel rasteja lentamente na planície
enquanto o rádio ressoa o langor de um jazz na penumbra
o vendedor fracassado acende mais um cigarro
Há 27 anos atrás em outra cidade
eu vi sua sombra na parede
você com os suspensórios suspensos na cama
a sombra da mão encostada com uma pistola na cabeça
E queda de seu vulto caindo no assoalho
DEVANEIOS
Monday, February 23, 2009
Friday, February 20, 2009
CREELEY
The Carnival
Robert Creeley
Whereas the man who hits
the gong dis-
proves it, in all its
simplicity --
Even so the attempt
makes for triumph, in
another man.
Likewise in love I
am not foolish or in-
competent. My method is not a
tenderness, but hope
defined.
O Carnaval
Considerando o homem quem bate
o gongo diz -
prove-o, com toda a sua
simplicidade-
Até mesmo assim para
ver a vitória, em
outro homem.
Igualmente no amor eu
não sou tolo ou in-
competente. Meu método não é uma
ternura, mas uma esperança
definida.
HAI KAI
Wednesday, February 18, 2009
PAUL CURTIS
Unique
Paul Curtis
Always remember that you're unique
Unequalled, uncommon, c’est magnifique
One of a kind quite, special and rare
Singular, original, not one of a pair
Special, the exceptional you embody
You're really unique, just like everybody
Único
Sempre lembre que você é único
Inigualável, incomum, c'est magnifique
Um espécie perfeita, especial e rara
Singular, original, um que não tem par
Especial, um tipo excepcional em você se encarna
Você é realmente único, assim como todo mundo.
Ilustração: bruisesandstrawberrygashes.blogspot.com
AINDA CURTIS
Mars Walk
Paul Curtis
After many years of trying
And years of deep space flying
After journeying across the stars
We finally land a man on Mars
He begins his walk at sunrise
And then he finds to his surprise
After exploring near and far
An Irish pub and a burger bar.
Passeio em Marte
Depois de muitos anos de tentativas
E anos de profundos vôos espaciais
Em jornadas em volta das estrelas
Nós finalmente colocamos um homem em Marte
Ele iniciou sua caminhada ao amanhecer
E então encontrou para sua surpresa
Depois de explorar próximo e distante
Um bar irlandês e uma lanchonete de sanduíches.
Ilustração: idealismodebuteco.wordpress.com/.../
O HUMOR DE CURTIS
Is This Art?
Paul Curtis
Martin Creed or Damien Hirst
Collins, Gormley which one's worst
A pickled sheep in formaldehyde
A light goes on and off inside
The truth about salt and paper crumpled
Painting by numbers and things untitled
A pile of bricks, an unmade bed
Is this art or is art dead?
Isto é arte?
Martin Creed ou Damien Hirst
Collins, Gormley ou um pior ainda
Uma ovelha picotada em formol
Uma luz que entra e sai
A verdade sobre o sal e o papel amassado
A pintura por números e as coisas sem título
Uma pilha de tijolos, uma cama desarrumada
É isto arte ou a morte da arte?
Ilustração: www.raninho.com.br
Tuesday, February 17, 2009
DANTE SALGADO
BALANDRA
Dante Salgado
I
Al mar
hay que volver al mar
y ahogarse de verdad
para saber lo que es la vida
________________________________________
En tus ojos hay años de sequía
en tus manos un desierto extenso
por eso te enferma la lluvia
y te duele tanto el agua
________________________________________
He vuelto
en medio del silencio
para no cumplir la promesa
de morir por mi propia boca
Balandra
I
O mar
tem que voltar ao mar
e afogar-se de verdade
para saber o que é a vida
________________________________________
Nos teus olhos há anos de seca
nas tuas mãos um imenso deserto
por isto te adoece a chuva
E te dói tanto a àgua
____________________________________
Estou de volta
em meio ao silêncio
Para não cumprir a promessa
De morrer por minha própria boca.
Mc-Liberty
EL LIBRO BUSCA AL LAPIZ
Meztli Vianey Suarez Mc-Liberty
Cuando la muerte pasa sobre el libro,
la vida guarda en su ataúd
esa vieja escritura…
¿Quién traza letras descompuestas?
¿Quién juega con el alma
que busca la noche en tu cuerpo?
¿Dónde el hombre, la palabra,
Dios en este libro que alguien abre?
O livro busca o lápis
Quando a morte passa sobre o livro,
a vida guarda em seu ataúde
esta velha escritura...
Quem traça as letras descompostas?
Quem joga com sua alma
que busca a noite em teu corpo?
Onde o homem, a palavra,
Deus neste livro que alguém abre?
Monday, February 16, 2009
UM POETA CHILENO
EL PECECITO
Óscar Jara Azócar
Bailando está el pececito
en su salón de cristal;
brilla su traje bordado
con escamas de coral.
Cuenta de estrellas en los ojos
que no cierra en el dormir:
¡pececito, yo te quiero,
porque danzas para mí!
O peixinho
Dançando está o peixinho
no seu salão de cristal;
brilha no seu traje bordado
com escamas de coral.
Conta estrelas nos seus olhos
que não se fecham pra dormir:
peixinho, eu te quero,
porque danças para mim!
MAMÃE..MAMÃEZITA
EN TUS BRAZOS
Germán Verdiales
Mamita, mamaita,
si tú fueses árbol,
tu hijito en tus ramas
quisiera ser pájaro.
Si tú fueses río
que al mar va cantando,
tu hijito en tus aguas
quisiera ser barco.
Mamita, mamita,
si fueses un río
o fuese un árbol,
tú me acunarías
igual en tus brazos.
Nos teus braços
Mamãe, mamãezita,
se tu fosses árvore,
teu filho em teus ramos
quisera ser pássaro.
Se tu fosses rio
que ao mar vai cantando,
teu filhinho em tuas águas
quisera ser barco.
Mamãe, mamãezita
se fosses um rio
ou fosse uma árvore
tu me acolherias
igual em teus braços.
AMADO NERVO
LA ARDILLA
Amado Nervo
La ardilla corre,
la ardilla vuela,
la ardilla salta
como locuela.
Mamá, la ardilla-
¿No va a la escuela?
Ven, ardillita, tengo una jaula
que es muy bonita.
-No, yo prefiero
mi tronco de árbol
y mi agujero.
O esquilo
O esquilo corre,
o esquilo volta,
esquilo salta
como um louco.
Mãe, o esquilo
Não vai à escola?
Venha, esquilinho, tenho uma gaiola
que é muito bonita.
-Não, eu prefiro
meu tronco de árvore
e o meu buraco.
QUASE INFANTIL
ABUELITA
Tomás Allende
Quien subiera tan alto
como la luna
para ver las estrellas
una por una,
y elegir entre todas
la más bonita
para alumbrar el cuarto
de la abuelita.
Avózinha
Quisera subir tão alto
Como a lua
Para ver as estrelas
Uma por uma
E eleger entre todas
A mais bela
Para iluminar pela janela
O quarto de minha
Avózinha.
Saturday, February 14, 2009
GEORGE ELIOT
ROSES
George Eliot
You love the roses - so do I. I wish
They sky would rain down roses, as they rain
From off the shaken bush. Why will it not?
Then all the valley would be pink and white
And soft to tread on. They would fall as light
As feathers, smelling sweet; and it would be
Like sleeping and like waking, all at once!
Rosas
Você ama as rosas – assim como eu. Eu desejo
Que elas caíam do céu como a chuva e como a chuva
Se dissolvam em gotas sobre o arbusto. Porque será que não?
Então todo o vale seria rosa e branco
E suave para trilhar. Elas cairiam em forma de luz
Como penas, perfumadamente doces, e seria
Como dormir e gostar de acordar, todos de uma vez!
UMA POESIA DE RITA DOVE
EXIT
Rita Dove
Just when hope withers, the visa is granted.
The door opens to a street like in the movies,
clean of people, of cats; except it is your street
you are leaving. A visa has been granted,
"provisionally"-a fretful word.
The windows you have closed behind
you are turning pink, doing what they do
every dawn. Here it's gray. The door
to the taxicab waits. This suitcase,
the saddest object in the world.
Well, the world's open. And now through
the windshield the sky begins to blush
as you did when your mother told you
what it took to be a woman in this life.
SAÍDA
Justo quando a esperança chega ao lombo, o visto é concedido.
A porta abre para uma rua, como nos filmes,
limpas de pessoas, de gatos, exceto se é sua rua
que está deixando. O visto foi concedido,
"provisoriamente"-uma palavra aflitiva.
As janelas que você havia fechado atrás
você abre em rosa, fazendo o que fazem
todo amanhecer. Aqui é cinza. A porta
para o táxi espera. Esta mala,
o objeto mais triste do mundo.
Bem, o mundo é aberto. E agora, através do
o pára-brisas o céu começa a corar
como você fez quando sua mãe lhe disse
aquilo que teve de ser como mulher na vida.
Sunday, February 08, 2009
TEMPOS
FLASH
O sentimento de que nada dura
Também, em mim, não permanece.
Nenhuma emoção perdura
E a pressa apressa a prece.
O tempo, a vida, as coisas correm.
O novo, num minuto, envelhece.
Pelos dedos os fatos escorrem
E toda luz, toda cor esmaece.
Não há mais nada de sólido
No passar veloz do bólido
Que se denomina imagem.
No ir e vir sem medo ou espanto
Tudo é igual em todo canto
Só muda o olhar, a paisagem.
(De Imagens da Incerteza, 1988).
Ilustração: NASA
Saturday, February 07, 2009
GUILLÉN
Vaso de agua
Jorge Guillén
No es mi sed, no son mis labios
Quienes se placen en esa
Frescura, ni con resabios
De museo se embelesa
Mi visión de tal aplomo:
Líquido volumen como
Cristal que fuese aun más terso.
Vista y fe son a la vez
Quienes te ven, sencillez
Última del universo.
Copo de água
Não é minha sede, não são meus lábios
Que se comprazem neste
Frescor, nem com ressaibos
De museu se embeleza
Minha visão de tal aprumo:
Líquido volume como
Cristal que fosse e ainda mais terso,
Vista e fé de uma só vez
De quem te vem, sensibilidade
Última do universo.
Ilustração: http://www.dearte.com.br/dearte/acervo/obras/12-Fang-vaso%20na%20janela-133%5B1%5D.180serigrafia-50x70cm.jpg
UNAMUNO
¿Qué es tu vida, alma mía?
Miguel de Unamuno
¿Qué es tu vida, alma mía?, ¿cuál tu pago?,
¡Lluvia en el lago!
¿Qué es tu vida, alma mía, tu costumbre?
¡Viento en la cumbre!
¿Cómo tu vida, mi alma, se renueva?,
¡Sombra en la cueva!,
¡Lluvia en el lago!,
¡Viento en la cumbre!,
¡Sombra en la cueva!
Lágrimas es la lluvia desde el cielo,
y es el viento sollozo sin partida,
pesar, la sombra sin ningún consuelo,
y lluvia y viento y sombra hacen la vida.
Que é tu vida, alma minha?
Que és tu vida, alma minha? Qual o seu valor?
Chuva no lago!
Que é tua vida, alma minha, teu costume?
Vento no caverna!
Como tua vida, minha alma, se renova?
Sombra na caverna!
Chuva no lago!
Vento no alto!
Sombra na caverna!
Lágrimas é a chuva que vem do céu,
E é o vento soluça sem partida,
Pesar, a sombra sem nenhum consolo,
E chuva, vento e sombra fazem a vida.
Ilustração: http://www.textolivre.com.br/joomla/user_images/hand.jpg
Friday, February 06, 2009
NOVAMENTE SCORZA
ROSA ÚNICA
Manuel Scorza
La hierba crece ahora
en todos los crepúsculos donde antes sonreías.
La hierba o el olvido. Es igual.
Entre mi dolor y tu silencio,
hay una calle por donde te marchas lentamente.
Hay cosas que no digo porque ciertas palabras
son como embarcarse en interminables viajes.
Para mi amor siempre tendrás veinte años.
Mientras yo cante en tus ojos habrá agua limpia.
Ya para siempre
mi amor te circunda de cristal.
Puedes morir mil veces.
Inmutable en mi canto estás.
Puedo olvidarte.
Mas olvidada, resplandecerás.
¿Qué son las luciérnagas
sino remotas luces
que extintos amadores antaño encendieron?
¿Qué son sino carbones
de hogueras que perduran,
tras que sus caras y sus bocas se rompieron?
Te digo que ni el rocío
con tu rostro se atreverá
No envejecerá la muchacha
que, reclinada en mi sangre,
un día miró una rosa hasta volverla eterna.
Ahora la Rosa eterna está.
Yo la distingo única,
perfecta, en los jardines.
Por las montañas y collados
búscanla gentíos.
Sólo mis ojos que tus ojos vieron,
la pueden mirar.
Rosa Única
As ervas crescem agora
Em todos os crepúsculos onde antes sorrias.
As ervas ou o esquecimento. Tudo igual.
Entre minha dor e teu silêncio
Há uma rua pela qual marchas lentamente.
Há coisas que não digo porque certas palavras
São como embarcar em intermináveis viagens.
Para o meu amor sempre terás vinte anos.
Ainda que eu cante nos teus olhos sempre haverá água limpa.
E, para sempre,
Meu amor te circunda de cristal.
Podes morrer mil vezes.
Imutável em meu canto estais.
Posso esquecer-te,
Mas, esquecida, resplandecerás.
Que são vagalumes
Senão remotas luzes
Que, no passado, amadores incendiaram?
Que são senão carvões
de fogueiras que perduram,
até que suas faces e bocas se rompam?
Te digo que nem o orvalho
com teu rosto se atreverá
No envelhecerá a moça
que, reclinada em meu sangue,
Um dia olhou uma rosa até fazê-la eterna.
Agora a Rosa eterna está.
Eu a distingo como única,
perfeita, nos jardins.
Pelas montanhas e encostas
buscam por elas os índios.
Só meus olhos que teus olhos viram,
Podem ver.
Ilustração: http://www.carol_biav.blogger.com.br/05maratoledo.jpg
Thursday, February 05, 2009
UMA POETISA ESPANHOLA
Es un río interminable el silencio...
María Cinta Montagut
Es un río interminable el silencio
En cuyas aguas sólo la vida,
Sólo los minutos cada día aprendidos
Traducen el destino y lo anuncian
Más allá de la muerte.
También es río el camino del mar
Como la sangre o las palabras.
Pero sólo el silencio es la suma
De todo cuanto el tiempo ofreció
Y negó el tiempo.
É um rio interminável o silêncio
É um rio interminável o silêncio
Em cujas águas só há vida,
Só os minutos cada dia aprendidos
Traduzem o destino e o anunciam
Mais além da morte.
Também é um rio o caminho do mar
Como do sangue ou das palavras.
Porém, só o silêncio é a soma
De tudo quanto o tempo ofereceu
E negou ao tempo.
Ilustração: http://www.globoonliners.com.br/upload/escritofoto/1671_im_grande.jpg
BEDREGAL
RESACA
Yolanda Bedregal
Cuando ya la resaca deje mi alma en la playa,
y del arco agobiado de mi espalda se vaya
el ala cercenada, cual vela desafiante,
en cicatriz y estela prolongará el instante.
Quedarán vigilando, símbolo intrascendente,
dos pobres ojos pródigos y una mendiga frente.
¡Catacumba de agua, amor! ¡No me conoces!
Ni nadie nos conoce. Sólo hay fugaces roces,
desencuentros, en la prieta mudez de encrucijadas.
Expían su demora presencias nunca halladas.
No son cruz ya los brazos ni altar para holocausto
de salvajes ternuras. Con su claror exhausto,
un sol desalentado ahonda los abismos.
Somos polvo y lucero, todo en nosotros mismos.
Para esta elemental ceniza taciturna
sea la inmensa lágrima del Mar celeste urna.
Ressaca
Depois que a ressaca deixou minha alma na praia
e do arco agoniado das minhas costas parte
a asa grampeada, qual desafiante vela,
que cicatriz e a estrela prolonga o momento.
Estarão vigiando, símbolo do insignificante,
dois pobres olhos pródigos e um mendigo rosto.
Catacumba da água, amor! Não me conheces!
Nem ninguém nos conhece. Somente há fugazes gotas,
Desencontros, na preta mudez das encruzilhadas
Espiam sua demora presenças nunca encontradas.
Não são cruzes já os braços nem o altar para o holocausto
De selvagens ternuras. Com seu clarão esgotado,
Um sol desanimado aprofunda os abismos.
Nós somos poeira e luz, tudo em nós mesmos.
Para esta cinza elementar taciturna
Seja esta imensa lágrima do mar celeste urna.
Wednesday, February 04, 2009
BEDRAGAL
Sunday, February 01, 2009
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