Sunday, May 31, 2020

E, mais uma vez, Stéphen Moysan



Composition n°11                         
Stéphen Moysan

Si profonde
Cette belle de jour
À la couleur de l’abîme !

Ce couchant d’automne
On dirait
Le pays des ombres.

Tous en ce monde
Sur la crête d’un enfer
À contempler des fleurs !

Composição n ° 11

Tão profundo
Este lindo dia
da cor do abismo!

Este ocaso de outono
Que diria
O país das sombras.

Tudo neste mundo
Na crista do inferno
À contemplar as flores!

E , com vocês, Luiz Lloréns Torres




CARNAVAL

Luis Lloréns Torres
Bella ficción de reinas y de reyes...
Oh, carnaval, alegre carnaval,
Que unces tus yuntas de mejores bueyes
Y aras la carne en el vaivén del vals.
Arado quo revuelcas corazones,
Em surcos de dolor y de placer,
Y arrancas las raíces y tocones,
Que dejaron las siembras del ayer.
Queda, desnuda, la cachonda era,
Apta para la nueva primavera,
Que vaticina el grito del amor.
Grito y clarín de la fecunda guerra
Em que hasta las lombrices de la tierra
Sueñan el sueño de la flor.
CARNAVAL
Bela ficção de rainhas e de reis...
Oh! Carnaval, alegre carnaval,
Que unas tuas juntas dos melhores bois
E aras tua carne no vai e vem das valsas.

Arado que revolve os corações,
Em sulcos de dor e prazer,
E arranca as raízes e os tocos,
Que  deixaram as semeaduras ontem.

Queda nua, a lúbrica era,
Apta para a nova primavera,
Que vaticina o grito de amor.

Grito e clarim da fecunda guerra
Em que até mesmo os vermes da terra
Sonham o sonho de uma flor

Ilustração: historiasecenariosnordestinos.blogspot.com/.






Saturday, May 30, 2020

Outra poesia de Stéphen Moysan



COMPOSIÇÃO N°7                               

Stéphen Moysan

Il n’y a rien
Dans mes poches
Rien que mes mains.

Cheminant par la vaste lande
Les hauts nuages
Pèsent sur moi.

Ecrasant un escargot
Je songe à la frivole
Gravité de mes pas.


COMPOSIÇÃO Nº 7

Não há nada
Nos meus bolsos
Nada mais que minhas mãos.

Caminhando pelos vastos campos
As nuvens altas
Pendem sobre em mim.

Esmagando um caracol
Estou pensando na frívola
Gravidade dos meus passos.

Um poema de José María Pemán



SOLEDAD

 José María Pemán


Soledad sabe una copla
que tiene su mismo nombre:
Soledad.

Tres renglones nada más:
tres arroyos de agua amarga,
que van, cantando, a la mar.

Copla tronchada, tu verso
primero, ¿dónde estará?

¿Qué jardinero loco,
con sus tijeras de plata
le cortó al ciprés la punta,
Soledad?

¿Qué ventolera de polvo
se te llevó la veleta,
Soledad?

¿O es que, por llegar más pronto
te viniste sin sombrero,
Soledad?

Y total:
¿qué mas da?
Tres versos: ¿para qué más?

Si con tres sílabas basta
para decir el vacío
del alma que está sin alma:
¡Soledad!

SOLIDÃO

Solidão sabe em dois versos
que tem o mesmo nome:
Solidão.

Três linhas nada mais:
três correntes de água amarga,
que vão, cantando, do mar.

Dois versos quebrados, seu verso
o primeiro, onde estará?

Que jardineiro louco,
com sua tesoura de prata
cortou do cipreste a ponta,
Solidão?

Que tempestade de poeira
te levou o cata-vento,
Solidão?

Ou foi, que por chegar mais cedo
te viste sem chapéu,
Solidão?

E total:
Que dá mais?
Três versos: para que mais?

Se com três sílabas basta
para o dizer vazio
da alma que está sem alma:
Solidão!

Ilustração: http://www.adiberj.org/.

E, de volta, Pita Amor




COMO LOS RIELES DEL TREN

Guadalupe Pita Amor

Como los rieles del tren,
unidos y separados
pero siempre sentenciados
a llegar tarde al andén

Como el constante vaivén
del tren por los encrespados
cerros grises levantados,
mi amor y el tuyo también

corren paralelamente
corren fugitivamente
corren juntos, divididos

separados, pero unidos
corren hasta el mar quebrado
mar sin olas, desolado


COMO OS TRILHOS DO TREM

Como os trilhos do trem,
unidos e separados
porém, sempre sentenciados
a chegar tarde onde andem 

Como o constante vai e vem
do trem pelos encaracolados
por montes cinzentas levantados,
meu amor e o teu também

correm paralelamente
correm fugitivamente
correm juntos, divididos

separados, porém, unidos
correm até o mar quebrado
mar sem ondas, desolado

Ilustração: estrategistas.com.

Friday, May 29, 2020

Uma poesia de Stéphen Moysan



COMPOSITION Nº 1                 

Stéphen Moysan

Te savoir sous terre
Mais pour te voir 
Regarder les cieux.

Cimetière en fleurs
Et tout là-haut ton étoile –
Larmes au coin des yeux.

Égoïstes et seuls
Nous vieillissons
En désaccord avec le monde.


COMPOSIÇÃO Nº1

Sei quem sob à terra
Mas, para te ver
Olho para o céu.

Cemitério de flores
E lá em cima tua estrela -
Lágrimas no canto dos olhos.

Egoísta e sozinha
Nós envelhecemos
Discordando do mundo.

Ilustração: Pinterest.com.

Outra poesia de Jules Superevielle


FIGURES                                


Jules Supervielle

Je bats comme des cartes 
Malgré moi des visages, 
Et, tous, ils me sont chers. 
Parfois l'un tombe à terre 
Et j'ai beau le chercher 
La carte a disparu. 
Je n'en sais rien de plus. 
C'était un beau visage 
Pourtant, que j'aimais bien. 
Je bats les autres cartes.
L'inquiet de ma chambre, 
Je veux dire mon coeur, 
Continue à brûler 
Mais non pour cette carte 
Q'une autre a remplacée : 
C'est nouveau visage, 
Le jeu reste complet 
Mais toujours mutilé. 
C'est tout ce que je sais, 
Nul n'en sait d'avantage.

FIGURAS

Eu bati como cartas
Malgrado eu, rostos,
E todos eles me são queridos.
Por vezes, um tomba na terra
E por mais que procure
A carta desapareceu.
Eu não sei mais nada.
Era um rosto bonito
Contudo, eu gostei bem.
Eu venci as outras cartas.
Preocupado com que meu quarto,
Quero dizer meu coração,
Continue ardendo
Mas, não para esta carta
Outra substituída:
É uma figura nova,
O jogo continua completo
Mas, ainda mutilado.
Isso é tudo que eu sei,
Ninguém sabe mais. 

Ilustração: https://slonik.com.br.

ISOLADINHO



Eu não espero que veja             
que, por mais isoladinho
que esteja, 
nunca me encontro sozinho. 
Tenho sempre presente o teu carinho
e, se quiser, posso ouvir tua voz, 
num instante, pelo celular, 
embora, possa sempre te imaginar
bela, cuidadosa, incansável, 
e de novo, 
a que, de manhã, me faz o melhor ovo! 
Eis, a mulher sempre amável 
que me acorda para tomar café
(me tirar da cama duro é)
e faz a minha vida melhor. 
Sei que não sou nenhum exemplo;
que, muitas vezes, obcecado 
por qualquer tarefa não te digo
o quanto te quero e calado,
faço o que não te agrada,
com a cara lambida de quem não faz nada, 
mas, sou assim, aí de mim!
Só duas coisas não pode dizer:
que não sinto saudades 
e que não gosto de você!!!
E, sozinho, longe,
meu amor, 
sou quase um monge!!!

Thursday, May 28, 2020

Uma poesia de Carlos Germán de Amézaga


 
ALQUIMIA                  
Carlos Germán de Amézaga

Desde tiempo inmemorial
Busca el hombre con ardor
La piedra filosofal:
Medio de hacer un metal
Que es el oro corruptor.
Y aunque la ciencia resista,
Que hay tal piedra yo aseguro
Frente de tanto alquimista,
Rico, dichoso, egoísta
Y ante las lágrimas duro.
¿Qué importa el ajeno mal?
Quien bien practica, no medra
O malversa su caudal...
La piedra filosofal
Es el corazón de piedra.

ALQUIMIA

Desde tempo imemorial
Busca o homem com ardor
A pedra filosofal:
Meio de fazer um metal 
Que é de ouro corruptor. 
E ainda que a ciência resista, 
Que há tal pedra eu asseguro
Na frente de tanto alquimista
Rico, feliz, egoísta 
E ante as lágrimas duro. 
Que importa o alheio mal?
Quem bem pratica, não medra
Ou malversa seu caudal...
A pedra filosofal 
é o coração de pedra.

Wednesday, May 27, 2020

Outra poesia de Anna Maria Bonfiglio



L’APPARENZA                                     

Anna Maria Bonfiglio

Non guardare di me l’occhio che ride
la voce fresca
o l’ilare bocca che adesca.
Nell’atlante che sfiori con le dita
non cercare le alture ardimentose
o le pianure erbose.
Esplora invece i fiumi azzurri
sotterranei che adornano
le mani, le logorate valli
i merletti dei tarli.
Quello che non appare
è l’ago che segna la scissione
fra il viaggio dell’andata e l’inversione.

A APARÊNCIA

Não guarde dos meus olhos rindo
a voz fresca
ou a boca hilariante que atrai.
No atlas que tocas com os dedos
não procure as alturas ousadas
ou as planícies gramadas.
Explora, em vez disso, os rios azuis
porões que adornam
mãos, vales desgastados
o laço de minhocas.
Aquilo que não aparece
é a agulha que marca a divisão
entre a jornada externa e a inversão.

Ilustração: pastordbarbosa.blogspot.com.

Outra poesia de Mauricio Bacarisse



Lectura (De El paraíso desdeñado)            

Mauricio Bacarisse

Corazón mío, no te exaltes.
Fija los ojos en el libro;
Mira las gráciles letras, en la celulosa,
Como las momias en los siglos.

Olvida el canto y la medalla.
(El rizo olía a miel de otoño.)
Aún le han de crecer al libro muchas yemas cuando
Estés perdido en el reposo.

Todo será para la cifra.
Han de cifrarse tus latidos,
Y han de ser piedras, como las que descansan
En las meditaciones de los ríos.

LEITURA  (Do paraíso desdenhado) 

Coração meu, não te exaltes, 
fixa teus olhos no livro;
olha as formosas letras, no celulose,
como as múmias nos séculos.

Esqueça o canto e a medalha. 
(O cacho tem aroma de mel de outono.)
Ainda hão de crescer aos livros muitas gemas quando
estiveres perdido em repouso.

Tudo será para o código. 
Hão de ser cifradas tuas batidas. 
E hão de ser pedras, como as que descansam
nas meditações dos rios. 

Ilustração: https://play.google.com/.

Tuesday, May 26, 2020

Uma poesia de Anna Maria Bonfiglio



Anna Maria Bonfiglio                                                           


Per quanto siano accorti ed efficaci
gli artifici  del cuore e della mente
il tempo che scompone i nostri giorni
è un'arida montagna
che non si fa scalare
E tuttavia  tu m'apri come rosa
e mi percorri e mi circondi
di tenera allegria
Mi dici che mi ami
e si rinnova il sangue
nelle mie vene stanche

E viene aprile

Por mais  que sejam perspicazes e eficazes
os artifícios do coração e da mente
o tempo que descompõe os nossos dias
é uma montanha árida
que não pode ser escalada
E todavia me abre como uma rosa
e me percorre e me circula 
de terna alegria
e me diz que me ama
e se renova no sangue 
das minhas veias cansadas

E vem abril

Monday, May 25, 2020

Releitura de uma poesia de Paul Géraldy




POST-SCRIPTUM

Paul Géraldy 

Tu n'as écrit hier que deux petites pages!
C'est donc bien gai là-bas que tu m'oublies?
Tu dois te fatiguer, voir trop de monde. Sois donc sage!
Il faut te reposer. Ecris-moi ! Pense à moi!
Et puis ne mets pas tant cette robe nouvelle.
Elle te va si bien! Je ne suis pas jaloux.
Mais , là-bas, tu n'as pas besoin d'être si belle.
L'air te la fanera. Garde-la donc pour nous.

POST-SCRIPTUM

Me escrevestes ontem duas pequenas páginas somente!
Estás  tão feliz aí que me esqueças
assim?

Sem dúvidas se cansas, e vês muita gente. Então
sejas sábia!

Repousa. E me escrevas! E Pensa sempre em mim!
E teu tão novo vestido não o ponhas tanto.
Que fica tão bem em ti! Ciumento não sou nem fui.
Mas, vá lá, tu não precisas tanto encanto.
O ar vai sumir. Portanto, guarde para nós.