Sunday, May 29, 2011
Leopoldo Alas
Razón de amor
Leopoldo Alas
No es sólo la pasión de los abrazos,
la saliva, el aroma, el vértigo, los besos
o el plácido desvelo de la ausencia.
Mi amor es la fábula y la trama,
el relato interior que sigue a cada encuentro,
la glosa que acompaña los adioses,
el minucioso examen de las frases
y el eco que tu voz le pone a mi silencio.
Mi amor es ser feliz y no engañarme
anticipando el daño del negro desengaño,
cuando el sexo se esfume en el recuerdo
remoto y resentido de un orgasmo.
El consentir la calma en las mareas
y atesorar las horas y los días
de la fiesta de luz que celebramos,
del banquete voraz de los sentidos.
Y abolir la frontera de los cuerpos,
detenernos, subiendo la escalera,
a besarnos en todos los peldaños .
Razão do amor
Não é só a paixão dos abraços,
A saliva, o perfume, a vertigem, os beijos
ou a plácida vigília da ausência.
Meu amor é a fábula e a trama
o relato interior que se segue a cada encontro,
o brilho que acompanha os adeuses,
o minucioso exame das frases
e o eco que tua voz põe no silêncio.
Meu amor é ser feliz e não enganar-me
antecipando o dano do negro desengano,
quando o sexo se esvai na recordação
remota e ressentida de um orgasmo.
É consentir a calma nas marés
e entesourar as horas e os dias
da festa de luz que celebramos,
do voraz banquete dos sentidos.
E abolir as fronteiras dos corpos
nos detendo, subindo na escada,
a nos beijar em todos os degraus.
Ilustração: http://lucesysombras-sofia.blogspot.com/2010_07_01_archive.html
Arturo Camacho R.
Nada es mayor que tú: sólo la rosa...
Arturo Camacho R.
Nada es mayor que tú: sólo la rosa
tiene tu edad suspensa, ilimitada:
eres la primavera deseada,
sin ser la primavera ni la rosa.
Vago espejo de amor donde la rosa
inaugura su forma deseada,
absorta, inmensa, pura, ilimitada,
imagen, sí, pero sin ser la rosa.
Bajo tu piel de nube marinera,
luz girante tu sangre silenciosa
despliega su escarlata arborecida.
Nada es mayor que tú, rosa y no rosa,
primavera sin ser la primavera:
arpegio en la garganta de la vida.
Nada é maior que você: só a rosa
Nada é maior que você: só a rosa
tem sua idade suspensa, ilimitada:
és a primavera desejada,
sem sem ser a primavera nem a rosa.
Vago espelho de amor onde a rosa
inaugura a sua forma desejada
absorta, imensa, pura, ilimitada,
imagem, sim, porém, sem ser a rosa.
Sob sua pele de marinheira
luz circular teu sangue silenciosamente
desprega seu ramos vermelhos.
Nada é maior que você, rosa ou não rosa,
primavera sem ser primavera:
arpejo na garganta da vida.
Ilustração: http://poesiadelia.blogspot.com/2010/09/um-coracao-ferido.html
De volta Carlos Bousoño
Eres feliz
Carlos Bousoño
Eres feliz. Saber no quieras
lo que brilla en los ojos humanos.
Sonríe tú como mañana fresca,
como tarde colmada en su ocaso.
Porque eres eso, sí: la tarde pura
en que a veces yo mojo mis manos,
en que a veces yo hundo mi rostro.
¡La tarde pura en su placer dorado!
La savia dulce de la primavera,
toda la luz de la tarde en un cántico,
sube entonces feliz y presurosa
desde tu corazón hasta mis labios.
És feliz
És feliz. Saber não queiras
o que brilha nos olhos humanos.
sorria tu como a manhã refrescante,
como a tarde gloriosa em seu ocaso.
Porque és isto sim, a tarde pura
em que às vezes molhei minha mão,
em que às vezes afundo meu rosto.
A tarde pura em seu prazer dourado!
A doce seiva da primavera,
toda a luz da tarde num cântico,
sobe então feliz e pressurosa
, em seguida, corre
do teu coração para os meus lábios.
Ilustração: http://danielpolcaro.files.wordpress.com/2010/05/angelina-jolie-2817.gif
Carlos Bousoño
El amante viejo
Carlos Bousoño
¡Amabas tanto...! Acaso
con amargura, acaso con tristeza
lo dijiste. ¡Amabas tanto! En el espejo
viste tu faz que se iba haciendo vieja,
y tomaste a decir: «...amor...» Soñabas,
y en la alta noche silenciosa y queda,
lejos se oía lento el rumor manso
de un agua que pasaba mansa y lenta.
O velho amante
Amavas tanto ...! Talvez
com amargura, talvez com tristeza
o dissestes. Amavas tanto! No espelho
vi teu rosto, que estava se fazendo velho,
e tornaste a dizer: “... amor ..." sonhavas,
e na alta noite silenciosa e calma,
longe se ouvia lento o rumor manso
de uma água que passava mansa e lenta.
Ilustração: http://porentremontesevales.blogspot.com/2008/10/o-velho-da-horta.html
Tuesday, May 24, 2011
É claro que não preciso de ti...
Sobre o supérfluo
Eu não preciso de ti
Ainda que teu amor
Seja como a lava de um vulcão ou a água mansa
E me faça parecer que o mundo dança
Em êxtase uma canção de vida.
Eu não preciso de ti.
Repito desfolhando a margarida,
Um trevo em que procuro sorte,
Um livro em que procuro histórias
Que sejam assim tão grandes como a nossa.
Eu não preciso de ti
Mesmo que de meu pensamento
Tua imagem não se desloque um só momento
E mesmo quando durmo ainda sonho
Com o teu semblante tão risonho
Chegando para me amar.
Eu não preciso de ti
Reclamo ao vento que sorrateiro
Me traz teu perfume, a saudade,
Esta dor doce que ligeiro
Me enche da única verdade
De que és um supérfluo
Tremendamente essencial.
Ilustração: http://antondiego.blogspot.es/img/Superfluo.jpg
É preciso esta dor...
Antecipação
Não se precisa muito mais
que umas conversas, alguns risos, um beijo,
uns gestos de carinho, a ternura no olhar
para se gostar.
Mas, para se viver um grande amor,
é preciso esta dor
de mesmo na amarga distância
considerar que a vida é doce
somente porque existes
e, por mais que os dias longes sejam tristes,
a beleza persiste em saber
que há alguém com tanto amor
em algum lugar esperando para amar
e que a vida ainda será uma festa
quando nos teus braços me encontrar....
Ilustração: Arthur Cruzeiro Seixas
Outro mal comportadozinho
I wanna be a cockroach!
A verdade, meu amor, é uma só:
Desde que te vi virei barata.
Dizem que elas vivem
Nove dias sem cabeça
E, não se aborreça,
Porém, já fazem anos
Que vivo sem pensar.
E meu sangue,
Se sangue em mim há,
Só pode ser de barata
Porque não mais me maltrata
Nem a saudade
Nem o longo tempo
Sem te amar.
Ilustração: http://bioloblogmais.blogspot.com/2010_06_01_archive.html
Poemas mal comportados
Padrão desviado
Ela foi uma boa filha.
É a própria mãe maravilha
Pelo desvelo, o zelo, o carinho
Com que criou suas filhas.
Tão competente no trabalho
É louvada como se fosse o às do baralho.
É o que se pode chamar de funcionário padrão
Esteio e orgulho de qualquer patrão.
Seria um exemplar ideal
Da espécie feminina,
Caso fosse normal.
Não foi, não é, nunca será
Talvez seja genético,
Uns gens do Ceará ou do Pará.
E, apesar de toda esta loucura,
Que não tem cura,
Sou muito mais louco ainda
Porque na minha visão ela é linda
E só penso a toda hora em beijar
todo lugar desta mulher.
Sunday, May 22, 2011
Lizalde de volta
Bellísima
Eduardo Lizalde
Y si uno de esos ángeles
me estrechara de pronto sobre su corazón,
yo sucumbiría ahogado por su existencia
más poderosa.
Rilke, de nuevo
Óigame usted, bellísima,
no soporto su amor.
Míreme, observe de qué modo
su amor daña y destruye.
Si fuera usted un poco menos bella,
si tuviera un defecto en algún sitio,
un dedo mutilado y evidente,
alguna cosa ríspida en la voz,
una pequeña cicatriz junto a esos labios
de fruta en movimiento,
una peca en el alma,
una mala pincelada imperceptible
en la sonrisa...
yo podría tolerarla.
Pero su cruel belleza es implacable,
bellísima;
no hay una fronda de reposo
para su hiriente luz
de estrella en permanente fuga
y desespera comprender
que aun la mutilación la haría más bella,
como a ciertas estatuas.
De: La zorra enferma
Belíssima
Ouça-me você, belíssima,
não suporto o seu amor.
Olhe-me, observe como
seu amor dana e destrói.
Se você fosse um pouco menos bela,
se tivesse algum defeito em algum lugar,
um dedo mutilado e evidente,
um tom ríspido na voz,
uma pequena cicatriz junto a esses lábios
de fruta em movimento,
um defeito na alma,
uma má pincelada imperceptível
no sorriso
eu poderia tolerar.
Porém, sua beleza é implacável,
belíssima;
não há uma fresta de repouso
para sua contundente luz
de estrela em permanente fuga
e desespera compreender
que ainda que houvesse qualquer mutilação
somente a faria mais bela
como a certas estátuas.
Eduardo Lizalde
Recuerdo que el amor era una blanda furia...
Eduardo Lizalde
"Lo he leído, pienso, lo imagino;
existió el amor en otro tiempo."
Será sin valor mi testimonio.
(Rubén Bonifaz Nuño)
Recuerdo que el amor era una blanda furia
no expresable en palabras.
Y mismamente recuerdo
que el amor era una fiera lentísima:
mordía con sus colmillos de azúcar
y endulzaba el muñón al desprender el brazo.
Eso sí lo recuerdo.
Rey de las fieras,
jauría de flores carnívoras, ramo de tigres
era el amor, según recuerdo.
Recuerdo bien que los perros
se asustaban de verme,
que se erizaban de amor todas las perras
de sólo otear la aureola, oler el brillo de mi amor
—como si lo estuviera viendo—.
Lo recuerdo casi de memoria:
los muebles de madera
florecían al roce de mi mano,
me seguían como falderos
grandes y magros ríos,
y los árboles —aun no siendo frutales—
daban por dentro resentidos frutos amargos.
Recuerdo muy bien todo eso, amada,
ahora que las abejas
se derrumban a mi alrededor
con el buche cargado de excremento.
De: El tigre en la casa
Recordo que o amor era uma fúria branda ...
"Eu leio, penso, o imagino;
existia o amor em outro tempo.
Será sem valor meu testemunho”.
Rubén Bonifaz Nuño
Recordo que o amor era uma fúria branda
não expressável em palavras.
E a mesmamente recordo
que o amor era uma fera lentíssima:
mordia com seus dentes de açúcar
e adoçava o coto ao despedaçar o braço.
Isto eu recordo.
Rei das feras,
maço de flores carnívoras, buquê de tigre
era amor, se bem me recordo.
Recordo bem que os cães
se assustavam ao me ver,
que se eriçavam de amor todas as cadelas
ao verificar apenas a aura, o cheiro, o brilho do meu amor
-Como se o estivesse vendo.
Eu me recordo quase de memória:
os móveis de madeira
floresciam ao roçar de minha mão,
Me seguiam como crianças de colo
os magros e grandes rios,
e as árvores, mesmo não sendo de frutos,
davam ressentidos frutos amargos por dentro.
Recordo bem de tudo isto, amada,
agora que as abelhas
caem em torno de mim
com a barriga cheia de excrementos.
Sunday, May 15, 2011
Robayna de novo
El libro tras la duna II
Andrés Sánchez Robayna
Todo comienzo es ilusorio.
Todo comienzo es sólo un enlazarse
del principio y del fin en la cadena
del tiempo, es el instante
en que creímos ver el nacimiento
y el nacimiento es sólo un acto
de lo incesantemente renacido
—es decir, estas líneas semejan un comienzo
pero el comienzo surge a cada instante,
como la lluvia que esta tarde
vi caer sobre el mar
y esta tarde es tan solo una tarde del tiempo que renace
en un eterno recomienzo
y la lluvia y la tarde se han hundido en el tiempo
en el que ruedan siempre las nubes agolpadas
sobre los mármoles celestes
y la línea inicial es un comienzo
y la línea final será un comienzo.
O livro por trás da duna II
Todo começo é ilusório.
Todo começo é apenas um enlaçar-se
do princípio e do fim da cadeia
do tempo, é o momento
em que acreditamos ver o nascimento
e o nascimento é só um ato
do incessante renascer
-quer dizer, estas linhas semeiam um começo
porém, o início surge a cada instante
como a chuva desta tarde
vi cair sobre o mar
e esta tarde é tão só uma tarde do tempo que renasce
em um eterno recomeço
e a chuva e a tarde se fundiram no tempo
em que rodam sempre as nuvens apressadas
sobre os mármores celestes
e a linha inicial é um começo
e a linha final será um começo.
Um tema eterno
Foi Assim
O meu amor aconteceu
como acontece, em geral, o amor.
Como um passarinho veio,
de mansinho pousou
e, sem precisão, bicou meu coração
que despertou
e me deixou tão tolo, tão contente
tão feliz que, de repente,
me vejo assim fazendo versos para você.
Um tema singelo
A mesa e as frutas
As frutas soltas na mesa
parecem uma lição
do mundo sobre o método
e da feroz necessidade
de ter diversidade, mas,
com limites e organização.
Parecem mesmo pedir,
rogar por alguma mão
ou, quem sabe, uma cesta
que dê a cada um seu lugar
e traga para tudo ordem
que, em certas horas, é beleza.
Andrés Sánchez Robayna
Mesas y naranjas
Andrés Sánchez Robayna
las líneas de la mesa
interrumpidas por naranjas
dispuestas en un plano
sobre la luz del cuarto blanco
abajo el mar se tiende
bajo la mano de los elipses
la luz inunda el cuarto
y las naranjas se acumulan
sobre la luz que entra
y que se tiende en la blancura
de este cuarto y el plano
de las naranjas y la mesa
De "La roca" 1984
Mesas e laranjas
As linhas da mesa
interrompidas por laranjas
dispostas em um plano
sobre a luz do quarto branco
tende a seguir o mar abaixo
sob as mãos das elipses
a luz inunda o quarto
e as laranjas e acumulam
sobre a luz que entra
e que se estende na brancura
deste quarto e o plano
das laranjas e e da mesa
Friday, May 13, 2011
Beneditti outra vez
El infinito
Mario Benedetti
De un tiempo a esta parte
el infinito
se ha encogido
peligrosamente.
Quién iba a suponer
que segundo a segundo
cada migaja
de su pan sin límites
iba así a despeñarse
como canto rodado
en el abismo.
O infinito
De um tempo para cá
o infinito
se encolheu
perigosamente.
Quem iria supor
que segundo a segundo
cada migalha
de seu pão sem limites
iria, assim despedaçar-se
como um seixo que rola
no abismo.
Mario Benedetti
Sobrevivientes
Mario Beneditti
Cuando en un accidente
una explósion
un terremoto
un atentado
se salva cuatro o cinco
creemos
insensatos
que derrotamos a la muerte
pero la muerte nunca
se impacienta
seguramente porque
sabe mejor que nadie
que los sobrevivientes
tambien mueren
Sobreviventes
Quando num acidente
uma explosão
um terremoto
um atentado
se salvam quatro ou cino
acreditamos
insensatos
que derrotamos a morte
porém, a morte nunca
se impacienta
seguramente porque
sabe melhor que ninguém
que os sobreviventes
também morrem
Wednesday, May 11, 2011
Poemas mal comportados
Eu sou um cachorro sim!
Que todo homem é um cachorro-ela me disse.
Tentei argumentar que era tolice
E até apelar para Waldick Soriano em vão.
Tive que admitir que sou um cão
De tão fiel ao meu grande amor
Que chego ao ponto de ter o maior pavor
De perder seu apaixonado coração.
Me chame de cachorro que não me importo não.
Mas, não me deixe, por favor, não.
Que ficarei, eterno e manso cão
Lambendo, lambendo...a sua mão!
Ilustração: Site Bobagens
Poemas mal comportados
A melhor droga
Na vida se embriagar é uma necessidade.
Qual o seu tipo preferido? Sua verdade?
O vinho, o amor ou a prece, tanto faz.
O essencial é afogar a razão
Criar uma desculpa para o sentido vão.
É buscar a ilusão que nos satisfaz
Porque até mesmo a religião é uma droga
Que, por meio de preces, a embriagues roga
E o amor acaba, como o álcool, sendo
Só um meio do medo se ir vencendo
Para quem na vida precisa de um esteio.
Vem, amor, me beija, que me beijar
Como tudo na vida é apenas um meio
De provar que é preciso se embriagar.
Ilustração: falarica.blogspot.com
Sunday, May 08, 2011
Borges mais uma vez
El enamorado
Lunas, marfiles, instrumentos, rosas,
lámparas y la línea de Durero,
las nueve cifras y el cambiante cero,
debo fingir que existen esas cosas.
Debo fingir que en el pasado fueron
Persépolis y Roma y que una arena
sutil midió la suerte de la almena
que los siglos de hierro deshicieron.
Debo fingir las armas y la pira
de la epopeya y los pesados mares
que roen de la tierra los pilares.
Debo fingir que hay otros. Es mentira.
Sólo tú eres. Tú, mi desventura
y mi ventura, inagotable y pura.
O enamorado
Luas, marfins, ferramentas, rosas,
lâmpadas e as linhas de Dürer
os nove números e o cambiante zero,
devo fingir que essas existem coisas.
Devo fingir que no passado foram
Persépolis e Roma e que uma areia
sutil mediu a sorte de uma ameia
que os séculos de ferro desfizeram.
Devo fingir as armas e a pira
da epopéia e dos pesados mares
que roem da terra os pilares.
Devo fingir que existem outros. É uma mentira.
Só tu és. Tu, minha desventura
e minha felicidade, inesgotável e pura.
Borges
Despedida
Jorge Luiz Borges
Entre mi amor y yo han de levantarse
trescientas noches como trescientas paredes
y el mar será una magia entre nosotros.
No habrá sino recuerdos.
¡Oh tardes merecidas por la pena!
Noches esperanzadas de mirarte,
campos de mi camino, firmamento
que estoy viendo y perdiendo....
Definitiva como un mármol
entristecerá tu ausencia otras tardes.
Despedida
Entre meu amor e eu hão de levantar-se
trezentas noite como trezentas paredes
e o mar será uma magia entre nós.
Não haverá senão recordações.
Oh! Tardes merecidas como penas!
Noites esperançosas de te olhar,
campos do meu caminho, firmamento
que estou vendo e perdendo...
Definitiva como um mármore
tua ausência entristecerá outras tardes.
César outra vez
Algo secreto
César Simon
A Federico Chopin
Hay en tu vida algo secreto;
es una noche en una casa,
los balcones abiertos al jardín.
En las habitaciones ya no hay nadie,
y, fuera, sólo luz lunar.
Pero el piano suena quedamente
con una melodía muy antigua,
tan antigua que nunca ha enmudecido.
Un pájaro es quien canta, hay una rosa
y hay una espina, en el balcón.
Tú eres el pájaro que canta.
Tu voz es inmortal, porque no es tuya.
y tu carne es efímera y doliente.
De "Templo sin dioses" 1996
Algo secreto
Há em tua vida algo secreto;
uma noite em uma casa
as varandas abertas sobre o jardim.
Nos quartos não há ninguém,
e, lá fora, somente o luar.
Porém, o piano soa mansamente
com uma melodia muito antiga,
tão velha que nunca se acabou.
Um pássaro é quem canta, há uma rosa
e há um espinho na varanda.
Tu és o pássaro que canta.
Tua voz é imortal, porque não é tua.
e tua carne é efêmera e dolente.
César Simon
Vientos
César Simon
Sé que meditas. Pero ven,
saca la testa del rebozo
de oscuras lanas y arpilleras.
Mira esa leve sombra, oye el portazo
-sobre el desnudo- de los vientos.
De "Estupor final" 1971 - 1977
Ventos
Sei que tu meditas. Porém, vem,
toma da cabeça o xaile
de lã escura e serrapilheiras.
Veja esta leve sombra, ouve a porta bater
-sobre o nu-dos ventos.
Wednesday, May 04, 2011
Júlio César Pol
Catapulta
Júlio César Pol
Y descubrirnos esa vieja tecnología en los sexos. /
A rudos tropiezos adentramos pies y manos / a ese
acre olor de eras / a esa oscura cabina de poca luz. /
Y tensamos con fuerza instrumentos. / Quebramos
engranajes. / Movimos con desespero ejes oxidados
/ y nos afanamos en la torpeza; / nos descubrimos en
la torpeza / tanteando a oscuras manuales: / el braille
en los poros que no entendimos. /Así de inexpertos /
nos decidimos a correr la máquina / que nos arrastró
por vicios / y entrecuerpos.
Catapulta
E descobrimos essa velha tecnologia nos sexos. /
a rudes tropeços enfiamos pés e mãos / a esse
acre odor de eras/a essa obscura cabine de pouca luz./
E tensionamos com força os instrumento. / Quebramos
engrenagens. / Movemos com desespero os eixos oxidados
/e nos esforçamos na torpeza; nos descobrimos
na torpeza / tateando em escuros manuais; / o braille
nos poros que não entendemos. / Assim como inexperientes /
nos decidimos a mover a maquina / que nos arrastou
por vícios / e entrecorpos.
Felizinha!
Há loucuras das quais não se pode fugir
E, desde que te conheço,
Ando a rir como um demente
E, se isto é ser louco,
Estou louco de contente
E nem ligo se me apontam:
-Tão felizinha!
Podem zombar da minha loucura
tão doce, tão minha.
A lógica é só uma luzinha
E todo o prazer que tenho
Vem das sombras que ela tem
E deste meu imenso querer bem.
Sunday, May 01, 2011
Ainda Cristina Maya
Presencia
Cristina Maya
Todo lo llena tu presencia:
lo distante y lo próximo,
lo pequeño y lo grande,
el delicado nudo de los sueños.
El mundo es una larga huella tuya
y yo piso la tierra
desterrando el olvido.
Presença
Tudo está pleno de tua presença:
o distante e o próximo,
o pequeno e o grande
o delicado ninho dos sonhos.
O mundo é uma seqüência longa tua
e eu piso a terra
desterrando o esquecimento.
Cristina Maya
Todo lo llena tu presencia:
lo distante y lo próximo,
lo pequeño y lo grande,
el delicado nudo de los sueños.
El mundo es una larga huella tuya
y yo piso la tierra
desterrando el olvido.
Presença
Tudo está pleno de tua presença:
o distante e o próximo,
o pequeno e o grande
o delicado ninho dos sonhos.
O mundo é uma seqüência longa tua
e eu piso a terra
desterrando o esquecimento.
Cristina Maya
Tras tu sombra
Cristina Maya
Transfigurado en una luz más pura,
en ese límite soñado
que contemplamos juntos,
invencible en tu mundo y sublimado
surges en mi recuerdo como un símbolo.
¿En qué lugar, qué puerto,
qué territorio habitarás ahora?
Vivo por ti, viviendo tras tu sombra
y en el continuo miedo de perderte,
de no encontrar la ruta,
de dar mil vueltas
en la ilusión frenética del tiempo.
Tiembla la noche de mi insomnio,
¿qué país es el tuyo?
¿A dónde habrás viajado
desafiando las sombras?
Sólo sé que me adentro
sutilmente en la ausencia,
en un mundo impreciso que no tiene salida,
donde voy sumergiéndome
hondamente a tu lado.
Depois de tua sombra
Transfigurado na luz mais pura,
nesse limite sonhado
que contemplamos juntos,
invencível em teu mundo e sublimado
surges em minha memória como um símbolo.
Em que lugar, em que porto,
que território habitarás agora?
Vivo por ti, vivendo atrás da tua sombra
e com o medo constante de perder-te,
de não encontrar a rota,
de dar mil voltas
na ilusão frenética do tempo.
Treme a noite de minha insônia,
Que país é o teu?
Para onde tu viajastes
desafiando as sombras?
Só sei que me adentro
sutilmente na ausência
em um mundo impreciso que não tem saída,
onde estou submergindo
profundamente a teu lado.
Amor e risco
Não pense que te esqueço!
Não há possibilidade de te esquecer,
Enquanto o meu coração bater,
Enquanto houver em mim
Este desejo que me impele a pensar em ti
E me arrepia a pele e me faz sonhar.
Se, muitas vezes, mergulho no silêncio;
Se parece que nem me importo
Onde andas, onde estais,
É que meu coração precisa de alguma paz.
É que este fogo que me queima
Me faz querer muito mais do que eu posso dar,
Enfim, meu amor, é que não posso correr o risco
De morrer de tanto amar!
Ilustração: advola.blogspot.com
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