Saturday, December 31, 2011
Abre alas 2012!
Vem, ano novo, vem
com o teu primeiro dia de porta bandeira
me trazer alegria para a vida inteira.
Vem, ano novo, vem
malemolente mesmo, sem muita pretensão
cheio de surpresas boas para meu velho coração.
Vem, ano novo, vem
arrastando teus prazerosos dias
sob o som de atabaques, tamborins, reco-recos e pandeiros
compondo o enredo anônimo e glorioso dos brasileiros.
Vem, ano novo, vem
com a mais bela fantasia
mostrando que o mundo pode ser real
e que a vida é mesmo um perene carnaval!
Friday, December 30, 2011
Aninho novo
Aninho novo
não sei como virás...
Que venha manso,
que venha doce,
que venha em paz,
com gosto de amor e quero mais.
Aninho novo
não te peço muito:
um pouco de amor, vez por outra;
muita cerveja, boa mesa, vinho, alguma roupa
e felicidade, nunca pouca,
até pode ter excesso de carinho
que não reclamarei nem um pouquinho.
Aninho novo
que fiques velho devagarinho.
Espero mesmo que te arrastes
em manhãs doces, em tardes preguiçosas
e, se possível, em longas noites de amor.
Aninho novo, por favor,
me olhe com carinho
como olha para a mulher que gosto
e, quando me deixar,
arranje outro aninho
capaz de tudo melhorar!
Ilustração: oindizivel.com
Ano vai...ano vem...
Vai, ano velho, vai...
Já fizestes o que tinha de fazer
e o jeito, agora, é te esquecer
deixar o novo ano chegar
com risos, fogos e foguetes
para nos alegrar.
Vem, ano novo, vem...
Preciso saber e sentir o que você tem..
Mas,devagar, que vida boa
não tem porque se apressar.
Vem, ano novo, vem...
Com amor, dinheiro, saúde
e tudo que fizer bem
e, surpresas, boas, aceito também.
Vem, ano novo, vem..
Com o melhor de tudo que você tem.
Longo caminho
Os novos dias
como flores da vida
brotam
e vão, tristes ou alegres,
compondo o jardim da vida.
Eu sei, querida,
que não te amei como devia
nem com a intensidade que queria,
porém, o meu desejo infinito permanece
e, se aquece, mesmo, na distância, em saber
que longo é o caminho
do nosso louco querer.
Ilustração: docecomoachuva.blogspot.com
Thursday, December 29, 2011
Rery Maldonado
Ibuprofeno
Rery Maldonado
nostalgias que
se descuelgan del clítoris
hasta ondear la huella
de tus ojos
espiando en mi desnudo
este es un acto
en el que apuntas
y mis dedos
jalan el gatillo
este es un acto
inequívoco
y mi coño
se mueve libremente
tu apuntas
y yo aprieto el gatillo
el futuro es
también el recuerdo
de estas muertes
breves
venciéndonos,
rompiéndonos
en pedacitos.
Analgésico
anseios
que se despregam do clitóris
ate desviar da trilha
de teus olhos
me espionando nu
este é um ato
em que me miras
e os meus dedos
apertam o gatilho
este é um ato
inequívoco
e meu colo
se move livremente
tu miras
e eu aperto o gatilho
o futuro é
também as lembranças
destas mortes
breves
superando-nos,
rompendo-nos
em pedaçinhos.
Canção da esperança inútil
Eis que, de novo, um tempo novo,
como uma estrada de esperanças,
abre as asas e canta a doce canção de viver.
Não há, virtualmente, nada de novo,
exceto, o desejo de que as coisas sejam diferentes...
No entanto, a magia dos marcos
nos deixa contentes
e induz a pensar que todas as dores passarão,
quando só nós passamos,
em busca do amanhã conhecido:
os braços da mulher indesejada
que só nos promete tirar
o sentimento de viver.
Ilustração: A jovem e a morte de Hans Baldung Grien (1510.
Tuesday, December 27, 2011
Ano novo, tão novinho
Ano, tão novinho,
vais chegando de mansinho
tão sem pressa de chegar.
Ano novo, tão novinho,
passa bem devagarzinho
nos dê tempo de brincar,
de amar, se for possível,
muito mais de querer bem.
Ano novo, bem novinho
que surpresas você tem?
Traga-me só o potinho
de ouro do arco-íris,
um amor, duas viagens,
vinho, desejo, ternura
e dias de boa ventura.
Ilustração: glaulegal.blogspot.com
Fa Claes
Año nuevo
Fa Claes
Bailarinita, Año Nuevo,
tan dulce, tan alegre, agachada todavía,
y ella misma una lazadilla
para que con una lazadilla
sus zapatillas
pueda atar.
Un momentito todavía,
y me yergo
y empiezo a bailar
lazadilla tras lazadilla
para que a todos, el uno al otro
y a todos a mí, pueda atar.
Ano novo
Bailarininho, Ano Novo,
tão doce, tão alegre, agachado todavia,
e se ele mesmo um laçinho
para que com um laçinho
suas sapatilhas
possa atar.
Um momentinho, todavia,
e eu me vergo
e começo a dançar
laçinho após laçinho
para que a todos, uns aos outros
e a todos a mim, possa atar.
Ilustração: video.agaclip.com
Duas poesias de Eduardo Garcia
CUANDO LA PIEL
Eduardo Garcia
Soy frágil en tus manos, soy papel,
y cuando el mar se arroja y se retira
siento el furor callado de las constelaciones,
la huida de las fieras en el jardín en llamas,
el clamor de las aves si amanece.
Entonces somos más que dos figuras
que el combate conduce hacia el olvido.
Somos el mar, la tierra que perdura,
su latido animal, un estertor
dichoso que nos trae a estas paredes.
Los humildes objetos nos sonríen.
QUANDO PELE
Sou frágil nas tuas mãos, sou papel,
e quando o mar se arremessa e se retira
sinto a fúria calada das constelações,
o voo das feras no jardim em chamas,
o clamor das aves, se amanhece.
Então, somos mais que duas figuras
que o combate conduz até o esquecimento.
Somos o mar, a terra que perdura,
seu pulsar animal, um estertor
ditoso que nos traz a estas paredes.
Os humildes objetos nos sorriem.
PARADOJA DEL TAHÚR
Yo deseaba ser aquel que soy.
Ahora quisiera ser quien me soñaba.
Daría estos renglones sin dudarlo
por recobrar las vidas que perdí.
PARADOXO DO TAHÚR
Eu desejava ser aquele que sou.
Agora quisera ser quem me sonhava.
Daria estas linhas sem duvidar
para viver as vidas que perdi.
Ilustração: zerohora.clicrbs.com.br
Monday, December 26, 2011
Leon de Greiff
MAS BREVE
LEON DE GREIFF
No te me vas que apenas te me llegas,
leve ilusión de ensueño, densa, intensa flor viva.
Mi ardido corazón, para las siegas
duro es y audaz...; para el dominio, blando...
Mi ardido corazón a la deriva...
No te me vas, apenas en llegando.
Si te me vas, si te me fuiste...: cuando
regreses, volverás aún más lasciva
y me hallarás, lascivo, te esperando...
Mais breve
Não te vais agora que apenas tu me chegas,
leve ilusão de sonho, densa, intensa flor viva.
Meu inflamado coração, para o corte
duro é e audaz ... , para o domínio, brando ...
Meu inflamado coração à deriva ...
Não te vais, apenas já chegando.
Se tu se vais, se de mim fostes...: quando
regresses, voltarás ainda mais lasciva
e me acharás, lascivo, te esperando ...
Ilistração: talitakamache.blogspot.com
Raúl Heraud Alcázar
EL EVANGELIO SEGÚN EL DIABLO
Raúl Heraud Alcázar
Pequeño Dios
cuando abandones tu sagrada indiferencia
y dejes la cerradura abierta
para que camellos y locos
sean tan libres como el asesino
de niños
cuando no reclames
tristes almas en las puertas del infierno
y tus ángeles afeminados
vengan a vivir a este enorme panteón
donde ya nadie te nombra
cuando recorras cada pozo de huesos
cada mierdero con sus despojos humanos
comprenderás que no se trata de amor
ni de juicio final
sólo que aquí
huele a muerte
permanentemente.
Evangelho segundo o diabo
Pequeno Deus
quando abandonares tua sagrada indiferença
e deixares a fechadura aberta
para que camelos e loucos
sejam tão livres como o assassino
de crianças
quando não há reclames
tristes almas nas portas do inferno
e teus anjos efeminados
venham a viver neste enorme panteão
onde ninguém te nomeia
quando recorras a cada poço de ossos
cada merdeiro com seus restos humanos
compreenderás que não se trata de amor
nem de juízo final
só que aqui
cheira a morte
permanentemente.
Sunday, December 25, 2011
Ainda Dannibal Reyes
Rito 23
Dannibal Reyes
No me reveles quién eres
no hay máscara de fuga
ni bosque sombrío
ni animal que pueda hipnotizarme
persuadirme
no sé la distancia que te separa
ni los pasos que te alejen
si encuentro tu rastro
devoraré tu asustado aliento
Rito 23
Não me reveles quem és
não há máscara de fuga
nem bosque sombrio
nem animal que possa hipnotizar-me
persuadir-me.
não sei a distância que te separa
nem os passos que te distanciam
se encontro o teu rastro
devorarei tua assustada respiração
Ilustração: Rafael Cruz
Dannibal Reyes
RITO 21
Dannibal Reyes
a Yanuva León
Es la palabra y no el hombre
la que está hecha de barro
somos todos
amasijo de voz e imagen
obra de piedra amalgamada
que culmina con el primer susurro de una mujer
RITO 21
É a palavra e não o homem
o que é feito de barro
somos todos
bolas de massa de voz e imagem
obra de pedra amalgamada
que culmina com o primeiro sussurro de uma mulher
Elsa Cristina Posada
ILUSORIAS (Fragmento)
Elsa Cristina Posada
I
alguien creyó por un instante
en la efímera y escurridiza felicidad
entonces su pasado y futuro se explicaban
confluían las fuerzas en el punto exacto
donde no existe dios ni el movimiento
porque el deseo arrasó con todo
Ilusórias (Fragmentos)
I
alguém acreditou por um instante
na efêmera e fugaz felicidade,
então, o seu passado e o futuro são explicados
pelas forças que convergiram para o ponto exato
onde não há deus, nem movimento,
porque o desejo arrassou com todos
Ilustração: Fernando Pacheco
Tuesday, December 20, 2011
Quando deixo o meu amor
O meu amor
Acabei de deixar o meu amor
E a saudade só é menor
Que o meu desejo de amar.
O meu amor é como peixe
Feito em tucupi ou frito
O meu amor é infinito
Tem gôsto de bolo moca
E me incendeia e sufoca,
Mas, é tão calmo
Que posso esperar por ele
Como quem reza um salmo
Sabendo que, na terra,
É a única forma
De ter as delícias do céu!
Monday, December 19, 2011
Três poesias de Aleyda Quevedo Rojas
HAI-KAI DE LOS PÁJAROS
Aleyda Quevedo Rojas
Cuidaré tus pájaros
pero me niego a hacer
el amor en la jaula.
PASIÓN
Que empiece a llover
para saber
de todo aquello
que me enciende
NATURALEZA
Y es de imaginar
que todo crece por dentro
como si una semilla volviera
a reventar en pleno desierto
y el sexo recuperara
su imagen de fruto luminoso
Hai-Kai dos Pássaros
Cuidarei dos teus pássaros,
Porém, me nego a fazer
amor na gaiola
Paixão
Que comece a chover
para saber
de tudo aquilo
o que me incendeia
Natureza
E é de imaginar
que tudo cresce por dentro
como se uma semente voltasse
a se reiventar em pleno deserto
e o sexo recuperasse
sua imagem de fruto luminoso
Saturday, December 17, 2011
Antonio Correa Losada
OSCURO RITUAL
Antonio Correa Losada
El sueño avanza
golpeado entre delirios
y el poema
su ala perdida e inasible
Insectos gritan
y ondulan las hojas ebrias de mayo
Hombres gordos como ganado
cargan en sus espaldas
la palabra emboscada
Incisiones profundas
oquedades
tumbas envueltas por el verdor
la niebla
ramos enrojecidos ramos marchitos
lleva y trae la muerte en su gran borrachera
Escuro ritual
O sonho avança
golpeado entre os delirios
eo poema
perdeu sua asa e inacessível
insetos gritam
e ondulam as folhas ebrias de maio
Homens gordos como gado
carregam em suas costas
a palavra emboscada
incisões profundas
cavidades
tumbs envoltas pelo verdor
da neblina
ramos vermelhos, ramos murchos
leva e traz a morte na sua grande farra
Ilustração: http://otaaugustus.blogspot.com/
Poemas mal comportados
Como manda a medicina
Ah!Chiquinha abre as perninhas
Como abre o coração!
Dar é um ato sagrado,
Se do agrado,
Não se deve negar amor, não.
Ah! Chiquinha, minha neguinha,
nada de discriminação.
Dar, e com gosto, rainha,
é uma forma de oração.
Mais depressa, minha filhinha,
siga a intuição,
vamos nesta toadinha
só gozar à prestação.
Toda boa medicina
recomenda ao coração!
Faz assim...
Faz assim não!
Faz do jeito que quiser...
Negócio bom é mulher!
Thursday, December 15, 2011
José Antonio Pérez-Montoro
AMOR PRIMERO
José Antonio Pérez-Montoro
Hicimos el amor por vez primera
y el amor se hizo luz e inundó todo,
anegando hasta el último recodo,
y la sensación fue tan verdadera
de que el amor creado una carne era,
amor tan vivo fue en aquel periodo,
que yo no supe hallar oculto modo
de trazar linde, la sutil trinchera
entre amada y amor o amor y amada.
Toqué un seno, cual perfecta esfera;
total amor palpé en mano estigmada.
Por eso, en otras veces cualesquiera,
pide aquella experiencia recordada:
-Hagamos el amor por vez primera.
Primeiro amor
Fizemos amor pela vez primeira,
e o amor se fez luz inundando tudo
até o último recanto alagando,
com a sensação que foi tão verdadeira
de que nós dois só uma carne era,
um amor tão vivo naquele período,
que não soube achar oculto modo
de traçar lindes, ou sutil trincheira,
entre a amada e o amor, o amor e a amada.
Toquei um seio, qual perfeita esfera;
total o amor palpei com a mão espalmada.
Por isto, em outras vezes, qualquer que queira,
peço aquela experiência agora recordada:
-Façamos o amor como da vez primeira.
Wednesday, December 14, 2011
Poemas mal comportados
Aprendizado
Meu amor não sei te beijar..
Ah! Sou tão desajeitado..
Que nunca beijo direito
Nem sei mesmo de qual lado
Consigo achar os teus lábios.
Tento achar a tua boca,
Mas, acabo nos teus seios....
Meu amor não sei amar..
Porém, eu te amo tanto
E por caminhos improváveis,
Que nem chegas a sentir,
Com os prazeres incontáveis,
Que brincando com teu ventre
Devem até te divertir...
Meu amor não sei mais nada...
Desaprendi se já soube,
Mas, no teu corpo vou lendo
Os livros mais que secretos
Dos segredos mais guardados
E os gozos que os que sabem
Desconhecem até que existem.
Meu amor não sei tocar...
Mas, no teu corpo, sem jeito,
Como por passe de mágica,
Sou um músico perfeito
Que o instrumento que toca
Antes mesmo de pensar
Flui em um milhão de notas
O que ainda sonho em tocar.
Meu amor não sei te beijar..
Ah! Sou tão desajeitado..
Que nunca beijo direito
Nem sei mesmo de qual lado
Consigo achar os teus lábios.
Tento achar a tua boca,
Mas, acabo nos teus seios....
Meu amor não sei amar..
Porém, eu te amo tanto
E por caminhos improváveis,
Que nem chegas a sentir,
Com os prazeres incontáveis,
Que brincando com teu ventre
Devem até te divertir...
Meu amor não sei mais nada...
Desaprendi se já soube,
Mas, no teu corpo vou lendo
Os livros mais que secretos
Dos segredos mais guardados
E os gozos que os que sabem
Desconhecem até que existem.
Meu amor não sei tocar...
Mas, no teu corpo, sem jeito,
Como por passe de mágica,
Sou um músico perfeito
Que o instrumento que toca
Antes mesmo de pensar
Flui em um milhão de notas
O que ainda sonho em tocar.
Tuesday, December 13, 2011
Jorge Cuesta
NO AQUEL QUE GOZA, FRÁGIL Y LIGERO
Jorge Cuesta
No aquel que goza, frágil y ligero,
ni el que contengo es acto que perdura,
y es en vano el amor rosa futura
que fascina a cultivo pasajero.
La vida cambia lo que fue primero
y lo que más tarde es no lo asegura,
y la memoria, que el rigor madura,
no defiende su fruto duradero.
Más consiente el sabor áspero y grueso,
el color que a la luz se desvanece,
la materia que al tacto se destroza.
Y en vano guarda su variable peso
el árbol y su forma se endurece,
y el mismo instante se revive y goza.
Não aquele que goza, frágil e ligeiro
Não aquele que goza, frágil e ligeiro,
nem o que contendo o ato que perdura
e é em vão o amor rosa futura,
que fascina o cultivo passageiro.
A vida muda o que foi primeiro
e o que mais tarde é não assegura,
e a memória, que a rigor madura
não defende seu fruto derradeiro.
Mas, consciente é o sabor aspero e grosso,
a cor que à luz desvanece,
a matéria que ao tato se destroça.
E em vão guarda seu variável peso
a árvore e sua forma se endurece,
e no mesmo instante se revive e goza.
Monday, December 12, 2011
Antonio Cisneiros
POEMA PARA HACER EL AMOR
Antonio Cisneiros
Para hacer el amor debe evitarse un sol muy fuerte
sobre los ojos de la muchacha, tampoco es buena la sombra
si el lomo del amante se achicharra
para hacer el amor.
Los pastos húmedos son mejores que los pastos amarillos
pero la arena gruesa es mejor todavía.
Ni junto a las colinas porque el suelo es rocoso
ni cerca de las aguas.
Poco reino es la cama para este buen amor.
Limpios los cuerpos han de ser como una gran pradera:
que ningún valle o monte quede oculto y los amantes
podrán holgarse en todos sus caminos.
La oscuridad no guarda el buen amor.
El cielo debe ser azul y amable,
limpio y redondo como un techo
y entonces la muchacha no verá el dedo de Dios.
Los cuerpos discretos pero nunca en reposo,
los pulmones abiertos,las frases cortas.
Es difícil hacer el amor pero se aprende.
(De Agua que no has de beber).
Poema para fazer amor
Para fazer amor deve evitar-se um sol muito forte
sobre os olhos da amada, tampouco é boa aa sombra
se as costas do amante se queima
para fazer amor.
Os gramados molhados são melhores do que os gramados amarelos,
porém, a areia grossa é melhor, todavia.
Nem entre os morros porque o solo é rochoso
ou perto das águas.
Pouco reino é a cama para este bom amor.
Limpos os corpos devem ser como uma grande pradaria:
que nenhum vale ou montanha quede oculto dos amantes
que poderão alegrar-se em todos os seus caminhos.
A escuridão não protege o bom amor.
O céu deve ser azul e amável,
limpo e redondo como um telhado
e então a amada não verá o dedo de Deus.
Os corpos discretos, porém, nunca em repouso,
o pulmão aberto, as frases curtas.
É difícil fazer amor, porém, se aprende.
Mariano Melgar
AY AMOR DULCE VENENO
Mariano Melgar
¡Ay, amor!, dulce veneno,
ay, tema de mi delirio,
solicitado martirio
y de todos males lleno.
¡Ay, amor! lleno de insultos,
centro de angustias mortales,
donde los bienes son males
y los placeres tumultos.
¡Ay, amor! ladrón casero
de la quietud más estable.
¡Ay, amor, falso y mudable!
¡Ay, que por causa muero!
¡Ay, amor! glorioso infierno
y de infernales injurias,
león de celosas furias,
disfrazado de cordero.
¡Ay, amor!, pero ¿qué digo,
que conociendo quién eres,
abandonando placeres.
soy yo quien a ti te sigo?
Aí, amor doce veneno
Aí, o amor!, doce veneno,
aí, tema do meu delírio,
solicitado martírio
e de todos os males pleno.
Aí, o amor! Pleno de insultos,
centro de angústias mortais,
onde os bens são males
e os prazeres, tumultos.
Aí, o amor! Ladrão caseiro
da quietude mais estável.
Aí, amor, falso e mutável!
Aí!, que por sua causa morro!
Aí, o amor! Glorioso inferno
e de infernais injúrias,
leão de ciumentas fúrias,
disfarçado de cordeiro.
Aí!, o amor!, Porém, o que digo,
se conhecendo quem és,
abandonando os prazeres,
sou quem a ti te sigo?
Ilustração: estiloalternacena.blogspot.com
Saturday, December 10, 2011
Uma forma de ver
Como o fogo que irrompeu no metal,
sem sentido, sem música e inexplicável,
assim é o meu amor.
E, se como o instrumento, queimo,
sem possibilidade de emitir uma nota,
este sofrer silencioso
qualquer olhar nota
é, mesmo deste jeito, uma forma de beleza.
Ilustração: René Magritte
Vadik Barrón outra vez
POETAS DEL FIN DEL MUNDO
“I’m the one who has to die when it’s time for me to die”
Jimi Hendrix
Vadik Barrón
Hoy, que el fin del mundo está cerca
déjenme decirlo de la manera
más cursi posible:
poetas del fin del mundo, uníos.
Fundemos la Sociedad de Poetas Pobres
recorramos el planeta con plata prestada
pintemos bigotes en los posters de los dioses.
Yo, qué he fracasado en todos los menesteres
del entendimiento humano,
que le debo tanta plata a tanta gente
que he mirado el Parnaso con delectación babosa
declaro: que esta vida es todo lo que mis ojos verán
denuncio el hambre de las calles,
la senectud de las ideologías
la inoperancia de las religiones
la soledad de la hora pico.
Ayúdenme a gritar con las manos alzadas
y drogadas como en un concierto de rock:
que esta vida es todo lo que sus ojos verán
que nos mamaron compadres,
que esta vida es todo lo que tus ojos verán,
que rompieron la alcancía y no nos enteramos.
Que esto es lo que hay, y punto.
POETAS DO FIM DO MUNDO
"Eu sou o único que tem que morrer quando for a hora de morrer"
Jimi Hendrix
Hoje, como o fim do mundo está próximo
deixe-me dizer de maneira
o mais curta possível:
poetas do fim do mundo uni-vos.
Fundemos a Sociedade dos Poetas Pobres
percorramos o planeta com dinheiro emprestado
pintemos um bigode nos cartazes dos deuses.
Eu, que tenho fracassado em todos os campos
do entendimento humano,
que devo dinheiro a tantas pessoas
que olhei Parnaso com um deleite baboso
declaro: que esta vida é tudo o que os meus olhos verão,
denuncio a fome das ruas,
a senilidade das ideologias,
a inoperância das religiões
a solidão da hora do pico.
Ajudem-me a gritar com as mãos erguidas
e drogadas como num concerto de rock:
que esta vida é tudo o que seus olhos verão,
que mamarão compadres,
que esta vida é tudo o que teus olhos verão,
que o banco quebrará e nós não saberemos.
Que isto é o que há e ponto.
Ilustração: http://blogtown.zip.net/
Vadik Barrón
SATISFACTION
“I can’t get no satisfaction”
Mick Jagger
Vadik Barrón
Despertar no es suficiente
hay que salir a caminar
chocarse con los peatones distraídos
joderles la canción del walkman.
Querer no es suficiente
hay que cortarse las uñas
conocer a los suegros
respirar el alquitrán ajeno
aprender a cambiar focos.
Vivir no es suficiente
hay que hacer de cada día una escultura exigua
de cada minuto la posibilidad de un beso
de cada segundo una canción acechante.
Morir no es suficiente
hay que dejar esquirlas de ardor en el aire
la frase “se hace lo que se puede” escrita
a dedo en los automóviles polvorientos parqueados,
la fascinación de haber vivido
como aliento fresco en los espejos.
SATISFAÇÃO
"Eu não posso ter nenhuma satisfação"
Mick Jagger
Despertar não é suficiente
há que sair a caminhar
chocar-se com os pedestres distraídos
interromper-lhes a música do walkman.
Querer não é suficiente
há que cortar as unhas
conhecer as leis
respirar a respiração estranha
aprender a mudar os focos.
Viver não é suficiente
há que fazer de todos os dias uma escultura exígua
de cada minuto a possibilidade de um beijo
em cada um segundo perseguir uma canção.
Morrer não é o suficiente
há que deixar batatas fritas queimando no ar
a frase "fiz o que pude" escrita
a dedo nos automóveis empoeirados estacionados no parque,
o fascínio de ter vivido
como um hálito fresco nos espelhos.
Ilustração: enforsat.com
E ainda Fabián Casas
HACE ALGÚN TIEMPO
Fabián Casas
Hace algún tiempo
fuimos todas las películas de amor mundiales
todos los árboles del infierno.
Viajábamos en trenes que unían nuestros cuerpos
a la velocidad del deseo.
Como siempre, la lluvia caía en todas partes.
Hoy nos encontramos en la calle.
Ella estaba con su marido y su hijo;
éramos el gran anacronismo del amor,
la parte pendiente de un montaje absurdo.
Parece una ley: todo lo que se pudre forma una familia.
Faz algum tempo
Faz algum tempo
fomos todos os filmes de amor do mundo
todas as árvores do inferno.
Viajamos em trens que uniam nossos corpos
na velocidade do desejo.
Como sempre, a chuva caia em todas as partes.
Hoje nos encontramos na rua.
Ela estava com o marido e o seu filho;
eramos o grande anacronismo do amor,
a parte pendente de uma montagem absurda.
Parece uma lei: tudo que apodrece forma uma família.
Wednesday, December 07, 2011
E de novo Fabián Casas
A MITAD DE LA NOCHE
Fabián Casas
Me levanto a mitad de la noche con mucha sed.
Mi viejo duerme, mis hermanos duermen.
Estoy desnudo en el medio del patio
y tengo la sensación de que las cosas no me reconocen.
Parece que detrás de mí nada hubiese concluido.
Pero estoy otra vez en el lugar donde nací.
El viaje del Salmón
en una época dura.
Pienso esto y abro la heladera:
un poco de luz desde las cosas
que se mantienen frías.
No meio da noite
Me levanto na metade da noite com muita sede.
Meu velho dorme, meus irmãos dormem.
Estou nu no meio do pátio
e tenho a sensação de que as coisas não me reconhecem.
Parece que atrás de mim nada foi concluído.
Porém estou outra vez no lugar onde nasci.
A viagem do salmão
durante uma época dura.
Penso isto e abro a geladeira:
um pouco de luz a partir de coisas
que se mantém frias.
Fabián Casas
SIN LLAVES Y A OSCURAS
Fabián Casas
Era uno de esos días en que todo sale bien.
Había limpiado la casa y escrito
dos o tres poemas que me gustaban.
No pedía más.
Entonces salí al pasillo para tirar la basura
y detrás de mí, por una correntada,
la puerta se cerró.
Quedé sin llaves y a oscuras
sintiendo las voces de mis vecinos
a través de sus puertas.
Es transitorio, me dije;
pero así también podría ser la muerte:
un pasillo oscuro,
una puerta cerrada con la llave adentro
la basura en la mano.
Sem chaves e às escuras
Foi um desses dias em que tudo vai bem.
Havia limpado a casa e escrito
dois ou três poemas que eu gostava.
Não pedia mais.
Então saí ao pátio para jogar fora o lixo
e atrás de mim, por uma corrente de ar,
a porta se fechou.
Fiquei sem chaves e às escuras
sentindo as vozes dos meus vizinhos
através das suas portas.
É passageiro, eu disse;
mas, assim também podia ser a morte:
um corredor escuro,
uma porta fechada com a chave dentro
e a cesta de lixo na mão.
Arturo Carrera
OTRA MONEDA
Arturo Carrera
Y el dialecto de ellos, moneda de la infancia,
aunque la infancia fuera nuestra sombra
que pesa sobre la levedad de otro paladar ínfimo
—el diapasón,
diapasón para todos,
de la primera moneda —aguda en cada orden.
Entre la orfandad y el colmo de las madres,
las tías y las primas y las abuelas,
y abuelos padres,
tíos y primos últimos,
granizo de verano sobre cada imagen;
vago error en cada compás del caos.
Debiste de ir al fondo,
contar cada detalle, cada pelito, y
cómo se hacía el dinero en el metal,
cómo se dibujaba su poderosa métrica
infantil cuando al comienzo
ellas también tenían
bellezas del balbuceo: tin-tin-eo.
Pero no tienen estilo,
y aunque tengan repeticiones, sílabas,
se llaman monedas;
susurros parecidos, altos agudos pistilos
como en las flores;
no tendrán el asidero de tus sueños,
ni tu verdad, ni tu sigilo de la forma
en esa trama en zig-zag parecida al toma y daca.
¿Quién puso de relieve la regularidad oculta
de ciertos afectos tan vivos
que parecían desordenados?
Outra moeda
E o dialeto deles, a moeda da infância
ainda que a infância fosse nossa sombra
que pesa sobre a leveza de outro infimo paladar
-o diapasão,
diapassão para todos,
da primeira moeda afiada em cada ordem.
Entre os órfãos e a altura das mães,
tias e primos e avós,
pais e avós,
tios e primos últimos,
granizo de verão sobre cada imagem;
vago erro em cada compasso do caos.
Deves ir ao fundo,
contar cada detalhe, cada bigode, e
como fazer dinheiro do metal,
como se desenhava sua poderosa métrica
infantil, quando, no início,
elas também tinham
belezas de balbucio: tin-tin-e.
Porém, elas não têm estilo,
e mesmo que tenham repetições, sílabas,
moedas são chamadas;
sussurros como de altos pistilos agudos
como nas flores;
não tem as alças de seus sonhos,
e a tua verdade, nem a tua discrição, a forma
desta trama em zig-zag, do toma lá, dá cá.
Quem destacou a regularidade oculta
de certas emoções tão vivas
que pareciam tão desordenadas?
Juan Antonio Massone
Viendo crecer el dia
Juan Antonio Massone
Un álamo pequeño
a nadie da que hablar,
apenas sobresale entre la hierba,
pero algún día será más alta sombra.
De pie, esperando
aquel día y creciendo,
aunque escaso de hojas aún
mostrar sabe al invisible viento
y no se inquieta por más
que de seguir alzando el cuerpo.
Sólo espera y crece ahora
en su apenas de hojas
batidas por el aire verde.
A nadie da que hablar,
pero erguido y silencioso,
confía la promesa de sus hojas
al invisible viento que lo mece.
Vendo crescer o dia
Um pequeno álamo
a ninguém dá o que falar,
apenas se destaca sobre a grama,
mas, algum dia será uma sombra.
De pé, esperando
aquele dia crescendo,
apesar de folhas pequenas
mostra saber do vento invisível
e não se inquieta por mais
que continuar a aumentar o corpo.
Só espera e cresce agora
apenas nas parcas folhas
batidas pelo verde ar.
A ninguém dá o que falar,
mas, altaneiro e em silêncio
confia a promessa de suas folhas
ao invisível vento que o mede.
Monday, December 05, 2011
Poemas mal comportados
O meu amor é uma lata de doce
Eu te direi, amor,
Sem nenhum pudor
Que és, para mim, uma lata de biscoitos.
Biscoitos? Não. É muito industrial.
És uma lata de doce artesanal
Das que se come já tendo saudade.
És, na verdade, mais que doce; és mel.
E, no entanto, tens tantos sabores
Que, em certos momentos, até penso
Que o nosso amor seja uma marmelada do destino.
Não importa, amor, não importa.
Nem mesmo que não tenho muito jeito para abrir latas
(nem fechos, nem portas, nem garrafas)
Ao contrário, porém, de outras tarefas em que sou tão displicente,
Anote, que serei determinado, mesmo que inconstante,
Mas, ainda assim seguirei adiante,e, acredite em mim,
Te comerei até o fim.
Luiz Muñoz
PARA CELEBRAR TU SEXO
Luiz Muñoz
Para celebrar
tu sexo
una copa de champán.
Para besarte el aire que
te corre entre las piernas
(abismos indefinidos
sacrificios consumados)
unos labios vírgenes
que nunca antes
tocaran
piernas blancas
suaves
piernas perfumadas
con una rebelde perfección.
En el silencio
de tu pubis
en la humildad
de tu vulva
(pecado inmortal)
me gozo tranquila.
Para celebrar teu sexo
Para celebrar
o teu sexo
uma taça de champanhe.
Para beijar o ar
que corre entre tuas pernas
(abismos indefinidos
sacrifícios consumados)
uns lábios virgens
que antes nunca
tocaram
pernas brancas
suaves
pernas perfumadas
com uma rebelde perfeição.
No silêncio
teu pubis
na humildade
de tua vulva
(pecdo imortal)
Gozo tranquilamente.
Manuel Moya
Pájaros furtivos
Manuel Moya
Se hielan los postigos
en esta noche densa.
Los árboles, distantes,
ofician su espesura.
La lluvia que te sigue,
el calor que has injertado,
recorren esta noche
de pájaros furtivos.
Se hielan los cristales
y es nada cuanto amaste,
nada la pátria que te acoge,
la voz con que recuerdas.
Pássaros furtivos
Gelam-se as portinholas
nesta noite densa.
As árvores, distantes,
celebram sua espessura.
A chuva que te segue,
o calor que te enxertastes,
provém esta noite
de pássaros furtivos.
Gelam-se os cristais;
e é nada o quanto amastes,
nada a pátria que te acolhe,
a voz com que recordas.
Sunday, December 04, 2011
De volta Buesa
Poema del olvido
José Angel Buesa
Viendo pasar las nubes fue pasando la vida,
y tú, como una nube, pasaste por mi hastío.
Y se unieron entonces tu corazón y el mío,
como se van uniendo los bordes de una herida.
Los últimos ensueños y las primeras canas
entristecen de sombra todas las cosas bellas;
y hoy tu vida y mi vida son como las estrellas,
pues pueden verse juntas, estando tan lejanas…
Yo bien sé que el olvido, como un agua maldita,
nos da una sed más honda que la sed que nos quita,
pero estoy tan seguro de poder olvidar…
Y miraré las nubes sin pensar que te quiero,
con el hábito sordo de un viejo marinero
que aún siente, en tierra firme, la ondulación del mar.
Poema do esquecimento
Vendo passar as nuvens fui passando a vida,
e tu, passastes por meu tédio, como uma nuvem.
Enquanto teu coração e o meu se unem
como se vão unindo as bordas de uma ferida.
Os últimos sonhos e os primeiros cabelos brilhantes
entristecem de sombra todas as coisas belas;
e hoje tua vida e minha vida são como as estrelas,
pois, podem se ver juntas, estando tão distantes…
Eu bem sei que o esquecimento, como uma água maldita,
nos dá uma sede maior que a sede que nos quita,
porém, estou tão seguro de poder não lembrar…
E olharei as nuvens sem pensar que te quero,
com o hábito surdo de um velho marinheiro
que ainda sente, em terra firme, o balanço do mar.
José Angel Buesa
Viendo pasar las nubes fue pasando la vida,
y tú, como una nube, pasaste por mi hastío.
Y se unieron entonces tu corazón y el mío,
como se van uniendo los bordes de una herida.
Los últimos ensueños y las primeras canas
entristecen de sombra todas las cosas bellas;
y hoy tu vida y mi vida son como las estrellas,
pues pueden verse juntas, estando tan lejanas…
Yo bien sé que el olvido, como un agua maldita,
nos da una sed más honda que la sed que nos quita,
pero estoy tan seguro de poder olvidar…
Y miraré las nubes sin pensar que te quiero,
con el hábito sordo de un viejo marinero
que aún siente, en tierra firme, la ondulación del mar.
Poema do esquecimento
Vendo passar as nuvens fui passando a vida,
e tu, passastes por meu tédio, como uma nuvem.
Enquanto teu coração e o meu se unem
como se vão unindo as bordas de uma ferida.
Os últimos sonhos e os primeiros cabelos brilhantes
entristecem de sombra todas as coisas belas;
e hoje tua vida e minha vida são como as estrelas,
pois, podem se ver juntas, estando tão distantes…
Eu bem sei que o esquecimento, como uma água maldita,
nos dá uma sede maior que a sede que nos quita,
porém, estou tão seguro de poder não lembrar…
E olharei as nuvens sem pensar que te quero,
com o hábito surdo de um velho marinheiro
que ainda sente, em terra firme, o balanço do mar.
Subscribe to:
Posts (Atom)