Saturday, January 28, 2012
Juan Gelman
La puerta
Juan Gelman
abrí la puerta/amor mío
levantá/abrí la puerta
tengo el alma pegada al paladar
temblando de terror
el jabalí del monte me pisoteó
el asno salvaje me persiguió
en esta media noche del exilio
soy yo mismo una bestia
A porta
Abre a porta/meu amor
levanta/abre a porta
que tenho a alma presa ao paladar
tremendo de terror
o javali do monte me pisoteou
o asno selvagem me perseguiu
nesta meia-noite do exílio
eu sou mesmo é uma besta.
Ilustração: http://avante7.com.br/o-desafio-da-cumplicidade/
Claribel Alegira refeita
Amor
Claribel Alegria
Todos lo que amo
están en ti
y tú
en todo lo que amo.
Amor
Todos os que amo
estão em ti
e tu
estais em tudo que amo.
Ilustração: http://compondonojardim.blogspot.com/2010_12_01_archive.html
Thursday, January 26, 2012
Outra poesia de Jorge Carrera Andrade
Vendrá un día más puro que los otros...
Jorge Carrera Andrade
Vendrá un día más puro que los otros:
estallará la paz sobre la tierra
como un sol de cristal. Un fulgor nuevo
envolverá las cosas.
Los hombres cantarán en los caminos,
libres ya de la muerte solapada.
El trigo crecerá sobre los restos
de las armas destruidas
y nadie verterá
la sangre de su hermano,
El mundo será entonces de las fuentes
y las espigas, que impondrán su imperio
de abundancia y frescura sin fronteras.
Los ancianos tan sólo, en el domingo
de su vida apacible,
esperarán la muerte,
la muerte natural, fin de jornada,
paisaje más hermoso que el poniente.
Virá um dia mais puro que os outros ...
Virá um dia mais puro que os outros:
que instalará a paz por sobre a terra
como um sol de cristal. Um fulgor novo
que envolverá as coisas.
Os homens cantarão pelos caminhos
livres, já, da morte disfarçada.
O trigo crescerá sobre os restos
das armas destruídas
e ninguém derramará
o sangue de seu irmão.
O mundo será, então, das fontes
e espigas, que imporão o seu domínio
de abundância e frescura sem fronteiras.
Só os idosos , nos domingos
de suas vidas pacíficas,
esperarão a morte,
morte natural, o fim da jornada,
paisagem mais bonita que o poente.
Ilustração: http://denyse-melo.blogspot.com
Wednesday, January 25, 2012
Jorge Carrera Andrade
Golondrinas
Jorge Carrera Andrade
Que me busquen mañana.
Hoy tengo cita con las golondrinas.
En las plumas mojadas por la primera lluvia
llega el mensaje fresco de los nidos celestes.
La luz anda buscando un escondite.
Las ventanas voltean páginas fulgurantes
que se apagan de pronto en vagas profecías.
Mi conciencia fue ayer un país fértil.
Hoy es campo de rocas.
Me resigno al silencio
pero comprendo el grito de los pájaros
el grito gris de angustia
ante la luz ahogada por la primera lluvia.
Andorinhas
Que me procurem amanhã.
Hoje eu tenho um encontro com as andorinhas.
Nas penas molhadas pela primeira chuva
chega a mensagem fresca dos ninhos celestes.
A luz anda buscando um esconderijo.
As janelas folheiam páginas fulgurantes
que se apagam em vagas profecias.
Minha consciência foi ontem um país fértil.
Hoje é campo de rochas.
Resigno-me ao silêncio,
porém, compreendo o grito das aves
o grito cinzento de angústia
ante a luz afogada pela primeira chuva.
Tuesday, January 24, 2012
CRISTIAN AVECILLAS
HOMO DELIRANS
CRISTIAN AVECILLAS
I
Y en tu piel preparas el vocablo porque la paciencia te traerá la entraña:
Ser artista es inventar la carne donde no hay persona
Y mirar el hueso donde todos ven futuro.
II
Y preparas la armonía de tu sangre con la herida del deseo eliminado,
La feroz fidelidad ante lo acústico,
La feroz epanortosis de lo acústico:
Y preparas la cordura de tus miembros en la elipsis de la ajena suculencia,
La retórica es un grito en la distancia
Al que no darás socorro para no romper el ritmo.
III
Y preparas la elocuencia de tu sombra
Cuando arrojas tu linaje en el desierto:
Poblarás la nada
Hasta inventar la desnudez.
HOMO DELIRANS
I
E na tua pele preparas a palavra porque a paciência lhe trairá as entranhas:
Ser artista é inventar a carne onde não há pessoa
E olhar o osso onde todo mundo vê o futuro.
II
E preparars a harmonia de teu sangue com a ferida do desejo eliminado,
A feroz fidelidade ao acústico,
A feroz ressureição do acústico
E preparas a mansidão de teus membros na elipse de alheia suculência,
A retórica é um grito na distância
A que não darás socorro para não quebrar o ritmo.
III
E prepararas a eloqüência de tua sombra
Quando arrojas tua linhagem no deserto:
Povoarás o nada
Atér inventar es a nudez.
CRISTIAN AVECILLAS
HOMO RIDENS
Cristian Avecillas
Y te dices:
Que el poema encienda lo que ayer la llama
Para que arda una mujer en el verano.
Homo Ridens
E tu dizes:
O poema incendeia o que ontem era chama
Para que arda uma mulher no verão.
Ilustração: cristina.com.br
Simón Zavala Guzmán
RECONSTRUCCION DE LA VERDAD
Simón Zavala Guzmán
Espejo de lodo la mentira
todo lo que ella arguye
inventa
escupe
sirve para tapar el sol con el dedo
meñique.
La verdad
la pobre y huérfana verdad
siempre tendrá la estatura de
una desconocida
pero no será un cadáver de mármol
velàndose entre gusanos.
Por eso uno piensa que en la claridad
de los sábios
hay un sol más hondo
donde los seres aparecen realmente
como son.
La verdad es un rostro de cristal
cuerpo tíbio de mujer.
La verdad tiene un sitio
por donde se puede respirar aire libre
llega como inconmovible fruta
llena de olas
y ahoga en su momento a tanto
mercader
a tanto mono de organillero
a tanto político de subasta.
A RECONSTRUÇÃO DA VERDADE
Espelho de toda a mentira
tudo o que ela argúi
inventa
cospe
serve para tapar o sol com o dedo
mindinho.
A verdade,
a pobre e órfã verdade,
sempre terá o tamanho de
uma desconhecida,
porém, não será um cadáver de mármore
velando-se entre os vermes.
Por isto se pensa que na claridade
dos sábios
há um sol mais profundo
onde os seres realmente aparecem
como são.
A verdade é um rosto de cristal,
como um corpo frágil de mulher
A verdade vive num local
onde é possível respirar ar livre
chega como inamovível fruta
plena de ondas
e afoga em seu momento tanto
o empresário,
tanto macaco tocador de realejo
como o político venal
Ilustração: http://fabiopestanaramos.blogspot.com/2011/09/concepcao-filosofica-da-verdade.html
Sunday, January 22, 2012
Concha García outra vez
Alegoría del tiempo
Concha García
Somos moderadamente felices,
los dos vivíamos en una afinidad
absoluta: las palabras
no pueden expresar la experiencia.
Yo tampoco.
Alegoria do tempo
Somos moderadamente felizes,
nós dois viviamos numa afinidade
absoluta: as palavras
não podem expressar a experiência.
Nem eu, tampouco.
Concha García
Bajo los auspícios
Concha García
La cosa más profunda que he vivido
ya la he olvidado. Ahora sólo me importa
arreglar la ventana si se rompiera, o
limpiar los cristales. Todas las verdades
han sido un largo pronunciamiento sin fecha,
de pronto no recuerdo ninguna. Se confunden
encaramadas bajo los auspicios de mi necedad
que tampoco se precia. A mí me gusta
el encantamiento de ciertas tardes, cuando
lo evidente no es real.
Sob os auspícios
A coisa mais profunda que já vivi
eu já esqueci. Agora só me importa
fechar a janela, se quebradas, ou
limpar as janelas. Todas as verdades
tem sido um enorme discurso sem data,
de repente não me lembro de nenhuma. Se confudem
empoleiradas sob os auspícios da minha loucura
que tampouco se aprecia. Eu gosto
do feitiço de certas tardes, quando
o evidente não é real.
Mario Benedetti
El soneto de rigor
Las rosas están insoportables en el florero
JAIME SABINES
Tal vez haya un rigor para encontrarte
el corazón de rosa rigurosa
ya que hablando en rigor no es poca cosa
que tu rigor de rosa no te harte.
Rosa que estás aquí o en cualquier parte
con tu rigor de pétalos, qué sosa
es tu fórmula intacta, tan hermosa
que ya es de rigor desprestigiarte.
Así que abandonándote en tus ramos
o dejándote al borde del camino
aplicarte el rigor es lo mejor.
Y el rigor no permite que te hagamos
liras ni odas cual floreros, sino
apenas el soneto de rigor.
O soneto do rigor
Talvez haja um rigor para encontrar-te
o coração de rosa rigorosa
porque a rigor não é pouca coisa
que teu rigor de rosa não te falte.
Rosa que estas aqui ou em qualquer parte
con teu rigor de suas pétalas, que coisa
é tua fórmula intacta, tão formosa
que já é de rigor desprestigiar-te.
Assim, abandonar-te em teus ramos
ou deixando-te à beira da estrada
Aplicar-te o rigor é o melhor.
E o rigor não permite que te façamos
liras nem odes qual vasos, nem mais nada
apenas o soneto do rigor.
VISLUMBRE
Eu sei que, quando se lê o tarot,
nada se sabe,
mas, também começamos na vida,
na verdade, sem nada saber.
Tiro um arcano
na esperança que me mostre o caminho
e o que me ensina
tem os fumos do embaraço,
de modo que venho, vou e passo
na busca de uma interpretação
que não ultrapassa jamais
meu nível de consciência.
E me afundo em estudos
para ter ciência
de que conhecer
é sempre só um prisma do diamante.
E só o que vejo passo adiante
e, mesmo assim, é ajuda e luz,
de forma que me saúdam como sábio
sendo tão ignorante.
Wednesday, January 18, 2012
Ronald Rivas
AMINTA
Ronald Rivas
Aminta la hija inmortal del viento
Dejó su secreto disperso
En la hierba de las horas
Cuando soy, a penas,
Un escarabajo
Que recoge su tedio en las líneas más densas de la grama,
Planta su sonrisa mientras acaricia mi huesudo corazón
Y desearía ser el gatito en medio de sus piernas.
Aminta
Aminta, a filha imortal do vento,
Deixou seu segredo disperso
Na grama das horas.
Quando sou, apenas,
Um escaravelho
Que recolhe o seu tédio nas linhas mais densas da grama,
Planta o seu sorriso enquanto acaricia meu coração de osso
E desejaria ser o gatinho no meio de suas pernas.
Ilustração: pautandosemprepm3.blogspot.com
Sunday, January 15, 2012
Uma poetisa bissexta
A MOMENT OF BLISS
February 1, 2010
Lilita do Acre
Finished the chores of the day
I wearily reached for my favorite window .
And Lo! What a pleasure,
Finding the rain coming down again,
Bringing together the adorable scent
Of newly wet grass!
People complain against the rain
When it should be seen as divine bliss
For nature is preparing the forthcoming season,
Of fruit and fish in the Amazon.
Instead of complaints we should salute nature
In its wise change of seasons
Each one favoring men and creatures
With nurturing abundance of every sort.
I can only complain against fate
For not allowing me
The wonder of sharing this moment with you.
Um momento de felicidade
Concluída as tarefas do dia
Eu cansada alcanço minha janela favorita.
E eis! Que prazer,
Encontrar a chuva caindo novamente,
Trazendo junto o perfume adorável
Da grama recém molhada!
As pessoas reclamam da chuva
Quando deveria ser vista como uma benção divina
Para a natureza que prepara a próxima estação,
De frutas e de peixes na Amazônia.
Em vez de queixas, devemos louvar a natureza
Na sua sábia mudança das estações
Cada uma favorecendo os homens e as criaturas
Com o carinho abundante de cada espécie.
Só posso reclamar do meu destino
Que não me permite
Compartilhar este maravilhoso momento com você.
Cristóbal Zapata
EL GUSANITO
Cristóbal Zapata
Como una polilla inmune a mis venenos y mis trampas
el amor me corroe pacientemente.
Mi corazón está sucio
como el revés de una mesa
donde los comensales han ido guardando
los residuos que estorban la masticación.
Pongo una mano debajo de mi corazón
y la mano salta espantada, llena de mugre y dolor.
Pongo otra mano sobre mi corazón
y el gusanito empieza a roer
sin prisa, sin culpa, sin temor.
Verme
Como uma borboleta imune ao meu veneno e as minhas armadilhas
o amor me corrói pacientemente.
Meu coração está sujo
como embaixo de uma mesa
onde os comensais estão jogando
os restos da comida difícil de mastigar.
Ponho uma mão debaixo do meu coração
e a mão salta assustada, cheia de sujeira e dor.
Ponho outra mão sobre o meu coração
e o verme começa a roer
sem pressa, sem culpa, sem medo.
Cristóbal Zapata
Como una polilla inmune a mis venenos y mis trampas
el amor me corroe pacientemente.
Mi corazón está sucio
como el revés de una mesa
donde los comensales han ido guardando
los residuos que estorban la masticación.
Pongo una mano debajo de mi corazón
y la mano salta espantada, llena de mugre y dolor.
Pongo otra mano sobre mi corazón
y el gusanito empieza a roer
sin prisa, sin culpa, sin temor.
Verme
Como uma borboleta imune ao meu veneno e as minhas armadilhas
o amor me corrói pacientemente.
Meu coração está sujo
como embaixo de uma mesa
onde os comensais estão jogando
os restos da comida difícil de mastigar.
Ponho uma mão debaixo do meu coração
e a mão salta assustada, cheia de sujeira e dor.
Ponho outra mão sobre o meu coração
e o verme começa a roer
sem pressa, sem culpa, sem medo.
Friday, January 13, 2012
Walter Cruz
Tarde
Walter Cruz
El tiempo se alimenta de belleza...
es evidente en las mujeres y en las cosas
y es tan voraz y tan sutil su paso lento
que engañados por su suave persistencia
siempre tarde comprendemos que la esencia
del dolor y la amargura esta en aquello
que pudimos y no hicimos...la belleza
que era nuestra y no supimos.
Tarde
O tempo se alimenta de beleza ...
é evidente nas mulheres e nas coisas
e é tão voraz e tão sutil seu passo lento
que enganados por sua suave persistência
sempre tarde compreendemos sua essência
da dor e da amargura que está naquilo
que podemos e não fizemos ...a beleza
que era nossa e não sabíamos.
Ilustração: corinepasso.blogspot.com
Thursday, January 12, 2012
Poeminha da única importância
No fim hás de ver que o que importa,
Por mais que o tempo não seja nosso aliado,
É o que nada vai conseguir apagar.
Um encontro inesperado no avião,
O carinho no momentos preciso.
Algumas poesias, as músicas, os risos,
O fato de que nós sentimos bem perto e distante
E que, apesar de tudo, vamos adiante
E, por muito que o tempo possa nos levar,
Nos deixa sempre a capacidade de amar.
Wednesday, January 11, 2012
Traição inglesa
Blue Wings
George Eliot (Mary Ann Evans)
Warm whisp'ring through the slender olive leaves
Came to me a gentle sound,
Whis'pring of a secret found
In the clear sunshine 'mid the golden sheaves:
Said it was sleeping for me in the morn,
Called it gladness, called it joy,
Drew me on 'Come hither, boy.'
To where the blue wings rested on the corn.
I thought the gentle sound had whispered true
Thought the little heaven mine,
Leaned to clutch the thing divine,
And saw the blue wings melt within the blue!
Asas azuis
Sussurrando quente do meio das folhas de oliveira
Veio a mim o suave som,
Como um segredo de primavera encontrado
Em meados do sol claro como "os feixes de ouro:
Disse que estava dormindo, para mim, na manhã,
Chamou-a alegria, chamou-a prazer,
Me atraiu com 'Vem cá, rapaz. "
Para lá onde as asas azul descansavam no milho.
Eu pensei que o som suave sussurrado era verdade
Pensei que o pequeno céu era meu,
Inclinei-me para embrenhar-me na coisa divina,
E só pude ver se derreter as asas azuis dentro do azul!
Tuesday, January 10, 2012
Rodolfo Naró
Deitada és um violoncelo em repouso
Rodolfo Naró
Acostada eres un cello en reposo,
tu sonido es de cuerdas,
en tus párpados hay notas,
risas de piano se asoman por tus ojos.
Sonata de pájaros en fuga.
No necesitas decirlo
pulsas música al moverte.
Si te distraes el mundo se silencia todo,
vuelve a afinarse. Lo sabes,
pero sigues en tu andar
como si nada.
Deitada és um violoncelo em repouso
Deitada és um violoncelo em repouso,
teu som é de cordas,
em tuas pálpebras há notas,
risos de piano se despejam de teus olhos.
Sonata de pássaros em fuga.
Não necessito dizê-lo
pulsas música ao mover-te.
Se te distrais o mundo se silencia todo,
voltas a se afinar. Tu sabes,
porém, segues em teu andar
como de costume.
Ilustração: cabarepsicodelico.blogspot.com
Monday, January 09, 2012
Javier Martínez
SEGUNDOS
Javier Martínez
La araña hizo su casa
en el segundero de mi reloj.
¡Astuta!
¡Ambiciosa!
Con su red da vueltas al círculo,
atrapa mis sueños,
desprecia el tiempo,
en movimiento trabaja.
¿Por qué en el segundero de mi reloj?
(El Amor Vestido de Asfalto)
Segundos
A aranha fez sua casa
no ponteiro de segundos do meu relógio.
Inteligente!
Ambiciosa!
Com sua rede dá voltas ao círculo,
atrapalha os meus sonhos,
deprecia o tempo,
no movimento trabalha.
Por que no ponteiro de segundos do meu relógio?
Sunday, January 08, 2012
René Char
LE CARREAU
René Char
Pures pluies, femmes attendues,
La face que vous essuyez,
De verre voué aux tourments,
Est la face du révolté;
L’autre, la vitre de l’heureux,
Frissone devant le feu de bois.
Je vous aime mystères jumeaux,
Je touche à chacun de vous;
J’ai mal et je suis léger.
A Telha
Chuvas puras, as mulheres esperando,
O rosto que lavais,
De vidro condenado aos sofrimentos,
É o rosto do revoltado;
O outro, a janela do feliz,
Tremendo diante do fogo na madeira.
Eu te amo, ó dúplice mistério,
Eu toco a cada um de vocês;
Dói-me e eu sou luz.
Saturday, January 07, 2012
Alan Mills
feedback,
Alan Mills
con mis pechos te alimenté
y hasta dejaba hambrientos a mis hijos
por vos mientras todos te vieron
por los bares paseándote con tus amigas
más lindas les hacías poemas y ellas
reían se reían de mí pero después siempre
otra se reía de la que antes rió y así era
una risotada toda esa mierda siendo felices
a nuestro modo pero sólo yo con mis pechos
te alimenté y con eso te fuiste haciendo
heladitos de crema para tus amiguitas
más lindas que se chupaban los dedos
frente a estos críos estallando de sed
y pegados a mis dulces pechos
con los que te alimenté hasta dejarlos
desinflados como vejigas muertas
como paraísos vacíos como enjambres
de luz apagados
feedback
Com os meus peitos te alimentei
e até deixava meus filhos com fome
por ti enquanto todos te viam
pelos bares passeando com tuas amigas
mais lindas e lhes fazia poemas e elas
riam se riam de mim, mas, depois sempre
outra se ria dela que antes riu e assim era
uma risadaria toda essa merda de serem felizes
a nosso modo, porém, só eu, com meus peitos
te alimentei e com isto te fostes fazendo
sorvetes de creme para tuas amiguinhas
mais lindas que chupavam os dedos
frente a estas crianças estalando de sede
e pegados ao meu doce peito
com os que te alimentei até deixá-los
murchos como bexigas mortas
como paraísos vazios, como enxames
de luzes apagadas.
Ilustração: humorcombobagem.com
Friday, January 06, 2012
Euler Granda
EL RETRATO
Euler Granda
Yo le llamaba linda
y el nombre le quedaba
como vestido flojo.
Sus ojos
no tenían importancia,
su boca
no era más que una boca
y acostumbraba recopilar retratos
como todos.
Empero
el dolor le dolía de otro modo;
frente a la soledad
era su soledad más sola
y sus palabras entraban al oído
como avispas quemantes.
Puesta junto al océano
tenía algo de nave;
por coincidencia extraña,
como a mí,
le gustaban los viajes,
por eso aquella tarde
terminó envenenándose.
O retrato
Eu a chamava de linda
e o nome lhe ficava bem
como um vestido folgado.
Seus olhos
não tinham importância,
sua boca
não era mais do que uma boca
e se acostumara a coletar retratos
como todos.
Entretanto,
a dor lhe doía de outro modo;
frente à solidão
era sua solidão mais só
e suas palavras entravam no ouvido
queimando como vespas.
Posta junto ao oceano
tinha algo de navio;
por uma estranha coincidência,
como eu,
gostava de viajar,
por isto naquela tarde
terminou se envenenando.
Ilustração:coriscos.blogspot.com
Thursday, January 05, 2012
Cristóbal Zapata
ARTE RUPESTRE
Cristóbal Zapata
Para Isabel Dávalos
En la oscuridad primordial
un hombre y una mujer
chocan y raspan
como dos piedras ásperas
sus cuerpos.
Iluminados por el deseo
hacen la luz, la claridad.
Así, en la penumbra del mundo
un hombre y una mujer
reinventan el fuego,
y sus cuerpos encienden
como luces de Bengala
la noche.
Porque no es la Tierra
lo que el deseo alumbra
sino la bóveda del Cielo.
Arte rupestre
Na escuridão primordial
um homem e uma mulher
se chocam e rasgam
como duas pedras brutas,
seus corpos.
Iluminado pelo desejo
fazem a luz, a claridade.
Assim, na penumbra do mundo
um homem e uma mulher
reinventar o fogo,
e os seus corpos incendeiam
como luzes de Bengala,
a noite.
Porque não é a Terra
que o desejo ilumina,
mas, a abóbada do céu.
Ilustração: sombradaoiticica.wordpress.com
Wednesday, January 04, 2012
Poemas mal comportados
Carmen, você estragou meu coração
Carmen, Carminha,
eu pensei que você fosse minha,
mas, não.
Bastou virar a esquina
Para você estragar meu coração,
fazer dele um picadinho
passando sal e limão.
Carmen,
o que me aconteceu
que eu perdi você
como o anel que me deu!
Carmen,
tem coisas que não pode ser...
o que me dizem de você
é que virou um furacão
passou pelo sabre de todo o batalhão.
Não! Não! Não!
Logo você que era tão pudica
dizem que não pode ver ...
uma garrafa
que o primeiro que vier garfa!
Ah! Carmen,
nem venha me falar
que, depois, basta lavar.
Não é assim não!
Você dilacerou meu pobre coração
e ando até com medo
de arranjar uma mulher
com jeito infantil.
Carmen,
minha vontade é de sumir do Brasil...
atrás de inglesas
que, segundo De Laurentis,
são símbolo da pureza,
pois, nem lavam a genitália!
Se não der certo
bebo vinho até morrer
na Itália!
Tuesday, January 03, 2012
Sylvia Plath
Stasis in Darkness
Sylvia Plath
Stasis in darkness.
Then the substanceless blue
Pour of tor and distances.
God's lioness,
How one we grow,
Pivot of heels and knees! – The furrow
Splits and passes, sister to
The brown arc
Of the neck I cannot catch,
Nigger-eye
Berries cast dark
Hooks –
Black sweet blood mouthfuls,
Shadows.
Something else
Hauls me through air –
Thighs, hair;
Flakes from my heels.
White
Godiva, I unpeel –
Dead hands, dead stringencies.
And now I
Foam to wheat, a glitter of seas.
The child's cry
Melts in the wall.
And I
Am the arrow,
The dew that flies
Suicidal, at one with the drive
Into the red
Eye, the cauldron of morning.
Êxtase na escuridão.
Êxtase na escuridão.
Então, o azul sem substância
Despejo de tortura e distâncias.
Leoa de Deus,
Como uma medida que crescemos,
Pivot de calcanhares e joelhos! - O sulco
Divide e passa, irmã
do arco marrom
do pescoço que não posso pegar.
Olhar negro
Bagos de castanho escuro
ganchos -
Doce pretos bocados de sangue,
sombras.
Alguma outra coisa
Golpes através do ar -
Coxas, pêlos;
Flocos de meus calcanhares.
Branco
Godiva, eu a me descolar -
Mãos mortas, rigores mortos.
E agora eu
Espuma para o trigo, um brilho de mares.
Choro de criança
Derrete-se na parede.
e eu
sou a flecha,
O orvalho que voa
Suicida, com a direção
para o vermelho
Olho, o caldeirão da manhã.
Ilustração: http://emiliano-rasgandooverbo.blogspot.com/
Francisco Granizo Ribadeneira
De ti, exacta, la cifra
Francisco Granizo Ribadeneira
De ti, exacta, la cifra
del principio y el término,
la plenitud del cero,
la frecuencia infinita.
La total armonía
de tu cuerpo en mi cuerpo,
tu sonido y tu tiempo
y tu peso de vida
Traspasada del nombre
ningún nombre te acoge
más, audible, inefable,
y la mano te sabe
por tu olor y tu porte
de dulcísimo alfanje
Este es mi amor y nada más, acodo
recurriéndote, así, terriblemente,
nacido, desnacido, adolescente
en las albas dulcísimas del lodo.
Sólo de esta mi suerte, de tu modo,
talud de sangre, cántaro cayente,
ordenarás dolor, asiduamente,
zafado peso, acaecer de todo.
Abierto a mi hambre de tus hambres. Duro
pájaro, por la piel, enfurecidos
acúdenme tu olor y ligereza.
¡Tacto! Desde la carne del conjuro,
atacado de todos tus sonidos,
vuélame el corazón, alto, tu presa.
De ti, exata, a cifra
De ti, exata, a cifra
do princípio e do fim,
a plenitude do zero,
a freqüência infinita.
A total harmonia
de teu corpo no meu corpo,
teu som e teu tempo
e teu peso de vida
Trespassado de teu nome
nenhum nome me acode
mais audível, inefável,
e a mão te sabe
por teu odor e teu porte
de dulcíssimo alfanje
Este é o meu amor e nada mais, acudo
recorrendo-te assim, terrivelmente,
nascido, desnacido, adolescente
amanhecendo docemente no lodo.
Só este meu destino, do teu modo
massa de sangue, cantâro caindo,
ordenarás a dor assiduamente,
deslocado peso, a acontecer de todo.
Aberta a minha fome às tuas fomes. Duro
pássaro, pela pele, enfurecidos
acodem-me teu cheiro e ligeireza.
Tato! Desde que a carne do feitiço,
atacado de todos os teus sons,
levou-me o coração, para o alto, a tua presa.
Ilustração: http://veruska-ladybuterfly.blogspot.com/
Monday, January 02, 2012
TALVEZ
Talvez viver seja um sonho,
uma fantasia
que um deus secreto
no seu sono cria.
Talvez viver seja somente
a leve chama da vela
produzindo a luz que revela
a eterna escuridão.
Talvez viver só seja
algo que nos proteja
momentaneamente
do longo esquecimento,
nossa única certeza.
Sunday, January 01, 2012
Começar de novo
Be Kind
Charles Bukowski
we are always asked
to understand the other person's
viewpoint
no matter how
out-dated
foolish or
obnoxious.
one is asked
to view
their total error
their life-waste
with
kindliness,
especially if they are
aged.
but age is the total of
our doing.
they have aged
badly
because they have
lived
out of focus,
they have refused to
see.
not their fault?
whose fault?
mine?
I am asked to hide
my viewpoint
from them
for fear of their
fear.
age is no crime
but the shame
of a deliberately
wasted
life
among so many
deliberately
wasted
lives
is.
Ser generoso
Nós estamos sempre tentando
compreender a outra pessoa
seu ponto de vista
não importa o quão
deslocado
tolo ou
detestável.
É convidado
para ver
como está errado
como sua vida é um lixo
com
bondade,
especialmente se forem
de idade.
Mas, a idade é o total de
nosso fazer.
Eles têm a idade
ruim
porque eles têm
vivido
fora de foco,
eles se recusaram a
ver.
Não é culpa deles?
Quem tem culpa?
Eu?
Me induziram a esconder
meu ponto de vista
sobre eles
por medo de seus
medos.
Idade não é crime,
mas, a vergonha
de deliberadamente
desperdiçar
a vida,
entre tantos
que deliberadamente
desperdiçam
vidas,
é.
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