Friday, August 29, 2014

Ainda Excilia Saldaña


Zéjel de la soledad

Excilia Saldaña

Palomo, venga a mirar 
lo sola que anda mi vida.

Si usted ya no sé amar 
ni sé el arrullo arrullar 
y menos puedo volar 
si es que tengo el ala herida.

Palomo, venga a mirar 
lo sola que anda la vida

Zéjel da solidão

Pombinha, venha olhar
como solitária anda minha vida.

Se a ti já não sei amar
nem sei o arrulho arrulhar
e ainda menos posso voar
se é que tenho a asa ferida.

Pombinha, venha olhar
como solitária anda a vida.



Excilia Saldaña


Papalote

Excilia Saldaña

Nunca habrá tiempo
de enredar el amor en las venas
nunca habrá tiempo
para echarse a calentar la alegría
como una gallina clueca
sin embargo
la cosa sería muy fácil
si militaras bajo mis párpados
si te comprometieras
a llorar mi tristeza
y la empinaras al viento
como un papalote sobre los tejados de la ciudad.

Pipa

Nunca haverá tempo
de enredar o amor nas veias
nunca haverá tempo
para começar a aquecer a alegria
como uma galinha choca
sem embargo
as coisas seriam muito mais fácéis
se militasses sob minhas pálpebras
se te comprometesses
a chorar minha tristeza
e a empinasses ao vento
como uma pipa sobre os telhados da cidade.


Thursday, August 28, 2014

Efraín Bartolomé

FIN DE FIESTA                                                             


Efraín Bartolomé

Esto empezó con besos
Ahora es un rosario infinito de dolores
y sordos y llagados lamentos

Alacranes en doble dirección
fluyen
cuando los labios quieren acercarse
de nuevo.

*

Miro a la bestia sonreír
resbalosamente

De su hocico fluyen palabras negras:
se transforman al contacto del aire
en gotas de una rarísima baba purulenta
que caen
y corroen la madera del piso.

“Ciudad bajo el relámpago” 1983


Fim de festa

Isto que começou com beijos
Agora é um rosário infinito de dor
e surdos e chorosos lamentos  

Escorpiões de duas direções
fluem
quando os lábios querem se aproximar
de novo.

*

Olho o animal sorrir
maldosamente   

De seu focinho fluem palavras pretas:
se transformam em contato com o ar
em gotas de uma raríssima baba purulenta  
que cai
e corrói a madeira do piso.

"Cidade sob o relâmpago" 1983


Ilustração: www.cartacapital.com.br

Robinson Jeffers


Por experiência sei que minha licença poética foi ousada e que minha professora de inglês irá me repreender, but, it’s life!




Praise Life


Robinson Jeffers

This country least, but every inhabited country
Is clotted with human anguish.
Remember that at your feasts.
And this is no new thing but from time out of mind,
No transient thing, but exactly
Conterminous with human life.
Praise life, it deserves praise, but the praise of life
That forgets the pain is a pebble
Rattled in a dry gourd.
Louvor à vida
Este país menor, cada vez mais habitado
É coagulado com a angústia humana.
Lembre-se que nas suas festas.

E isto não é coisa nova, porém, de tempos imemoriais,
Nenhuma coisa transitória, porém, exatamente
Coincidente com a vida humana.

Uma prece à vida, que merece louvor, porém, o elogio da vida
Que esquece a dor é um seixo
Chacoalhando numa cabaça seca.

Ilustração: www.redevida.com.br

Wednesday, August 27, 2014

E, mais uma vez, Octavio Paz


Sonetos I

Octavio Paz

Inmóvil en la luz, pero danzante,
tu movimiento a la quietud se cría
en la cima del vértigo se alía
deteniendo, no al vuelo, sí al instante.

Luz que no se derrama, ya diamante,
detenido esplendor del mediodía,
sol que no se consume ni se enfría
de cenizas y fuego equidistante.

Espada, llama, incendio cincelado,
que ni mi sed aviva ni la mata,
absorta luz, lucero ensimismado:

tu cuerpo de sí mismo se desata
y cae y se dispersa tu blancura
y vuelves a ser agua y tierra oscura.


Sonetos I

Imóvel na luz, porém, dançante,
teu movimento na quietude se cria
em cima da vertigem se alia
detendo no seu voo em si o instante.

Luz que não se derrama, já diamante,
esplendor detido do meio-dia,
sol que não se consome ou se resfria
das cinzas e do fogo equidistante.

Espada, chama, fogo cinzelado
que nem a minha sede aviva
absorvida luz, estrela ensimesmada:

teu corpo de si mesmo se desata
e cai e se dispersa tua brancura
e volta a ser água e terra escura.


Ilustração: www.luso-poemas.net

Octavio Paz retorna


Sonetos II

Octavio Paz

El mar, el mar y tú, plural espejo,
el mar de torso perezoso y lento
nadando por el mar, del mar sediento:
el mar que muere y nace en un reflejo.

El mar y tú, su mar, el mar espejo:
roca que escala el mar con paso lento,
pilar de sal que abate el mar sediento,
sed y vaivén y apenas un reflejo.

De la suma de instantes en que creces,
del círculo de imágenes del año,
retengo un mes de espumas y de peces,

y bajo cielos líquidos de estaño
tu cuerpo que en la luz abre bahías
al oscuro oleaje de los días.


Sonetos II

O mar, o mar e tu, plural espelho  
o mar de torso preguiçoso e lento
nadando pelo  mar, do mar sedento:
mar que morre e nasce num reflexo.

O mar e tu, seu mar, o mar espelho:
rocha que escala o mar com passo lento,
pilar de sal que abate o mar sedento
sede e vai e vem e apenas um reflexo.

Da soma de instantes em que cresces,
do círculo de  imagens do ano
retenho um mês de espumas e de peixes

e sob céus líquidos de estanho  
teu corpo que na luz abre baias
nas ondas escuras dos dias.

Tuesday, August 26, 2014

Letícia Garriga

Haikus                                                


Leticia Garriga

Adán sonriente
nos brinda vida y placer
¡Con su simiente!

¡Ay Federico!
Tu muerte se perfuma
entre naranjos

Adão sorridente
nos dá vida e lazer
com a sua semente!

Federico Ai!
Sua morte se perfuma
entre laranjas

Devoto amigo
osado amante confuso
y terco andante

Devotado amigo
ousado amante confuso
e teimoso andante


Ilustração: www.escreveretriste.com

Monday, August 25, 2014

Ainda Juan Ramón Jiménez


Ojos de ayer

Juan Ramón Jiménez
 
¡Ojos que quieren
mirar alegres
y miran tristes!

¡Ay, no es posible
que un muro viejo
dé brillos nuevos;
que un seco tronco
(abra otras hojas)
abra otros ojos
que estos, que quieren
mirar alegres
y miran tristes!

¡Ay, no es posible!


Olhos de ontem

Olhos que querem
olhar alegres
e olham tristes!

Ai, não é possível
que um muro velho
dê brilhos novos;
que um tronco seco
(abra outras folhas)
abra outros olhos
que estes,que querem
olhar alegres
e olham tristes!

Ai, não é possível!

Juan Ramón de volta


Rosa, Niña
 
Juan Ramón Jiménez

Todo el otoño, rosa,
es esa sola hoja tuya
que cae.

Niña, todo el dolor
es esa sola gota tuya
de sangre.

Rosa, Menina

Todo o outono, rosa,
é só a esta folha tua
que cai.

Menina, toda a dor
é só esta gota tua
de sangue.

Ilustração: www.goodfon.ru

Julio Flórez


Amarte a ti

Julio Flórez

Amarte a ti es lo más hermoso que me pudo suceder tenerte a mi lado es algo que no puedo entender podia pensar que la vida no me iba a dar mas pero no fue así pues aquí estas.

Amarte a ti es transformar mi mundo
porque cada día que pasa todo se vuelve absurdo eres mi razón de vivir y mi sentir
al tenerte a mi lado mi mundo esta iluminado
por eso te pido, jamás te alejes de mi lado.

Amar-te
Amar-te é o que há de mais formoso que me pode suceder te ter ao meu lado é algo que não posso entender poderia pensar que a vida não ia dar mais, porém, não foi assim e aqui estais.

Amar-te é transformar meu mundo
porque a cada dia que passa tudo se torna absurdo és minha razão de viver e de  me sentir
e ao te ter ao meu lado o meu mundo fica iluminado
por  isto te peço,  jamais se afaste de meu lado.


 

Sunday, August 24, 2014

Conhecimento



Flor, sórdida figura do chicote.
Amor, breve ilusão dos homicidas.
Cegam-me as luzes escuras dos archotes;
Paralisa-me a realidade conhecida.

Egoísmo, pétalas que se abrem nas manhãs,
Dinheiro, tola ilusão dos de razão deserdados.
Escorrem-me entre os dedos a tinta vã;
Escapa-me do controle um papel alado.

Egoísmo e flor, amor e dinheiro, prismas..
As luzes, a realidade, os dedos, um papel,
A tinta, a manhã, archotes, homicidas,
Pétalas, breve, tola, deserdados, ilusão.

Dinheiro e egoísmo, amor e flor, ilusão,
Pétalas, tola, manhã, breve, um papel,
A tinta, archotes, homicidas, luzes,
Os dedos, deserdados, a realidade, prismas...

(Do livro "Apocalypse", Editora Per Se, reedição 2013). 

Obsolescência



Organizei o amor
Em cada beijo
Carinho, gesto.
Fui sistemático, rigoroso, até indigesto,
Mas, eficazmente o fiz sistêmico.
Pois, nele tudo acontecia
             rigidamente matemático.
Fosse na luz, na cor, no formato
             havia regularidade em cada ato
E o amor tornou-se assim
             rentável empresa
Onde a vida se sentia presa
             para se libertar em ais convulsos
Sempre com a mecanicidade da monotonia
Até que este produto de consumo
Tornou-se algo antiquado, obsoleto
E para o qual não havia mercado.
Pendurei-o, então, num quadro
Como reles lembrança do passado
Onde os homens mesmo entediados
Tinham o direito de sonhar.
                                                    Goiânia, 28/04/78

 (De Apocalypse, Editora Per Se, 2013, reedição). 

Sempre-viva


Foi um aviso de morte a sempre-viva
Posta sobre a mesa com capricho
Bem perto da estampa de uma diva
Na simplicidade parecendo um nicho.

Ao vê-la invadiu-me a sensação
De incerteza, vazio e abandono
Que ali mesmo morreu-me toda ação.
Fiquei triste como um cão sem dono.

Presságio confirmado pelo bilhete
De tua letra junto ao ramalhete,
Cortante quase que uma espada.

Peguei uma flor que trouxe teu perfume
Só não chorei por falta de costume
E porque sem ti não ficava mais nada.


(Do livro Apocalypse, Editora Per Se, 2013). 

Thursday, August 21, 2014

Maria Soledad Lanas Varela

Aquí estoy destino...                                            


Maria Soledad Lanas Varela

Otra vez ahogada en el recorrido de la madrugada.
Porque disfrutare de un mañana, ¿sabes?...
Y otra vez por el torrente de mi sangre
destila la corriente pura y recta de mi callejón hacia la vida.
Y aquí voy con mi ramillete
de ilusiones terminadas
y pasiones concebidas,
hacia la encrucijada horizontal de mi nostalgia.
Y me aguarda la vida para transportarme hacia las alturas
De tu amor disimulado
Y podremos volar hacia los deleites de pasadas alegrías
O regresaremos a quedarnos en definitiva soledad
Tú tienes la palabra

Aqui estou destino...

Outra vez afogada no decorrer da madrugada.
Porque desfrutarei de uma manhã, sabes?
E outra vez pela torrente de meu sangue
destila a corrente pura e reta de meu desvio pela vida.
E aqui vou com o meu ramalhete
de ilusões terminadas
e paixões concebidas,
até a encruzilhada horizontal de minha nostalgia.
E me aguarda a vida para transportar-me até as alturas
de teu amor dissimulado
e poderemos voar até o deleite de passadas alegrias
ou regressaremos a ficarmos na definitiva solidão.
Tu tens a palavra.



Carlos Benítez Villodres


Un hombre que te ama

Carlos Benítez Villodres

Tu amor ha derribado las murallas
y los acantilados y las noches
oscuras que tenían a mi vida
encarcelada. Ya toda ella es sueños
de trigales, pasión ingobernable,
gozo que reverdece sus deseos.
Has logrado, mi amor, que sea un hombre
con la energía de las primaveras.
Un hombre que te da frutos y sombra,
que conforta tus pasos por la vida,
que por ti se desvive y te protege.
¡Oh, Dana mía, río de luceros
y de corolas! En tu lecho anido
para entregarme a ti dichosamente.

( Sinfonía a Dana, Granada Club Selección, 2008)

Um homem que te ama

Teu amor há derrubado muralhas
e os penhascos e as noites
escuras que minha vida tinha
encarcerado. Já toda ela são sonhos
de trigais dourados, paixão ingovernável,
gozo que reverdece aos teus desejos.
Conseguistes , meu amor, que seja um homem
com a energia das primaveras.
Um homem que te dá frutos e sombra,
que conforta teus passos pela vida,
que por ti se desvive e te protege.
Oh! Dana minha, rio de estrelas
e de pétalas! Em teu leito me aninho
para entregar-me a ti deliciosamente.


Ilustração: www.donagiraffa.com

Jesús Andrés Pico Rebollo




Un soneto me manda hacer...

Jesús Andrés Pico Rebollo

Un soneto me manda hacer la vida,
pues que nací andando a cuatro versos,
contando con los dedos universos
o pompas de jabón a mi medida

un soneto que crezca en la batida
tierra de sentimientos más dispersos,
donde callen los labios sus esfuerzos
y sea risa, y luz comprometida,

que avance con el día en la cintura
reclamándole al viento su derecho
a manejar la propia arboladura.

Sentid el corazón que en este pecho
vestido con poética armadura
deja correr la sangre. Y estará hecho.

Um soneto me manda fazer ...

Um soneto me manda fazer a vida,
Pois, que nasci andando a quatro versos,
Contando com os dedos universos
Ou bolhas de sabão à minha medida

Um soneto que cresça com a batida
Terra dos sentimentos mais dispersos,
De onde caem dos lábios seus esforços
E seja riso e luz comprometida,

Que avance com o dia na cintura
Reclamando-lhe ao vento o seu direito
a manejar sua própria envergadura

Sentindo o coração que neste peito
Vestido com poética armadura
Deixa correr o sangue. E estará feito.           


Ilustração: viciodapoesia.com