Saturday, September 30, 2017

Uma poesia de Dimitri Fulignati



1)

Dimitri Fulignati

Durante il sonno i bambini imparano l’astrazione.

Azione incontrollata che permette di percepire le
informazioni come legami, come sintomi.

L’invenzione dello spontaneismo, la cancellazione della retorica.

La concentrazione ha bisogno della distrazione come una strategia obliqua.

La messa a morte del capro espiatorio,
pensiamo troppo ai corsi e poco ai percorsi.

Gli esperti della scientifica di Pensacola sostengono che
sui tacchi alti il polpaccio, rivolto a ovest ma diretto a est, si esalta.

E’ terminata l’era preironica:
nella pianura dei lussureggianti canneti un maialino
di cinta senese grigliato e i mormorii
dei polsi di donne gravide.

Cargo libico fermo per panne ai motori, destinazione incerta.

1)

Durante o sono, os meninos aprendem a abstração,

Uma ação incontrolada que lhes permite perceber a
informação  como uma cadeia, em forma de sintoma.

A invenção da espontaneidade, a ausência de retórica.

A concentração requer a distração como uma estratégia obliqua.

Condena a morte o bode expiatório,
pensamos demais no objetivo e pouco no trajeto.

Os especialistas científicos de Pensacola sustentam que
sobre os saltos altos os músculos gêmeos, dirigidos para o
oeste, porém, diretos a este, se exaltam.

Está terminada a era pre-irônica:
a planícies de juncos exuberantes, um leitão
com marca de Sienna na grelha e sopros
de mulheres grávidas.

A carga libidinosa se estanca, rugem os motores,
o destino é incerto.


Uma poesia de Tiziana Cera Rosco

 
IL COMPITO                                                                Tiziana Cera Rosco

Bevo nell’osso della sedia senza tavolo
una tisana perfetta.
Tra poco anche questa sedia
verrà battuta.

Forse bisognava restare così
senza avere più nulla su cui poggiare i gomiti
per reimparare una postura

Ho sempre avuto paura di uno strappo.
Mi trovo a meno di trent’anni
due figli e un matrimonio rotto.

Ed è la quarta casa che cambio in quattro anni.
Ma è silenzioso tenere tutti i pezzi in un intero.
Non emettere dolore.

Piove.

Senza più un suono su cui poggiare
una parola.

  
A TAREFA

Absorvo no osso da cadeira sem mesa
uma tisana perfeita.
Daqui há pouco até esta cadeira
será quebrada.

Talvez seja preciso ficar assim
sem ter lugar nenhum para apoiar os cotovelos
para reaprender uma postura

Sempre tive medo de uma distensão.
Me vejo com menos de trinta anos
dois filhos e um casamento destroçado.

É a quarta casa que habito em quatro anos.
Mas, é silencioso ter todos os pedaços num inteiro.
Não emitir dor.

Chove.

Sem mais som com que apoiar
uma palavra.


Ilustração: Orium Marketing para Vendas.

Thursday, September 28, 2017

Uma poesia de Ana Milena Puerta

DE ESTAR VIVA                      

Ana Milena Puerta

Devoráme, vida,
si es que puedes
hincar el diente
en mi carapacho salobre
y duro,
el mismo que a martillazos
hás pulido
creyendo hallar un diamante
en su centro
cuando nada más lograste
compactar la piedra
y enfiar mis emociones
sin encontrar jamás
el fuego
que ahora mismo azuzo
contra esa tu mania
de modearnos a golpes.

DE ESTAR VIVA

Devora-me, vida,
se é que podes
fincar o dente
na minha carapaça salobra
e dura,
a mesma que a marteladas
hás pulido
acreditando achar um diamante
no seu centro
quando nada mais lograstes
que compactar a pedra
e enfiar mais emoções  
sem encontrar jamais
o fogo
que agora mesmo atiço
contra esta tua mania
de moldar-nos com pancadas.


Ilustração: Imgrum. 

Wednesday, September 27, 2017

Uma poesia de Jorge Iván Grisales Cardona

LA MUERTE DE LA QUIMERA                          

Jorge Iván Grisales Cardona

Cuando hemos matado a la quimera
sólo nos queda vagar por los pântanos
cantándole a los muertos,
nadie nos hablará de ella desde el bosque
ni la voz del mar traerá sus cantos
para envejecer tranqüilos.

A MORTE DA QUIMERA

Depois de termos matado a quimera
só nos resta vagar pelos pântanos
cantando aos mortos,
ninguém nos falará dela desd’o bosque
nem a voz do mar trará seus cantos
para envelhecermos tranqüilos.

Ilustração: Sonhar e Significado. 

Tuesday, September 26, 2017

E, UMA VEZ MAIS, BUKOWSKI

CONFESSION                                            
Charles Bukowski

waiting for death
like a cat
that will jump on the
bed

I am so very sorry for
my wife

she will see this
stiff
white
body
shake it once, then
maybe
again

"Hank!"
Hank won't
answer.

it's not my death that
worries me, it's my wife
left with this
pile of
nothing.

I want to
let her know
though
that all the nights
sleeping
beside her

even the useless
arguments
were things
ever splendid

and the hard
words
I ever feared to
say
can now be
said:

I love
you.

CONFISSÃO

esperando pela morte
como um gato
que vai pular
sobre a cama

Eu sinto muita pena de
minha mulher
ela irá ver este
corpo
duro
branco
irá sacudi-lo, então
talvez
de novo
“Hank!”
Hank não irá
responder

não é minha morte que
me preocupa, é minha mulher
sozinha com esta pilha
de nada.

Eu preciso
que ela
saiba
que todas as noites
que dormi
ao seu lado

e mesmo as
discussões mais banais
foram coisas,
de fato, esplêndidas

e as difíceis
palavras
que eu sempre tive medo de
dizer
podem agora ser ditas:
eu te
amo.

Outra poesia de Enzia Verduchi


GEOGRAFÍA FAMILIAR

 Enzia Verduchi

La familia sólo coincide en bodas o entierros,
los parientes se reparten estrechos abrazos,
retoman una conversación nunca concluida:
las mismas preguntas, las mismas respuestas;
como si el domingo hubieran compartido la mesa
o el miércoles se prestaran el hilo dental.
Nos hemos convertido en una tribu aburrida
que se escandaliza cuando alguno
decide ser alpinista o bailarina de cabaret.
Pero siempre tenemos presente a nuestros muertos,
aquellos que no harán las mismas preguntas, quizá
porque no tendremos que dar las mismas respuestas.

GEOGRAFIA FAMILIAR

A família só se encontra nas bodas ou enterros,
os parentes se repartem em abraços apertados,
retomam uma conversação nunca concluída:
as mesmas perguntas, as mesmas respostas;
como se no domingo tivessem compartilhado a mesa
ou na quarta-feira se emprestassem o fio dental.
Nos convertemos numa tribo aborrecida
que se escandaliza quando alguém
decide ser alpinista ou dançarina de cabaré.
Porém, sempre temos presentes os nossos mortos,
aqueles que não farão as mesmas perguntas, talvez
porque não teremos que dar as mesmas respostas. 

Ilustração: Jornal do Campus – USP.

Sunday, September 24, 2017

Uma poesia de Alejandro Latorre Quintanilla

ANSIAS                                                                Alejandro Latorre Quintanilla 

Háblame corazón de sol
háblame de tu profundidad de siglos
acógeme y apriétame en la luz de tu cuerpo
bésame los ojos y la frente
desnúdame en tu silencio
y asalta mis caminos desiertos.

Quiero acariciar tu puente
con pasos de medusa
dibujar con mis ojos una golondrina
en el desnudo trebol de tu piel
seguirte por caminos invisibles
hasta topar tus huellas subterráneas.

Y amanecer con lirios en los ojos
el tatuaje de tu boca en mi piel
y la bandera de tu nombre
cubriendo todos mis caminos

ÂNSIAS

Diga-me coração do sol
fale-me sobre a sua profundidade dos séculos
segure-me e aperta-me na luz do seu corpo
beijs-me os olhos e a fronte
desnuda-me no seu silêncio
e rouba meus caminhos desertos.

Quero acariciar tua ponte
com passos de águas-vivas
desenhar com meus olhos uma andorinha
no trevo nu da tua pele
seguir-te por caminhos invisíveis
até encontrar tuas trilhas subterrâneas.
  
E amanhecer com lírios nos olhos
a tatuagem da tua boca na minha pele
e a bandeira do teu nome
cobrindo todos os meus caminhos

Saturday, September 23, 2017

OUTRA POESIA DE CINZIA MARULLI


I POETI SONO BRAVA GENTE

 Cinzia Marulli

Non abbiate paura, non c’è pericolo
i poeti sono brava gente:

non se ne vanno nudi per la strada
non hanno volti emaciati
non camminano scalzi sui carboni
ardenti


Hanno fame i poeti – come voi –
attraversano il buio con la paura
sulla pelle, tremano al freddo
e mangiano tutti i giorni
– o almeno vorrebbero farlo –


I poeti si fanno la doccia, vanno al bagno
a fare la spesa. Addirittura si sposano
e hanno figli.
Talora, ma non lo dite ad alcuno
– hanno pure l’amante –


Vi assicuro – i poeti sono brava gente
anche se a volte sono indisponenti
si appropriano
dei sentimenti che vagano nell’aria
li bevono e se ne ubriacano


e poi scagliano parole – le incidono sulla carta –
tagliano ferocemente la luce fredda
del vuoto.


Piangono i poeti – piangono il sangue del mondo –
scavano nelle miniere più profonde
le scoperchiano per inondarle di luce.


E se tutti voi non avrete paura di loro
vi assicuro
i poeti diventeranno veramente brava gente.


OS POETAS SÃO GENTE BOA

Não tenham medo, não é perigoso
os poetas são gente boa:
não andam nus pelas ruas,
não possuem rostos emaciados,
não caminham descalços
sobre as brasas.

Os poetas tem fome-como vocês-
atravessam a escuridão com medo
na pele, tremem de frio
e comem todos os dias
-ou, pelo menos, querem comer-

Os poetas se molham, vão tomar banho,
vão as compras. Se casam inclusive
e tem filhos.
As vezes, porém, não dizem nada a ninguém
-tem também uma amante-


Lhes asseguro-os poetas são gente boa
inclusive se, às vezes, são irritantes
se apropriam
dos sentimentos que vagam no ar
os bebem e se embriagam

E logo jogam palavras- as gravam em papel-
cortam ferozmente a luz fria
do vazio.

Choram os poetas-choram o sangue do mundo-
escavam as minas mais profundas
e as destapam para inundá-las de luz.

E se todos vocês não lhes tem medo
lhes asseguro
os poetas voltarão, realmente, a ser gente boa.


Ilustração: Nighthaws-edward hooper-col.art.instituto de Chicago

UMA POESIA DE CINZIA MARULLI

I PIEDI                                                                                  
Cinzia Marulli

Ci serve un po’ d’inchiostro
per macchiare questo bianco
un pennello di nero per coprire
l’apparenza, potremmo usare
anche il lucido da scarpe
che si secca sempre perché nessuno lo usa mai.
Tanto i piedi sono uguali alla testa
con entrambi si possono fare molti viaggi
solo che i piedi vanno piano, fanno passi lenti
la testa, invece, corre veloce
lì, dove nessuno può arrivare.

OS PÉS

Necessitamos de um pouco de tinta
para manchar este branco
um pincel negro para cobrir
à aparência, poderíamos usar
também um betume para calçado
que se seca sempre porque ninguém o usa.
Tanto os pés são iguais à cabeça
que, com os dois, se pode fazer muitas viagens
só que os pés andam devagar, dão passos lentos,
a cabeça, em troca, corre veloz
ali onde ninguém pode chegar.