Monday, September 30, 2024

Uma poesia de Giorgio Caproni

 


A CERTUNI
Giorgio Caproni
Dite pure di noi
- se questo vi farà piacere -
che siamo dei rinunciatari.
Che non riusciamo a tenere
il passo con la Storia.

Le frasi fatte - sappiamo -
sono la vostra gloria.

Noi, noi non ve le contestiamo.

Essere in disarmonia
con l'epoca (andare
contro i tempi a favore
del tempo) è una nostra mania.

Crediamo nell'anacronismo.
Nel fulmine. Non nell'avvenirismo.

PARA ALGUNS

Podem dizer de nós

- se isto te dará prazer -

que somos desistentes.

Que não podemos manter

o passo com a história.

 

As frases feitas-sabemos -

são a tua glória.

 

Nós, nós não a contestamos.

 

Estar em desarmonia

com a época (rumar

contra os tempos a favor

de tempo) é uma nossa mania.

 

Acreditamos no anacronismo.

No raio. Não no futurismo.




Uma poesia de Ana Carolina Quiñonez Salpietro

 


DESORDENO LOS PRIMEROS RECUERDOS

Ana Carolina Quiñonez Salpietro 

En el jardín desbordado de la abuela
para ser feliz
bajo el sol
hay que retener
el frío en la boca.

Una piscina inflable
donde el agua
nos llegaba a las rodillas
pero insistíamos más
en la posibilidad de ahogarnos
que en ser rescatados
no es que los mayores
no existiesen
pero puedo decirte
que nunca estaban cerca.

DESORDENO AS PRIMEIRAS LEMBRANÇAS

No jardim esplêndido da vovó

para ser feliz

sob o sol

há ser se reter

o frio na boca.

Uma piscina inflável

onde a água

chegava aos joelhos

porém insistíamos mais

na possibilidade de nos afogarmos

do que ser resgatados

Não é que os mais velhos

não existissem

porém posso te dizer

que nunca estavam próximos.

Ilustração: Sim Incorporadora.

Noite negra, negra noite

 


Noite negra, negra noite,

profunda noite escura.

No silêncio há o trovão, 

antes de ter o relâmpago 

iluminando a assombração.

Eu só sei tremer de frio,

de medo e de solidão,

de sentir tanto vazio

nesta negra escuridão. 

Noite negra, negra noite

me envolve, em entorpece, 

bem sei, não adianta prece.

Me dá logo a tua mão!

Ilustração: Walpapers.com. 

Uma poesia de Kay Gabriel

 


 


     EFFETE POEM

      Kay Gabriel

I will never write like Edwin Denby.
I wouldn’t change a thing about him.

Keep being Edwin, Edwin, as effete
as a dance critic for the New York Herald Tribune.

Is being effete something you can practice, like dance steps
in private when a prima did them first?

If so, I’ve had lots and lots of practice.
I started by brushing my hair on the bus,

Two-year-old hair on a twelve-year-old head.
Then a man, a stranger, said, “I know you, boss,

you’re always brushing your hair.”
Not quite a “Put that back.” Certainly a “Hey, you,”

With a cunty something tailing the sentence like an unmarked car.
If I ran away from him, I must have done so effetely.

I ran all the way to 2011.
On the way, I passed Le Château. Remember Le Château? No, you don’t.

You’re not effete enough.
I passed uploaded videos of Eartha Kitt,

Quentin Crisp, Fran Drescher, and the female gremlin.
By then nothing seemed very effete.

I lived with a man who liked it when men
called him boss. They did it when he pumped his gas.

He said it made him feel adequate:
right size, right shape. Even the hair on his hands was right.

Some effete people keep hair on their hands.
Some effete people are women.

Scientists say: it’s the phytoestrogens in the 
water supply, in Hamilton, Ontario.

Critics say: she wanted a nice life,
in Passaic, with durable consumer goods.

Are these all images of money?
I’ll never have been born to it, Edwin,

As a diplobrat in Tianjin. At the time of my
death, a Swiss boyfriend will not

describe me as a “modern who smoked 
opium with Cocteau.”

I’m not effete enough. 
I must do something about that. 

 

POEMA EFEMINADO

Eu nunca escreverei como Edwin Denby.

Eu não poderia trocar qualquer coisa nele.

 

Permanece sendo Edwin, Edwin, tão efeminado

como um crítico de dança do New York Herald Tribune.

 

Ser efeminado é alguma coisa que você pode praticar, como passos de dança

em particular quando uma prima os fez primeiro?

 

Se é assim, eu tive um lote e muitos lotes de prática.

Eu comecei escovando meu cabelo no ônibus,

 

Cabelo de dois anos em uma cabeça de doze anos.

Então um homem, um estranho, disse: "Eu te conheço, chefe,

 

você está sempre escovando seu cabelo."

Não é bem um "Ponha isso de volta." Certamente um "Ei, você,"

 

Com um cuzão qualquer coisa seguindo a frase como um carro sem identificação.

Se eu sempre fugi dele, devo ter feito algo efeminado.

 

Eu corri até 2011.

No caminho, passei por Le Château. Lembra do Le Château? Não, você não lembra.

 

Você não é efeminado o suficiente.

Passei por vídeos enviados de Eartha Kitt,

 

Quentin Crisp, Fran Drescher e a gremlin feminina.

Naquela época, nada parecia muito efeminado.

 

Eu morava com um homem que gostava quando os homens

o chamavam de chefe. Eles faziam isso quando ele abastecia seu carro.

 

Ele disse que isso o fazia se sentir adequado:

tamanho certo, formato certo. Até os pelos das mãos dele estavam certos.

 

Algumas pessoas efeminadas têm pelos nas mãos.

Algumas pessoas efeminadas são mulheres.

 

Cientistas dizem: são os fitoestrógenos no

abastecimento de água, em Hamilton, Ontário.

 

Críticos dizem: ela queria uma vida boa,

em Passaic, com bens de consumo duráveis.

 

São essas todas as imagens de dinheiro?

Eu nunca terei nascido para isto, Edwin,

 

Como um diplomata em Tianjin. Na hora da minha

morte, um namorado suíço não

 

me descreverá como uma “moderna que fumou

ópio com Cocteau”.

 

Eu não sou efeminada o suficiente.

Preciso fazer alguma coisa sobre isto.

Ilustração: https://live-legacy-admin.nypl.org/blog/2016/05/04/edwin-denby-memory-history.

Sunday, September 29, 2024

Uma poesia de Yang Licai

 


DEDICATED TO ALL HUMAN BEINGS WHO SUFFER

Yang Licai

 

translated from the Chinese by Joshua Edwards and Lynn Xu

1.

No,
Behind the truth are other truths

 

2.

Rain makes a painting on the earth 
In the classical manner
Meticulously depicting what’s hidden from view:
Mountain, forest, valley, gorge
Building, vehicle, person 
Beasts, cattle, creeping things, and flying fowl
Gradually expressing the outline 
From invisible to visible 
From solid state to a state of change 

Is this a form of justice? 
Rain, and representations of rain 
Shrouds, and the shroud’s ability to obscure and to change 

This is like one who suffers 
Crying
To describe the hunter, the torturer, the thief, the grifter, and the assassin 
The one who suffers uses tears and exacting brush strokes
To scrub away the silk threads of pain, endless sorrow, sharp anguish, heartache, bloodletting grief, pain of breaking bone, pain of a thousand cuts, pain of losing one’s soul . . .

How many tears 
Are needed to provoke 
Another’s tears of sympathy?

Pain forms the boundary between life and death 
Rain is another name for heaven and earth 

All in the end is water

DEDICADO A TODOS OS SERES HUMANOS QUE SOFREM

traduzido do chinês por Joshua Edwards e Lynn Xu

1.

Não,

Por trás da verdade há outras verdades

2.

A chuva faz uma pintura sobre a terra

da maneira clássica

retratando meticulosamente o que está escondido da vista:

montanha, floresta, vale, desfiladeiro

edifício, veículo, pessoa

bestas, gado, coisas rastejantes e aves voadoras

gradualmente expressando o contorno

do invisível ao visível

do estado sólido a um estado de mudança

 

Esta é uma forma de justiça?

Chuva e representações da chuva

mortalhas e a capacidade da mortalha de obscurecer e mudar

 

Isto é como alguém que sofre

chorando

para descrever o caçador, o torturador, o ladrão, o vigarista e o assassino

Aquele que sofre usa lágrimas e pinceladas exigentes

para esfregar os fios de seda da dor, tristeza sem fim, angústia aguda, mágoa, sofrimento sangrento, dor de quebrar ossos, dor de mil cortes, dor de perder a alma...

 

Quantas lágrimas

são necessárias para provocar

as lágrimas de simpatia de outra pessoa?

 

A dor forma a fronteira entre a vida e a morte

chuva é outro nome para o céu e a terra

 

no final, tudo é água.

Ilustração: CEC-Centro de Estudos da Consciência.

Dos Efeitos do Calor

 

 


Ontem, fumaça no alto,

um sol de cozinhar  

ovo no asfalto,

senti, de passada,

que minha carne fritada

virou frango à passarinho.

 

Hoje, com a chuva,

não passou o calor.

E vejo com o horror

de quem de cozinha manja

que já virei foi canja.

 

Amanhã, se isto continua,

com o calor forte da rua

os líquidos ficarão ralos

E me sentirei, então,

seja como for,

com toda razão

um caldo Knorr!!!

Ilustração: Mais por Menos.

Outra poesia de Jeymer Gamboa


 

PARA LEER DE PIE EM EL BUS DE MORAVIA

Jeymer Gamboa

De consolación queda el recuerdo
de playas a las que nunca fuimos
y la reflexión estimulada
por los rayos catódicos:
la gente baila porque la vida apesta.

Antes de dormir algunas preguntas
para el senderismo mental:

¿Cuánto tarda en pudrirse una relación?
¿Y si regreso a esa escena mal doblada?

De afuera llego el ruido de una escoba
barriendo el cerebro como si fuera una calle.

PARA LER EM PÉ NUM ÔNIBUS DE MORAVIA

De consolação fica a lembrança

de praias as quais nunca fomos

e a reflexão estimulada

por raios catódicos:

A baila porque a vida é uma droga.

 

Antes de dormir algumas perguntas

Para as caminhadas mentais:

 

Quanto tempo leva para apodrecer uma relação?

E se regresso àquela cena dublada errada?

 

De fora chega o ruído de uma vassoura.

varrendo o cérebro como se fosse uma rua.

Ilustração: O Tempo. 

Friday, September 27, 2024

Baudelaire, Yes

 


CXXI
LA MORT DES AMANTS

Charles Baudelaire
Nous aurons des lits pleins d’odeurs légères,
Des divans profonds comme des tombeaux,
Et d’étranges fleurs sur des étagères,
Ecloses pour nous sous des cieux plus beaux.

Usant à l’envi leurs chaleurs dernières,
Nos deux coeurs seront deux vastes flambeaux,
Qui réfléchiront leurs doubles lumières
Dans nos deux esprits, ces miroirs jumeaux.

Un soir fait de rose et de bleu mystique,
Nous échangerons un éclair unique,
Comme un long sanglot, tout chargé d’adieux;

Et plus tard un Ange, entr’ouvrant les portes,
Viendra ranimer, fidèle et joyeux,
Les miroirs ternis et les flammes mortes.

A MORTE DOS AMANTES
Nós teremos leitos plenos de odores ligeiros
Dos divãs de profundos como tumbas,
E estranhas flores sobre prateleiras,
Eclodidas para nós sob os céus belos.

A arder nas suas luzes derradeiras,
Nossos dois corações serão duas grandes tochas,
Que refletirão deles duplas luzes
Em nossos dois espíritos, esses gêmeos espelhos.

Uma noite feita de rosa e místico azul,
Nós trocaremos um raio único
Como um longo soluço; todo cheio de adeuses

E mais tarde, um anjo entreabrindo as portas,
Virá reanimar, fiel e alegre,
Os espelhos manchados e as chamas mortas.

GRANDEZA



Sinto que o amanhã
Não mais será
Capaz de nos legar
A grandeza que tentamos alcançar.

Infelizmente os caminhos
Que trilhamos foram traiçoeiros.
No fim perdi toda delicadeza
E a flor que trago
Perdeu sua beleza.

Ainda posso dizer
Todas as palavras de amor
Que decorei para dizer,
Porém, eu já não sou eu,
Você não é você
E é bem possível
Que nem escute
O que tenho pra dizer.

Talvez o tempo tenha levado o momento
Ou o vento leve as palavras
Porque afinal tudo passa,
Inclusive o amor,
No longo palco do esquecimento.

E, quem sabe, fique a lenda ou mito
De como o nosso amor foi tão bonito!

Ilustração: Facebook.

(De “Águas Passadas”, Editora Per Se, 2013). 


Thursday, September 26, 2024

Um poema de Jeymer Gamboa

 


PERCHAS

Jeymer Gamboa

La poesía no va a reparar esta relación.

Ni los otros electrodomésticos

dañados.

Lo que en verdad aterroriza

es abrir el ropero

y ver tantas perchas sin nada.

CABIDES

A poesia não vai reparar esta relação.

Nem os outros eletrodomésticos

danificados.

O que, em verdade, me aterroriza

é abrir o guarda-roupa

e ver tantos cabides sem nada.

Uma poesia de Larry Levis

 
GHAZAL

Larry Levis

Does exile begin at birth? I lived beside a wide river
For so long I stopped hearing it.

As when a glass shatters during an argument,
And we are secretly thrilled. . . . We wanted it to break.

Always something missing now in the cry of one bird,
Its wings flared against the wood.

Still, everything that is singular has a name:
Stone, song, trembling, waist, & snow. I remember how

My old psychiatrist would pinch his nose between
A thumb & forefinger, look up at me & sigh.

GAZAL

O exílio se inicia ao nascer? Eu vivia ao lado de largo um rio.

Assim por um longo tempo eu parava para ouvi-lo.

Como quando um copo se estilhaça durante uma discussão,

E nós ficamos secretamente emocionados. . . . Nós queríamos ele quebrado.

Sempre alguma coisa falta agora no grito de um pássaro,

suas asas se alargaram contra a madeira.

Ainda assim, qualquer coisa que é singular tem um nome:

Pedra, canção, tremor, cintura, & neve. Eu relembro como

Meu velho psiquiatra apertava o nariz entre

Um polegar & indicador, olhando para mim & suspirava.

Ilustração: Fashion Export.

DESPEDAÇADOS

 

O que era mistério, doçura, desejo
se revelou, com um beijo,
constante tentação,
porém, o tempo,
cruel carrasco da beleza,
a liberdade do prazer
prendeu na jaula do cotidiano

e a glória dos grandes momentos
se tornou apenas a repetição sistemática
da mesma peça, igual, estática.
E agora o que foi delícia
É só monotonia.
E o que era sublime,
banal;
E o que era sonho,
só desilusão.
E o todo do que fomos
são só partes
de um quebra-cabeças
sem possibilidades
de ser resolvido.

Wednesday, September 25, 2024

Charles, sempre Baudelaire

 


XXVI
SED NON SATIATA

Charles Baudelaire
Bizarre déité, brune comme les nuits,
Au parfum mélangé de musc et de havane,
Oeuvre de quelque obi, le Faust de la savane,
Sorcière au flanc d’ébène, enfant des noirs minuits,
Je préfère au constance, à l’opium, au nuits,
L’élixir de ta bouche où l’amour se pavane;
Quand vers toi mes désirs partent en caravane,
Tes yeux sont la citerne où boivent mes ennuis.
Par ces deux grands yeux noirs, soupiraux de ton âme,
Ô démon sans pitié! verse-moi moins de flamme;
Je ne suis pas le Styx pour t’embrasser neuf fois,
Hélas! et je ne puis, Mégère libertine,
Pour briser ton courage et te mettre aux abois,
Dans l’enfer de ton lit devenir Proserpine!

XXVI
SED NON SATIATA

Estranha divindade, marrom como as noites,

Com um aroma misto de almíscar e Havana,

Obra de algum obi, o Fausto da savana,

Feiticeira com ventre de ébano, filha da negra meia-noite,

Eu prefiro a constância, o ópio, as noites,

O elixir da tua boca onde o amor se ufana;

Quando a ti meus desejos partem em caravana,

Teus olhos são a cisterna onde bebo meus açoites.

Por teus dois grandes olhos negros, suspira tua alma,

Ó demônio impiedoso! Despeje-me menos chama;

Eu não sou o Estige para nove vezes te abraçar,

Aí de mim! E eu não tenho poder, megera libertina,

Para quebrar tua coragem e te controlar,

No inferno do teu leito a virar Prosérpina!

Ilustração: WordPress.

Monday, September 23, 2024

Outra vez María Montero

 


CARTA DE AMOR SIN SENTIMIENTOS

María Montero

En el fondo de mis pensamientos

enterré tu cadáver.

 

De vez en cuando tu recuerdo brota

con el aroma de la muerte que llevo dentro.

CARTA DE AMOR SEM SENTIMENTOS

No fundo de meus pensamentos

enterrei o teu cadáver.

 

De vez em quando tua recordação brota

com o aroma da morte que levo dentro.

Ilustração: Wikipédia.

O Rumor do Silêncio

 


Se perdeu no tempo
o momento em que adormecemos.

Não foi de repente
nem ficamos assustados
com a falta de risos, de ecos,
de vozes, luzes e palavras.

Houve só a hora
na qual falar perdeu o sentido
e, como pedras tombadas
no deserto,
permanecemos juntos, perto,
mas, incomunicáveis,
como a sombra e o objeto.

Fonte: Águas Passadas, Editora Per Se, 2013. 


Saturday, September 21, 2024

Uma poesia de María Montero

 


ITINERARIO

María Montero

Iba hacia España
y llegué a Cuba.

Iba hacia Jorge
y llegué a Juan.

Iba hacia las letras
y llegué al embarazo.

Iba a dormir
pero aquí estoy.

Reconozco que entre mis virtudes
nunca se destacó la puntería
.

ITINERÁRIO

Ia até a Espanha

e cheguei a Cuba.

Ia até Jorge

e cheguei a João.

Ia até as letras

e cheguei à gravidez.

Ia dormir,

porém estou aqui.

Reconheço que entre minhas virtudes

nunca se destacou a pontaria.

Ilustração: X.com.

RONDÓ DA BIITINHA

 

 

Menina, menininha

Que pegou meu coração

Seja bem comportadinha

Me dê um beijo e a mão.

 

Olha, meu querido amor,

Quem te fez bonita assim,

Se inspirou foi numa flor

Feitinha só para mim.

 

Biita, minha biitinha,

Por causa de ti não durmo

É tanta saudade, a minha

Que virei guarda noturno.

 

Florzinha do coração

Que nasceu pra me tentar

Só te canto esta canção

Na esperança de te amar.

 

 

A minha biitinha linda,

que em setembro não vejo

Onde está minha lindinha,

Que me mata de desejo?

 

Não te vi minha biitinha,

Mas, gemo só de saudade

Ah! Danada de lindinha!

Me salva, por caridade!

Thursday, September 19, 2024

Um poema de Najwan Darwish

 


A VIOLET DARKNESS

 

Najwan Darwish

 

translated from the Arabic by Kareem James Abu-Zeid

And all that remains for me is to follow a violet darkness
on soil where myths splinter and crack.
Yes, love was time, and it too
splintered and cracked
like the face of our country.

My share of the people
is the transit of their ghosts.

   UMA VIOLETA NEGRA

   traduzido do árabe por Kareem James Abu-Zeid

   E tudo o que permanece para mim é seguir uma violeta negra

   no solo onde os mitos se estilhaçam e se partem.

   Sim, era o tempo do amor, e ele também

   foi estilhaçado e partido

   como a face do nosso país.

 

   Minha partilhamento do povo

   é o trânsito de seus fantasmas.