Somos perfeitos estranhos
Apesar de tão chegados
Que o amor mal terminado
Nos parece tão presente
Quanto remoto passado.
Somos perfeitos estranhos
Na solidão tão conjunta
Falamos coisas sem nexo
E estamos mais distantes
Quanto mais fazemos sexo
Somos perfeitos estranhos
Como se vultos na névoa
Só temos intimidade
Quando nos envolve as trevas
Hipócritas da sociedade.
Somos perfeitos estranhos
Na maior proximidade
O que nos une é a Frieza
E se alcançamos o gôzo
Traz uma estranha tristeza.
(Do livro Imagens da Incerteza. Este poema foi musicado por Jaiel de Assis, parceiro de outras músicas. A maravilhosa fotografia é Helmut Newton, pescada na web).
Sunday, October 30, 2005
POEMINHA DOS SLOGANS
Claro que foi besteira beber demais,
Mas assim é a vida com Chivas.
Como compensação
Há uma Coca-Cola na geladeira,
Emoção pra valer.
Meu amor,
Não, não me diga nada,
Nem que o Itaú foi feito pra você.
É fim de madrugada
E princípio de amor, com Sazon e tudo.
Fiquemos assim, movidos pela paixão da Fiat,
Entre a luz da manhã
E a vida da GE,
Perplexos num romance Gessy-Lever
Ante o som inconfundível da voz do dono,
A Rca Vitor,
Num sonho bem Metrô,
Quase Hollywood,
Um raro prazer.
Jazz, não! Só vou de samba
E, se é impossível chegar sozinho,
Usemos o Bank of Boston,
Como a Toyota,
No caminho da perfeição.
Vale tomar um Nescau,
Que tem gosto de festa,
Mesmo se, o final, não for nenhuma Brastemp!
Mas assim é a vida com Chivas.
Como compensação
Há uma Coca-Cola na geladeira,
Emoção pra valer.
Meu amor,
Não, não me diga nada,
Nem que o Itaú foi feito pra você.
É fim de madrugada
E princípio de amor, com Sazon e tudo.
Fiquemos assim, movidos pela paixão da Fiat,
Entre a luz da manhã
E a vida da GE,
Perplexos num romance Gessy-Lever
Ante o som inconfundível da voz do dono,
A Rca Vitor,
Num sonho bem Metrô,
Quase Hollywood,
Um raro prazer.
Jazz, não! Só vou de samba
E, se é impossível chegar sozinho,
Usemos o Bank of Boston,
Como a Toyota,
No caminho da perfeição.
Vale tomar um Nescau,
Que tem gosto de festa,
Mesmo se, o final, não for nenhuma Brastemp!
ALMA DE MULHER
E se ele chega desmanchando
meus cabelos
Me beija os seios,
Me machuca a boca,
Louco de paixão e aguardente,
Sinto-me feliz
Eu que sou a dementee.
E se ele chega manso e magoado
Um olhar que não procura
o meu,
Um ar estranho e desolado,
Penso que tudo se perdeu.
Choro docemente:
É que a doença dele me faz doente.
E se ele chega sorrindo e contente
E a beijar me enlaça,
Dançando me abraça
E com ternura mente
Que só a mim ama e quer
Quanto orgulho não sinto
De ser mulher.
meus cabelos
Me beija os seios,
Me machuca a boca,
Louco de paixão e aguardente,
Sinto-me feliz
Eu que sou a dementee.
E se ele chega manso e magoado
Um olhar que não procura
o meu,
Um ar estranho e desolado,
Penso que tudo se perdeu.
Choro docemente:
É que a doença dele me faz doente.
E se ele chega sorrindo e contente
E a beijar me enlaça,
Dançando me abraça
E com ternura mente
Que só a mim ama e quer
Quanto orgulho não sinto
De ser mulher.
O VAMPIRO ARREPENDIDO
Oscila o pendulo entre as horas mortas,
Oscila,
Enquanto o olhar vacila
Em busca
Do fatal momento.
As badaladas anunciam
Proféticas
O surgimento maléfico do vampiro
Que, com os caninos mortais,
Procura da bela a veia,
Mas, na última hora, medroso
Recua diante da tua beleza
Que tudo incendeia.
O olhar arqueia,
O corpo treme,
O maléfico arrependido geme
E troca o sangue que sonhava
Chupar
Por uma Coca-Cola
Que gelada vai tomar.
UMA TRADUÇÃO LIVRE DE UMA POESIA DO GRANDE POETA URUGUAIO MÁRIO BENEDETTI
História de Vampiros
Era um vampiro comum que só bebia
Água,
Pelas noites e pelas madrugadas,
No almoço ou no jantar
O sangue costumava dispensar
E, por isto, morria de vergonha
De enfrentar outros vampiros e vampiras.
Contra os ventos e as mares, no entanto
Meteu na cabeça que faria
Uma confraria de vampiros anônimos
Bebedores de água
E fez campanha sob a lua minguante
Sob as luas cheia e crescente,
Com modestos cartazes que afirmava
Que a água era saudável
E que o sangue, nos vampiros, dava câncer
É claro que os morcegos
Reunidos em seus palácios de sombras
Estranharam um paladar tão inaudito
Criticando aquele louco alucinado
Que podia desencaminhar os vampiros
Mais fracos
Que precisavam beber boldo
Após se alimentar
Concordaram que o exemplo malsinado
Deveria, sem demora, ser extirpado
E assim, numa noite tenebrosa,
Cinco dos mais fortes vampiros
Cercaram o marginal, o desviado,
Sedentos de hemáceas, de plaquetas
De leucócitos
E do desejo de acabar com a nefasta
Influência
Quando, por fim, a lua em seu esplendor
No céu, formosa e bela, retornou
Clareou o pobre corpo do vampiro anônimo
Cinco furos apresentando
Do qual a água jorrando
Formava um grande lago
Não pôde, porém ver a lua
Foi que os cinco executores
Pendurados numa arvore
Contra vontade, e com pesar, reconheciam
Que o sabor da água não era de todo mal
E, a partir desta noite histórica,
Os vampiros e as vampiras
Nunca mais chuparam sangue,
Pois resolveram, por unanimidade,
Que bem melhor era só tomar água
E, como sempre ocorre em casos
Semelhantes,
O singular vampiro recebeu sua parte
Sendo venerado como um precursor,
Um mártir.
Saturday, October 29, 2005
PRAZER INFANTIL
POEMA DOS PÉZINHOS
Wednesday, October 12, 2005
ROMANCE
Amor à Natu Nobilis
(Este poema também poderia ter o título acima, pois fiz em homenagem ao Luiz Carlos Marques, um grande amigo, irmão, que sempre soube que só bebo para ficar lógico e que a humanidade está sempre dois copos abaixo da razão).
Entre uma dose e outra de uísque
Ela me pedia para que fosse embora
E eu lhe dizia: -Calma, só mais uma hora
E lentamente a garrafa esvaziava.
Ela reclamava, reclamava e eu não ia.
Depois de muito uísque e água
Finalmente, resignada, se calava.
Muda e amolecida a beijava
Despertando a fera de amor
Que nela havia
E, entre beijos e palavrões, me xingava
Dizendo que era a última vez
Que eu a deixasse em paz
E que, a partir de amanhã,
Não beberia nunca mais!
RESSUREIÇÃO NO MOONLIGHT BUNNY RANCH
Homenagem
De repente a clientela aumentou.
Uma procissão de velhinhos de mais de oitenta
E até um de noventa e um
Encheram de desejos e de espermas
O Moonlight Bunny Ranch
E a alegria de ver de novo
A vida surgir de onde menos se esperava
Transformou em urgência
O atendimento de uma função já esquecida
E todos, todos, todos cantaram vivas ao Viagra.
Menos um que perdeu tempo demais
Lendo as instruções
E procurou em vão
Uma mulher na solidão
De um rancho repleto de anos, gozos, ais.
E, sem jeito, diante da arma engatilhada
Rápido fez jorrar
Toda sua felicidade acumulada
Sobre um poster de Marylin Monroe
Que, até muito tempo depois de morta,
Continua sendo homenageada!
Subscribe to:
Posts (Atom)