Me doy cuenta de que me faltas
Jaime Sabines
Me doy cuenta de que me faltas
Y de que te busco entre las gentes, en el ruído,
Pero todo es inútil.
Cuando me quedo suelo
Me quedo más solo
Solo por todas as partes y por ti y por mi.
No hago sino esperar.
Esperar todo el dia hasta que no llegas.
Hasta que me duermo
Y no estás y no has llegado
Y me quedo dormido
Y terriblemente cansado
Preguntando.
Amor, todos los dias,
Aquí a mi lado, junto a mi, haces falta.
Puedes empezar a leer esto
Y cuando llegues aquí empezar de nuevo,
Cierra estas palabras como un circulo,
Como un aro, échalo a rodar, enciéndelo.
Estas cosas giran en torno a mi igual a moscas,
En mi garganta como moscas en un frasco.
Yo estoy arruinado.
Estoy arruinado de mis huesos,
Todo es pesadumbre.
Me dou contas quando me faltas
Me dou contas quando me faltas
E de que te busco entre as pessoas, no ruído,
Porém tudo é inútil.
Quando me encontro só
Me encontro mais só ainda
Só por todas as partes, só por ti e por mim.
Eu não faço senão esperar.
Esperar todo o dia até que tu não chegas.
Até que eu durmo
E não estais e não tens chegado
E me pego dormindo
E terrivelmente cansado
Perguntando
Amor, todos os dias,
Aqui a meu lado, junto a mim, fazes falta.
Podes começar a ler isto
E quando chegar aqui começar outra vez,
Guarda estas palavras como um círculo,
Como um aro, põe para rodar, incessantemente.
Estas coisas giram em torno de mim igual às moscas,
Em minha garganta como moscas em um frasco.
Eu estou arruinado.
Eu estou arruinado até em meus ossos,
Tudo é pesadelo.
Wednesday, September 27, 2006
Tuesday, September 26, 2006
UMA POESIA DE CARDENAL
SALMO 1
Ernesto Cardenal
Bienaventurado
el hombre que no sigue las consignas del Partido
ni asiste a sus mítines
ni se sienta en la mesa con los gangsters
ni con los Generales en el Consejo de Guerra
Bienaventurado el hombre que no espía a su hermano
ni delata a su compañero de colegio
Bienaventurado
el hombre que no lee llos anuncios comerciales
ni escucha sus radios
ni cree en sus slogans
Será como un árbol plantado junto a una fuente.
SALMO 1
Bem-aventurado homem que não segue as ordens do partido
nem assiste as suas reuniões
nem se senta na mesa com os gangsters
nem com os generais no conselho de guerra
Bem-aventurado
o homem que não vigia o seu irmão
nem delata seu companheiro de escola
Bem-aventurado
o homem que não lê anúncios comerciais
nem escuta seus radios
nem crê nos seus slogans
Será como uma árvore plantada ao lado de uma fonte
Monday, September 25, 2006
AINDA BENEDETTI
Intimidad
Mario Benedetti
Soñamos juntos
Juntos despertamos
El tiempo hace o deshace
Mientras tanto
No le importan tu sueño
Ni mi sueño
Somos torpes
O demasiado cautos
Pensamos que no cae
Esa gaviota
Creemos que es eterno
Este conjuro
Que la batalla es nuestra
O de ninguno
Juntos vivimos
Sucumbimos juntos
Pero esa destrucción
Es una broma
Un detalle una ráfaga
Un vestigio
Un abrirse y cerrarse
El paraíso
Ya nuestra intimidad
Es tan inmensa
Que la muerte la esconde
En su vacio
Quiero que me relates
El duelo que te callas
Por mi parte te ofrezco
Mi última confianza
Estás sola
Estoy solo
Pero a veces
Puede la soledad
Ser
Una llama.
INTIMIDADE
Nós sonhamos juntos
E juntos acordamos
O tempo faz e desfaz
Entretanto
Não lhe importa teu sonho
Nem meu sonho
Que sejamos desajeitados
Ou demasiado cautelosos
Nós pensamos que esta
Gaivota não cai
Nós pensamos que este tempo
Seja eterno
E que a batalha se não for nossa
De ninguém será.
Juntos vivemos
Sucumbimos juntos
Porém a destruição
é um gracejo
Um detalhe, um relâmpago,
Um vestígio
Um se abrir e ou se fechar do paraíso
Já nossa intimidade
É tão imensa
Que a morte esconde
Em seu vazio
Eu quero que me relates
A pena que te cala.
Quanto a mim eu te ofereço
Minha última confiança
Tu és única
Eu sou único
Mas, às vezes,
A solidão pode ser
Uma chama.
Sunday, September 24, 2006
UM GRANDE POETA URUGUAIO
LENTO PERO VIENE
Mario Benedetti
Lento viene el futuro
Lento pero viene
Ahora está mas allá
De las nubes ramplonas
Y de unas cimas ágiles
Que aún no se distinguen
Y mas allá del trueno
Y de la araña
Demorándose viene
Como una flor porfiada
Que vigilara o sol
A lo mejor es eso
La vida cotidiana
Prepara bienevidas
Cierra caldos de usura
Abre memorias vírgenes
Pero é!
No tiene prisa lento viene
Por fin como su respuesta
Su pan para la hambruna
Sus magullados ángeles
Sus fieles golondrinas
Lento
Pero no lánguido
Ni ufano
Ni aguafestas
Sencillamente viene
Con su afilada hoja
Y su balanza
Preguntando ante todo
Por los sueños
Y luego por las patrias
Los recuerdos recentes
Y los recién nacidos
Lento viene el futuro
Con sus lunes y sus marzos
Con sus puños y ojeras y propuestas
Lento y no obstante raudo
Como estrella pobre
Sin nombre todavía
Convaleciente y lento
Remordido
Soberbio
Modestísimo
Ese experto futuro que nos inventamos
Nosotros
Y el azar
Cada vez más nosostros
Y menos el azar.
Lento, porém vem
Lento vem o futuro
Lento, mas vem
E agora está mais
além das longínquas nuvens
e dos altos picos ainda indistintos
e mais além do trovão
e da aranha
Demorando-se a vir
como uma flor obstinada
que vigiou o sol
O melhor é isto
a vida cotidiana
prepara boas-vindas
guarda caldos de usura
abre memórias virgens.
Porém é!
Não tem pressa lento vem
finalmente como sua resposta
seu pão para a fome
seus anjos magoados
suas andorinhas fiéis
Lentos,
Porém não lânguido
Nem orgulhoso
Nem derrotado
Simplesmente vem
Com sua folha afiada
e sua balança
Que pergunta primeiro
Por seus sonhos
E logo por suas pátrias
Por suas memórias recentes
E recém-nascidas
Lento vem o futuro
Com suas segundas-feiras e seus marços
com seus punhos e olheiras e propostas
Lentas e, apesar de tudo, rápido
Como uma pobre estrela
Sem nome, todavia,
Convalescente e lento
Cheio de remorsos
Magnífico
Modestíssimo
Este esperto futuro que nos inventamos
Nós e as possibilidades
Cada vez mais nós
e menos a possibilidade.
Mario Benedetti
Lento viene el futuro
Lento pero viene
Ahora está mas allá
De las nubes ramplonas
Y de unas cimas ágiles
Que aún no se distinguen
Y mas allá del trueno
Y de la araña
Demorándose viene
Como una flor porfiada
Que vigilara o sol
A lo mejor es eso
La vida cotidiana
Prepara bienevidas
Cierra caldos de usura
Abre memorias vírgenes
Pero é!
No tiene prisa lento viene
Por fin como su respuesta
Su pan para la hambruna
Sus magullados ángeles
Sus fieles golondrinas
Lento
Pero no lánguido
Ni ufano
Ni aguafestas
Sencillamente viene
Con su afilada hoja
Y su balanza
Preguntando ante todo
Por los sueños
Y luego por las patrias
Los recuerdos recentes
Y los recién nacidos
Lento viene el futuro
Con sus lunes y sus marzos
Con sus puños y ojeras y propuestas
Lento y no obstante raudo
Como estrella pobre
Sin nombre todavía
Convaleciente y lento
Remordido
Soberbio
Modestísimo
Ese experto futuro que nos inventamos
Nosotros
Y el azar
Cada vez más nosostros
Y menos el azar.
Lento, porém vem
Lento vem o futuro
Lento, mas vem
E agora está mais
além das longínquas nuvens
e dos altos picos ainda indistintos
e mais além do trovão
e da aranha
Demorando-se a vir
como uma flor obstinada
que vigiou o sol
O melhor é isto
a vida cotidiana
prepara boas-vindas
guarda caldos de usura
abre memórias virgens.
Porém é!
Não tem pressa lento vem
finalmente como sua resposta
seu pão para a fome
seus anjos magoados
suas andorinhas fiéis
Lentos,
Porém não lânguido
Nem orgulhoso
Nem derrotado
Simplesmente vem
Com sua folha afiada
e sua balança
Que pergunta primeiro
Por seus sonhos
E logo por suas pátrias
Por suas memórias recentes
E recém-nascidas
Lento vem o futuro
Com suas segundas-feiras e seus marços
com seus punhos e olheiras e propostas
Lentas e, apesar de tudo, rápido
Como uma pobre estrela
Sem nome, todavia,
Convalescente e lento
Cheio de remorsos
Magnífico
Modestíssimo
Este esperto futuro que nos inventamos
Nós e as possibilidades
Cada vez mais nós
e menos a possibilidade.
OUTRA POESIA DE UM POETA PARAGUAIO
ENVIO
Hérib Campos Cervera
Hermano:
te buscaré detrás de las esquinas.
Y no estarás.
Te buscaré en la nube de los pájaros.
Y no estarás.
Te buscaré en la mano de un mendigo.
Y no estarás.
Te buscaré también
en la Inicial Dorada de un Libro de Oraciones.
Y no estarás.
Te buscaré en la noche de los gnomos.
Y no estarás.
Te buscaré en el aire de una caja de músicas.
Y no estarás.
(Te buscaré en los ojos de los Niños
Y allí estarás.)
(De: Ceniza redimida, 1950)
Remessa
Irmão:
Eu te buscarei atrás das esquinas.
E tu não estarás.
Eu te buscarei na nuvem dos pássaros.
E tu não estarás.
Eu te buscarei na mão de um pedinte.
E tu não estarás.
Eu te buscarei também
nas iniciais douradas do Livro de Orações.
E tu não estarás.
Eu te buscarei na noite dos duendes.
E tu não estarás.
Eu te buscarei no ar de uma caixa do música.
E tu não estarás.
(Eu te buscarei nos olhos das crianças
e ali estarás!).
(De: Cinza Redimida, 1950).
Hérib Campos Cervera
Hermano:
te buscaré detrás de las esquinas.
Y no estarás.
Te buscaré en la nube de los pájaros.
Y no estarás.
Te buscaré en la mano de un mendigo.
Y no estarás.
Te buscaré también
en la Inicial Dorada de un Libro de Oraciones.
Y no estarás.
Te buscaré en la noche de los gnomos.
Y no estarás.
Te buscaré en el aire de una caja de músicas.
Y no estarás.
(Te buscaré en los ojos de los Niños
Y allí estarás.)
(De: Ceniza redimida, 1950)
Remessa
Irmão:
Eu te buscarei atrás das esquinas.
E tu não estarás.
Eu te buscarei na nuvem dos pássaros.
E tu não estarás.
Eu te buscarei na mão de um pedinte.
E tu não estarás.
Eu te buscarei também
nas iniciais douradas do Livro de Orações.
E tu não estarás.
Eu te buscarei na noite dos duendes.
E tu não estarás.
Eu te buscarei no ar de uma caixa do música.
E tu não estarás.
(Eu te buscarei nos olhos das crianças
e ali estarás!).
(De: Cinza Redimida, 1950).
PEQUEÑA LETANIA EN VOZ BAJA
Hérib Campos Cervera
Para el recuerdo de Roque Molinari Laurin.
–Donde estuviere.
Elegiré una Piedra.
Y un árbol.
Y una Nube.
Y gritaré tu nombre
hasta que el aire ciego que te lleva
me escuche.
(En voz baja.)
Golpearé la pequeña ventana del rocío;
extenderé un cordaje de cáñamo y resinas;
levantaré tu lino marinero
hasta el Viento Primero de tu Signo,
para que el Mar te nombre.
(En voz baja.)
Te lloran: cuatro pájaros;
un agobio de niños y de títeres;
los jazmines nocturnos de un patio paraguayo.
Y una guitarra coplera.
(En voz baja.)
Te llaman:
todo lo que es humilde bajo el cielo;
la inocencia de un pedazo de pan;
el puñado de sal que se derrama
sobre el mantel de un pobre;
la mirada sumisa de un caballo,
y un perro abandonado.
Y una carta.
(En voz baja.)
Yo también te he llamado,
en mi noche de altura y de azahares.
(En voz baja.)
Sólo tu soledad de ahora y siempre
te llamará, en la noche y en el día.
En voz alta.
PEQUENO LITANIA EM VOZ BAIXA
Em memória de Roque Molinari Laurin.
– onde estiver.
Eu escolherei uma pedra.
E uma árvore.
E uma nuvem.
E eu gritarei o teu nome
até que o ar cego que te leva
me escute.
(Em voz baixa.)
Eu golpearei a janelinha de orvalho;
Eu estenderei um cordão de cânhamo e de resinas;
Eu levantarei teu traje de marinheiro
Até os ventos primeiros de teu Signo,
de modo que o mar te chame.
(Em voz baixa.)
Te choram: quatro pássaros;
Uma agonia das crianças e dos fantoches;
Jasmins noturnos de um pátio paraguaio.
E uma guitarra chorosa.
(Em voz baixa.)
Te chamam:
tudo o que é humilde sob o céu;
a inocência de um pedaço de pão;
um punhado do sal que é derramado
na cesta de mantimentos de um pobre homem;
o olhar submisso de um cavalo,
e um cão abandonado.
E uma carta.
(Em voz baixa.)
Eu também te chamei,
Em minha noite alta e de azares.
(Em voz baixa.)
Somente a solidão de agora e sempre
Te chamará, de dia e de noite.
Em voz alta.
Hérib Campos Cervera
Para el recuerdo de Roque Molinari Laurin.
–Donde estuviere.
Elegiré una Piedra.
Y un árbol.
Y una Nube.
Y gritaré tu nombre
hasta que el aire ciego que te lleva
me escuche.
(En voz baja.)
Golpearé la pequeña ventana del rocío;
extenderé un cordaje de cáñamo y resinas;
levantaré tu lino marinero
hasta el Viento Primero de tu Signo,
para que el Mar te nombre.
(En voz baja.)
Te lloran: cuatro pájaros;
un agobio de niños y de títeres;
los jazmines nocturnos de un patio paraguayo.
Y una guitarra coplera.
(En voz baja.)
Te llaman:
todo lo que es humilde bajo el cielo;
la inocencia de un pedazo de pan;
el puñado de sal que se derrama
sobre el mantel de un pobre;
la mirada sumisa de un caballo,
y un perro abandonado.
Y una carta.
(En voz baja.)
Yo también te he llamado,
en mi noche de altura y de azahares.
(En voz baja.)
Sólo tu soledad de ahora y siempre
te llamará, en la noche y en el día.
En voz alta.
PEQUENO LITANIA EM VOZ BAIXA
Em memória de Roque Molinari Laurin.
– onde estiver.
Eu escolherei uma pedra.
E uma árvore.
E uma nuvem.
E eu gritarei o teu nome
até que o ar cego que te leva
me escute.
(Em voz baixa.)
Eu golpearei a janelinha de orvalho;
Eu estenderei um cordão de cânhamo e de resinas;
Eu levantarei teu traje de marinheiro
Até os ventos primeiros de teu Signo,
de modo que o mar te chame.
(Em voz baixa.)
Te choram: quatro pássaros;
Uma agonia das crianças e dos fantoches;
Jasmins noturnos de um pátio paraguaio.
E uma guitarra chorosa.
(Em voz baixa.)
Te chamam:
tudo o que é humilde sob o céu;
a inocência de um pedaço de pão;
um punhado do sal que é derramado
na cesta de mantimentos de um pobre homem;
o olhar submisso de um cavalo,
e um cão abandonado.
E uma carta.
(Em voz baixa.)
Eu também te chamei,
Em minha noite alta e de azares.
(Em voz baixa.)
Somente a solidão de agora e sempre
Te chamará, de dia e de noite.
Em voz alta.
Sunday, September 17, 2006
A POESIA DE OCTÁVIO PAZ
Toca mi piel
Toca mi piel, de barro, de diamante,
Oye mi voz em fuentes subterrâneas,
Mira mi boca em esa lluvia oscura,
Mi sexo em esa brusca sacudida
Com que desnuda el aire los jardines.
Toca tu desnudez em la del agua,
Desnúdate de ti, llueve em ti misma,
Mira tus piernas como dos arroyos,
Mira tu cuerpo como um largo rio,
Son dos islãs gemelas tus dos pechos,
Em la noche tu sexo es una estrella,
Alba, luz, rosa entre dos mundos ciegos,
Mar profundo que duerme entre dos mares.
Mira el poder del mundo:
Reconócete ya, al reconocerme.
Toque da pele
Toca minha pele de barro, de diamante,
Ouve minha voz de subterrâneas fontes,
Olha minha boca nesta chuva escura,
Meu sexo que, com um brusco movimento,
Desnuda os ares dos jardins.
Toca com tua nudez a água,
Despe-te de ti, chove em ti mesma,
Olha tuas pernas como se fossem dois afluentes,
Olha teu corpo como um largo rio,
São duas ilhas gêmeas os teus seios,
Na noite o teu sexo é uma estrela,
Alvorecer, luz, rosa entre dois mundos cegos,
Mar profundo que dorme entre dois mares.
Olha o poder do mundo:
Reconhece-te já, ao me reconhecer.
Ilustração de www.arteosama.com/monoitio/cuadro10.htm
Toca mi piel, de barro, de diamante,
Oye mi voz em fuentes subterrâneas,
Mira mi boca em esa lluvia oscura,
Mi sexo em esa brusca sacudida
Com que desnuda el aire los jardines.
Toca tu desnudez em la del agua,
Desnúdate de ti, llueve em ti misma,
Mira tus piernas como dos arroyos,
Mira tu cuerpo como um largo rio,
Son dos islãs gemelas tus dos pechos,
Em la noche tu sexo es una estrella,
Alba, luz, rosa entre dos mundos ciegos,
Mar profundo que duerme entre dos mares.
Mira el poder del mundo:
Reconócete ya, al reconocerme.
Toque da pele
Toca minha pele de barro, de diamante,
Ouve minha voz de subterrâneas fontes,
Olha minha boca nesta chuva escura,
Meu sexo que, com um brusco movimento,
Desnuda os ares dos jardins.
Toca com tua nudez a água,
Despe-te de ti, chove em ti mesma,
Olha tuas pernas como se fossem dois afluentes,
Olha teu corpo como um largo rio,
São duas ilhas gêmeas os teus seios,
Na noite o teu sexo é uma estrela,
Alvorecer, luz, rosa entre dois mundos cegos,
Mar profundo que dorme entre dois mares.
Olha o poder do mundo:
Reconhece-te já, ao me reconhecer.
Ilustração de www.arteosama.com/monoitio/cuadro10.htm
CADA UM VÊ DO SEU MODO
VISÕES
A velha porta desconsolada
Escancarava aos olhos dos passantes curiosos
A miséria presente
Nos antigos e sujos candelabros semi-pendentes,
Nas paredes de tintas descascadas,
Nos buracos irregulares das paredes e do teto,
Nas apodrecidas madeiras das escadas e do piso,
Nas teias de aranha que ocupavam locais onde antes
Majestosas festas resplandeciam em jóias e luzes,
Aos sons suaves de valsas e sonatas,
Em que ricos trajes desfilavam
Ornados de seda, de cetim, de ouro ou prata.
O último ancião que ali passou retornou agora
Revendo o mundo que o tempo enterrou
Chorou mil lágrimas somente por lembrar
A doçura de um beijo ao luar.
O último sonhador que ali chegou
Revendo o sonho que o tempo enterrou
Ainda assim maravilhado
Viu tudo como se fosse outrora
E se encantou com a beleza do passado.
A velha porta desconsolada
Escancarava aos olhos dos passantes curiosos
A miséria presente
Nos antigos e sujos candelabros semi-pendentes,
Nas paredes de tintas descascadas,
Nos buracos irregulares das paredes e do teto,
Nas apodrecidas madeiras das escadas e do piso,
Nas teias de aranha que ocupavam locais onde antes
Majestosas festas resplandeciam em jóias e luzes,
Aos sons suaves de valsas e sonatas,
Em que ricos trajes desfilavam
Ornados de seda, de cetim, de ouro ou prata.
O último ancião que ali passou retornou agora
Revendo o mundo que o tempo enterrou
Chorou mil lágrimas somente por lembrar
A doçura de um beijo ao luar.
O último sonhador que ali chegou
Revendo o sonho que o tempo enterrou
Ainda assim maravilhado
Viu tudo como se fosse outrora
E se encantou com a beleza do passado.
Saturday, September 16, 2006
AINDA A POESIA DE PABLO NERUDA
Juegas todos os días (Poema XIV)
Juegas todos los dias con la luz del universo.
Sutil visitadora, llegas em la flor y en el agua.
Eres más que esta blanca cabecita que aprieto
Como um racimo entre mis manos cada día.
A nadie te pareces desde que yo te amo.
Déjame tenderte entre guirnaldas amarillas.
Quien escribe tu nombre com letras de humo entre las estrellas del sur?
Ah dejame recordarte como eras entonce cuando aún no existias.
De pronto el vento aúlla y golpea mi ventana cerrada.
El cielo es uma red cuajada de peces sombrios.
Aqui vienen a dar todos los vientos, todos.
Se desviste la lluvia.
Pasan huyendo los pájaros.
El viento.El viento.
Yo puedo luchar contra la fuerza de los hombres.
El temporal arremolina hojas oscuras
Y suelta todas las barcas que a noche amarraron al cielo.
Tú estás aqui. Ah tu no huyes
Tú ,e responderás hasta el último grito.
Ovíllate a mi lado como si tuvieras miedo.
Sin embargo alguna vez corrió una sombra extraña por tus ojos.
Ahora, ahora también, pequena, me traes madreselvas,
Y tienes hasta los senos perfumados.
Mientras el viento triste galopa matando mariposas
Yo te amo, y mi alegria muerde tu boca de ciruela.
Cuanto te habra dolido acostumbrarte a mi,
A mi alma sola y selvaje, a mi nombre que todos ahuyentan.
Hemos visto arder tantas vezes el lucero besándonos los ojos
Y sobre nuestras cabezas destrocerse los crepúsculos en abanicos girantes.
Mis palabras llovieron sobre ti acariciándote.
Amé desde hace tiempo tu cuerpo nácar soleado.
Hasta te creo dueña del universo.
Te traeré de las montañas flores alegres, copihues,
Avellanas oscuras, y cestas silvestres de besos.
Quiero hacer contigo
Lo que la primavera hace com los cerezos.
Jogas todos os dias (Poema XIV)
Jogas todos os dias com a luz do universo.
Visitadora Sutil, chegas com a flor e a água.
És mais do que a pequena cabeça branca que aperto
Como uma raiz em minhas mãos a cada dia.
Com ninguém te pareces desde que te amo.
Deixa-me prender-te entre as flores amarelas das guirlandas.
Quem escreve teu nome com letras de fumaça entre as estrelas do sul?
Ah! Deixa-me recordar como eras antes quando ainda não existias.
De repente o vento uiva e golpeia minha janela fechada.
O céu é uma rede coalhada de peixes sombrios.
Aqui vêm dar todos os ventos, todos.
Te despes da chuva.
Os pássaros passam fugindo.
O vento. O vento.
Eu posso lutar contra a força dos homens.
O temporal arremessa folhas escuras
E solta todos os barcos que à noite foram amarrados ao céu.
Tu estais aqui. E tu não foges
Responderás até o último grito.
Agasalha-te a meu lado como se tivesses medo.
Sem embargo, alguma vez, uma sombra estranha correu por teus olhos.
Agora, agora também, pequena, me trazes madressilvas,
E tens até os seios perfumados.
E embora o vento triste galope matando borboletas
Eu te amo, e minha alegria morde tua boca de ciriguela.
Por mais que seja doído se acostumar a mim,
A minha alma só e selvagem, a meu nome que todos afugentam.
Nós já vimos tantas vezes arder nossos olhos com os beijos das luzes
e sobre nossas cabeças sucederem-se crepúsculos como gigantescos abanos.
Minhas palavras chovem sobre ti como carícias.
Amo há muito tempo teu corpo dourado de sol.
Até te creio dona do universo.
Eu te trarei das montanhas flores alegres, florzinhas,
Avelãs escuras, e cestas selvagens de beijos.
Eu quero fazer contigo
O que a primavera faz com as cerejas.
Foto: www.unicamp.br
Juegas todos los dias con la luz del universo.
Sutil visitadora, llegas em la flor y en el agua.
Eres más que esta blanca cabecita que aprieto
Como um racimo entre mis manos cada día.
A nadie te pareces desde que yo te amo.
Déjame tenderte entre guirnaldas amarillas.
Quien escribe tu nombre com letras de humo entre las estrellas del sur?
Ah dejame recordarte como eras entonce cuando aún no existias.
De pronto el vento aúlla y golpea mi ventana cerrada.
El cielo es uma red cuajada de peces sombrios.
Aqui vienen a dar todos los vientos, todos.
Se desviste la lluvia.
Pasan huyendo los pájaros.
El viento.El viento.
Yo puedo luchar contra la fuerza de los hombres.
El temporal arremolina hojas oscuras
Y suelta todas las barcas que a noche amarraron al cielo.
Tú estás aqui. Ah tu no huyes
Tú ,e responderás hasta el último grito.
Ovíllate a mi lado como si tuvieras miedo.
Sin embargo alguna vez corrió una sombra extraña por tus ojos.
Ahora, ahora también, pequena, me traes madreselvas,
Y tienes hasta los senos perfumados.
Mientras el viento triste galopa matando mariposas
Yo te amo, y mi alegria muerde tu boca de ciruela.
Cuanto te habra dolido acostumbrarte a mi,
A mi alma sola y selvaje, a mi nombre que todos ahuyentan.
Hemos visto arder tantas vezes el lucero besándonos los ojos
Y sobre nuestras cabezas destrocerse los crepúsculos en abanicos girantes.
Mis palabras llovieron sobre ti acariciándote.
Amé desde hace tiempo tu cuerpo nácar soleado.
Hasta te creo dueña del universo.
Te traeré de las montañas flores alegres, copihues,
Avellanas oscuras, y cestas silvestres de besos.
Quiero hacer contigo
Lo que la primavera hace com los cerezos.
Jogas todos os dias (Poema XIV)
Jogas todos os dias com a luz do universo.
Visitadora Sutil, chegas com a flor e a água.
És mais do que a pequena cabeça branca que aperto
Como uma raiz em minhas mãos a cada dia.
Com ninguém te pareces desde que te amo.
Deixa-me prender-te entre as flores amarelas das guirlandas.
Quem escreve teu nome com letras de fumaça entre as estrelas do sul?
Ah! Deixa-me recordar como eras antes quando ainda não existias.
De repente o vento uiva e golpeia minha janela fechada.
O céu é uma rede coalhada de peixes sombrios.
Aqui vêm dar todos os ventos, todos.
Te despes da chuva.
Os pássaros passam fugindo.
O vento. O vento.
Eu posso lutar contra a força dos homens.
O temporal arremessa folhas escuras
E solta todos os barcos que à noite foram amarrados ao céu.
Tu estais aqui. E tu não foges
Responderás até o último grito.
Agasalha-te a meu lado como se tivesses medo.
Sem embargo, alguma vez, uma sombra estranha correu por teus olhos.
Agora, agora também, pequena, me trazes madressilvas,
E tens até os seios perfumados.
E embora o vento triste galope matando borboletas
Eu te amo, e minha alegria morde tua boca de ciriguela.
Por mais que seja doído se acostumar a mim,
A minha alma só e selvagem, a meu nome que todos afugentam.
Nós já vimos tantas vezes arder nossos olhos com os beijos das luzes
e sobre nossas cabeças sucederem-se crepúsculos como gigantescos abanos.
Minhas palavras chovem sobre ti como carícias.
Amo há muito tempo teu corpo dourado de sol.
Até te creio dona do universo.
Eu te trarei das montanhas flores alegres, florzinhas,
Avelãs escuras, e cestas selvagens de beijos.
Eu quero fazer contigo
O que a primavera faz com as cerejas.
Foto: www.unicamp.br
Thursday, September 14, 2006
UMA POESIA DE PABLO NERUDA
Me gustas cuando callas...(Poema XV)
Me gustas cuando callas porque estás como ausente,
Y me oyes desde lejos, y mi voz no te toca.
Parece que los ojos se te hubieran volado
Y parece que um beso te cerrara la boca.
Como todas las cosas están llenas de mi alma
Emerges de las cosas, llena del alma mia,
Mariposas de sueño, te pareces a mi alma,
Y te pareces a la palabra melancolia.
Me gustas cuando callas y estás como distante.
Y estás como qujándote, mariposa em arrullo,
Y me oyes desde lejos, y mi voz no te alcanza:
Déjame que me calle com el silencio tuyo.
Déjame que te hable tambiém com tu silencio
Claro como uma lámpara, simple como un anillo.
Eres como la noche, callada y constelada.
Tu silencio es de estrella, tan lejano y sencillo.
Me gustas cuando callas porque estás como ausente.
Distante y dolorosa comosi hubieras muerto.
Uma palabra entonces, uma sonrisa bastan.
Y estoy alegre, alegre de que no sea cierto.
Eu gosto de quando calas (Poema XV)
Eu gosto quando calas porque pareces ausente,
E me ouves de longe, e minha voz não escutas.
Parece que teus olhos estão voando
E parece que um beijo te fechou a boca.
Como todas as coisas estão cheias de minha alma
Emerges das coisas plena da alma minha,
Mariposas de sonho, tu pareces a minha alma,
E tu parece a palavra melancolia.
Eu gosto quando calas e estais como distante.
E te queixas como uma mariposa em núpcias.
E me ouves de longe, e minha voz não te alcança:
Deixa-me que me cale com o teu silencio.
Deixa-me que te fale também com teu silêncio
Claro como uma lâmpada, simples como um anel.
És como a noite, calada e cheia de estrelas.
Teu silêncio é de estrela, tão distante e sensível.
Eu gosto quando calas porque estais como ausente.
Distante e dolorosa como se houvesse morrido.
Uma palavra, então e um sorriso bastam.
E estou alegre, alegre do que não sei ao certo.
Me gustas cuando callas porque estás como ausente,
Y me oyes desde lejos, y mi voz no te toca.
Parece que los ojos se te hubieran volado
Y parece que um beso te cerrara la boca.
Como todas las cosas están llenas de mi alma
Emerges de las cosas, llena del alma mia,
Mariposas de sueño, te pareces a mi alma,
Y te pareces a la palabra melancolia.
Me gustas cuando callas y estás como distante.
Y estás como qujándote, mariposa em arrullo,
Y me oyes desde lejos, y mi voz no te alcanza:
Déjame que me calle com el silencio tuyo.
Déjame que te hable tambiém com tu silencio
Claro como uma lámpara, simple como un anillo.
Eres como la noche, callada y constelada.
Tu silencio es de estrella, tan lejano y sencillo.
Me gustas cuando callas porque estás como ausente.
Distante y dolorosa comosi hubieras muerto.
Uma palabra entonces, uma sonrisa bastan.
Y estoy alegre, alegre de que no sea cierto.
Eu gosto de quando calas (Poema XV)
Eu gosto quando calas porque pareces ausente,
E me ouves de longe, e minha voz não escutas.
Parece que teus olhos estão voando
E parece que um beijo te fechou a boca.
Como todas as coisas estão cheias de minha alma
Emerges das coisas plena da alma minha,
Mariposas de sonho, tu pareces a minha alma,
E tu parece a palavra melancolia.
Eu gosto quando calas e estais como distante.
E te queixas como uma mariposa em núpcias.
E me ouves de longe, e minha voz não te alcança:
Deixa-me que me cale com o teu silencio.
Deixa-me que te fale também com teu silêncio
Claro como uma lâmpada, simples como um anel.
És como a noite, calada e cheia de estrelas.
Teu silêncio é de estrela, tão distante e sensível.
Eu gosto quando calas porque estais como ausente.
Distante e dolorosa como se houvesse morrido.
Uma palavra, então e um sorriso bastam.
E estou alegre, alegre do que não sei ao certo.
Tuesday, September 12, 2006
OCTAVIO PAZ
Primer día (Soneto I)
Inmóvil em la luz, pero danzante,
Tu movimiento a la quietud que cria
En la cima del vértigo se alía
Deteniendo, no al vuelo, si al instante.
Luz que no se derrama, ya diamante,
Fija em la rotación del mediodía,
Sol que no se consume ni se enfria
De cenizas y llama eqüidistante.
Tu salto es un segundo congelado
Que ni apresura el tiempo ni lo mata:
Preso em su movimiento ensimismado
Tu cuerpo de mismo se desata
Y cae y se dispersa tu blancura
Y vuelves a ser agua y tierra obscura.
Primeiro Dia (Soneto I)
Imóvel na luz, porém dançante,
Teu movimento a quietude cria
E lá no alto da vertigem se alia
Detendo não o vôo, mas o instante.
Luz que não se derrama, já diamante,
Fixa na rotação do meio-dia,
O sol que não se consome nem se esfria
Das cinzas e da chama eqüidistante.
Teu salto é um segundo congelado
Que nem apressa o tempo nem o mata:
Preso em seu movimento ensimesmado
Teu corpo de si mesmo se desata
E cai e se dispersa tua brancura
E voltas a ser água e terra escura.
A POESIA DE OCTAVIO PAZ
DOS CUERPOS
Dos cuerpos frente a frente
Son a veces dos olas
Y la noche es océano.
Dos cuerpos frente a frente
Son a veces dos piedras
Y la noche desierto.
Dos cuerpos frente a frente
Son a veces raizes
En la noche enlazadas.
Dos cuerpos frente a frente
Son a veces navajas
Y la noche relámpago.
DOIS CORPOS
Dois corpos frente a frente
são às vezes duas ondas
e a noite um oceano.
Dois corpos frente a frente
são às vezes duas pedras
e a noite no deserto.
Dois corpos frente a frente
são raizes às vezes
nas noites enlaçados.
Dois corpos frente a frente
são às vezes navalhas
e a noite, um relâmpago.
Monday, September 11, 2006
UMA POETISA MEXICANA
GRISELDA ÁLVAREZ PONCE DE LEÓN
DESAYUNO
Si es que me siento sola, no me importa
Com el ego me baño narcisista,
Ante el espejo me hago una entrevista
Y escribo lo que vidrio me reporta:
La vejez asomada que suporta
Um espiritu fuerte y optimista,
Hay mucho más de risas a la vista
Porque el dolor la vida nos acorta.
Tengo amigos y amigas; mas de alguno
Por telefono a veces me resiste.
Espanto algún recuerdo inoportuno
Como se fuera mosca. Y se persiste
Le invito um poço de mi desayuno.
Sé que estoy sola. Pero nunca triste.
PEQUENO DESJEJUM
Se é que me sinto só, não me importa
Com o ego me banho e narcisista,
Ante o espelho me faço uma entrevista
E escrevo o que vidro me reporta:
A velhice exposta que suporta
Um espírito forte e otimista,
Que tem muito mais de risos à vista
Que a dor que a vida nos encurta.
Tenho amigos e amigas; mas algum
Por telefone, às vezes, me resiste.
Espanto da memória, uma ou um,
Como se fosse uma mosca. E se persiste
Convido-a para meu pequeno desjejum.
Sei que sou só. Porém nunca triste.
Sunday, September 10, 2006
UMA AGITAÇÃO FEROZ...E A FINALIDADE?
Poema dos meus 56 anos
(Como um Bukowski atrasado)
Sinto-me sozinho
no imenso quarto
sem cerveja
nem mulher–
cabelos brancos,
barriga grande,
televisão,
cansaço,
e infeliz por não ter programa....
bem cedo
eles confundem tempo
com dinheiro:
são jogadores, padeiros,
goleiros, médicos,
jornalistas, policiais,
barbeiros, lanterninhas,
garçons, taxistas,
punguistas, ladrões,
políticos de ternos...
enganados eternos.
e nem sei onde você está
como se vira
ou se ainda sai
pra pegar o sol,
se usa óculos e canga
não vêem meus olhos.
E eu só queria, de aniversário,
que me dissesse:
-Querido,
podemos repetir
o cardápio antigo?
(Como um Bukowski atrasado)
Sinto-me sozinho
no imenso quarto
sem cerveja
nem mulher–
cabelos brancos,
barriga grande,
televisão,
cansaço,
e infeliz por não ter programa....
bem cedo
eles confundem tempo
com dinheiro:
são jogadores, padeiros,
goleiros, médicos,
jornalistas, policiais,
barbeiros, lanterninhas,
garçons, taxistas,
punguistas, ladrões,
políticos de ternos...
enganados eternos.
e nem sei onde você está
como se vira
ou se ainda sai
pra pegar o sol,
se usa óculos e canga
não vêem meus olhos.
E eu só queria, de aniversário,
que me dissesse:
-Querido,
podemos repetir
o cardápio antigo?
Saturday, September 09, 2006
E.E. CUMMINGS
SONETO
it may not always be so; and i say
that if your lips, which i have loved, should touch
another’s, and your dear strong fingers clutch
his heart, as mine in time not far away;
if on another’s face your sweet hair lay
in such a silence as i know, or such
great writhing as, uttering overmuch
stand helplessly before the spirit at bay;
if this should be, i say if this should be –
you of my heart, send me a little word;
that i may go unto him, and take his hands,
saying, Accept all happiness from me.
Then shall i turn my face, and hear one bird
Sing terribly afar in the lost lands.
Talvez não seja sempre assim...e se não for
Se os teus lábios, que tanto amei, tocarem
Outros e tuas doces e queridas mãos segurarem
O coração como, no tempo, de nosso amor;
E outro rosto o teu doce hálito sentir
No silêncio, ou no delírio de palavras loucas,
Estreitando-te ao peito, coladas as bocas,
Na ventura de outro amor a se despedir
Se isto acontecer, se for assim me diga.
Que seja com um aceno, uma palavra pequena,
Que, meu coração, em tuas mãos se abriga
E, ao esconder a face, a dor, de improviso,
Aceitarei a infelicidade com ar de coisa amena,
Como o canto do pássaro do paraíso perdido.
Ilustração com o quadro "Paraíso Perdido" de Alfonso Ayala.
it may not always be so; and i say
that if your lips, which i have loved, should touch
another’s, and your dear strong fingers clutch
his heart, as mine in time not far away;
if on another’s face your sweet hair lay
in such a silence as i know, or such
great writhing as, uttering overmuch
stand helplessly before the spirit at bay;
if this should be, i say if this should be –
you of my heart, send me a little word;
that i may go unto him, and take his hands,
saying, Accept all happiness from me.
Then shall i turn my face, and hear one bird
Sing terribly afar in the lost lands.
Talvez não seja sempre assim...e se não for
Se os teus lábios, que tanto amei, tocarem
Outros e tuas doces e queridas mãos segurarem
O coração como, no tempo, de nosso amor;
E outro rosto o teu doce hálito sentir
No silêncio, ou no delírio de palavras loucas,
Estreitando-te ao peito, coladas as bocas,
Na ventura de outro amor a se despedir
Se isto acontecer, se for assim me diga.
Que seja com um aceno, uma palavra pequena,
Que, meu coração, em tuas mãos se abriga
E, ao esconder a face, a dor, de improviso,
Aceitarei a infelicidade com ar de coisa amena,
Como o canto do pássaro do paraíso perdido.
Ilustração com o quadro "Paraíso Perdido" de Alfonso Ayala.
Thursday, September 07, 2006
Ó MUNDO TÃO DESIGUAL
CASAIS MARGINAIS
I
Que tem demais um amor tão pacato
Entre dois homens que se amam assim?
O que há de estranho em tal ato
Se qualquer tipo de amor não é ruim.
Talvez o mundo não esteja preparado
Para aceitar os amores mais perfeitos
E não suporte que os sonhos delicados
Sobrevivam aos limites mais estreitos,
Pois não pode haver amor mais puro
Que o de dois homens que se amam,
Porém com eles o povo é bem mais duro
E de casal de bichas sempre os chamam.
II
Que tem demais um amor tão bonito
Entre duas mulheres que se amam assim?
O que há de tão incomum se como o fito
De outro amor qualquer não é ruim.
Talvez o mundo não esteja aberto
Para aceitar os amores mais reais
E não suporte que seja líquido e certo
Um amor que ama assim acima dos demais,
Pois não pode haver amor mais lindo
Que o de duas mulheres que se amam,
Porém com elas se é cruel mesmo rindo
E de casal de sapatões sempre as chamam.
III
Que tem demais um amor sem tamanho
Entre um gay e um sapatão que se amam assim?
O que há de tão fora do comum, de estranho
Se todo e qualquer amor jamais é ruim.
Talvez o mundo não tenha evoluído
A ponto de aceitar os amores efetivos
E não concorde que todo amor vivido
Está além das convenções e dos motivos,
Pois não existe amor mais desesperado
Que de um sapatão e um gay que se amam,
Porém para eles todo passo é tão suado
Que de casais de loucas sempre os chamam.
I
Que tem demais um amor tão pacato
Entre dois homens que se amam assim?
O que há de estranho em tal ato
Se qualquer tipo de amor não é ruim.
Talvez o mundo não esteja preparado
Para aceitar os amores mais perfeitos
E não suporte que os sonhos delicados
Sobrevivam aos limites mais estreitos,
Pois não pode haver amor mais puro
Que o de dois homens que se amam,
Porém com eles o povo é bem mais duro
E de casal de bichas sempre os chamam.
II
Que tem demais um amor tão bonito
Entre duas mulheres que se amam assim?
O que há de tão incomum se como o fito
De outro amor qualquer não é ruim.
Talvez o mundo não esteja aberto
Para aceitar os amores mais reais
E não suporte que seja líquido e certo
Um amor que ama assim acima dos demais,
Pois não pode haver amor mais lindo
Que o de duas mulheres que se amam,
Porém com elas se é cruel mesmo rindo
E de casal de sapatões sempre as chamam.
III
Que tem demais um amor sem tamanho
Entre um gay e um sapatão que se amam assim?
O que há de tão fora do comum, de estranho
Se todo e qualquer amor jamais é ruim.
Talvez o mundo não tenha evoluído
A ponto de aceitar os amores efetivos
E não concorde que todo amor vivido
Está além das convenções e dos motivos,
Pois não existe amor mais desesperado
Que de um sapatão e um gay que se amam,
Porém para eles todo passo é tão suado
Que de casais de loucas sempre os chamam.
MONÓLOGO
Na noite minha solidão acompanhada
Faz serenata de todo amor que amei.
Ah! O meu namorinho na calçada!
Meu Deus e Laura até por quem chorei..
No dia a minha solidão vadia
Reclama dos sonhos que sonhei.
Dolores, por trás dos muros da abadia,
Quantos carinhos contigo não troquei!
Na tarde a minha solidão cansada
Destila as magoas da ilusão que plantei.
Consuelo qual a próxima parada
Para o desgoverno que em ti deixei?
No tempo a minha solidão antiga
Zomba dos amores que pensei amor.
E me pergunta a razão desta cantiga
E que faço no palco se não sou ator?
Faz serenata de todo amor que amei.
Ah! O meu namorinho na calçada!
Meu Deus e Laura até por quem chorei..
No dia a minha solidão vadia
Reclama dos sonhos que sonhei.
Dolores, por trás dos muros da abadia,
Quantos carinhos contigo não troquei!
Na tarde a minha solidão cansada
Destila as magoas da ilusão que plantei.
Consuelo qual a próxima parada
Para o desgoverno que em ti deixei?
No tempo a minha solidão antiga
Zomba dos amores que pensei amor.
E me pergunta a razão desta cantiga
E que faço no palco se não sou ator?
Sunday, September 03, 2006
EXCESSO
NO DIVÃ
Ninguém me espera assim.
Ninguém me deixa assim.
Ninguém me faz assim
tão feliz.
Nenhuma outra tem
O gosto que ela tem.
Nenhuma outra foi
Tão doce e comportada
E tem , ainda por cima,
A vantagem de me amar calada.
Não me convence não
Toda esta falação
Que cheira a Jung ou Freud.
Vamos parar aqui!
Que argumentar por aí
Não tem nenhum sentido.
Você parece crer-
E não quer me dizer-
Que não acha normal
Esta paixão total
Por minha boneca inflável.
Ninguém me deixa assim.
Ninguém me faz assim
tão feliz.
Nenhuma outra tem
O gosto que ela tem.
Nenhuma outra foi
Tão doce e comportada
E tem , ainda por cima,
A vantagem de me amar calada.
Não me convence não
Toda esta falação
Que cheira a Jung ou Freud.
Vamos parar aqui!
Que argumentar por aí
Não tem nenhum sentido.
Você parece crer-
E não quer me dizer-
Que não acha normal
Esta paixão total
Por minha boneca inflável.
ABANDONO
Friday, September 01, 2006
PEQUENO ERRO
É verdade
Que tem coisas que não se faz...
A diferença é estar ou não consciente.
Não vou contestar seu direito
De ficar zangado
Que é compreensível e decente,
Porém adivinhar é pecado!
A farra na sua casa foi grande
E chegavam mulheres
De todos os tipos a toda hora
Como podia saber
Que a feia que acabava de chegar
Era sua senhora?
E bem que podia me ter dado um fora,
Mas topou e agora?
Só posso alegar
Que no meu normal
Nada do que houve
Seria natural.
Que tem coisas que não se faz...
A diferença é estar ou não consciente.
Não vou contestar seu direito
De ficar zangado
Que é compreensível e decente,
Porém adivinhar é pecado!
A farra na sua casa foi grande
E chegavam mulheres
De todos os tipos a toda hora
Como podia saber
Que a feia que acabava de chegar
Era sua senhora?
E bem que podia me ter dado um fora,
Mas topou e agora?
Só posso alegar
Que no meu normal
Nada do que houve
Seria natural.
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