A minha amiga Lila Rayol chama, com razão, minha atenção para o completo desrespeito que tive com a tradução do poema da Emily Dickinson. Realmente ela tem toda razão: traição deve ter limites. Eu até poderia alegar que "O poeta é um preguiçoso/se espreguiça tão serenamente/que chega a fingir preguiça/ quando, de fato, a sente". Mas não foi. Nem mesmo insuficiência linguística (que, muitas vezes, é real) e sim que achei o sentido de desatenção no amor bem mais bonito do que as "pilúlas". De qualquer forma, como me senti muito feliz com o cuidado da minha amiga, refiz o poema respeitando mais o original. No entanto o pouco que muda, podem ver, faz dele outro. Bem mais Dickison, é claro! O que prova que jamais se trai inutilmente. 
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IX
Emily Dickinson
Emily Dickinson
O CORAÇÃO pede o prazer primeiro
E então, desculpa da dor;
E então os pequenos analgésicos
Que matam o sofrimento
E então para ir dormir,
E então, se esta for
A vontade de seu inquisidor
A liberdade de morrer.
E então, desculpa da dor;
E então os pequenos analgésicos
Que matam o sofrimento
E então para ir dormir,
E então, se esta for
A vontade de seu inquisidor
A liberdade de morrer.
1 comment:
Silvio: magistral...esssa coloção da Emily...primeiro se pede o amor...se esconde do sofrimento com remédios...e da dor maior...com a morte!
Bjin com max carin.....
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