Tuesday, December 18, 2007

UMA POETISA DO PERU



VICTORIA

Blanca Varela

Volver el rostro,
no por demasiado tiempo.

¿Fue el ocaso de siempre
O um alba dejada atrás?

Amor,
paisaje que el tiempo corrige sin tregua.

La primavera es breve
a ambos lados del camino.

Vitória

Voltar o rosto,
Não por demasiado tempo.

Foi o ocaso de sempre
Ou o amanhecer deixado para trás?

Amor,
paisagem que o tempo corrige sem trégua.

A primavera é breve
em ambas as margens do caminho.

Monday, December 17, 2007

A ESCOLHA DO NOSSO GUIA


Quando esteve em Porto Velho Jorge Mautner, no seu show no Teatro Um do Sesc, me deu a honra de recitar uma poesia minha. Claro que fiquei muito feliz com o fato embora todo errado. Algumas pessoas me pediram para colocar a poesia disponível o que faço agora neste blog:

POESIA DA DANÇA

Vê é tão simples. De repente a mão
Na mão, o olhar no olhar, uns beijos.
Por que complicar? Não exija a razão.
De todo modo virá com o tempo.

Mas, com o tempo, virão outras coisas
Como a perda da magia, a dor e até
O tédio. De repente não há remédio
E, se tivermos, o mal não tem mais cura.

Segura o tempo!Segura! A mão agora
Oferece tanto. Não deixa de ser belo
O canto porque cessa. É tão lindo
Enquanto dura. Vamos, minha mão segura.

Por que temer ou colocar obstáculos
Contra o desejo que é tão natural?
Não contrarie a Natureza. Sê a presa
E a caçadora do prazer, que é tudo

Que nos resta quando o canto acaba.
A música da vida é feita de tais notas
E, se não se dança, no tempo certo,
Sobrevém o deserto e, também, se dança.

(De A Alquimia da Vida,1999)

Sunday, December 16, 2007



CANTO AO AMOR OCULTO

Como um passarinho vivo
Criando um ninho para o meu amor...

Hei de fazê-lo com as mais belas flores da floresta
e envolvê-lo com os mais doces cantos de outros pássaros
para cantar com os mais suaves sons que há.

Nem me importo de voar mais alto
Ou, de por longas distâncias, me cansar
Ou, se, na busca, venha a me machucar
Se os melhores e saborosos frutos recolher.

Só me importo, antes do luar aparecer, olhar seus olhos,
e cantar, no por do sol, o meu canto de glória,
pelo imenso amor que só posso ter

Que é mais belo ainda por ninguém perceber ....

Saturday, December 15, 2007

DOIS POEMAS DE UNGO



A PESAR DE TODO

Carlos Enrique Ungo

He sido despojado de la luz y la sonrisa
y avanzo lentamente
buscando un futuro que no me pertenece
pero que me aguarda
a pesar de todo.


APESAR DE TUDO

Fui despojado da luz e do sorriso
e avanço lentamente
buscando um futuro que não me pertence
porém que me aguarda,
apesar de tudo.

DESPEDIDAS

No desperdicies tu noche
el puño desafiante de mi odio.

Retrocede
y llévate contigo los poemas de amor
las miradas
las caricias
los secretos
compartidos a voces y en silencio.

Déjame completar el ritual del condenado
y compartir con aquellos
los ausentes
ese futuro que exige con premura
su cuota de presente.
Déjame ofrecer este último poema
con la cara al sol
y sonriente
para que luego
con el fusil al hombro y el odio en un bolsillo
me apreste a afinar la puntería.

DESPEDIDAS

Não desperdices tua noite
Com o punho desafiante de meu ódio.

Retrocede
e leva contigo os poemas de amor
os olhares
as carícias
os segredos
compartilhados a dois e no silêncio.

Deixe-me completar o ritual do condenado
e dividir com os ausentes
esse futuro que exige prematuramente
sua cota de presente.
Deixe-me oferecer este último poema
com o rosto ao sol
e sorridente
para que logo
com o fuzil no ombro e ódio no bolso
me apresse em acertar a pontaria.

Wednesday, December 05, 2007

UM POETA ESPANHOL


CAMPO

Antonio Machado

La tarde está muriendo
como un hogar humilde que se apaga.

Allá sobre los montes,
quedan algunas brasas.

Y ese árbol roto en el camino blanco,
hace llorar de lástima.

¡Dos ramas en el tronco herido, y una
hoja marchita y negra en cada rama!

¿Lloras?... Entre los álamos de oro,
lejos, la sombra del amor te aguarda.

(de Soledades, Galerías y otros Poemas, 1919)


CAMPO

A tarde está morrendo
como uma fogueira humilde que se apaga.

Além, sobre os montes,
restam algumas brasas.

E esta árvore rota no caminho branco,
faz chorar de pena.

OS Dois ramos no tronco ferido e uma
folha murcha e negra em cada ramo!

Choras? ... Entre os álamos de ouro,
longe, a sombra do amor te aguarda.

Tuesday, November 27, 2007

UMA POETISA DO URUGUAI


Decisión

Tirzah Ribeiro

Todo lo que haces o no haces
(al filo de la navaja decidiéndolo)
compromete el girar del mundo

hilo invisible
transparenta sin embargo
lo ingrato de cargar un mundo sobre el
hombro
cuando todo lo que de verdad quieres
es que el mundo se encargue
de llevarte
decidiendo por ti
lo que tú quieres

Decisão

Tudo o que fazes ou não fazes
(no fio da navalha decidindo)
compromete o girar do mundo

fio invisível
transparece sem embargo
o ingrato fardo de carregar um mundo
nos teus ombros
quando tudo o que de verdade queres
é que o mundo se encarregue
de levar-te
decidindo por ti
o que tu queres

UM POETA URUGAIO


DESPEDIDA

Líber Falco

La vida es como un trompo, compañeros,
la vida gira como todo gira,
y tiene colores como los del cielo.
La vida es un juguete, compañeros.

A trabajar jugamos muchos años,
a estar tristes o alegres, mucho tiempo.
La vida es lo povo y lo mucho que tenemos;
la moneda del pobre, compañeros.

A gastarla jugamos muchos años
entre risas, trabajos y canciones.
Así vivimos días y compartimos noches.
Mas, se acerca el invierno que esperó tantos años.

Cuando el sol se levanta despertando la vida
y penetra humedades y delirios nocturnos,
cómo quisiera, de nuevo, estar junto a vosotros
con mi antigua moneda brillando entre las manos.

Mas se acerca el invierno que esperó tantos años.
Adiós, adiós, adiós, os saluda un hermano
que gastó la moneda de un tiempo ya pasado.
Adiós, ya se acerca el invierno que esperó tantos años.

Despedida

A vida é como um pião, companheiros.
A vida gira como tudo gira,
e tem as mesmas cores do céu.
A vida é um brinquedo, companheiros.

De trabalhar brincamos muitos anos,
de estar tristes ou alegres, muito tempo.
A vida é o pouco e o muito que nós temos;
a moeda do pobre, companheiros.

De gastá-la brincamos muitos anos
entre risos, trabalhos e canções.
Assim vivemos dias e compartilhamos noites.
Mas se acerca o inverno que esperou tantos anos.


Quando o sol se levanta despertando a vida
e penetra umidades e delírios noturnos,
quisera novamente estar junto convosco
com minha antiga moeda a brilhar entre as mãos.

Mas se acerca o inverno que esperou tantos anos.
Adeus, adeus, adeus, os saúda um irmão
que gastou a moeda de um tempo já passado.
Adeus, já chega o inverno que esperou tantos anos.

Monday, November 26, 2007

UM POETA DE COSTA RICA



La contemplación de las horas.

César Gonzalez Granados

El insomnio es una casa abierta,
una recopilación de goteras golpeteando contra el piso,
la pena capital para Morfeo,
la reina incertidumbre, el peso por lo hecho,
el miedo por lo muerto, el tiempo para anhelarte,
el precio por tus besos.

El tiempo de algunas noches parece muerto,
y hay que velarlo en la contemplación de las horas
soñando despierto,
inventándome tonos similares a los tuyos
que me arrullen con su canto, para soñar con tu cuerpo.

El insomnio es el trance delicioso del recuerdo,
el trago de vinagre por miedo a morirse seco,
el resonar del reloj
con arritmia en los minutos,
las cataratas del cuerpo
y vos en un barril;
como decir, es el sueño…

A Contemplação das horas.

A insônia é uma casa aberta,
Uma compilação das goteiras golpeando de encontro ao assoalho,
A pena capital para Morfeu,
O reino da incerteza, o peso do fato,
O medo pelos mortos, o momento para desejar-te,
O preço por seus beijos.

O tempo de algumas noites parece morto,
E é necessário velá-lo na contemplação das horas
Sonhando desperto,
Inventando tons similares aos teus
Que sejam no seu canto, para sonhar com teu corpo.

A insônia é o momento delicioso da recordação,
O trago do vinagre pelo medo de morrer a seco,
O ressonar do relógio
Com arritmia nos minutos,
As cataratas do corpo
E duas vozes num tambor;
como a dizer, é o sonho.

Monday, November 19, 2007

NOVAMENTE CANESE



¡A CALLAR!

Jorge Canese

Aprendí a callar,
a sonreír
cuando era absolutamente necesario,
a correr, a no sentir,
a amar sin que se note,
a comer sin placer,
a olvidar pronto,
a vivir solo,
a pensar en los demás
para no pensar en uno mismo
y a rezar para no despertarme,
porque a veces
(aún a pesar de todo)
a uno le entran ganas de vivir
y como el monstruo sigue firme
a nuestro lado
no nos queda más remedio que olvidar
y recurrir a la oración,
al maratonismo y al silencio
para seguir huyendo y temiendo,
para no pensar
que algún día
las cosas puedan ser de otra manera.

( El trino soterrado, vol. II, 1986)

A Calar

Aprendi a calar,
a sorrir
quando era absolutamente necessário,
a correr, a não sentir,
a amar sem que se note,
a comer sem prazer,
a esquecer logo,
a viver só,
a pensar nos demais
para não pensar em si mesmo
e a rezar para não despertar,
porque, às vezes,
(ainda apesar de tudo)
surge um desejo de viver
e o monstro segue firme
ao nosso lado
mesmo se resta apenas o remédio de esquecer
e recorrer à oração,
ao maratonismo e ao silêncio
para continuar fugindo e temendo,
para não pensar
que outro dia
as coisas podem ser de outra maneira.

Saturday, November 17, 2007

UM POETA DO PARAGUAI


PARABOLA DE LA ROSA

Rubén Bareiro Saguier

Anoche un guardia,
un hombre con el rostro
oculto por una máscara de sombra,
entre las rejas me pasó una rosa
cortada de algún jardín público.
"Viene de afuera", me dijo,
y sentí que un hálito de vida
me invadía.
Supe que en el fondo del pozo,
en el charco de un pecho
puede florecer una rosa.
Aunque la felidez
la marchitó enseguida,
la rosa existe.
(De: Estancias, errancias, querencias, 1985)

A PARÁBOLA DA ROSA A noite um guarda,
um homem com o rosto
oculto por uma máscara de sombra,
entre os grades me passou uma rosa
cortada de algum jardim público.
“Vem de fora”, me disse,
e senti um hálito de vida
me invadir.
Supus que no fundo do poço,
No charco de um peito
pode florescer uma rosa.
Embora com o tempo
Tenha murchado em seguida,
a rosa existe.

NEM TE ENGANANDO...



Coraçãozinho ateu

Eu não sei não
Como foi que perdi
teu coração.
Ainda agora o tive
tão vivido.
na minha mão.

Não se pode nem dizer
Que não o tratei com carinho
Que não lhe dei ilusão.
Até dei uma pancadas nele
Tentando injetar adrenalina
pensando que tivesse salvação.

Ó coraçãozinho sem-vergonha!
Voou feito um passarinho
E nem cantou nem gemeu
Deve ser um coração ateu
nem acreditou
quando lhe disse
que era Deus!

Friday, November 16, 2007

AS FILHAS TAMBÉM SÃO DIFERENTES



SUSTINHO

Mamãe,
Tenho um breve comunicado:
-Fiz algo muito errado.
Tomei seu namorado.

Sei. É um homem muito mais velho do que eu,
Mas, quem, numa noite, já não se perdeu?
E, convenhamos, pagando tantas despesas
Deve ter uma boa conta bancária.
Posso ser jovem, porém não otária.
Aprendi a lição de tanto repetir
Não seria qualquer um
Que iria me seduzir.


Mamãe,
Repito o que me disse:
-Seja uma mulher de classe!
Se errei-tudo bem- valorizei meu passe.
O resto é tolice e se ajeita.
Só abusei de sua receita.

Não fique triste à-toa.
Depois da notícia ruim
Tenho uma boa:
-Parabéns, coroa!
Ou será melhor dizer vovó!

De "Poemas Mal Comportados"

AS MÃES JÁ NÃO SÃO AS MESMAS



Super-filha

Sinto lhe comunicar
Que, ontem, a senhora foi demais!
Fez coisas da quais nunca lhe julguei capaz.

Nunca critiquei seu desejo de ser moderna,
Mesmo quando abria as pernas
Para rapazes de dezesseis anos
Que podiam ser seus netos
E bêbada me embaraçava
Querendo dançar
Quando não conseguia se equilibrar.

Meu pai, que era acusado de ser sem-vergonha,
Sempre me aconselhou a contemporizar.
Me alertava: -Sua mãe é ótima.
Só tem o defeito de não saber amar
E das besteiras que faz
Costuma os outros culpar.

Até agüentei que me tomasse os namorados
E, se passasse, apesar dos risos, por minha irmã
Com a esperança sempre vã
De que uma hora fosse sossegar.
Afinal a idade sempre traz sabedoria.
E esperava, paciente, quem sabe...um dia.

Infelizmente preciso lhe informar com urgência
Que seu caso está tendendo para a demência;
Que não é bom nem delicado
Dizer que não tem homem na mesa
Por não querer pagar sua despesa
Nem lhe levar para a cama.
Afinal só a filha tem obrigação
De cuidar da mãe bêbada e insana.
Aconselho a não sair esta semana.

De "Poemas Mal Comportados"

Thursday, November 15, 2007

UMA POETISA DO PARAGUAI


UNA VEZ

María Luisa Artecona de Thompson

Hoy anduvimos celosamente humanos,
rescatando el idilio de las horas.
Por eso fui buscando un lapso claro
para ofrecerte mi vendimia simple.
Pero tú, generoso hasta el convite del vino
de mi agrazón oscura, hiciste uvas doradas,
y un poco deslumbrado
de pronto, todo lo cambiaste
y se tiñeron tus ojos de dulzura
y nada más que así fue nuestro encuentro.
Había una vez. No.
Erase una vez. No.
Que fueron muy felices. No.
Ya lo sé, amor,
son los tenaces juegos de tu ausencia.
(1984)

De: El canto a oscuras

Uma Vez

Hoje nós andamos zelosamente humanos,
resgatando o idílio das horas.
Por isso fui buscando um lapso claro
para oferecer-te minha vindima simples.
Porém, tu, generoso até o convite do vinho
escuro da minha amargura, fizestes uvas douradas,
e um pouco deslumbrado
de pronto, tudo mudastes
e se tingiram teus olhos de doçura
e nada mais que assim nosso encontro.
Houve uma vez. Não
Apague uma vez. Não
Que foram muito felizes. Não
Eu sei- era o amor,
são os tenazes jogos de tua ausência.

DEVANEIOS JUVENIS



ORIGEM

Um dia a loucura de ser Ninguém
Assumi sem medo.
Transformando as regras mais elementares
Fiz de cada anúncio um segredo,
De cada momento, um alarde.
Criei uma ilusão que, de furiosa, arde,
Uma paixão que, de violenta, fere,
Porém que esconde, por mais que revele,
O egoísmo que me impele.
E como a Ninguém se nega o sentimento,
Pois o real sempre lhe é negado,
Reclamei, num gesto tresloucado,
Como único legado dos que, igual a mim,
nada são,
O direito de sonhar.
Abri, então, as porteiras da fantasia
E os cavalos da ilusão
Num tropel louco
Espalharam na cidade
Um vendaval de sonhos
E os sonhos de Ninguém
Povoaram o mundo todo
E de tudo, então,
O sonho, agora, é parte.
(De Viagem aos Sonhos de Ninguém)

Monday, November 12, 2007

UM POETA URUGUAIO


RESPIRACIONES

Saúl Ibargoyen

La piel de esta bestia posible
acumula deshojadas láminas
y un hálito herrumbrado
se apega a sus raíces.
Esta piel que cruje así
entre ínfimas tormentas de sal
viene quizá
desde las primeras respiraciones
de una larva enroscándose
en sutiles gelatinas.
Un animal de las aguas
gira otra vez sobre el eje
de su cuerpo incompleto:
así prepara la disolución de su cola
el tamaño negro de sus hígados
el advenimiento de patas y pulmones.
Una atmósfera estremecida
le cierra las narices:
son burbujas y espumas sin olor
sólo son una cifra de sustancias
un ronquido un ahogo
que los aires de afuera
tendrán que beber.
Y aquella piel repite
la ausencia del oxígeno
la falta del silbido
del estertor de la queja:
aquella piel como una lengua
mezclándose ya
a un silencio de ceniza
y de canciones vacías.

RESPIRAÇÕES

A pele desta besta possível
acumula desfolhadas lágrimas
e um hálito oxidado
se uniu as suas raizes.
Esta pele que cruzas assim
entre ínfimas tempestades de sal
vem talvez
das primeiras respirações
de uma larva enroscando-se
em sutil gelatinas.
Um animal das águas
gira outra vez sobre o eixo
de seu corpo incompleto:
assim prepara a dissolução de sua cauda
o tamanho negro de seus fígados
o advento dos pés e dos pulmões.
Uma atmosfera agitada
fecha-lhe as narinas:
são bolhas e a espuma sem cheiro
é somente um número de substâncias
um ressonar um afogamento
que os ares externos
terão que beber.
E aquela pele repete
a ausência do oxigênio
a falta do assobio
do estertor da queixa:
aquela pele como uma língua
mesclando-se já
a um silêncio de cinzas
e de canções vazias.

UMA POETISA DO URUGUAI


LUPAS

Sylvia Riestra

es como una obligación
es a pesar mío
seguir las huellas digitales
de los sucesos
fijarlos
hacerlos tinta en papel
seudópodos alfabetarios
desde la gota de la fruta
a la sangre del corte -
para que se estén ahí
y entonces sí
que aparezca la certeza
de que existieron

LUPAS

São como uma obrigação,
para o meu pesar,
seguir as impressões digitais
dos eventos
fixá-los
fazê-los tintas nos alfarrábios
de papel dos pseudópodos
desde a gota da fruta
ao sangue do corte -
de modo que estejam aí
então sim
que apareça a certeza
de que existiram

Wednesday, November 07, 2007

GRANDEZA


Sinto que o amanhã
Não mais será
Capaz de nos legar
A grandeza que tentamos alcançar.

Infelizmente os caminhos
Que trilhamos foram traiçoeiros.
No fim perdi toda delicadeza
E flor que trago
Perdeu sua beleza.

Ainda posso dizer
Todas as palavras de amor
Que decorei para dizer,
Porém,eu já não sou eu,
Você não é você
E é bem possível
Que nem escute
O que tenho pra dizer.

Talvez o tempo tenha levado o momento
Ou o vento leve as palavras
Porque afinal tudo passa,
Inclusive o amor,
No longo palco do esquecimento.

E, quem sabe, fique a lenda ou mito
De como o nosso amor foi tão bonito!

Sunday, November 04, 2007

EMILY DICKINSON


XXVII

Emily Dickinson

I ’M nobody! Who are you?
Are you nobody, too?
Then there ’s a pair of us—don’t tell!
They ’d banish us, you know.

How dreary to be somebody!
How public, like a frog
To tell your name the livelong day
To an admiring bog!


XXVII

Eu não sou ninguém! Quem são vocês?
São ninguém, também?
Então há um par de nós-não me digam!
Eles nos baniram, vocês sabem.

Como secamente ser alguém!
Como ser público, como um sapo
Para dizer o seu nome ao longo do dia
Feito um idiota se auto-elogiando!

Saturday, November 03, 2007

UM POETA DE COSTA RICA


La contemplación de las horas.

César
Gonzalez Granados


El insomnio es una casa abierta,
una recopilación de goteras golpeteando contra el piso,
la pena capital para Morfeo,
la reina incertidumbre, el peso por lo hecho,
el miedo por lo muerto, el tiempo para anhelarte,
el precio por tus besos.

El tiempo de algunas noches parece muerto,
y hay que velarlo en la contemplación de las horas
soñando despierto,
inventándome tonos similares a los tuyos
que me arrullen con su canto, para soñar con tu cuerpo.

El insomnio es el trance delicioso del recuerdo,
el trago de vinagre por miedo a morirse seco,
el resonar del reloj
con arritmia en los minutos,
las cataratas del cuerpo
y vos en un barril;
como decir, es el sueño…

A Contemplação das horas.

A insônia é uma casa aberta,
Uma compilação das goteiras golpeando de encontro ao assoalho,
A pena capital para Morfeu,
O reino da incerteza, o peso do fato,
O medo pelos mortos, o momento para o desejar-te,
O preço por seus beijos.

O tempo de algumas noites parece morto,
E é necessário velá-lo na contemplação das horas
Sonhando desperto,
Inventando tons similares aos teus
Que sejam no seu canto, para sonhar com teu corpo.

A insônia é o momento delicioso da recordação,
O trago do vinagre pelo medo de morrer a seco,
O ressonar do relógio
Com arritmia nos minutos,
As cataratas do corpo
E duas vozes num tambor;
como a dizer, é o sonho

Friday, November 02, 2007

UM POETA PARAGUAIO


EL FUGITIVO

Luis bravo

Están vacíos, la vía láctea, el andén,
el gran reloj que sostiene.
Alguien que no se ve conduce la huida de la estrella,
el artefacto.
El tren que cae por la pendiente.

Entre las sombras una rebelión,
dicen, que ya no eres, sino
sólo una foto de ti sobre el espejo
harto de sí, su mismo igual, repetitivo.

El pez que grita bajo el agua infinita.

Congelado pasajero en el andén, al oído
el Olvido te susurra : "podrías morir ahora
y ningún dios negociará tus suertes".

Cobarde y seductor el fino puñal de atrás empuja.
No se ve la mano, la tuya, que lo sostiene.

O Fugitivo

Estão vazios, a Via Láctea, a plataforma,
O grande relógio que sustenta.
Alguém que não se vê conduz a queda da estrela,
o dispositivo.
O trem que que cai pela ladeira.

Entre as sombras uma rebelião,
diz, que já não é você, mas sim
só uma foto tua no espelho
farto de ti, a tu mesmo igual, repetitivo.

O peixe grita sob a água infinita.

O congelado passageiro na plataforma, escuta
o esquecimento que te sussurra: “poderias morrer agora
e nenhum deus negociará teu destino?”.

Covarde e sedutor o fino punhal por trás entra.
Não se vê a mão, a tua, que o sustenta.

SIAMESES


Há um anjo em mim que toca banjo
Que voa, voa, baila e não tem asas.
Há um anjo em mim que vê nas casas
só prisão
E quer a liberdade, a liberdade, a amplidão
dos campos.

Há um anjo em mim que é um demônio
Que acendeu o fogo no meu coração
E faz da minha vida um inferno
Fingindo-se de doce e terno
Quando somente quer voar liberto
E, eternamente esperto, quer só
Possuir toda mulher.

Há um anjo e um demônio em mim
Que são assim irmãos siameses,
Violentos e corteses,
E se dão as mãos, os pés, o sangue, as veias
E se alimentam com a insofismável aveia
Da sensualidade imaterial da ilusão
E brincam de esconder o que, de fato, são.

Wednesday, October 31, 2007

MUITAS VEZES É SÓ....

IDIOSSINCRASIA

As palavras pendem como pétalas mortas
Sem significados e sem perfume.
Até mesmo as paredes parecem tortas
Agora que esgotei o amor, a raiva, o ciúme.

Poderia, num acesso de enorme egoísmo,
Pedir, mais uma vez, que permaneça.
Seria, sei, um imenso ato de cinismo
Da mesma forma que pedir que esqueça.

No entanto nós sabemos muito além
De todas as palavras como nos queremos bem,
Mas também o quanto mais nos odiamos:
-Somos cônscios do ardor com que pecamos.

Nenhum de nós irá pensar em pedir perdão
Nem voltar atrás na maior motivação
Que é o de sermos, ambos, tão libertos
Que nem a quem amamos gostamos de ter perto.

Ilustração de http://www.perisse.com.br/

Tuesday, October 30, 2007

UM POETA DA VENEZUELA

BIEN FRITO EN EL PLATO

Gustavo Pereira

A mí que me dejen bien frito en el plato
Con mi ojo dorado, listo para el corte
Y con los dedos ensartados en el puré con adornos.

Después que condimenten, vainilla y vinagre
Hagan lo normal
y hablen todo el tiempo sobre el discurso del presidente
tan bien hecho
tan formidable.

A mí que me pongan un color de salsa de tomate
Me huelan profundo
y me dejen sonriendo sobre el plato
como una cabeza de puerco a la que todo el mundo
ve con deleite.

BEM FRITO NO PRATO

A eu que me deixem bem frito no prato
Com meu olho dourado, pronto para o corte
E com os dedos desfiados no purê com adornos.

Depois que condimentem, baunilha e vinagre
Façam o normal
E falem todo o tempo sobre o discurso do presidente
Tão bem feito
tão formidável.

A eu que me ponham a cor de extrato de tomate
Me cheirem profundamente
e me deixem sorrindo sobre o prato
como uma cabeça de porco a que todo mundo
vê com deleite.

Monday, October 29, 2007

OS DOCES CANTOS DA ANTIGUIDADE

AQUÍ SE DICE COMO DON SANCHO TORNÓ SU IRA EN GOZO Y SU TRISTURA EN CÁNTIGO, CÁNTIGA Y DULZOR DEL CIELO

Álvaro Miranda

Sea que sí, sea que no, brínquese por la cola,
cójase por el cuello, apriétese el pispirispi,
húndasele el gaznate, muérdasele el juanete,
aquíy allá, en la hora en que el sinsonte se vuelca
en el mar, silba la iguana, silba el carmín, arde
el cotudo, se amasa la bilis, come mi risa puerro y orín.

Va la vieja, viene la niña, vende que vende,
grita que grita, ofrécese aquí, desnúdase allá,
lluvia tras lluvia la mar no se va, sea que sí,
sea que no, váse la huella con el caracol y el
sueño que vela, infla la música, cristal
de la aurora, barco que aflora allá en el confín,
muralla que arpegia la luna y la aurora.

AQUI SE DIZ COMO DOM SANCHO TORNOU SUA IRA EM GOZO E SUA TRISTEZA EM CÂNTICO, CANTIGA E DOÇURA DE CÉU
Seja porque sim, seja porque não, brinca-se pelo rabo,
pega-se pelo colo, aperta-se a preciosinha,
junta-se a garganta, morde-se o joanete , aqui
e ali, na hora em que o pássaro se volta
do mar, silva a iguana, silva o carmin, arde
a papada, se amassa a bilís, come meu riso, amarga e oxida.

Vai a velha, vem a menina, vende que vende,
grita que grita, oferecesse aqui, desnudasse ali,
chuva após chuva o mar não se vai, seja porque sim,
seja porque não, siga a trilha com o caracol e
o sonho que guarda, infla a música, cristal
da aurora, barco que se levanta atrás da beira,
muralha que harmoniza a lua e o aurora.

Saturday, October 27, 2007

UM POETA DE COSTA RICA


DESTELLOS DE AMOR

[Abril de 1962]



José Eliseo Valverde Monge


Amada,esta noche
tu perfume en mi cuerpo,
derramará el amor
encarcelado.

En mi vida
disciernes alegremente;
tu seducción,
perdurará
las caricias.

Amada!..
Tu preciosa existencia,
emotiva
el paso por esta tierra,

a veces sola,
a veces triste…

Centelhas de amor

Amada,
Esta noite,
Teu perfume em meu corpo,
Derramará o amor
Encarcerado.

Em minha vida
Discernes alegremente;
Tua sedução
Perdurará
As caricias.

Amada!
Tua preciosa existência
Emotiva
Passou por esta terra

Ás vezes só....
Às vezes triste....

SEMPRE BORGES

El laberinto

Jorge Luis Borges

Zeus no podría desatar las redes
de piedra que me cercan. He olvidado
los hombres que antes fui; sigo el odiado
camino de monótonas paredes
que es mi destino. Rectas galerías
que se curvan en círculos secretos
al cabo de los años. Parapetos
que ha agrietado la usura de los días.
En el pálido polvo he descifrado
rastros que temo. El aire me ha traído
en las cóncavas tardes un bramido
o el eco de un bramido desolador.
Sé que en la sombra hay Otro, cuya suerte
es fatigar las largas soledades
que tejen y destejen este Hades
y ansiar mi sangre y devorar mi muerte.
Nos buscamos los dos. Ojalá fuera
éste el último día de la espera.

O Labirinto

Zeus não podia desatar as redes
De pedra que me cercam. Ele há esquecido
Os homens que antes fui. Sigo o odiado
Caminho de monótonas paredes
Que é meu destino. Retas galerias
Que se curvam em círculos secretos
Ao cabo dos anos. Parapeitos
Que aprisionarama a usura dos dias.
Na pálida poeira há decifrado
Rastros que temo. O ar me há traído
Nas côncavas tardes um bramido
Ou o eco de um bramido desolado.
Sei que na sombra há outro, cuja sorte
É fatigar as solidões no eterno
Que tecem e destecem este inferno
E anseia por meu sangue e devorar minha morte.
Nós buscamos os dois. Que bom que era
Se fosse este o último dia da espera

Thursday, October 25, 2007

UM POETA CUBANO INDICADO POR SARAMAR


Poema a Capablanca

Nicolás Gullén


Así pues, Capablancano
está en su trono, sino que anda,
camina, ejerce su gobierno
en las calles del mundo.

Bien está que nos lleve
de Noruega a Zanzíbar,
de Cáncer a la Nieve.

Va en un caballo blanco,
caracoleando
sobre puentes y ríos
junto a torres y alfiles,

el sombrero en la mano
(para las damas)
la sonrisa en el aire
(para los caballeros)

y su caballo blanco
sacando chispas puras
del empedrado...

Poema para Capablanca

Assim Capablanca
não está em seu trono, mas anda,
caminha, exerce seu governo
nas ruas do mundo.

É bom que nos leve
da Noruega a Zanzíbar,
do Cancer à Nieve.

Que vá no seu cavalo branco,
caracoleando
sobre pontes e rios
junto das torres e dos bispos,

o chapéu na mão
(para as senhoras)
o sorriso no ar
(para os cavalheiros)

e seu cavalo branco
extrai chispas puras
do pavimento....

Retalhos

Não esperarei mais por tua volta.
A porta está aberta, a fechadura destravada,
Mas as dores do passado estão mortas.

Nem sei se terei mais alegria
Na tua companhia. E se chegas serás uma incógnita
Depois de tantos dias de silêncio e esquecimento.

Serás, por acaso, a mesma nos carinhos e beijos?
Ou, pelos caminhos, na busca de esperança,
Em imaginários desejos e lábios outra se fez?

Nem sempre depois da tempestade a vida recompõe
O que as águas e os ventos destruiu. São fatos.
A passagem pode não ser visível e ser mortal.

Na realidade do viver se afoga a utopia
E o ponto na distância some, ou se agiganta,
Dependendo do olhar. Talvez não haja o que restaurar...

Talvez quando voltares se rasgue a fantasia,
Todo o passado, seja um mundo fictício; o amor, um vício.
Nosso romance, uma mera ilusão.

Não esperarei tua chegada... partido estou na partida.

Wednesday, October 24, 2007

SE NÃO FOR ASSIM, ASSIM FOI

What We Are

William Bronk

What we are? We say we want to become
what we are or what we have an intent to be.
We read the possibilities, or try.
We get to some. We think we know how to read.
We recognize a word, here and there,
a syllable: male, it says perhaps,
or female, talent -- look what you could do --
or love, it says, love is what we mean.
Being at any cost: in the end, the costis terrible
but so is the lure to us.
We see it move and shine and swallow it.
We say we are and this is what we are
as to say we should be and this is what to be
and this is how. But, oh, it isn’t so.
O Que Nós Somos

O que nós somos? Nós dizemos o que queremos ser
Aquilo que somos ou que temos intenção de ser.
Nós lemos as possibilidades, ou as tentativas.
Nós obtemos algumas. Julgamos saber ler.
Nós reconhecemos uma palavra, aqui e ali,
Uma sílaba: masculino, que diz talvez,
Ou feminino, talento - veja o que poderia fazer-
Ou amor, se diz, o amor é o que nós significamos.
Sendo a todo o custo: no final, o custo
É terrível, mas é assim que a isca para nós.
Nós a vemos se mover e brilhar e ser engolida.
Nós dizemos que somos e é isto que somos
Como se dizer o que deveríamos ser e ser fosse o mesmo
E é assim. Mas, ah, não é assim.

Tuesday, October 23, 2007

AINDA BORGES

AUSENCIA

Jorge Luis Borges

Habré de levantar la vasta vida
que aún ahora es tu espejo:
cada mañana habré de reconstruirla.
Desde que te alejaste,
cuántos lugares se han tornado vanos y sin sentido,
iguales a luces en el día.
Tardes que fueron nicho de tu imagen,
músicas en que siempre me aguardabas,
palabras de aquel tiempo,
yo tendré que quebrarlas con mis manos.
¿En qué hondonada esconderé mi alma
para que no vea tu ausencia
que como un sol terrible, sin ocaso,
brilla definitiva y despiadada?
Tu ausencia me rodea
como la cuerda a la garganta,
el mar al que se hunde.
Ausência

Haverei de levantar a vasta vida
Que ainda agora é teu espelho:
Cada manhã haverei de reconstruí-la.
Desde que te fostes
Quantos lugares se hão tornado vão
E sem sentido, iguais
As luzes do dia.
Tardes que foram nicho de tua imagem,
Musicas em que sempre me aguardavas,
Palavras daqueles tempos
Eu terei que quebrá-las com as minhas mãos.
Em que profundeza esconderei minha alma
Para que não veja tua ausência,
Que como um sol terrível, sem ocaso,
Brilha definitiva e desapiedada?
Tua ausência me rodeia
Como a corda à garganta
Como o mar ao que se derrete.

Monday, October 22, 2007

BORGES

CERCANÍAS

Jorge Luís Borges

Los patios y su antigua certidumbre,
los patios cimentados en la tierra y el cielo.
Las ventanas con reja
desde la cual la calle
se vuelve familiar como una lámpara.
Las alcobas profundas
donde arde en quieta llama la caoba
y el espejo de tenues resplandores
es como un remanso en la sombra.
Las encrucijadas oscuras
que lancean cuatro infinitas distancias
en arrabales de silencio.
He nombrado los sitios
donde se desparrama la ternura
y estoy solo y conmigo.

Vizinhanças

Os pátios e sua antiga certeza,
Os pátios cimentados
Na terra e no céu.
As janelas com grades
Desd’a qual a rua
Se faz familiar como uma lâmpada.
As alcovas profundas
Onde ardem em quieta chama o lampião
E o espelho de tênues resplendores
É como um remanso na sombra.
As encruzilhadas escuras
Que lançam quatro infinitas distâncias
Para os subúrbios de silêncio.
Ele nomeara os sítios
De onde se esparramara a ternura
E estou só eu comigo.

Tuesday, October 16, 2007

DE NOVO VALEJO


XXXIV

Cesar Valejo

Se acabó el extraño, con quien, tarde
la noche, regresabas parla y parla.
Ya no habrá quien me aguarde,
dispuesto mi lugar, bueno lo malo.

Se acabó la calurosa tarde;
tu gran bahía y tu clamor; la charla
con tu madre acabada
que nos brindaba un té lleno de tarde.

Se acabó todo al fin: las vacaciones,
tu obediencia de pechos, tu manera
de pedirme que no me vaya fuera.

Y se acabó el diminutivo, para
mi mayoría en el dolor sin fin,
y nuestro haber nacido así sin causa.


XXXIV

Se acabou o estranho, com quem, tarde
A noite, regressavas a falar e falar.
Já não haverá quem me aguarde
Disposto meu lugar, bem ou mal.

Se acabou a calorosa tarde;
Tua grande baía e teu clamor, a conversa
Com a tua mãe terminada
Por nos brindar com um chá pleno de tarde.

Se acabou tudo ao fim: as férias,
Tua obediência de fachada, tua maneira
De pedir-me que não fosse embora.

E se acabou o diminutivo, para
Mim maioria na dor sem fim,
E nosso haver nascido assim sem causa.

UM POETA ESPANHOL

SE EQUIVOCÓ LA PALOMA

Rafael Alberti

Se equivocó la paloma.
Se equivocaba.
Por ir al norte, fue al sur.
Creyó que el trigo era agua.
Se equivocaba.

Creyó que el mar era el cielo;
que la noche, la mañana.
Se equivocaba.

Que las estrellas, rocío;
que la calor; la nevada.
Se equivocaba.

Que tu falda era tu blusa;
que tu corazón, su casa.
Se equivocaba.

(Ella se durmió en la orilla.
Tú, en la cumbre de una rama.)

Se Equivocou a Pomba

Se equivocou a pomba.
Se equivocava.
Queria ir ao norte, foi para o sul.
Acreditou que o trigo era água.
Se equivocava.

Acreditava que o mar era o céu;
Que a noite, manhã.
Se equivocava.

Que as estrelas, eram o orvalho;
Que o calor, era a nevada.
Se equivocava.

Que tua saia era tua blusa,
Teu coração, tua casa .
Se equivocava.

(Ela dormiu na praia.
Tu, no alto de um galho.)

UM POETA ARGENTINO

Soneto erótico

Julio Cortazar

A sonnet in a pensive mood.

Para C.C., que paseaba por las calles de Nairobi

Su mono azul le cine la cintura,
le amanzana las nalgas y los senos,
la vuelve um muchachito y le da plenos
poderes de liviana arquitectura.

Al viento va la cabellera oscura,
es toda fruta y es toda venenos;
el remar de sus musclos epicenos
inventa uma fugaz psicultura.

Amazona de mono azul, el arte
la fija en este rito paralelo,
cambiante estela a salvo de mudanza;

viejo poeta, mirala mirarte
con ojos que constelan otro cielo
donde no tiene puerto tu esperanza.

Soneto erótico

Um laço azul lhe cinge a cintura,
Amansando as nádegas e os seios
Numa fileira que lhe dá plenos
Poderes de cristalina arquitetura.

Ao vento a cabeleira escura,
É toda fruta e é toda venenos;
No remar de seus músculos epicenos
Inventa uma fugaz psicultura.

Amazona de laço azul, a arte
A fixa neste rito paralelo,
Estrela mutável sem mudança;

O velho poeta olha, e ao olhar-te,
Com olhos que imaginam outro céu
Aporta onde não tem sua esperança.

Saturday, October 13, 2007

DICKSON OUTRA VEZ

XXIV

Emily Dickson

WHETHER my bark went down at sea,
Whether she met with gales,
Whether to isles enchanted
She bent her docile sails;

By what mystic mooring
She is held to-day,—
This is the errand of the eye
Out upon the bay.


XXIV

SE meu barco foi ao fundo do mar,
Se soçobrou com vendavais,
Ou com ilhas encantadas
Que dobraram seus dóceis marinheiros.

Por qual mística amarração
Ela está presa hoje,
Com este errante olhar
Por fora e acima da baía.

Thursday, October 11, 2007

UMA POESIA DE TELLIER


CUENTO SOBRE UNA RAMA DE MIRTO

Jorge Tellier

Había una vez una muchacha
que amaba dormir en el lecho de un río.
Y sin temor paseaba por el bosque
porque llevaba en la mano
una jaula con un grillo guardián.
Para esperarla yo me convertía
en la casa de madera de sus antepasados
alzada a orillas de un brumoso lago.
Las puertas y las ventanas siempre estaban abiertas
pero sólo nos visitaba su primo el Porquerizo
que nos traía de regalo
perezosos gatos
que a veces abrían sus ojos
para que viéramos pasar por sus pupilas
cortejos de bodas campesinas.
El sacerdote había muerto
y todo ramo de mirto se marchitaba.
Teníamos tres hijas
descalzas y silenciosas como la belladona.
Todas las mañanas recogían helechos
y nos hablaron sólo para decirnos
que un jinete las llevaría
a ciudades cuyos nombres nunca conoceríamos.
Pero nos revelaron el conjuro
con el cual las abejas
sabrían que éramos sus amos
y el molino
nos daría trigo
sin permiso del viento.
Nosotros esperamos a nuestros hijos
crueles y fascinantes
como halcones en el puño del cazador.

CONTO DE UM RAMO DE MIRTA

Era uma vez uma moça
que adorava dormir no leito de um rio.
E sem temor passeava pelo bosque
porque levava na mão
uma jaula com um grilo guardião.
Para esperá-la eu me convertia
na casa de madeira de seus antepassados
erguida às margens de um cinzento lago.
As portas e as janelas sempre estavam abertas,
Porém nos visitava apenas o primo criador de porcos
que nos trazia de presente
preguiçosos gatos
que às vezes abriam seus olhos
para que pudéssemos ver passar por suas pupilas
cortejos de bodas caipiras.
O sacerdote havia morrido
e todo ramo de mirta murchava.
Tínhamos três filhas
descalças e silenciosas como a beladona.
Recolhiam ervas
e nos falavam para dizer
que um ginete as levaria
a cidades cujos nomes nunca conheceríamos.
Mas nos revelaram o conjuro
com o qual as abelhas
saberiam que éramos seus amos
e o moinho
nos daria trigo
sem permissão do vento.
Nós esperamos nossos filhos
cruéis e fascinantes
como falcões na mão do caçador.

Wednesday, October 10, 2007

UM POETA NORTE-AMERICANO

MILL-DOORS

Carl Sandburg

You never come back.
I say good-by when I see you going in the doors,
The hopeless open doors that call and wait
And take you then for--how many cents a day?
How many cents for the sleepy eyes and fingers?


I say good-by because I know they tap your wrists,
In the dark, in the silence, day by day,
And all the blood of you drop by drop,
And you are old before you are young.
You never come back.

from Chicago Poems (1916)


Moinho

Você nunca mais volta.
Eu digo adeus-por lhe ver saindo pelas portas,
Pelas desesperançadas portas abertas que chamam e não esperam
E tento guardar sua imagem-por quantas centenas de dias?
Quantas centenas levarei para esquecer seus olhos e dedos?

Eu digo adeus-porque eu sei que batem seus pulsos,
Na escuridão, no silêncio, dia após dia,
E todo o sangue que cai gota à gota,
E você ficará velha depois de ter sido nova.
Você nunca mais volta.
Obs.: Esperando que a imensa traição não doa muito.

Tuesday, October 09, 2007

UM POETA DO PERU

EL DESTERRADO

Manuel Sforza

Cuando éramos niños,
y los padres nos negaban diez centavos de fulgor,
a nosotros nos gustaba desterrarnos a los parques,
para que viéramos que hacíamos falta,
y caminaran tras su corazón
hasta volverse más humildes y pequeños que nosotros.
Entonces era hermoso regresar!
Pero un día parten de verdad los barcos de juguete,
cruzamos corredores, vergüenzas, años;
y son las tres de la tarde
y el sol no calienta la miseria.
Un impresor misterioso
pone la palabra tristeza
en la primera plana de todos los periódicos.
Ay, un día caminando comprendemos
que estamos en una cárcel de muros que se alejan...
Y es imposible regresar.

O Exilado

Quando éramos crianças,
e nossos pais
nos negavam dez centavos de atenção,
nós gostávamos de nos exilar nos parques,
para que sentissem nossa falta,
e nos procurassem com o coração apertado
que os tornava mais humildes e pequenos do que nós.
Então era bonito regressar!
Porém, um dia
Partem de verdade os barcos de brinquedo,
Cruzamos corredores, vergonhas, anos
e são três da tarde
e o sol não aquece a miséria.
Um impressor misterioso
põe a palavra tristeza
na primeira página de todos os jornais.
E, um dia andando, nós compreendemos
que estamos numa cadeia de paredes que se afastam...
E é impossível regressar.

Monday, October 08, 2007

UM POETA CHILENO

Siempre el adiós

Gonzalo Rojas

Tu llorarás a mares
três negros dias, ya pulverizada
por mi recuerdo, por mis ojos fijos
que te verán llorar detrás de las cortinas de tu alcoba,
sin inmutarse, como dos espinas,
porque la espina es la flor de la nada.
Y me estarás llorando sin saber por qué lloras,
sin saber quién se há ido:
si eres tu, si soy yo, se el abismo es um beso.
Todo será de golpe
como tu llanto encima de mi cara vacía
Correrás por las calles. Mi mirarás sin verme
en la espalda de todos los varones que marchan al trabajo.
Entrarás em los cines para oírme en la sombra del murmullo. Abrirás
la mampara estridente: allí estarán las mesas esperando mi risa
tan ronca como el vaso de cerveza, servido y desolado.

Sempre o adeus

Tu chorarás mares
três negros dia, já pulverizada
por minha lembrança, meus olhos fixos
que te verão chorar por trás das cortinas de tua alcova,
sem perturbar-se, como dois espinhos,
porque o espinho é a flor do nada.
E tu estarás chorando sem saber porque choras,
sem saber quem se foi:
se fostes tu, se sou eu, se o abismo é um beijo.
Tudo será um sopro
como teu pranto sobre meu rosto vazio
Correrás pelas ruas. Me olharás sem me ver
no espaldar de todos os homens que marcham para o trabalho.
Entrarás nos cinemas para me ouvir na sombra do murmúrio. Abrirás
o biombo estridente: lá estarão as mesas como a esperar meu riso
tão vazias como o copo de cerveja, servido e desolado.

Sunday, October 07, 2007

OS SONS DO MUNDO


A BANDA

O tinir dos metais estreita o mundo.
A banda, num passo marcial,
Arrasta a turba pelos quarteirões.
Irresistível
Na cadência rítmica do hino dos dementes.
Vamos em frente- diz o clarinete
O trombone estronda:
- Vamos em frente!
Logo o tambor propaga:
-Vamos em frente.
E a banda toda ataca:
-Vamos em frente!
E os idiotas todos, sem reflexão,
Seguem felizes para ser bucha de canhão!
(Do livro "Viagem aos Sonhos de Ninguém").

Friday, October 05, 2007

UM POETA DO PARAGUAI


HAY VECES...

Roque Vallejos


para Augusto Roa Bastos

Hay veces en que nadie
recuerda
que existimos;
que La vida se encoge
y nos aprieta,
y que es difícil despertar
cada mañana
la sangre en nuestras venas.

Días de conservar
el esqueleto, doblados hacia adentro,
y de llorar a oscuras
sobre estos mismos huesos,
de usar la propia piel
como mortaja, y decirle
a la vida que no estamos
y que vuelva otro día.

HÁ VEZES...

Há vezes em que nada
recorda
que existimos;
que a vida se encolhe
e nos aperta,
e que é difícil despertar
cada manhã
o sangue em nossas veias.

São dias de conservar
o esqueleto, voltados para dentro,
e chorar no escuro
sobre estes mesmos ossos,
de usar a própria pele
como mortalha, e dizer
à vida que não estamos
e que volte um outro dia.

Wednesday, October 03, 2007

AINDA KENNETH KOCH

Paradiso

Kenneth Koch

There is no way not to be excited
When what you have been disillusioned by raises its head
From its arms and seems to want to talk to you again.
You forget home and family
And set off on foot or in your automobile
And go to where you believe this form of reality
May dwell.
Not finding it there, you refuse
Any further contact
Until you are back again trying to forget
The only thing that moved you (it seems) and gave what you forever will have
But in the form of a disillusion.
Yet often, looking toward the horizon
There—inimical to you?—is that something you have never found
And that, without those who came before you, you could never have imagined.
How could you have thought there was one person who could make you
Happy and that happiness was not the uneven
Phenomenon you have known it to be?
Why do you keep believing in this
Reality so dependent on the time allowed it
That it has less to do with your exile from the age you are
Than from everything else life promised that you could do?

Paraíso

Não há nenhuma maneira de não ser excitado
Quando o que lhe desiludiu volta a dominar sua cabeça
Seus braços e parece querer lhe falar outra vez.
Então se esquece da casa e da família
E mete o pé no acelerador de seu automóvel
E vai onde acredita encontrar a forma de realidade
Que pode perdurar. Não encontrando lá, se recusa
A promover qualquer contato
Até que volte a experimentar um meio de esquecer
A única coisa que lhe moveu (parece) e lhe deu o que sempre teve vontade de ter,
Mas é uma forma de desilusão.
Então frequentemente, olhando para o horizonte
Lá-inimigo seu? – está alguma coisa que nunca encontrou
E isto, sem que aqueles que vieram antes, jamais pudessem ter imaginado.
Como poderia ter pensado haver uma pessoa que lhe poderia fazer
Feliz e essa felicidade fosse tão desigual
Fenômenos sabe como são? Porque então acreditar que a realidade se mantém
Dependendo da permissão do tempo.
Há muito menos para fazer com seu exílio com a idade que tem
Do que de todas as coisas que a vida prometeu que poderia fazer?

Tuesday, October 02, 2007

UM OUTRO KENNETH


Variations On A Theme By William Carlos Williams

Kenneth Koch

1

I chopped down the house that you had been saving to live in next summer.
I am sorry, but it was morning, and I had nothing to do
and its wooden beams were so inviting.

2
We laughed at the hollyhocks together
and then I sprayed them with lye.
Forgive me. I simply do not know what I am doing.

3
I gave away the money that you had been saving to live on for the
next ten years.
The man who asked for it was shabby
and the firm March wind on the porch was so juicy and cold.

4
Last evening we went dancing and I broke your leg.
Forgive me. I was clumsy and
I wanted you here in the wards, where I am the doctor!

Variações de um tema por William Carlos Williams
1
Eu coloquei abaixo a casa que você vinha guardando para viver no próximo verão.
Eu sinto muito, mas era manhã, e não tinha nada para fazer
e suas toras de madeira eram muito convidativas.
2
Nós vamos rir com as flores abertas em conjunto
e então as pulverizarei com fertilizantes.
Perdoa-me. Eu simplesmente não sei o que estou fazendo.

3
Eu doei o dinheiro que você estava guardando para viver os próximos dez anos.
O homem que me pediu era muito maltrapilho
e o vento de março na varanda da empresa estava assim gostoso e frio.

4
Na última noite estivemos dançando e eu quebrei seu pé.
Perdoa-me. Eu sou desajeitado e
Procurava ter você aqui no pátio, onde eu sou o doutor!

UM POETA AMERICANO

Confusion

Kenneth Rexroth

I pass your home in a slow vermilion dawn,
The blinds are drawn, and the windows are open.
The soft breeze from the lake
Is like your breath upon my cheek.
All day long I walk in the intermittent rainfall.
I pick a vermilion tulip in the deserted park,
Bright raindrops cling to its petals.
At five o'clock it is a lonely color in the city.
I pass your home in a rainy evening,
I can see you faintly, moving between lighted walls.
Late at night I sit before a white sheet of paper,
Until a fallen vermilion petal quivers before me.

Confusão

Eu passo na sua casa num lento e avermelhado fim de tarde,
As persianas estão caídas e as janelas, abertas.
A suave brisa vinda do lago
É como sua respiração sobre meu peito.
Durante o dia inteiro caminhei na chuva que caía intermitente.
Eu escolho uma tulipa vermelha no parque deserto,
Brilhantes pingos de chuva repousam nas suas pétalas.
Às cinco horas há só uma cor na cidade.
Eu passo na sua casa na noite chuvosa,
Eu posso vê-la fracamente, movendo-se entre as paredes iluminadas.
Tarde na noite me sentarei diante de uma folha branca de papel,
Até a pétala vermelha cair estremecendo antes de mim.

Monday, October 01, 2007

MAIS QUE MODERNO

Transitional

William Carlos William

First he said:
It is the woman in us
That makes us write--
Let us acknowledge it--
Men would be silent.
We are not men
Therefore we can speak
And be conscious(of the two sides)
Unbent by the sensual
As befits accuracy.

I then said:
Dare you make this
Your propaganda?

And he answered:
Am I not I--here?

(from The Tempers, 1913)

Transicional

Primeiro ele disse:
É a mulher em nós
Que nos faz escrever
-Devemos reconhecer isto-
Os homens podem ser silenciosos.
Nós não somos homens
Logo nós podemos falar
E ser conscientes(dos dois lados)
Descolados pelo sensual
Como desajustados na exatidão.

Eu disse então:
O desafio a fazer
Sua propaganda?

E ele respondeu:
Sou eu não sou eu-aqui?

MULHER FLOR

Alba

Ezra Pound

As cool as the pale wet leaves
of lily-of-the-valley
She lay beside me in the dawn.

Alva

Tão fresca quanto as pálidas folhas molhadas
dos lírios do vale
Ela ficou a meu lado no alvorecer.

Sunday, September 30, 2007

UM POETA NORTE-AMERICANO

“Merely to walk..”

Cid Corman

Merely to walk
on a cold clear day
quick together

makes me want to cry
Here we are!-but
I realize that

each of us knows
in his own silence
how much each knows.

Simplesmente andar

Simplesmente andar
sobre um claro dia frio
ligeiros em conjunto

desperta o desejo de gritar
aqui estamos nós!-mas
Eu penso

que cada um de nós
em nosso próprio silêncio
sabe o quanto sabe.

Tuesday, September 25, 2007

UMA POETISA DO EQUADOR


INSTANTES

Ivonne Zuñiga

me invade una horda incontenible
pausada

mis brazos se adhieren a tu piel
lenta serpiente
irreversible fuerza
me conduce lerdamente a tu interior
a ese espacio roto del pecho
donde el único habitante gime y se contrae.

INSTANTES

Me invade uma horda incontida
pausada
meus braços se aderem a tua pele
lenta serpente
irreversível força
me conduz lentamente ao teu interior
a este espaço roto do peito
onde o único habitante geme e se contrai.

Monday, September 24, 2007

NAVEGAR...NAVEGAR...

A agricultura do desejo

É preciso sentir novamente
a velha sensação de arrepio
a volta do desejo transparente,
forte e arrebatado.

É preciso, para que não me persigam
as lembranças inúteis
ou a tristeza de saber que o tempo presente
tende a se perder sem a ternura de um beijo
sem a paixão, a emoção, o sabor que a bebida,
a comida e a vida exige, requer,
e deve ter,
um corpo de mulher.


È preciso que siga a intuição
me perdendo em bocas, bicos, seios,
em pernas, seivas e gostos
para sentir calor e desejo
embora sendo só a ilusão
de que o amor seja possível de se recuperar
longe da pessoa que se ama
em outras terras e camas.

No momento preciso que haja todo um sentir,
toda uma continuidade da carne
como se houvesse um sacrifício
capaz de saciar o amor com o vício
e o viver com o entorpecimento
dos sentidos.
A incessante necessidade de ser
um homem sem identidade
e sem amarras
me faz, hoje,
um ignorante comedor de uvas
amassando parras
querendo apenas
sentir o gosto do vinho.

UM POETA DA GUATEMALA

Inmolación Espermática

Enrique Noriega

Traídos por una lluvia
De salivas lubricantes
Caen pechos a mi boca y piernas
Y mejillas y caderas u muslos
Y vulvas y suaves pezones y frases
Dichas para el hambre incontenible
De la carne.
El lujurioso Encomendero
Arrasa hembras en su feudal
Dominio de si mismo
Y hay después
De tan abrupta molicie
Este enseñoramiento del pecado
Que aclara e vivifica las ideas
Razones sólo para la yesca
de la sangre


Imolação Espermática


Trazidos por uma chuva
de salivas lúbricas
caem peitos na minha boca e pernas
mordentes e cadeiras e músculos e
vulvas e mamilos lisos e frases ditas
para a fome incontrolável
da carne.
o luxurioso Encomendeiro
arrasa fêmeas em seu feudal
domínio de si mesmo.
e há, depois de tanta abrupta moleza,
o ensenhoramento do pecado
que aclara e vivifica as idéias
Razões somente para o incendiar
do sangue.