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Há um anjo em mim que toca banjo
Que voa, voa, baila e não tem asas.
Há um anjo em mim que vê nas casas
só prisão
E quer a liberdade, a liberdade, a amplidão
dos campos.
Há um anjo em mim que é um demônio
Que acendeu o fogo no meu coração
E faz da minha vida um inferno
Fingindo-se de doce e terno
Quando somente quer voar liberto
E, eternamente esperto, quer só
Possuir toda mulher.
Há um anjo e um demônio em mim
Que são assim irmãos siameses,
Violentos e corteses,
E se dão as mãos, os pés, o sangue, as veias
E se alimentam com a insofismável aveia
Da sensualidade imaterial da ilusão
E brincam de esconder o que, de fato, são.
2 comments:
Estou aqui, Sílvio, lendo e relendo esse lindo poema, não consigo deixá-lo.
Há outros tantos dentro dele.
Ouço um grito, sinto o lamento.
Sinto a tristeza que anda habitando seus versos.
beijos
P.S. Você é um enorme poeta.
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