Tuesday, April 28, 2009
TUDO É UM CIRCO
VOCAÇÃO
Sei que nunca fui mágico
E que, como equilibrista, me desequilibrei,
Porém, a dançarina era você
Que deslizava com um prazer
Que me fez entrar no circo
Pagando o ingresso da ilusão.
Até ensaiei me sair bem
Brincando com o anão
No círculo de fogo,
Mas, você era uma bala humana
Com um desumano coração
E falhei feio como domador.
A lona incendiou
Sem entender a platéia bateu palmas
Enquanto o empresário fugia com toda a renda
E conta a lenda
Que até hoje vivo
Fazendo papel de palhaço.
Ilustração: http://tetefontestintasepinceis.blogspot.com
ANDRES ELOY BLANCO
SONETO DE LA RIMA POBRE
Andres Eloy Blanco
Me das tu pan en tu mano amasado,
me das tu pan en tu fogón cocido,
me das tu pan en tu piedra molido,
me das tu pan en tu pilón pilado.
Me das tu rancho en tu palma arropado,
me das tu lecho en tu rincón sumido,
me das tu sorbo, a tu sed exprimido,
me das tu traje, en tu sudor sudado.
Me das, oh Juan, tu dame de mendigo,
me das, oh Juan, tu toma de pobrero,
tu clara fe, tu oscuro desabrigo,
y yo te doy, por lo que dando espero,
el oscuro esperar con que te sigo
y el claro corazón con que te quiero.
Soneto da rima pobre
Me dás teu pão na tua mão amassado,
Me dás teu pão em teu fogo cozido,
Me dás teu pão na tua pedra quebrado,
Me dás teu pão no teu pilão pilado.
Me dás teu rancho na tua palma empalmado,
Me dás teu leite em teu seio sumido,
Me dás teu gole, na tua sede espremido,
Me dás teu traje em teu suor suado.
Me dás, ó João, tu me dás de mendigo,
Me dás, ó João, tu tomas de um pobrezinho,
Tua clara fé, teu escuro desabrigo,
E eu te dou, porque dando espero,
Do escuro esperar com que te sigo
E o claro coração com que te quero.
Ilustração: joanalucaspintura.blogspot.com
Sunday, April 26, 2009
MAGRINI
NOTICIA DE ÚLTIMO MOMENTO:
Yanina Magrini
Otra vez un poeta
manifiesta en primera persona
el instante fantástico
de su lirismo.
Quiere morir. Matarse
con una rebanada de pan
o una hoja de lechuga.
Cree que puede irse
y dejar
su pequeño monstruo
afuera.
Notícia de último momento:
Outra vez um poeta
manifesta na primeira pessoa
o instante fantástico
de seu lirismo.
Quer morrer. Matar-se
com uma fatia de pão
ou uma folha alface.
Creio que pode ir se
e deixar
seu pequeno monstro
exterior.
UM POETA CHILENO
RECUERDOS DEL FUTURO
Mario Meléndez
Mi hermana me despertó muy temprano
esa mañana y me dijo
"Levántate, tienes que venir a ver esto
el mar se ha llenado de estrellas"
Maravillado por aquella revelación
me vestí apresuradamente y pensé
"Si el mar se ha llenado de estrellas
yo debo tomar el primer avión
y recoger todos los peces del cielo"
Recordações do futuro
Minha irmã me despertou muito cedo
esta manhã e me disse
“Levanta-te, tens que ver isto
o mar está repleto de estrelas”
Maravilhado por aquela revelação
me vesti apressadamente e pensei
“Se o mar está repleto de estrelas
eu devo tomar o primeiro avião
e recolher todos os peixes do céu”.
Ilustração: www.overmundo.com.br
Tuesday, April 21, 2009
UMA POETISA ARGENTINA
XXIII
Yanina Magrini
Casi que nunca amanece. Como equívoco cierto
nada se desprende de hoy.
Cambiemos noche por diluvio y dejemos el exceso
de lo humano sobre el manifiesto de su luz.
(Le sugiero a tu imbecilidad el instante de un relámpago
el intersticio de su voz).
A veces, un mínimo detalle
suele sanar toda intemperie del mundo.
XXIII
Quase que nunca amanhece. Como equívoco certo
nada se desprende de hoje.
Trocamos a noite pelo dilúvio e deixamos o excesso
do humano sobre o manifesto de sua luz.
(Sugiro à tua imbecilidade o instante de um relâmpago
o interstício de sua voz).
Às vezes, um mínimo detalhe
pode sanar toda a intempérie do mundo.
Ilustração: 3.bp.blogspot.com
UM POETA DE PORTO RICO
IX
Iván Segarra Báez
"El hombre es mortal por sus temores e inmortal por sus deseos"
Pitágoras
Descubrimos que la vida se va asesinando
entre pétalos descalzos y llantos desnudos,
como símbolos desterrados
de pequeñas muertes desoladas y tristes.
El tiempo
va trasnochando horizontes muertos de frío
y todo se acuesta entre la nota absurda
de la sombra en pena de la risa muerta.
Descubrimos que los cuerpos son el cosmos,
un deseo que se retuerce en el mar de la lujuria.
IX
“O homem é mortal por seus temores e imortal por seus desejos”
Pitágoras
Descobrimos que a vida se vai assassinando
Entre pétalas desfolhadas e prantos desnudos,
Como símbolos desterrados
De pequenas mortes desoladas e tristes.
O tempo
Vai desvairando horizontes mortos de frio
E tudo se comprime entre a nota absurda
E a sombra penosa de um riso morto.
Descobrimos que os corpos são o cosmos,
Um desejo que se retorce em um mar de luxúria.
Monday, April 20, 2009
ASSIM É A VIDA...
VALLEJO
Heces
César Vallejo
Esta tarde llueve, como nunca; y no
tengo ganas de vivir, corazón.
Esta tarde es dulce. Por qué no ha de ser?
Viste gracia y pena; viste de mujer.
Esta tarde en Lima llueve. Y yo recuerdo
las cavernas crueles de mi ingratitud;
mi bloque de hielo sobre su amapola,
más fuerte que su "No seas así!"
Mis violentas flores negras; y la bárbara
y enorme pedrada; y el trecho glacial.
Y pondrá el silencio de su dignidad
con óleos quemantes el punto final.
Por eso esta tarde, como nunca, voy
con este búho, con este corazón.
Y otras pasan; y viéndome tan triste,
toman un poquito de ti
en la abrupta arruga de mi hondo dolor.
Esta tarde llueve, llueve mucho. ¡Y no
tengo ganas de vivir, corazón!
Resquícios
Esta tarde chove como nunca, e não
tenho desejo de viver, coração.
Esta tarde é doce. Por que não o seria?
Visão de graça e pena, visão de mulher.
Esta tarde, em Lima, chove. E eu me lembro
das cavernas cruéis da minha ingratidão;
o meu bloqueio de gelo sobre a papoula,
mais forte do que o seu "Não é assim!"
Minhas violentas flores negras; e a bárbara
e enorme pedra, e a maneira glacial.
Posto o silêncio de sua dignidade
com os óleos queimantes o ponto final.
Por isto, esta tarde, como nunca, vou
com este ônibus, com este coração.
E outros passam, e vendo-me tão triste,
tomam um pouquinho de ti
na súbita ruga das profundezas da minha dor.
Esta tarde chove, chove muito. E não
desejo viver, coração!
Ilustrtação: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdD2mLYfZEKNNmBWiTevSnr0f3x66p4vPF2Drdcct3-LbtlImJGcIrMxubxumFMyAJV2b1y5FV07nA5k1OcR3tf_pgJlJJXWIRPtYMJwBxq7Rky7UHJxmqUepmCPl34emANqTTIg/s400/momentos.bmp
Saturday, April 18, 2009
DICKINSON
Yesterday is History
Emily Dickinson
Yesterday is History,
'Tis so far away
Yesterday is Poetry
'Tis Philosophy
Yesterday is mystery
Where it is Today
While we shrewdly speculate
Flutter both away
Ontem é História
Ontem é História,
Parece tão longe
Ontem é Poesia
Parece Filosofia
Ontem é mistério
Onde está hoje
Enquanto sabiamente especulamos
Flutuam ambos sempre.
Friday, April 17, 2009
NOVA TRAIÇÃO
L'ETERNITÉ
Arthur Rimbaud
Elle est retrouvée.
Quoi? – L'Eternité.
C'est la mer allée
Avec le soleil.
Âme sentinelle,
Murmurons l'aveu
De la nuit si nulle
Et du jour en feu.
Des humains suffrages,
Des communs élans
Là tu te dégages
Et voles selon.
Puisque de vous seules,
Braises de satin,
Le Devoir s'exhale
Sans qu'on dise: enfin.
Là pas d'espérance,
Nul orietur.
Science avec patience,
Le supplice est sûr.
Elle est retrouvée.
Quoi? – L'Eternité.
C'est la mer allée
Avec le soleil.
ETERNIDADE
De novo me invade.
O quê? - A Eternidade.
É o mar que vai
É o sol que cai.
Alma sentinela
Murmuro um rogo
Da noite que gela
E do dia em fogo.
Dos votos humanos
De comum elã
Criam-se desenganos
No voar da manhã.
De coisa nenhuma
Brasas de cetim
O Dever se esfuma
Sem dizer enfim.
Não há esperança,
Nem orientação.
Ciência com paciência,
O castigo é vão.
De novo me invade.
O quê? - A Eternidade.
É o mar que vai.
É o sol que cai.
Ilustração: Recantodasletras.uol.com.br
Thursday, April 16, 2009
HIKA
Intensidad
Hika
el sol ilumina
ese camino que lleva a mi memoria
espejos brillantes
representan con fuego vivaz
las voces irritadas
de tu nombre dominante
que como piedras gigantes
crean la rebelion de mis sentidos
Intensidade
O sol ilumina
Este caminho que me leva à memória
Espelhos brilhantes
Representam com seu brilho fugaz
As vozes irritadas
De teu nome dominante
Que como pedras gigantes
Criam a rebelião de meus sentidos
NOVAMENTE PIQUERAS
VÍA UNITIVA
Joaquín Piqueras
y sin embargo pongamos que llegas de noche
te acuestas a mi lado
y ofreces tu cuerpo desnudo entre las sábanas
y de repente somos
héroes en nuestro pequeño paraíso nocturno
hecho movimiento perpetuo
susurros gemidos caricias a destiempo
y la mística sensación de deshacerte
en la cama en el espacio
y flotando en la oscuridad:
el rostro esquivo y tierno de dios
VIA ÚNICA
e sem embargo pensemos que chegas de noite
e te encostas do meu lado
e ofereces o teu corpo desnudo entre os lençóis
e de repente somos
heróis em nosso pequeno paraíso noturno
feito movimento perpétuo
sussurros gemidos caricias fora de tempo
e da mística sensação de desacerto
na cama no espaço
e flutuando na escuridão:
o rosto furtivo e terno de Deus
JOAQUIN PIQUERAS
VENTANA INDISCRETA
Joaquín Piqueras
el cielo permanece cubierto
todavía...
algunos transeúntes
caminan lentamente,
con aire distante,
como si no les importara el tiempo
a lo lejos alguien observa
tras el cristal
el mismo cielo cubierto,
los mismos transeúntes...
me pregunto si sentirá
el mismo desconcierto
que yo
Janela indiscreta
O céu permanece encoberto
todavia..
Alguns transeuntes
caminham lentamente
com ar distante
como se não lhes importasse o tempo
À distância alguém observa
por trás dos vidros
o mesmo céu encoberto
os mesmos transeuntes
me pergunto se sentirá
o mesmo desconcerto
que eu
RAFAEL DE DIOS
De roca y arena
Rafael de Dios
Apariencia de gélida roca
en las yemas te vas deshaciendo
de mis dedos. Te abrazo, te tiendo
y me bebo la miel de tu boca.
A mi piel, que, desnuda, te toca
y te abrasa cual cántaro hirviendo,
tú respondes amando y gimiendo
de manera fantástica y loca.
Moriría, cariño, de pena,
en tu cuerpo feliz navegante,
si algún día me fueras ajena.
Que preciso gozar, tierno amante,
de tu cuerpo de roca y arena
como el agua del mar incesante.
De rocha e areia
Aparência gelada de rocha
que em gomos se vai desfazendo
em meus dedos. Te abraço, te tendo
e eu bebo o mel de tua boca.
Minha pele, que, nua, te toca
e te abraça qual cântaro fervendo
tu respondes amando e gemendo
de maneira fantástica e louca.
Morreria, querida, de tristeza,
em teu corpo feliz navegante
se um dia ficasse alheio à tua beleza. .
Que preciso gozar, terno amante
de teu corpo de areia e dureza
como a água do mar incessante.
Ilustração: Cundo Bermundez, Mujer peinando su amante
Wednesday, April 15, 2009
IDEA VILARIÑO
UN HUÉSPED
Idea Vilariño
No sos mío
no estás
en mi vida
a mi lado
no comés en mi mesa
ni reís ni cantás
ni vivís para mí.
Somos ajenos
tú
y yo misma
y mi casa.
Sos un extraño
un huésped
que no busca no quiere
más que una cama
a veces.
Qué puedo hacer
cedértela.
Pero yo vivo sola.
Um hóspede
Não és meu
não estais
em minha vida
ao meu lado
não ries nem cantas
nem vives para mim.
Somos estranhos
tu
e eu mesma
e a minha casa.
És um estranho
um hóspede
que não busca nem quer
mais que uma cama
às vezes.
Que posso fazer?
Ceder-te.
Porém, eu vivo só.
Ilustração: http://1.bp.blogspot.com/_c-eQLFG2D3Y/ScMBdNujUCI/AAAAAAAAADg/9QnlqSgYoJY/s320/sozinha.png
Tuesday, April 14, 2009
FÉ
At the Gate of the Year
by Minnie Louise Harkins
I said to the man who stood at the gate of the year
‘Give me a light that I may tread safely into the unknown.’
And he replied,
‘Go into the darkness and put your hand into the hand of God
That shall be to you better than light and safer than a known way!’
So I went forth and finding the Hand of God
Trod gladly into the night
He led me towards the hills
And the breaking of day in the lone east.
So heart be still!
What need our human life to know
If God hath comprehension?
In all the dizzy strife of things
Both high and low,
God hideth his intention.”
No portão do ano
Eu disse ao homem que ficava no limiar do ano
‘Dê-me uma luz para que possa pisar com segurança no desconhecido.’
E ele respondeu:
‘Vá para a escuridão e ponha sua mão na mão de Deus
Esta será a melhor luz que pode ter para estar mais seguro do que num caminho conhecido!’
Então fui adiante e encontrando a mão de Deus
Senti um incomparável prazer na noite
Ele me levou pelas montanhas
E me fez ver o amanhecer do dia no leste solitário.
Assim meu coração permanece!
O que necessita nossa vida humana saber
Se Deus nos compreende?
Em todas as lutas e coisas, por mais complicadas,
seja nos altos e baixos,
Deus oculta a suas intenções. "
Sunday, April 12, 2009
NOVAMENTE CARLOS GARGALLO
Callada melodía del coloquio
Carlos Gargallo
Bajo la tormenta que aviva el sortilegio,
sucumbe el silbido animado
de una balada de otro tiempo.
Qué razón de olvido
puede tener este aliento,
este sopor del no querer
por tener que seguir queriendo.
Silenciosamente, tornábase alma
aquella callada melodía del coloquio
entre el yo y el universo.
Era temblor, aún más, proeza
sin posibles palabras.
Tal vez los lentos monosílabos
he de escribir con lágrimas
lo que ayer no supieron las palabras.
A calada melodia do colóquio
Sob a tormenta que aviva o sortilégio,
Sucumbe o tinir animado
De uma balada de outro tempo.
Que razão de esquecimento
Pode ter este alento
Este sopro de não querer
Por ter que seguir querendo.
Silenciosamente, tornando-se alma
Aquela calada melodia do colóquio
Entre eu e o universo.
Era o tremor, ainda mais, proeza
Sem palavras possíveis.
Talvez os lentos monossílabos
Escritos com as lágrimas
Que ontem não saberiam as palavras.
Saturday, April 11, 2009
ALEJANDRA ARQUÉS ARRANZ
“Los celos son, de todas las enfermedades del espíritu, aquella a la cual más cosas sirven de alimento y ninguna de remedio.” Michel Eyquem de Montaigne (1533-1592) Escritor y filósofo francés.
MAS ALLA DE MÍ
Alejandra Arqués Arranz
Más allá de mí
sos el motivo
y
nunca pude explicarme
Tarde
Esta alegría
de extrañarte y pensarte
cada día
de pedirte una sonrisa
una foto
leer el gerundio de tu mano
intentar retener este Amor
que ahora es reflejo
Tarde
Los celos vencieron
y no es tiempo de guardar
si aún confío en el torrente
del poema borboteando
como fiel y creyente
Perderme en cada canto
perderme sin perdón
pederme en silencio
sólo perderme
evitarte cualquier dolor
"O ciúme é de todas as doenças do espírito, aquela a qual mais coisas servem de alimento e nenhuma de remédio”. Eyquem Michel de Montaigne (1533-1592) escritor e filósofo francês.
MUITO ALÉM DE MIM
Muito além de mim
És a razão
E eu nunca poderia explicar.
Esta alegria
De te estranhar e pensar em ti
Cada dia
De te pedir um sorriso
Uma fotografia
Ler o gerúndio de tua mão
Intentando reter este amor
Que agora é só reflexo.
É tarde
Os ciúmes venceram
E não é mais tempo de aguardar
Se ainda confio na corrente
Do poema borbulhando
Como fiel e crente.
Perder-me em cada canto
Perder-me sem perdão
Perder-me em silêncio
Somente perder-me
Evitando-te qualquer dor
Ilustração e poesia original extraída do Site http://poetasdehoy.blogspot.com/
AINDA CARLOS GARGALLO
Ser y estar
Carlos Gargallo
Escribimos lo que somos,
mejor dicho,nos quejamos
escribiendo a lo que hemos llegado.
El viejo dice:
-Ahora que la vejez me llega...
El enamorado:
- Ahora que el amor llega a mi...
El joven:
-Cuando sea viejo me gustaría...
El que perdió el amor:
-Si pudiera encontrarte de nuevo.
¿Somos lo que escribimos
o escribimos lo que somos?
Llegado a este punto,
hay un coctel explosivo
de dudas y certezas,
de verdades y desvaríos.
Solo nos queda pensar:
Soy, estoy
y no es poco.
Ser e estar
Escrevemos o que somos,
melhor dito, nos queixamos
escrevendo ao que temos chegado.
O velho diz:
-Agora que a velhice me chega...
O enamorado:
-Agora que este amor chegou a mim...
O jovem:
-Quando for velho gostaria...
O que perdeu o amor:
-Se pudesse te encontrar de novo.
Somos o que escrevemos
ou escrevemos o que somos?
Chegado a este ponto
há um coquetel explosivo
de dúvidas e certezas,
de verdades e desvarios.
Só nos resta pensar:
Sou, estou
e não é pouco.
UM POETA ESPANHOL CONTEMPORÂNEO
Tu secreto
Carlos Gargallo
Tú te conoces, dices,
no quieres
que nadie sepa de tus asuntos,
pero hay cosas que se tienen que saber,
milagros producidos dentro de ti,
suspiros de los que vas dejando por los rincones
y luego, veloz, recoges, archivas muy bien
para seguidamente
esconder bajo la cama.
Tú dices que conoces el como y el porqué
de tanta insistencia en cubrirte el corazón,
pero el corazón, está para vivir intensamente,
no para desterrarlo junto con no sé cuantos más asuntos.
Un oscuro secreto, nunca puede ser tan lóbrego
como para dejar de respirar de repente.
Hoy, voy a desvelar lo indesvelable,
tu enfermedad tiene nombre,
uno que se conoce desde siempre.
Amor, amor y nada más que eso.
Teu segredo
Tu te conheces, dizes,
Não queres
Que ninguém saiba de teus assuntos,
Porém há coisas que se tem de saber,
Milagres produzidos dentro de ti,
Suspiros dos que vão deixando pelos rincões
E logo, veloz, recolhes, arquivas muito bem
Para seguidamente
Esconder debaixo da cama.
Tu dizes que conheces o como e o porquê
De tanta insistência em cobrir teu coração,
Porém, o coração está para viver intensamente,
Não para desterrá-lo junto com não sei quantos mais assuntos.
Um obscuro segredo nunca pode ser tão tenebroso
Como para deixar de respirar de repente.
Hoje, vou revelar o irrevelável,
Tua enfermidade tem nome,
Um que se conhece desde sempre,
Amor, amor e nada mais que isto.
Friday, April 10, 2009
ESTRANHAR É PRECISO
Estranha Poesia
Num certo momento tudo é estranho.
Estranhos são teus filhos.
Estranha tua mulher.
Tua amante, uma estranha.
Tudo estranho como estranho
É o estranho olhar
No estranho rosto
No espelho estranho
Que estranhamente custo a identificar
Como meu.
Estranho como tudo se perdeu
No estranhamento.
Há um breve momento
De reconhecimento na memória
De um passado estranho:
O da minha estranha vida.
E mais estranho por tudo me ser tão familiar
Como se até mesmo o estranhar
Fosse comum.
E, por estranho que pareça,
Não posso continuar:
Até as palavras
Começam a me parecer estranhas.
Ilustração: http://www.popimages.blogger.com.br/05-12-07_1847.jpg
ÓTICAS
PREGUIÇA PARA QUE TE QUERO
Thursday, April 09, 2009
NAVEGAR É PRECISO
MASCARÓN DE PROA
Gisela Galimi
Quiero ser el mascarón de proa
de tu vida.
La que va delante tuyo
auyentando los miedos.
La que no sirve para nada.
Ni timón,
ni vela,
ni viento,
ni ancla.
La que se quiere porque sí.
La inútil que se abraza a tu madera
aún en tiempos de tormenta.
Carranca
Eu quero ser a carranca
da tua vida.
Que vai na frente tua
Afugentando os medos.
O que não serve para nada.
Nem leme,
nem vela,
nem vento,
nem âncora.
A que se quer porque sim.
A inútil que se abraça à tua madeira
mesmo nas piores tempestades.
ABRIL
MI POEMA DE ABRIL
Ramon de Almagro
Picoteando la cáscara
de algún viejo recuerdo
con la lluvia de Abril
nacerá mi poema
le pondré mil colores
los más puros y claros
una música tenue
y un perfume de nardos.
Como una luciérnaga
brillará titilando
y se irá por los aires
escapando de mi alma
se estirarán mis manos
sin poder alcanzarlo,
se quedarán mis labios
como siempre rogando:
Que una estrella lo guíe
que lo lleve a tu lado,
pues si tú lo encontraras,
y llegas a escucharlo
mi poema de Abril
quizá viva... hasta Mayo.
Meu poema de abril
Descascando as cascas
de algumas velhas memórias
com as chuvas de abril
nascerá o meu poema
Nele porei mil cores
as mais puras e claras
uma música suave
e um perfume nardos.
Como um vaga-lume
brilhará piscando
e irá pelos ares
escapando da minha alma
se esticaram minhas mãos
sem poder alcançá-lo,
se calarão meus lábios
como sempre rogando.
Que uma estrela o guie
que o leve a seu lado,
pois sei que tu o encontrarás,
e ficarás a escutar
meu poema de abril
quiçá viva ... até maio
Ilustração: Foto da Folha de Vitória
IDEA VILARIÑO
LO QUE SIENTO POR TI
Idea Vilariño
Lo que siento por ti es tan difícil.
No es de rosas abriéndose en el aire,
es de rosas abriéndose en el agua.
Lo que siento por ti. Esto que rueda
o se quiebra con tantos gestos tuyos
o que con tus palabras despedazas
y que luego incorporas en un gesto
y me invade en las horas amarillas
y me deja una dulce sed doblada.
Lo que siento por ti, tan doloroso
como pobre luz de las estrellas
que llega dolorida y fatigada.
Lo que siento por ti, y que sin embargo
anda tanto que a veces no te llega.
O que sinto por ti
O que eu sinto por ti é tão difícil.
Não é de rosas abrindo-se no ar,
È de rosas abrindo-se na água.
O que eu sinto por você. Isto que roda
ou se quebra com tantos gestos teus
ou que com tuas palavras despedaças
e que logo incorporas num gesto
e que me invade nas horas amarelas
e me deixa uma doce sede dobrada.
O que eu sinto por ti, tão doloroso
como pobre luz das estrelas
que chega dolorida e fatigada.
O que eu sinto por ti, e que sem embargo
anda tanto que às vezes não te chega.
Ilustração: http://4.bp.blogspot.com/
Wednesday, April 08, 2009
RAFAEL ALBERTI
Engano
Rafael Alberti
Alguien detrás, a tu espalda
tapándote los ojos con palabras.
Detrás de ti, sin cuerpo,
sin alma.
Ahumada voz de sueño
cortado.
Ahumada voz
cortada.
Con palabras, vidrios falsos.
Ciega, por un túnel de oro,
de espejos malos,
con la muerte
darás en un subterráneo.
Y alguien detrás, a tu espalda,
siempre.
Engano
Alguém por trás de ti, nas tuas costas,
tapando teus olhos com palavras.
Detrás de ti, sem corpo,
sem alma.
Esfumaçada voz sonho
cortado.
Esfumaçada voz
cortada.
Com palavras, vidros falsos.
Cega, por um túnel de ouro,
de espelhos maus,
com a morte
darás em um subterrâneo
E alguém detrás, sempre nas tuas costas,
sempre.
Ilustração: http://www.caiofabio.com/Arquivo/Image/autoengano.jpg
Tuesday, April 07, 2009
TRAINDO RIMBAUD
Sensation
Par les soirs bleus d’été, j’irai dans les sentiers,
Picoté par les blés, fouler l’herbe menue :
Rêveur, j’en sentirai la fraîcheur à mes pieds.
Je laisserai le vent baigner ma tête nue.
Je ne parlerai pas, je ne penserai pas :
Mais l’amour infini me montera dans l’âme,
Et j’irai loin, bien loin, comme un bohémien,
Par la Nature, - heureux comme avec une femme.
Sensação
Pelas tardes azuis do Verão, irei pelas trilhas,
Cercadas pelos trigais, pisando a erva miúda:
Sonhador, sentirei o frescor nos meus pés
E o vento minha cabeça nua há de deixar banhada.
Não falarei mais, não pensarei mais:
Mas, um amor infinito me invadirá a alma.
E irei longe, bem longe, como um boêmio,
Pela natureza, - feliz como com uma mulher.
Ilustração: fiossoltos.blogspot.com/2008_08_01_archive.html
Sunday, April 05, 2009
NOITES..ESTRELAS...
DISTANTE
O teu corpo não tem explicação possível!
Ceú,estrela, mar,canção,doçura.
Paixão extrema, extrema amargura.
Realidade e meu sonho impossível.
O teu corpo, decerto, é invisível!
Afinal somente o vejo quando sonho
E desperto infeliz e tão tristonho
De que na luz não seja mais visível.
O teu corpo, que é um mundo de promessas,
Somente em fotos tem cores expressas,
Pois, mal o procuro perde toda cor.
Ai!Pobre de mim, infeliz e triste amante,
Condenado a ter somente tão distante
Toda a beleza de meu grande amor.
De Imagens da Incerteza
Ilustração: http://www.becodocrime.net/imagens/foto%20dominio%20mulher%20corpo.jpg
Saturday, April 04, 2009
SANDBURG
GYPSY
Carl Sandburg
I asked a gypsy pal
To imitate an old image
And speak old wisdom.
She drew in her chin,
Made her neck and head
The top piece of a Nile obelisk
and said:
Snatch off the gag from thy mouth, child,
And be free to keep silence.
Tell no man anything for no man listens,
Yet hold thy lips ready to speak.
Cigana
Perguntei a uma amiga cigana
Como imitar uma antiga imagem
E falar com a velha sabedoria.
Ela desenhou seu queixo,
Fez a sua cabeça e pescoço
O topo de uma peça de um obelisco de Nilo
e disse:
Joga fora o truque da tua boca, criança,
E seja livre para manter o silêncio.
Não diga nada que escute de ninguém,
Mas mantém teus lábios prontos para falar.
YEATS
Death a poem
by William Butler Yeats
Nor dread nor hope attend
A dying animal;
A man awaits his end
Dreading and hoping all;
Many times he died,
Many times rose again.
A great man in his pride
Confronting murderous men
Casts derision upon
Supersession of breath;
He knows death to the bone
Man has created death.
Morte, um poema
Nem temor nem esperança atendem
Um dos animais mortos;
Um homem aguarda o seu fim
Receando e esperando por todos;
Muitas vezes ele morreu,
Muitas vezes renasceu.
Um grande homem no seu orgulho
Briga assassinando homens
Expressa sua irrisão
Mediante a supressão do ar,
Ele conhece a morte pelo osso
O homem criou a morte.
Friday, April 03, 2009
MACHADO
LA PLAZA
Antonio Machado
La plaza tiene una torre,
la torre tiene un balcón,
el balcón tiene una dama,
la dama una blanca flor.
Ha pasado un caballero,
-¡quién sabe por qué pasó!-
y se ha llevado la plaza
con su torre y su balcón,
con su balcón y su dama,
su dama y su blanca flor.
A PRAÇA
A praça tem uma torre,
a torre tem um balcão,
o balcão tem uma dama,
a dama tem uma flor.
Ali passou um cavalheiro
-quem sabe por que passou-
E foi embora com a praça
com sua torre e seu balcão,
com seu balcão e sua dama,
sua dama e sua branca flor.
UM POETA ARGENTINO
EN TUS BRAZOS
Germán Verdialis
Mamita, mamita,
si tú fueses árbol,
tu hijito en tus ramas
quisiera ser pájaro.
Si tú fueses río
que al mar va cantando,
tu hijito en tus aguas
quisiera ser barco.
Mamita, mamita,
si fueses un río
o fuese un árbol,
tú me acunarías
igual en tus brazos.
NOS TEUS BRAÇOS
Mamãezinha, mamãezinha
Se tu fosses uma árvore
Seu filhinho em teus ramos
Quisera ser pássaro.
Se fosses um rio
Que ao mar vai cantando,
Teu filhinho em tuas águas
Quisera ser um barco.
Mamãezinha, mamãezinha,
Se fosses um rio
Ou se fosses uma árvore
Tu me agasalharias
Igual em teus braços.
Ilustração: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXctAkwmniITi5N1m7vTQKlpPWNIMsYagelU9iE_v1FAzGJHHVRXEmj20oddPXrPC-b0czF_l2ihDKlMhJC9ap9cM5ZXxwVTxAG_RK0GmCFSc7EvThpvC_NhaTIePha0OJ9dav/s400/beb%C3%AAnasm%C3%A3os.jpg
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