Monday, August 31, 2015

Canção do amor que há de acontecer



Traz o teu corpo suave, doce, perfumado
para rasgar as águas da paixão que se agiganta,
num trabalho árduo e vagaroso, até acalmar a desabrochada flor do desejo.
Traz a feroz mansidão de tua boca, que por tudo passeia e colhe,
sorvedouro de líquidos e peles, ignorante de tudo
que não seja um desejo insano de sabores e doçuras,
uma ilimitada vontade de tudo absorver.
Traz o calor das tuas mãos, que são asas no segredo
do quarto, quando te amo despudorado nas brumas da noite,
com um amor que se estende até o cansaço, à rendição ao encanto do prazer
ou ao sonho verdadeiro de que voei contigo.
Então, como o arco que geme nas cordas de um violino
teu nome há de soar como um hino de vitória do amor
e poderei feliz, se não me fizer eterno, morrer sem nenhuma dor. 

Ilustração: depositphotos 

Uma poesia de Mariana Colomer

Mariana Colomer                                                              

El corazón, cuántas veces extraño,
a la espera de que el amor se revelase.
Fue necesario el deseo de ti
antes de conocerte,
y también la inquietud
de estar sin tu presencia.
Cuando no te busqué, apareciste

O coração, quantas vezes estranho,
A espera de que o amor se revelasse.
Foi necessário o desejo de ti
Antes de conhecer-te,
E também a inquietude
De estar sem tua presenla.
Quando não te busquei, aparecestes.



Uma poesia de Alfonso Brezmes



Muñecas rusas                                               

Alfonso Brezmes

Coge una sierra,
párteme en dos:
dentro estoy yo,
esperando
a que llegues,
y me partas,
y me abras de nuevo,
tantas veces
como haga falta,
cada vez más pequeño,
más yo,
esperándote,
para ver
la cara que pones
cuando llegues al fin
a mi yo más oculto,
y lo mires,
y tenga tu rostro.

Bonecas Russas

Pega uma serra,
parte-me em dois:
dentro estou eu,
esperando
que chegues,
e me partas,
e me abras de novo,
tantas vezes
quanto necessário,
cada vez menor,
mais eu,
esperando-te,
para ver
o rosto que pões
quando chegas ao fim
a mim eu mais oculto,
e o olhes,
e tenha o teu rosto.


Sunday, August 30, 2015

José Ángel Buesa de volta

Discreto amor                                            
José Ángel Buesa

Mi viejo corazón toca a una puerta,
Mi viejo corazón, como un mendigo
Con el afán de su esperanza incierta
Pero callando lo que yo no digo.

Porque la que me hirió sin que lo advierta,
La que sólo me ve como un amigo
Si alguna madrugada está despierta
Nunca será porque soñó conmigo.

Y sin embargo, ante la puerta oscura
Mi corazón, como un mendigo loco
Va a pedir su limosna de ternura.

Y cerrada otra vez, o al fin abierta,
No importa si alguien oye cuando toco,
Porque nadie sabrá cuál es la puerta.

Amor discreto

Meu velho coração toca uma porta,
Meu velho coração como um mendigo
Com o alento de sua esperança incerta
Porém, calando o que eu  não digo.

Porque o que me fere sem que o advirta,
A que só me vê como um amigo
Se em alguma madrugada está desperta
Nunca será porque sonhou comigo.

E, sem embargo, ante a porta escura
Meu coração, como um mendigo louco
Vai pedir a sua esmola de ternura.

E fechada outra vez, ou, ao fim, aberta,
Não importa se alguém ouve quando toco,
Porque ninguém saberá qual é a porta.

Friday, August 28, 2015

Uma poesia de Milena Rodríguez

LA PRINCESA ENCANTADA                                         

Milena Rodríguez

Mis queridos ex príncipes azules:
he perdido así, sin más, vuestra realeza.
Vuestra corona no aparece ya en los mapas
y no encuentro vuestro nombre en los edictos.

Mis queridos ex príncipes azules:
acusadme, si queréis, por mi descuido.
Prendedme, si lo estimáis, en vuestras cárceles,
que ya tampoco os pertenecen.

Mis queridos ex príncipes azules:
os juro que no ha sido intencionado;
mas no os negaré que es un encanto
mirar que vuestro reino se destiñe,
cómo gotea pintura mi corazón.

A princesa encantada

Meus queridos ex-príncipes encantados:
Eu perdi assim, sem mais, sua realeza.
Sua coroa já não aparece nos mapas
e eu não encontro mais seu nome nos editais.

Meu queridos ex-príncipes encantados:
Acusem-me, se quiserem, por meu descuido.
Prendam-me, se desejais, nas suas prisões,
Que, tampouco, já não lhes pertence mais.

Meus queridos ex-príncipes encantados:
Os  juro que não tenha sido mau intencionada;
Mas, não vou negar que é um encanto
Perceber que os seus reinos se descoloriram,
Como goteja uma pintura no meu coração.

Ilustração: depoemaecoracao.blogspot.com




Thursday, August 27, 2015

Uma poesia de Hernando Zamudio

                                                                                                                    BRINDEMOS                                                                                              
Hernando Zamudio                            

Brindemos.

amada mía,Toma la copa y brindemos
por tu ternura, por tu  dulce mirada
que hay en tus ojos hermosos.

Brindemos.

Por esos besos con sabor a dulzura.
por esas caricias que me hacen tocar.
el azul del cielo.

Brindemos.

Por esas palabras de aliento.
cuando mi alma esta triste.
por que secas mis lagrimas.
con tus besos.

Brindemos.

Por estar junto a ti, Por sentir.
que me amas con todas tus fuerzas.
por que me recuerdas que soy tu vida.

Brindemos.
esta tarde mi niña hermosa.
por que sin ti no existiría...

Brindemos

Brindemos.

Amada minha, toma o cálice e brindemos
Por tua ternura, pelo teu doce olhar
Que salta de teus olhos formosos.

Brindemos.

Por estes beijos com sabor de doçura.
Por estas carícias que me fazem tocar
No azul do céu.

Brindemos.

Por estas palavras de alento
Quando minha alma está triste.
Porque secas minhas lágrimas
Com teus beijos.

Brindemos.

Por estar junto a ti. Por sentir
Que me amas com todas as tuas forças.
Porque me recordas que sou tua vida.

Brindemos.
Esta tarde minha menina formosa.
Porque sem ti não existiria...


Ilustração: www.bettyboopstar.com.br

Tuesday, August 25, 2015

HAY DÍAS                                                               

Ana María Ardón

Hay días
que no soporto el mundo.

Y me dan ganas
de bajarme
de una vez por todas
del columpio.

Que el cansancio
me come
y la gente
me pudre el horizonte.

Hay días
en que pienso
si no sería bueno
estallar
reventar
de una maldita vez
eternamente.

Há dias
Há dias
Que não suporto o mundo.

E me dá vontade
de descer,
de uma vez por todas,
do balanço.

Que o cansaço
me vence
e as pessoas
apodrecem o horizonte.

Há dias
em que penso
se não seria bom
explodir
arrebentar
de uma maldita vez
eternamente.
Ilustração: antiguinho.blogspot.com

Monday, August 24, 2015

Uma poesia de Roger Wolfe

 
La energía                                                                

Roger Wolfe

La energía. De dónde saca la gente
la energía. En un mundo secularizado
en el que nadie cree ya en nada.
Pero la gente funciona, y el mundo se mueve y avanza.
Míralos: hacen futin, van de compras,
leen la prensa, ven la tele, siguen las noticias.
Trabajan. Consumen. Se agasajan
con comidas y con cenas, van al cine,
se toman vacaciones, crían a sus proles.
Ríen y lloran y hablan de política o deporte.
Pero cuidado: cuidado con los que no se cansan nunca.
Cuidado con los que nunca tienen frío.
Cuidado con los que tienen coche
y siempre están censados, y acuden a las urnas,
y se abstienen del tabaco y llevan vida sana.
Cuidado con la gente y su energía incombustible.
Cuidado con la masa. Cuidado
con la malvada muchedumbre.
Indefectiblemente, son los que te linchan.

A energia

A energia. De onde tiram as pessoas
energia. Em um mundo secularizado
no qual já não se acredita em nada.
Porém, as pessoas trabalham, e o mundo se move e avança.
Olhe-os: fazem exercícios, vão as compras,
leem jornais, assistem televidão, acompanham as notícias.
Trabalham. Consumem. Se regalam
com almoços e jantares, vão ao cinema,
Tiram férias, criam suas proles.
Riem e choram e falam de política ou esportes.
Porém, cuidado: cuidado com os que não se cansam nunca.
Cuidado com os que nunca têm frio.
Cuidado com o que têm carro
e sempre estão contados, e vão às urnas,
e se abstem de cigarros e levam uma vida saudável.
Cuidado com as pessoas e sua energia incombustível.
Cuidado com a massa. Cuidado
A malvada multidão.
Inevitavelmente, são os que vão te linchar.


Ilustração: www.esoteric.com.br

Saturday, August 22, 2015

Uma poesia de Siracusa Bravo Guerrero

 
MALA                                                                               
Siracusa Bravo Guerrero

Tenías la mala costumbre
de no acabar lo que empezabas.

Supongo que seré la excepción
que confirma la regla.

De un portazo te fuiste esta mañana,
dijiste:
!Ojalá se te pudra el corazón!

Podrida está la manzana
que dejaste ayer a medio comer,

a mí
me comiste entera.

MAU

Tinhas o mau costume
de não acabar o que começavas.

Supunha que seria a exceção
que confirma a regra.

Com barulho te fostes esta manhã,
Dissestes:
Oxalá que te apodreça o coração!

Podre esta a maça
Que deixastes, ontem, metade comida,

a mim
me comestes inteira.

Ilustração: marahagemann.blogspot.com

Friday, August 21, 2015

Uma poesia de Juan Guerrero

ASÍ                                                                                   

Juan Guerrero

Aquí,
en esta noche,
descanso en tu sonrisa,
respiro los caminos que bajan por tu cuello,
me detengo, asombrado, ante tu blanco pecho,
mis labios se entreabren para hablar en silencio,
me alzo hasta tu boca,
en donde los temores se pierden en amores,
desciendo hacia los valles que rozan tus caderas,
asciendo la colina hasta que el viento canta,
regreso a tu sonrisa,
tus manos desbocadas me empujan insolentes,
y desciendo de nuevo,
y moro entre los valles hasta que el cielo gime,
los vientos se desatan;
y entonces yo sonrío
y sobre la colina que se estremece y tiembla
en este interminable verano del olvido
ascienden las estrellas.


Bem

aqui,
nesta noite,
descanso em teu sorriso,
respiro os caminhos que baixam por teu pescoço,
me detenho, assombrado, ante teu branco peito,
meus lábios se entreabrem para falar em silêncio,
me levanto até tua boca,
onde os medos se perdem em amores,
descendo para os vales que roçam teus quadris,
subindo a colina onde o vento canta,
regresso para o teu sorriso,
tuas mãos fugitivas me empurram insolentes,
e descendo de novo,
e moro entre os vales até que o céu geme,
os ventos se desatam;
e, então, sorrio
e sobre a colina que se estrece e treme
neste verão sem  esquecimento
ascendem as estrelas.

Thursday, August 20, 2015

Um poema de Silvia Tomasa Rivera

Silvia Tomasa Rivera                                                          
Hay una niña que llega
a mediosueño
y enciende el quinqué.

Un murmullo de agua horada las paredes
de la casa de adobe.

Al centro está la mesa, y sobre ella
una bandeja de manzanas.

Todos los ojos miran
desde la negrura del campo
a la niña que sale
a sobarse las piernas
bajo la bugambilia.


Há uma menina que chega
meio sonolenta
e acende a lâmpada.

Um murmúrio de água penetra nas paredes
da casa de adobe.

No centro está a mesa, e sobre ela
uma bandeja de maçãs.

Todos os olhos olham
da escuridão do campo
a menina que sai
para esfregar as pernas
sob os buganviles.


Ilustração: www.flickr.com

Wednesday, August 19, 2015

De volta Margareth Atwood

 
THE SHADOW VOICE                     

Margareth Atwood

My shadow said to me:
what is the matter

Isn't the moon warm
enough for you
why do you need
the blanket of another body

Whose kiss is moss

Around the picnic tables
The bright pink hands held sandwiches
crumbled by distance. Flies crawl
over the sweet instant

You know what is in these blankets

The trees outside are bending with
children shooting guns. Leave
them alone. They are playing
games of their own.

I give water, I give clean crusts


Aren't there enough words
flowing in your veins
to keep you going.

A VOZ DA SOMBRA

Minha sombra me perguntou:
O que se passa?

A  lua não é quente
O suficiente para ti?
por que necessitas
do cobertor de outro corpo

cujo beijo é  mofo?

Em redor das mesas de piquinique
as mãos rosadas  sustêm sanduiches
desintegrados pela distância. As moscas
voam sobre a doçura do  instante

Tu sabes o que há nessas  mantas

As àrvores se dobram sob o peso
dos meninos que disparam suas armas.
Deixá-oos em paz. Que joguem
Os seus próprios jogos.

Te dou  água, te dou certezas limpas

Não  há suficientes palavras
flutuando em tuas veias
tanto para manter como para seguir?


Ilustração: joaofarias.wordpress.com