Friday, June 29, 2018

Uma poesia de José María Hinojosa


Pasión sin límites                       
José María Hinojosa

Vuela mi corazón
unido con los pájaros
y deja entre los árboles
un invisible rastro
de alegría y de sangre.

Las gotas de rocío
se helaron en las manos
abiertas y floridas
de los enamorados
perdidos en la brisa.

Vuela mi corazón,
mi corazón atado
con cadenas de estrellas
a la sombra de un árbol
atado con cadenas
y con cantos de pájaros.

PAIXÃO SEM LIMITES

Voa meu coração
unido aos pássaros
e deixa entre as árvores
um invisível rastro
de alegria e sangue.

As gotas de orvalho
se congelaram nas mãos
abertas e floridas
dos amantes
perdidos na brisa.

Voe meu coração
meu coração amarrado
com correntes de estrelas
à sombra de uma árvore
amarrado com correntes
e com cantos dos pássaros.

Ilustração: Descompasso de Pensamentos – Blogger.



Uma poesia de Chiara Moimas


Immergi                                   
 Chiara Moimas
Immergi le tue mani nel mio lago
nuota dentro di me col tuo sapere
vergine sto lottando col tuo drago
non lo vorrei ma grido di piacere.
Veleggia sino a che ti senti pago
quello che vuoi da me tu puoi avere
nei desideri più nascosti indago
immolo la purezza sul braciere.
Quando s’arena stanca la feluca
i fianchi ti riparano dai venti
al tuo volere chino la mia nuca
dolci parole invoco ma non senti.
Non c’è oramai sussurro che t’induca
alla pietà dei miei gravi tormenti.

MERGULHO

Mergulhe as tuas mãos no meu lago
nada dentro de mim com teu saber
virgem estou lutando com teu dragão
não queria, mas, grito de prazer.

Navegue até se sentir satisfeito
o que quiser de mim tu podes ter
nos desejos mais ocultos eu indago
imolo a pureza no braseiro.

Quando o veleiro está cansado
os lados te protegem dos ventos
para o teu desejo dobro minha nuca

palavras doces invoco, mas, não sinto.
Agora não há sussurro para te induzir
para a pena do meu grave tormento.

Ilustração: guiaviajarmelhor.com.br


Uma poesia de Omar Lara


EL ENEMIGO              
Omar Lara

Es cierto que estoy prisionero
de algunas palabras precipitadas
y terribles que proferí
a propósito de alguien.
Alguien con quien
feroces nos herimos
y al que abrazaría de inmediato
si lo tuviera a mi lado.

O INIMIGO

É  certo que estou prisioneiro
de algumas palavras precipitadas
e terríveis que proferi
a proposito de alguém.
Alguém com quem
ferozes nos ferimos
e a quem abraçaria de imediato
se a tivesse ao meu lado.

Ilustração: Skoob.

Uma poesia de Ana Andreevna Achmatova


Poesia dell’ultimo incontro                                                

Anna Andreevna Achmatova

Il petto senza forza raggelava,
eppure leggeri erano i passi
Ho infilato il guanto di sinistra
nel posto della destra.

Sembrava che i gradini fossero tanti,
ma io sapevo che erano soltanto tre!
Nell’autunnale sussurro degli aceri
mi ha chiesto: “Muori con me!
Mi ha ingannato infatti il triste,
incostante, crudele mio destino”.
Gli ho risposto: “Caro, caro!
Anche me ha ingannato. E morirò con te…”
Questo è il canto del nostro ultimo incontro.
Ho guardato la casa buia all’ultimo istante.
Solo nella camera ardevano candele,
di una luce gialla, indifferente.

POESIA DO ÚLTIMO ENCONTRO

O peito sem força congelava,
e ainda leve eram os passos.
Eu coloco a luva esquerda
no lugar da direita.

Parecia que os passos eram tantos,
mas, eu sabia que eram somente três!
No outono num sussurro de bordo
me perguntou: "Morre comigo!
Me enganou, de fato, o triste
inconstante, cruel destino meu".
Eu respondi: "Querida, querida!
Eu também me enganei. E morrerei contigo ... "
Este é o canto do nosso último encontro.
Eu olhei a casa escura no último instante.
No quarto ardendo somente as velas
de uma luz amarela, indiferente.

Ilustração: Mensagens com Amor.

Thursday, June 28, 2018

ESSÊNCIA DO SER


Eu não sou gravata,                                      Mas, você me deu um nó.
Pior.
Nó de marinheiro.
Me contorço inteiro
querendo escapar,
então, me lembro do seu beijo,
do sabor doce, brejeiro,
e vejo
que sou mesmo é uma jabuticaba,
que só vive agarradinho a teu tronco
pronta para amadurecer,
virar suco,
que é a essência do meu ser
e não quero nada mais...

Outra poesia de Óscar Hahn


Escrito con tiza                                         
 Óscar Hahn

Uno le dice a Cero que la nada existe
Cero replica que uno tampoco existe
porque el amor nos da la misma naturaleza

Cero mas Unos somos Dos le dice
y se van por el pizarrón tomados de la mano

Dos se besan debajo de los pupitres
Dos son Uno cerca del borrador agazapado
y Uno es Cero mi vida

Detrás de todo gran amor la nada acecha

ESCRITO COM GIZ

Um diz ao Zero que nada existe
Zero responde que um tampouco existe
porque o amor nos dá a mesma natureza

Zero mais Um somos Dois lhe diz
e eles se vão pelo quadro-negro de mãos dadas

Dois se beijam sob as mesas
Dois são Um perto do quadro apagado 
e um é zero minha vida

Por trás de todo grande amor, o nada ameaça



Ainda outra poesia de Jaramillo


Destiempo
 Enrique Jaramillo                                                                    El amor expira
y renace
cuando irrumpe su tiempo
de ser,
efímera rosa a destiempo
espinas en el tiempo justo:
preludio de trinos
que tendrán otra voz
y nueva substancia
mientras dure la cosecha.

FORA DE HORA

O amor expira
e renasce
quando irrompe seu tempo
de ser,
rosa efêmera, fora de hora
espinhos no momento certo:
prelúdio de cantos
que terão outra voz
e nova substância
enquanto a colheita durar.

Tuesday, June 26, 2018

Mais uma poesia de Enrique Jaramillo


Que yo sea                         
Enrique Jaramillo

Las dudas surgen -trenzadas- de las dudas;
la tenaz certidumbre, del amor.
No dudes más, confía.
Come de mi mano, paloma;
de mi cuerpo, antropófaga.
Aliméntate de mí.
Que yo sea
hostia
consagrada
en tu altar.

Que eu seja

As dúvidas surgem - vencidas - das dúvidas;
a tenaz certeza do amor.
Não duvides mais, confia.
Coma de minha mão, pomba;
do meu corpo, antropofága.
Alimenta-te de mim.
Que eu seja
anfitrião
consagrada
no teu altar.

E, agora, uma poesia de Óscar Hann


Ningún lugar está aquí o está ahí    

Óscar Hahn

Ningún lugar está aquí o está ahí
Todo lugar es proyectado desde adentro
Todo lugar es superpuesto en el espacio

Ahora estoy echando un lugar para afuera
estoy tratando de ponerlo encima de ahí
encima del espacio donde no estás
a ver si de tanto hacer fuerza si de tanto hacer fuerza
te apareces ahí sonriente otra vez

Aparécete ahí aparécete sin miedo
y desde afuera avanza hacia aquí
y haz harta fuerza harta fuerza
a ver si yo me aparezco otra vez si aparezco otra vez
si reaparecemos los dos tomados de la mano
en el espacio
donde coinciden
todos nuestros lugares
  
NENHUM LUGAR ESTÁ AQUI OU ESTÁ LÁ

Nenhum lugar está aqui ou está lá
Todo lugar é projetado de dentro
Todo lugar é sobreposto no espaço

Agora estou lançando um lugar para fora
estou tratando de pô-lo  em cima de lá
em cima do espaço onde não estás
para ver se de tanto se forçar farta de forçar
tu apareces lá sorrindo outra vez

Apareceste lá apareceste sem medo
e desde fora avança para aqui
e faz farta força farta força
para ver se eu apareço outra vez se eu apareço outra vez
se reaparecemos os dois de mãos dadas
no espaço
onde coincidem
todos os nossos lugares

Ilustração: Viagens da Talita.

Monday, June 25, 2018

Uma poesia de León Felipe


Cómo ha de ser tu voz  

León Felipe

Ten una voz, mujer,
que pueda
decir mis versos
y pueda
volverme sin enojo, cuando sueñe
desde el cielo a la tierra…
Ten una voz, mujer,
que cuando me despierte no me hiera…
Ten una voz, mujer, que no haga daño
cuando me pregunte: ¿qué piensas?
Ten una voz, mujer,
que pueda
cuando yo esté contando
las estrellas
decirme de tal modo
¿qué cuentas?
que al volver hacia ti los ojos
crea
que pasé contando
de una estrella
a
otra estrella.
Ten una voz, mujer, que sea
cordial como mi verso
y clara como una estrella.

COMO HÁ DE SER TUA VOZ

Tem uma voz, mulher
que pode
dizer meus versos
e pode
voltar-me sem enfado, quando sonho
do céu para a terra ...
Tem uma voz, mulher
que quando me acordo não me fere ...
Tem uma voz, mulher, que não me faz dano
quando me pergunta: o que você pensa?
Tem uma voz, mulher
que pode
quando estou contando
as estrelas
dizer-me de tal modo
o que conta?
que ao virar até teus olhos
creia
que passei contando
de uma estrela
à
outra estrela
Tem uma voz, mulher, que é
cordial como meu verso
e clara como uma estrela.

Ilustração: Pintarest.

Wednesday, June 20, 2018

TENDÊNCIA PREGUIÇOSA


Não espero que me compreendas                              (me compreender seria um erro irreparável).
Só espero que entendas
que o que tenho de notável
é a minha preguiça e a inconstância,
que me faz ser livre de seguir os comuns.
Sei o quanto deve ser difícil
conviver com a minha lógica torta
e com a minha vontade imensa de nada fazer.
O que pode ser tua mínima recompensa,
podes crer,
é esta minha vontade imensa de te amar
de te querer
contra toda a inércia
que me induz a nada fazer
que só melhora, um pouco,
perto de você.

Uma poesia de Victor Segaten


Éloge du jade                                    
Victor Segalen

Si le Sage, faisant peu de cas de l’albâtre,
vénère le pur Jade onctueux, ce n’est point que
l’albâtre soit commun et l’autre rare: Sachez
plutôt que le Jade est bon,

Parce qu’il est doux au toucher –mais
inflexible. Qu’il est prudent: ses veines sont
fines, compactes et solides.

Qu’il est juste puisqu’il a des angles et ne
blesse pas. Qu’il est plein d’urbanité quand,
pendu de la ceinture, il se penche et touche terre.

Qu’il est musical: sa voix s’élève,
prolongée jusqu’à la chute brève. Qu’il est
sincère, car son éclat n’est pas voilé par ses
défauts ni ses défauts par son éclat.

Comme la vertu, dans le Sage, n’a besoin
d’aucune parure, le Jade seul peut décemment
se présenter seul.

Son éloge est donc l’éloge même de la vertu.

ELOGIO DO JADE

Se o Sábio, com pouca consideração pelo alabastro,
venera a pura jade oleoso, não é só esse ponto
o alabastro é comum e o outro raro: Saber
sabem que o jade é bom,

Porque é suave ao toque-ainda que
inflexível. E prudente: suas veias são
finas, compactas e sólidas.

É justo tenha ângulos e não
não ferem. É tanta sua urbanidade que,
pendurado na cintura, se inclina e toca a terra.

É musical: sua voz se eleva
prolongada até a breve queda.
É sincero, já que seu brilho não se vela
Com seus defeitos nem estes com o seu brilho.

Como a virtude, no Sábio, não requer
nenhum adorno, só o jade pode decentemente
apresenta-se só.

Seu elogio é, portanto, o próprio elogio da virtude.

Ilustração: materialesde.com.

Uma poesia de Benjamin Péret



Allo

Benjamin Péret

Mon avion en flammes mon château inondé de vin du Rhin
mon ghetto d'iris noirs mon oreille de cristal
mon rocher dévalant la falaise pour écraser le garde-champêtre
mon escargot d'opale mon moustique d'air
mon édredon de paradisiers ma chevelure d'écume noire
mon tombeau éclaté ma pluie de sauterelles rouges
mon île volante mon raisin de turquoise
ma collision d'autos folles et prudentes ma plate-bande sauvage
mon pistil de pissenlit projeté dans mon oeil
mon oignon de tulipe dans le cerveau
ma gazelle égarée dans un cinéma des boulevards
ma cassette de soleil mon fruit de volcan
mon rire d'étang caché où vont se noyer les prophèthes distraits
mon inondation de cassis mon papillon de morille
ma cascade bleue comme une lame de fond qui fait le printemps
mon revolver de corail dont la bouche m'attire comme l'oeil d'un puits
scintillant
glacé comme le miroir où tu contemples la fuite des oiseaux mouches de ton regard
perdu dans une exposition de blanc encadrée de momies
je t'aime

ALLO

Meu avião em chamas meu castelo inundado com vinho do Reno
meu gueto de íris negra minha orelha de cristal
minha rocha caindo no penhasco para esmagar o guarda do campo
meu caracol de opala meu mosquito de ar
minha colcha do paraíso meu cabelo de espuma preta
meu túmulo aberto minha chuva de gafanhotos vermelhos
minha ilha voadora minhas uvas turquesa
minha colisão de carros loucos e meu cauteloso canteiro de flores
meu dente-de-leão projetado no meu olho
minha cebola tulipa no cérebro
minha gazela perdida em um bulevar de cinema
meu cassete de sol meu fruto vulcão
minha lagoa escondida rir onde vou afogar os profetas distraídos
minha inundação de groselha minha borboleta de erva de moura
minha cachoeira azul como pano de fundo que faz a primavera
meu revólver de coral cuja boca me atrai como o olho de um poço
cintilante
gelado como o espelho onde você contempla a fuga dos pássaros voa do teu olhar
perdido numa exposição de brancas múmias emoldurada
eu te amo

Ilustração: Helena Kolody.