Sunday, April 06, 2014

Baltasar de Alcázar


Amor, no es para mí ya tu ejercicio

Baltasar de Alcázar

Amor, no es para mí ya tu ejercicio,
porque cosa que importa no la hago;
antes, lo que tu intentas yo lo estrago,
porque no valgo un cuarto en el oficio.

Hazme, pues, por tu fe, este beneficio:
que me sueltes y des carta de pago.
Infamia es que tus tiros den en vago:
procura sangre nueva en tu servicio.

Ya yo con solas cuentas y buen vino
holgaré de pasar hasta el extremo;
y si me libras de prisión tan fiera,

de aquí te ofrezco un viejo, mi vecino,
que te sirva por mí en el propio remo,
como quien se rescata de galera.

O amor já não é para mim seu exercício

O amor já não é para mim seu exercício,
porque coisa que não me importa não o faço;
antes, o que tu intentas, o estrago,
porque pouco valho em tal ofício.

Faz-me, pois, por tua fé, este benefício:
que me soltes e dê o carimbo de pago.
Vergonha é que teus tiros sejam vagos:
procura sangue novo em teu serviço.

Já eu, com as próprias contas e um bom vinho,
folgarei de me mover ao extremo;
e se me livras de prisão tão feroz,

daqui te ofereço um velho, meu vizinho,
que te sirva por mim no próprio remo,
como quem resgata uma galera.

Ilustração: meucantinho34.wordpress.com 


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