Tuesday, April 23, 2019

Outra poesia de Julia Prilutzky


Tú duermes, ya lo sé       
Julia Prilutzky

Tú duermes, ya lo sé.
Te estoy velando.
No importa que estés lejos,
que no escuche
tu cadencia en la sombra;
no importa que no pueda
pasar mi mano sobre tu cabeza,
tus sienes y tus hombros.

Yo estoy velando, siempre.
No importa que no pueda acurrucarme
para que tú me envuelvas sin saberlo,
para que tú me abraces sin sentirlo,
para que me retengas
mientras yo tiemblo y digo simplemente
palabras que no escuchas.
Yo puedo estar tan lejos
pero sigo velando cuando duermes.


TU DORMES, JÁ O SEI

Tu dormes, já o sei.
Te estou velando.
Não me importa que estejas distante,
que não escute
tua cadência na sombra;
não importa que não possa
passar minha mão sobre tua cabeça.
tuas faces e ombros.

Eu estou velando, sempre.
Não importa que não possa me aconchegar
para que me envolvas sem sabê-lo,
para que me abraces sem sentí-lo,
para que retenhas
enquanto tremo e digo simplesmente
palavras que não escutas.
Eu posso estar tão distante,
Porém, sigo velando quando dormes.



Ilustração: Vivendo Bem Feliz.

Uma poesia de Julia Prilutzky


Este amor que se va, que se me pierde          

Julia Prilutzky

Este amor que se va, que se me pierde,
esta oscura certeza de vacío:
mi corazón, mi corazón ya es mío
sin nada que le implore ni recuerde.

De pronto, vuelve a ser un fruto verde
sin madurez, ni aroma en el rocío:
ay del que quiere apresurar su estío,
ay de aquél que lo besa o que lo muerde.

Yo sé que algo persiste, todavía.
Pero no existen ya ni la alegría
ni la embriaguez radiante ni la lumbre

ardiendo en la mirada y en los labios.
Ni exaltación ni búsqueda ni agravios:
apenas una cálida costumbre.

ESTE AMOR QUE SE VAI, QUE ME PERDE

Este amor que vai embora, que me perde,
Esta escura certeza do vazio:
meu coração, meu coração que já é meu
sem nada te implore nem recorde.

De repente, volta a ser um fruto verde
sem estar maduro, nem aroma no orvalho:
aí daquele que quer apressar o seu estio,
aí daquele que o beija ou que o morde.

Eu sei que algo persiste, todavia
Porém, não existe já nem a alegria
nem a embriaguez radiante nem o lume

ardendo no olhar e nos lábios.
Nem exaltação nem busca ou agravos:
apenas um cálido costume.

O humor ácido de Ernest Hemingway



If my Valentine you won’t be…
                    
Ernest Hemingway

If my Valentine you won’t be,
I’ll hang myself on your Christmas tree.

SE MINHA NAMORADA VOCÊ NÃO QUISER SER

Se minha namorada você não quiser ser,
Irei me enforcar na sua árvore de Natal.


Monday, April 15, 2019

De volta Gabriela Mistral


Apegado a mí                 
Gabriela Mistral

Velloncito de mi carne
que en mis entrañas tejí,
velloncito tembloroso,
¡duérmete apegado a mí!

La perdiz duerme en el trigo
escuchándola latir.
No te turbes por aliento,
¡duérmete apegado a mí!

Yo que todo lo he perdido
ahora tiemblo hasta al dormir.
No resbales de mi pecho,
¡duérmete apegado a mí!

APEGADO A MIM 

Carnezinha da minha carne
que em minhas entranhas teci
carnezinha tremendo,
dorme apegado a mim!

A perdiz dorme no trigo
ouvindo-o bater.
Não te turbes com o alento
dorme apegado a mim!

Eu que tudo já perdi
agora tremo até dormir.
Não resvales do meu peito
dorme apegado a mim!

Ilustração: Vegetarimama.


Mais uma poesia de Carlos Bousoño


ELEGÍA                           
Carlos Bousoño

Te he dicho que los hombres no contemplan
el puro río que pasa,
la dulce luz que invade las riberas
cuando fluye hacia el mar el agua casta.

Te he dicho ayer…Y yo veo ahora
fluyendo dulce hacia la mar lejana,
mientras los hombres ciegos, ciegamente
se embisten con furor de piedra helada.

Con desolada luz vas olvidado,
pero yo te contemplo, agua irisada,
silente amigo, y veo mi figura
triste, mirándose en tus aguas.

Amigo solitario:
esto te digo mientras pasas.
Repite luego mi voz triste
allá en las rocas desoladas.

Porque has de ver tierras estériles
y muertos sin remedio ni esperanza.

ELEGIA

Te havia dito que os homens não contemplam
o rio puro que passa
a doce luz que invade os barrancos
quando a água casta flui para o mar.

Te disse ontem ... E eu vejo agora
fluido doce para o mar distante,
enquanto os homens cegos, cegamente
se investem com uma fúria de pedra gelada.

Com a luz desolada és esquecida
porém,  eu te contemplo, água cambiante,
Silencioso amigo, e vejo minha figura
triste, olhando-se em tuas águas.

Amigo solitário:
isto eu te digo enquanto passas.
Repita, então, minha voz triste
além das rochas desoladas.

Porque hás de ver terras áridas
e mortas sem remédio ou esperança.

Ilustração: Folha Carioca.

E, de volta, Jorge Boccanera




NOTICIAS DE UNA MUJER CUALQUIERA

 Jorge Boccanera

Entramos a la pieza casi sin conocernos
sus ojos eran pactos de ternura y violencia
yo la miraba todo el tiempo
habrá pensado en mi cansancio
habrá pensado -está borracho-
habrá pensado en irse pronto
habrá pensado tantas cosas.

Me acerqué a sus dos manos
sin dejar de mirarla
desde mi soledad hasta su boca
habrá pensado en enojarse
habrá pensado “no es un hombre”
habrá pensado ¿en qué quedamos?
habrá pensado tantas cosas.

Cuando entró el sol cuando se fue
desde mi boca hasta su adiós
y aún en el viaje de regreso
habrá pensado tantas cosas
habrá pensado tantas cosas.

NOTÍCIAS DE UMA MULHER QUALQUER

Entramos no quarto quase sem nos conhecermos
seus olhos eram pactos de ternura e violência
eu a olhava todo o tempo
havia pensado sobre meu cansaço
havia pensado-está bêbado-
havia pensado em ir logo embora
havia pensado tantas coisas.

Me acerquei de suas mãos
sem deixar de olhá-la
desde minha solidão até sua boca
havia pensado em enojar-me
havia pensado “não és um homem”
havia pensado onde ficamos?
havia pensado tantas coisas.

Quando entrou o sol quando se foi
desde minha boca até o adeus
e ainda na viagem de regresso
havia pensado tantas coisas
havia pensado tantas coisas.

Ilustração: O Segredo.


Thursday, April 11, 2019

NOITE QUASE COMPLETA

Não há o que dizer, querida.
Que a noite foi boa! Foi.
Que o vinho era excelente. Era.
A comida deliciosa? Sem dúvida.
A conversa encantadora? Demais!
Não, não tenho queixas, não.
Mas, sinceramente, esperava um pouco mais.
Um beijo só foi muito pouco.
E se há um senão, pode ter certeza,
foi que saí lamentando a falta da sobremesa!

Uma poesia de Luis García Montero


El otro espejo                   
Luis García Montero

Te veo conducir
por el camino de la tarde.

Con los ojos clavados
vuelves a tu ciudad
y en la cuneta quedan las desgracias,
los años, los amores
como si fuesen árboles caídos.
Son de hoja perenne, no te engañes.

Envejecer es la costumbre
del rostro que sorprende en las arrugas
su propia identidad,

esa historia dudosa
del delincuente honrado.

Igual que los destinos más vulgares,
el tuyo está en las manchas de mi piel.
Una debilidad con piel de lobo.

Que cada curva salve un precipicio,
no limpia la mirada.
Que no haya más excusas
para justificar la dirección,
tampoco nos condena.

La lentitud y la velocidad
ya no discuten por nosotros
a los dos lados del espejo.

Marcas, herencias, huellas.
Cuando llegues a mí
no estará el corazón.
Estaré yo para pensarlo todo.

O OUTRO ESPELHO

Te vejo dirigindo
pelo caminho à tarde.

Com os olhos fixos
voltas para tua cidade
e no fosso ficam os infortúnios,
os anos, os amores
como se fossem árvores caídas.
São de folhas perenes, não se enganem.

O envelhecimento é o hábito
do rosto que surpreende nas rugas
sua própria identidade,

essa história duvidosa
do criminoso honesto.

Igual aos destinos mais vulgares,
a sua está nas manchas da minha pele.
Uma fraqueza com a pele de um lobo.

Que a cada curva salve um precipício,
não limpa a aparência.
Que não haja mais desculpas
para justificar a direção,
tampouco não nos condena.

A lentidão e velocidade
já não mais discutem por nós
nos dois lados do espelho.

Marcas, heranças, traços.
Quando chegas em mim
não estarão no coração.
Estarei eu para pensar em tudo.

Monday, April 08, 2019

ATROPELADINHO


Meu bem,                                não vou confessar,
que, posso nem fazer,
porém, vivo a imaginar
que estou te lambendo
em lugares tão impuros,
tão secretos e belos,
que só os poetas me entenderão.
Nem posso confessar,
todavia, sinto uma certa agonia,
e tanto prazer,
que, malgrado é dizer,
na minha cabeça ecoa uma canção
e todo o meu corpo treme de prazer:
até o último cabelinho se arrepia!
É verdade, sinto o gosto e a tentação,
de me perder, sem fio, no labirinto,
que mais parece uma caverna,
das tuas pernas.
E beber, criança gulosa,
todo o leite que teus seios
possam ter...
Nada disto acontece.
Quando penso que os deuses
atenderam minha preces,
acordo do sonho
e tu estás distante,
tão distante,
quanto sempre esteve.
Até mais!


Outra poesia de Philip Larkin


GOING                             
Philip Larkin

There is an evening coming in
Across the fields, one never seen before,
That lights no lamps.

Silken it seems at a distance, yet
When it is drawn up over the knees and breast
It brings no comfort.

Where has the tree gone, that locked
Earth to the sky? What is under my hands,
That I cannot feel?

What loads my hands down?

INDO

Há uma noite chegando
Nos campos, uma como nunca se viu antes,
Que não acende nenhuma lâmpada.

Sedosa parece à distância, ainda
Quando ao se desenhar sobre os joelhos e o peito
Não traz conforto.

Para onde foi a árvore que trancou
A terra para o céu? O que está sob minhas mãos?
Que eu não posso sentir?

O que carrega minhas mãos para baixo?

Ilustração: Diário de um vampiro - WordPress.com.

Wednesday, April 03, 2019

Charles de volta




FINISH

Charles Bukowski

We are like roses that have never bothered to
bloom when we should have bloomed and
it is as if
the sun has become disgusted with
waiting

FIM
Nós somos como rosas que nunca se preocuparam em
brotar quando deveríamos ter brotado e
é como se
o sol tivesse ficado enjoado com
a espera


Tuesday, April 02, 2019

Uma revisita ao passado sempre presente



POEMETO DA NECESSIDADE DE TE AMAR

Meu mais forte desejo é mergulhar no profundo mar de teu corpo
para, sem nenhum receio, queimar minhas mãos
colhendo as algas quentes de teus seios
com a mais  irrefreável sofreguidão.
Anseio me perder nas profundezas de teu ventre
para colher, contente, o desaguar do vulcão de prazer
que há de fazer, bem sei, tudo em volta de nós tremer.

Quero mesmo, e a vontade é louca,
buscar sentir na boca o sumo do prazer,
com a alegria de quem sabe
que está sentindo, e chegou, ao ápice do momento de felicidade
e diante da flor do prazer se fez deus em plena realidade do ser humano.

Sonho em te acariciar
nos lugares mais insuspeitos,
e de todos os jeitos,
de tal forma que até o teu dedinho
menos sensível
terá que estremecer sem ter motivo.

Ainda que saiba
que, por mais que fizer,
nada há de saciar
o poço inesgotável da vontade
e, como um guerreiro teimoso,
cujas forças irão minguando
hei de voltar a lutar todo dia
por te dar e obter prazer
enquanto viver,
se Deus não me der o prêmio
de nos teus braços morrer.