Monday, April 15, 2019

Mais uma poesia de Carlos Bousoño


ELEGÍA                           
Carlos Bousoño

Te he dicho que los hombres no contemplan
el puro río que pasa,
la dulce luz que invade las riberas
cuando fluye hacia el mar el agua casta.

Te he dicho ayer…Y yo veo ahora
fluyendo dulce hacia la mar lejana,
mientras los hombres ciegos, ciegamente
se embisten con furor de piedra helada.

Con desolada luz vas olvidado,
pero yo te contemplo, agua irisada,
silente amigo, y veo mi figura
triste, mirándose en tus aguas.

Amigo solitario:
esto te digo mientras pasas.
Repite luego mi voz triste
allá en las rocas desoladas.

Porque has de ver tierras estériles
y muertos sin remedio ni esperanza.

ELEGIA

Te havia dito que os homens não contemplam
o rio puro que passa
a doce luz que invade os barrancos
quando a água casta flui para o mar.

Te disse ontem ... E eu vejo agora
fluido doce para o mar distante,
enquanto os homens cegos, cegamente
se investem com uma fúria de pedra gelada.

Com a luz desolada és esquecida
porém,  eu te contemplo, água cambiante,
Silencioso amigo, e vejo minha figura
triste, olhando-se em tuas águas.

Amigo solitário:
isto eu te digo enquanto passas.
Repita, então, minha voz triste
além das rochas desoladas.

Porque hás de ver terras áridas
e mortas sem remédio ou esperança.

Ilustração: Folha Carioca.

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