Monday, February 21, 2022

Soneto da Limitação do Olhar

 


Eu vejo, e vivo, neste espaço limitado

Em que meus olhos percebem, ou não,

O grande, o pequeno ou o parcelado

Que me ocupa o sentido da visão.

 

Nada além do que pode ser avistado

Existe, fora do olhar, foco do mundo,

Que, no costume, acaba conformado

Comprimindo o abismo mais profundo

 

E reduzindo, estreitando, o ignorado, 

Tento impedir o vetor mais complicado

de sentir que meu olhar é pura areia

 

A embaçar o juízo, raiz do entendimento,

Que mal percebe que, de real, só há o momento,

Uma breve mosca de luz presa na teia. 

Ilustração: Hospedario.com.br. 

 

No comments: