Friday, January 11, 2019

Outra poesia de Laura Wittner


 
No por urbana la luna es menos poderosa        
     
Laura Wittner
     
Últimamente veo desde mi balcón
     algo como una grúa inmensa,
     una viga infernal que, paralela al cielo,
     se encaja entre edificios altos
     como dispuesta a rearmar el panorama,
     delimitada por dos luces fatuas:
     punto rojo en un extremo, y en el otro
     la extrañeza hecha luz: un rectángulo verde
     fluorescente, imposible de entender: de día
     parece una pantalla que proyecta
     en continuado y para nadie, y de noche
     refulge en el centro de su hueco
     evocando desplazamientos mudos
     que hablan de lo difícil que es fijar impresiones.
     Refulge desde allí como un dios verde
     de Philip Dick, con resabios de Lem.


Não é por ser urbana que a lua é menos poderosa.
      
      Ultimamente vejo da minha varanda
      algo como um guindaste imenso
      uma viga infernal que, paralela ao céu,
      cabe entre os edifícios altos
      como disposta a rearrumar o panorama,
      delimitado por duas luzes suaves:
      um ponto vermelho num extremo e, no outro
      a estranheza feito luz: um retângulo verde
      fluorescente, impossível de entender: de dia
      parece uma tela que projeta
      em contínuo e para ninguém, e à noite
      brilha no centro de sua cavidade
      evocando movimentos silenciosos
      que falam sobre como é difícil fixar impressões.
      Brilha de lá como um deus verde
      de Philip Dick, com os restos de Lem.

Ilustração: bruxaguinevere.blogspot.com.

No comments: