Tuesday, January 08, 2019

Uma poesia de Kim Addonizio sobre o ano novo


New Year’s Day                                                                 

Kim Addonizio

The rain this morning falls  
on the last of the snow

and will wash it away. I can smell  
the grass again, and the torn leaves

being eased down into the mud.  
The few loves I’ve been allowed

to keep are still sleeping
on the West Coast. Here in Virginia

I walk across the fields with only  
a few young cows for company.

Big-boned and shy,
they are like girls I remember

from junior high, who never  
spoke, who kept their heads

lowered and their arms crossed against  
their new breasts. Those girls

are nearly forty now. Like me,  
they must sometimes stand

at a window late at night, looking out  
on a silent backyard, at one

rusting lawn chair and the sheer walls  
of other people’s houses.

They must lie down some afternoons  
and cry hard for whoever used

to make them happiest,  
and wonder how their lives

have carried them
this far without ever once

explaining anything. I don’t know  
why I’m walking out here

with my coat darkening
and my boots sinking in, coming up

with a mild sucking sound  
I like to hear. I don’t care

where those girls are now.  
Whatever they’ve made of it

they can have. Today I want  
to resolve nothing.

I only want to walk
a little longer in the cold

blessing of the rain,  
and lift my face to it.

DIA DE ANO NOVO

A chuva esta manhã cai
depois da última da neve

e irá lavá-la. Eu posso sentir o cheiro
da grama de novo, e as folhas rasgadas

sendo pisadas na lama.
Os poucos amores que tive

devem ainda estarem dormindo
na costa oeste. Aqui na Virgínia

ando através dos campos com apenas
algumas vacas novas por companhia.

De ossos grandes e tímidos
elas são como garotas que eu lembro

do colegial, que nunca
falei, que mantinham suas cabeças

abaixadas e seus braços cruzados contra
seus novos seios. Aquelas garotas

terão quase quarenta agora. Como eu,
elas devem às vezes ficar

numa janela tarde da noite, olhando para fora
num quintal silencioso, numa

cadeira de gramado enferrujada vendo as paredes
das casas de outras pessoas.

Elas devem deitar algumas tardes
e chorar muito por quem ousou

tentar torná-las mais felizes,
e me pergunto como suas vidas

as levaram
tão longe sem nunca uma vez

explicar qualquer coisa. Eu não sei
porque eu estou saindo daqui

com meu casaco escurecendo
e minhas botas afundando, chegando

com um som suave de sucção
Eu gosto de ouvir. Eu não me importo

onde essas garotas estão agora.
O que quer que tenham feito

fizeram  o que podiam. Hoje não quero
resolver nadinha.

Eu só quero andar
um pouco mais no frio

abençoar a chuva,
e levantar meu rosto para isto.


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