Ah! Dona mosquinha,
sua mosca tosca,
vem, logo agora,
em plena pandemia
abusar assim
de minha companhia?
Vem, com seu zumbido,
nesta infausta hora
me importunar
como se soubesse
que sem inseticida
não posso te pegar.
Tento te matar,
mas da raquete zomba,
do pano, da toalha,
da mão que
em vão tomba
sem meios de alcançar
essa criaturinha
que, tão rapidinha,
consegue escapar.
Mosca brincalhona
que faz a maior zona
sem em nada alterar
seu voo regular.
Como suportar
essa praga urbana
que, por zombaria,
talvez ironia,
cai devagarinho
e se afoga de mansinho,
sem a menor graça,
na última taça
de meu melhor vinho?
De "Cem Poemas em Cem Dias".
No comments:
Post a Comment