Tuesday, April 28, 2015

O Poema X de Neruda

Poema X                                                                               

Pablo Neruda

Hemos perdido aun este crepúsculo.
Nadie nos vio esta tarde con las manos unidas
mientras la noche azul caía sobre el mundo.

He visto desde mi ventana
la fiesta del poniente en los cerros lejanos.

A veces como una moneda
se encendía un pedazo de sol entre mis manos.

Yo te recordaba con el alma apretada
de esa tristeza que tú me conoces.

Entonces, dónde estabas?
Entre qué gentes?
Diciendo qué palabras?
Por qué se me vendrá todo el amor de golpe
cuando me siento triste, y te siento lejana?

Cayó el libro que siempre se toma en el crepúsculo,
y como un perro herido rodó a mis pies mi capa.

Siempre, siempre te alejas en las tardes
hacia donde el crepúsculo corre borrando estatuas.

Poema X

Nós perdemos ainda este crepúsculo.
Ninguém nos viu esta tarde de mãos dadas
Enquanto a noite azul caía sobre o mundo.

Havia visto desde minha janela
A festa do por do sol nos morros distantes.

Às vezes, como uma moeda
Se acendia um pedaço de sol entre as minhas mãos.

Eu te recordava com a alma apertada
Desta tristeza que em mim conheces.

Então, onde estavas?
Entre que gentes?
Dizendo que palavras?
Por que me vem toda esta vontade de amor de um só golpe
Quando me sinto triste e te sinto distante?

Cai o livro que sempre leio ao crepúsculo,
E, como um cão ferido, roda em meus pés sua capa

Sempre, sempre te afastas nas tardes
Até onde o crepúsculo corre apagando estátuas.  


Ilustração: 2bp.blogspot.com

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