Tuesday, November 22, 2022

Ainda Juan Carlos Abril

 


GALOPE

Juan Carlos Abril

Lejos la extraña luz

que atraviesa la noche, y más extraña

la luz de los poemas, este espacio

tan breve que ilumina

hacia adentro y nos punza.

Como si la distancia

que apenas calculamos,

se desbocara sola

arrastrándonos fuera,

lejos de todo. Lejos.

 

Se parece al deseo

de ser nosotros, sí, nosotros mismos

ahora, mas no hay nada,

no hay almas.

                                 Hay relojes

antiguos con delgadas manecillas

locas, y lentos medallones de oro

prendidos en tu pecho.

Como una inmensidad que nos rodea

sin sentido, a nada nos reduce

y abandona lo suyo.

 

La soledad es ciega y es salvaje.

Sujétate a sus crines despeinadas

y agárrate bien fuerte.

 

GALOPE

 

Longe a estranha luz

que atravessa a noite, e mais estranha

a luz dos poemas, este espaço

tão breve que ilumina

até dentro e nos fere.

Como se a distância

que apenas calculamos,

se desgarrasse solitária

arrastando-nos para fora,

longe de tudo. Longe.

 

Se parece ao desejo

ser nós, sim, nós mesmos

agora, mas não há nada,

não há almas.

                                        Há relógios

antigos com mãos delgadas

loucas e lentos medalhões de ouro

presos no seu peito.

Como uma imensidão que nos rodeia

sem sentido, a nada nos reduz

e nos abandona.

 

A solidão é cega e é selvagem.

Sujeita-te as suas crinas desgrenhadas

e agarra-te bem forte. 

Ilustração: Revista Galileu.

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