GALOPE
Juan Carlos Abril
Lejos la extraña luz
que atraviesa la noche, y
más extraña
la luz de los poemas,
este espacio
tan breve que ilumina
hacia adentro y nos
punza.
Como si la distancia
que apenas calculamos,
se desbocara sola
arrastrándonos fuera,
lejos de todo. Lejos.
Se parece al deseo
de ser nosotros, sí,
nosotros mismos
ahora, mas no hay nada,
no hay almas.
Hay relojes
antiguos con delgadas
manecillas
locas, y lentos
medallones de oro
prendidos en tu pecho.
Como una inmensidad que
nos rodea
sin sentido, a nada nos
reduce
y abandona lo suyo.
La soledad es ciega y es
salvaje.
Sujétate a sus crines
despeinadas
y agárrate bien fuerte.
GALOPE
Longe a estranha luz
que atravessa a noite, e mais
estranha
a luz dos poemas, este
espaço
tão breve que ilumina
até dentro e nos fere.
Como se a distância
que apenas calculamos,
se desgarrasse solitária
arrastando-nos para fora,
longe de tudo. Longe.
Se parece ao desejo
ser nós, sim, nós mesmos
agora, mas não há nada,
não há almas.
Há relógios
antigos com mãos delgadas
loucas e lentos medalhões
de ouro
presos no seu peito.
Como uma imensidão que
nos rodeia
sem sentido, a nada nos
reduz
e nos abandona.
A solidão é cega e é selvagem.
Sujeita-te as suas crinas
desgrenhadas
e agarra-te bem
forte.
Ilustração: Revista
Galileu.
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