Friday, November 25, 2022

Um poema de Dara Yen Elerath

 

THE  WHITE PAWS

Dara Yen Elerath

The fox with broken legs has a gift others do not. He removes his paws and they go walking through the woods at night alone. The paws stop to touch pondwater, to brush a blade of saltgrass. They tap the backs of passing beetles in the dark. At dawn, they return to the fox, whispering of rabbits curled in damp caverns, of green oak leaves and sand. The fox listens carefully; he gleans secrets of the world this way. He learns of the earth without lifting his nose from his long, broken limbs. Always, when the paws return they say we missed you, always he listens. How young, how simple they seem beside his face which is mottled and pocked. He gentles the paws like children. He hopes when he dies they live on without him. When his bones rattle and shake in wind, he hopes the paws walk through autumn leaves, pad softly through newfallen snow. He dreams they will drift across a black lake dappled with rain; that, above it, they’ll rise; they’ll glow like four pale moons.

AS PATAS BRANCAS

A raposa com as pernas quebradas tem um dom que outros não tem. Ela remove suas patas e elas vão andando pela floresta de noite sozinhas. As patas param para tocar a água do lago, para escovar uma folha de capim-salgado. Elas batem nas costas dos besouros que passam no escuro. Ao amanhecer, elas voltam para a raposa, sussurrando de coelhos enrolados em cavernas úmidas, de folhas verdes de carvalho e areia. A raposa ouve com atenção; ela recolhe os segredos do mundo dessa maneira. Ela aprende sobre a terra sem levantar o nariz de seus membros longos e quebrados. Sempre, quando as patas retornam dizem que sentimos sua falta, sempre ela escuta. Quão jovens, quão simples eles parecem ao lado de seu rosto mosqueado e pontiagudo. Ela acaricia as patas como crianças. Ele espera que quando ela morrer elas vivam sem ela. Quando seus ossos chacoalham e estremecem com o vento, ela espera que as patas caminhem pelas folhas de outono, passem suavemente pela neve recém-caída. Ela sonha que elas vão passar por um lago negro salpicado de chuva; que, acima dele, elas se erguerão; elas vão brilhar como quatro luas pálidas.

Ilustração: Wikipédia.

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