Por mais bela que fosse e encantadora
Jamais compreendi seu modo de ser-
Tenho de dizer.
Gostava de frisar que é tolice ler-
Mesmo sendo uma voraz leitora de quadrinhos e bulas de remédios.
Preguiçosa se negava a ir aos museus e exposições
Me explicando que, entre suas noções,
Esteticamente ver palhaços tristes, capas de revistas velhas
E rabiscar corações, por não ter o que fazer,
Eram atividades mais sérias.
Não se cansava de dizer
Que, por hábito e precaução,
Preferia os percevejos e as pulgas
A estar com as pessoas,
Mas ria à-toa-
O que me parecia sempre um sinal de humanidade-
Apesar de sua maldade
Ser evidente
No prazer que sentia
Em matar moscas,
Cortar pernas de aranhas
E sempre fazer carinho nos gatos
Antes de jogá-los pela janela
Com o mesmo prazer
Com que dizia amar a todos os seres.
Que, por hábito e precaução,
Preferia os percevejos e as pulgas
A estar com as pessoas,
Mas ria à-toa-
O que me parecia sempre um sinal de humanidade-
Apesar de sua maldade
Ser evidente
No prazer que sentia
Em matar moscas,
Cortar pernas de aranhas
E sempre fazer carinho nos gatos
Antes de jogá-los pela janela
Com o mesmo prazer
Com que dizia amar a todos os seres.
(De "Águas Passadas" , Per Se Editora, 2013).
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