Sunday, December 22, 2024

Uma poesia de Terrance Hayes

 




New York Poem

Terrance Hayes

In New York from a rooftop in Chinatown

one can see the sci-fi bridges and aisles

of buildings where there are more miles

of shortcuts and alternative takes than

there are Miles Davis alternative takes.

There is a white girl who looks hi-

jacked with feeling in her glittering jacket

and her boots that look made of dinosaur

skin and R is saying to her I love you

again and again. On a Chinatown rooftop

in New York anything can happen.

Someone says “abattoir” is such a pretty word

for “slaughterhouse.” Someone says

mermaids are just fish ladies. I am so

fucking vain I cannot believe anyone

is threatened by me. In New York

not everyone is forgiven. Dear New York,

dear girl with a bar code tattooed

on the side of your face, and everyone

writing poems about and inside and outside

the subways, dear people underground

in New York, on the sci-fi bridges and aisles

of New York, on the rooftops of Chinatown

where Miles Davis is pumping in,

and someone is telling me about the contranyms,

how “cleave” and “cleave” are the same word

looking in opposite directions. I now know

“bolt” is to lock and “bolt” is to run away.

That’s how I think of New York. Someone

jonesing for Grace Jones at the party,

and someone jonesing for grace.

POEMA DE NOVA YORK 

Em Nova York, de um telhado em Chinatown

pode-se ver as pontes e corredores de ficção científica

de prédios onde há mais quilômetros

de atalhos e alternativas do que

há alternativas de Miles Davis.

Há uma garota branca que parece

sequestrada de sentimento em sua jaqueta brilhante

e suas botas que parecem feitas de pele de dinossauro

e R está dizendo a ela eu te amo

de novo e de novo. Em um telhado de Chinatown

em Nova York, tudo pode acontecer.

Alguém diz que "matadouro" é uma palavra tão bonita

para "matadouro". Alguém diz

sereias são apenas mulheres-peixe. Eu sou tão

fodidamente vaidosa que não consigo acreditar que alguém

seja ameaçado por mim. Em Nova York

nem todo mundo é perdoado. Querida Nova York,

querida garota,  com um código de barras tatuado

na lateral do seu rosto, e todo mundo

escrevendo poemas sobre, dentro e fora

dos metrôs, queridas pessoas subterrâneas

em Nova York, nas pontes e corredores de ficção científica

de Nova York, nos telhados de Chinatown

onde Miles Davis está bombando,

e alguém está me contando sobre os contraônimos,

como “cleave” e “cleave” são a mesma palavra

olhando em direções opostas. Agora eu sei

“bolt” é trancar e “bolt” é fugir.

É assim que eu penso em Nova York. Alguém

desejando por Grace Jones na festa,

e alguém desejando por Grace.

Ilustração: Na Janelinha. 

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