Thursday, May 25, 2017

E, mais uma vez, Jorge Cuesta Porte-Peti


De otro fue la palabra antes que mía

Jorge Cuesta Porte-Petit

De otro fue la palabra antes que mía
Que es el espejo de esta sombra, y siente
Su ruido, a este silencio, transparente,
Su realidad, a esta fantasía.

Es en mi boca su substancia, fría,
Dura, distante de la voz y ausente,
Habitada por otra diferente,
La forma de una sensación vacía.

Al fin es la que hoy, obscura y vaga,
Otra prolonga en mí, que no se apaga,
Sino igual a sí misma oye su sombra

Al hallarla en el ruido que la nombra
Y en el oído hacer crecer su hueco
Más profundo cavándose en el eco.

De outra foi a palavra antes que minha

De outro foi a palavra antes que a minha
Que és o espelho desta sombra, e sente
Seu ruído, a este silêncio, transparente,
Sua realidade, a esta fantasia.

É na minha boca sua substância, fria,
Dura, distante da voz e ausente,
Habitada por uma outra diferente,
A forma de uma sensação vazia.

Ao fim, é a que hoje, obscura e vaga,
Outra prolonga em mim, que não se apaga,
Senão igual a si mesma ouve sua sombra

Para encontrá-la  no ruído que a nomeia
E na orelha fazer crescer o seu buraco
Mais profundo ampliando-se no eco.

Ilustração: Pão Diário do Ministério da Palavra. 




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