Friday, January 24, 2025

Uma poesia de Marci Calabretta Cancio-Bello

 


THE HOUSEGUEST   

Marci Calabretta Cancio-Bello

Forgiveness was sitting in your kitchen when you got home, and now rests elbows on the table to watch you reach for a knife. You scrape the papery skin from a ginger root and slice it into thin coins. You think too hard about which mugs to pull from your cupboard: you might reveal too much; should you offer the one with the uncomfortable handle? Water boils. You divide the ginger evenly into both cups and pour. Spoonful of honey. You stir slowly, eyes down as though you might be able to forget. You stir too long. Forgiveness coughs politely, so you turn, place both mugs on the table, sit. Forgiveness leans forward. You lean back. You have forgotten what it is like to live with someone who eats all your cut watermelon, picks clean the skeletal vine of red grapes, shakes water spots onto your bathroom mirror without wiping them away. What thresholds of welcome have you crossed and recrossed? Most mornings, you listen for the body to move through your house and out the door before leaving your bedroom. Most nights, you ghost around each other without speaking. But now, as the rain drizzles into gloaming, you settle into your chairs, inevitable, a cupful of hesitation finally beginning to loosen your tongues

O HÓSPEDE

O perdão estava sentado na sua cozinha quando você chegou em casa, e agora apoia os cotovelos na mesa para ver você alcançar uma faca. Você raspa a casca fina de uma raiz de gengibre e a corta em moedas finas. Você pensa duramente sobre quais canecas tirar do seu armário: você pode revelar demasiado; você deve oferecer uma que tem a alça desconfortável? A água ferve. Você divide o gengibre uniformemente em ambas as xícaras e despeja. Colher de mel. Você mexe lentamente, olhos baixos como se pudesse esquecer. Você mexe por longo tempo. O perdão tosse polidamente, então você se vira, coloca as duas canecas na mesa, senta. O perdão se inclina para a frente. Você se inclina para trás. Você se esqueceu de como é viver com alguém que come toda a sua melancia cortada, colhe as uvas vermelhas e limpa a videira esquelética, joga manchas de água no espelho do seu banheiro sem limpá-las. Quais limites de boas-vindas você cruzou e recruzar? Na maioria das manhãs, você escuta o corpo se mover pela casa e sair pela porta antes de sair do seu quarto. Na maioria das noites, vocês se escondem sem falar. Mas agora, enquanto a chuva cai no crepúsculo, vocês se acomodam em suas cadeiras, inevitável, uma xícara cheia de hesitação finalmente começar a soltura das suas línguas

Ilustração: ArchDaily Brasil.

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