ÚLTIMO AMANECER
González Moreno
"Her bare
feet seem to be saying:
We have come so far, it is over.
Each dead child coiled, a white serpent,
One at each little
Pitcher of milk, now empty."
Sylvia
Plath
No
abras aún la espita.
Espera
a que amanezca. Que la luz
pueda
tocar tu cuerpo cuando llegue.
No
selles todavía
la
puerta. Si es preciso
nos
ahorcaremos con la misma soga,
seremos
blanco de una misma bala
o,
si tú lo prefieres,
nos
beberemos, sorbo a sorbo, el aire.
Pero
aguarda. Muy pronto
la
claridad comenzará a adueñarse
de
la casa. Procura
dejar
el desayuno preparado a los niños
para
que ahí, muy cerca,
no
se note que faltas.
Vierte
en las tazas tu dolor de madre
con
el gesto piadoso de quien se dispone
a
regar ese árbol donde su propia carne
ha
de seguir creciendo.
Espera
a que la luz entre despacio
en
tus ojos. Después
yo
besaré tu carne envenenada,
me
beberé, mezclada con vino, tu saliva.
No
entregues a la noche
tu
cuerpo. Espera: con la claridad
esas
tazas de leche
tendrán
sabor a savia. Y si es preciso
yo
llevaré después tu sombra de la mano
al
otro lado de la casa,
a
ese otro lado donde, ya sin ti,
mañana
-si amanece-
las
ramas de tu miedo y de tu savia
continuarán
creciendo...
Último amanhecer
“Seus
pés
nus
parecem estar dizendo:
Nós
chegamos tão longe, tão longe.
Cada
criança morta enrolada, como uma serpente branca,
De
cada uma, um pouco
Jarro
de leite, agora vazio. "
Silvia Plath
Não
abras ainda a torneira.
Espera
até que amanheça. Que a Luz
Possa
tocar teu corpo quando chegar.
Não
seles, todavia,
a
porta. Se for preciso
nós
enforcaremos com a mesma corda
seremos
alvo de uma mesma bala
ou,
se tu preferes,
beberemos,
gole por gole, o ar.
Porém,
aguarda. Muito em breve
a
claridade começará a assumir
a
casa. Procura
deixar
o café da manhã preparado para as crianças
para
que aí, muito perto,
não
se note que faltas.
Verte
nos copos a tua dor de mãe
com
o gesto piedoso de quem está disposto
a
regar a árvore onde sua própria carne
há
de seguir crescendo.
Espera
até que a luz lentamente
Entre
nos teus olhos. Mais tarde
Eu
beijarei tua carne envenenada,
me
beberei, misturado com vinho, à tua saliva.
Não
entregues à noite
teu
corpo. Espera: com a claridade
Estes
copos de leite
terão
sabor de seiva. E, se for preciso
eu
levarei depois tua sombra pela mão
ao
outro lado da casa,
a
este outro lado, onde, já sem ti,
a
manhã amanhece-
os
ramos de teu medo e de tua seiva
continuarão
crescendo ...
Ilustração:
fractaisdecalu.blogspot.com
Fonte: Extraído do Blog de José Luis Garcia Herrera
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