Tem
horas em que me penso outro,
Que
sou cada vez mais outro mesmo,
E,
no entanto, sou eu aqui, no mesmo canto,
E,
ao mesmo tempo, não me enxergo tanto.
E
me olho no espelho tão vermelho
Quando,
para meu espanto,
Me
dizem que nunca estive tão esverdeado.
Me
sinto inocente, me sinto culpado.
Me
sinto, como o país, desnorteado,
Como
se o futuro me tivesse sido roubado
(e
o futuro, hoje, me parece
mais esfacelado e a cara do passado).
Tento
me recuperar do mal estar-
E
pensar que Freud errou sobre a civilização,
mas,
onde ela está ? Se os símios nos comandam
e
os brucutus que zombam do fato de pensar
vivem
a nos ensinar que é errado
não
bater palmas para os estridentes zurros
que
é a música consensual de toda a manada.
Ah!
Não me pergunte nada.
As
respostas que dei me tornaram o que sou:
um
mágico sem plateia,
um
poeta que somente tem
como
consolação
escrever
para o passado
e
orar para que um dia,
depois
de tanta bizarrice,
o
excesso da bola de neve da tolice
consiga
gerar uma nova civilização
que
possa entender
como
viver cultivando a elegância, a alegria
e o prazer.
Ilustração: zonae.com.br
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