Monday, December 14, 2015

Uma poesia de Silvia Arazi

De harinas y de aromas                                                      
(Para esa mujer, mi madre)

Silvia Arazi

-Cuando mi madre habla de zapallos,
de mazapán, de ollas, de manzanas,
todo se enciende en sus ojitos grises.
Por eso a veces,
le pido que me diga
cómo debo elegir las berenjenas.

“¿Las más sabrosas?”, pregunta, agradecida,
“¡Las de cáscara negra, las pequeñas!”

Ella habla largo
de harinas y de aromas.
(inagotable mujer entre fulgores)
Y luego vuelvo a preguntarle todo,
acerca del perejil, del pan
o de la albahaca.

Lo hago, en verdad, de puro gusto,
para encenderla toda, para que arda.

Porque me gusta ver
cómo se enciende,
por el gusto, nomás, de que me cuente.

De farinhas e aromas

Quando a minha mãe fala de abóboras,
de maçapão, de folhas, de maçãs,
tudo se acende em seus olhinhos cinzentos.
Por isto, às vezes,
Peço-lhe que me diga
Como devo escolher berinjelas.

“As mais saborosas?", pergunta, agradecida,
"As de casca negra, pequenas!"

Ela fala muito
de farinhas e aromas.
(inesgotável mulher entre os brilhos)
E logo volto a perguntar-lhe tudo
Acerca de salsa, de pão
ou do manjericão.

O faço, em verdade, por puro gosto,
para incendiá-la toda, para que arda.

Porque me gosta ver
como se acende,
pelo gosto, não mais, do que me conta.


Ilustração: http://caminhosdagula.com.br/blog/2015/09/09/ervas-temperos-e-sabores/

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