Roberto
Branly
A
veces me pregunto qué tipo de bestia suave,
qué
consumo de piel emponzoñada alimenta
el
péndulo del día, las horas apacibles,
de
costumbres remansadas;
qué
afán que como estrella se congela,
se
va entibiando hasta que el soplo, levemente,
se
diluye en las cenizas.
Pienso
en otras noches, no de tristes remembranzas,
en
que todo era un temblor, un cántico de sangre,
un
volteo apenas de las sábanas,
la
crepitación, el vaho, la densidad oscura y tibia
de
otro cuerpo;
pienso
ya sin la nostalgia,
y
siento que este cálido animal que soy en las raíces,
iba
ya soñando nuevas formas tendidas en la fiebre;
recatadamente,
yo, este breve resplandor de la materia,
quedaba
en sueños, en frenarme, en negar la furia
y
disparar toda aventura, maravilla,
hacia
un laberinto de aguas negras, de estupor,
de
olvido, de penumbra acaso.
Pero
—ya es así—, la triste fiera,
siempre,
desde el fondo,
ruge
en medio del desierto.
Às vezes me pergunto que tipo de animal gentil
Às
vezes me pergunto que tipo de animal gentil,
que
o consumo de pele venenosa alimenta
o
pêndulo do dia, as horas aprazíveis,
de
costumes aquietados ;
que
desejo que como estrela se congela,
e
vai se enfraquecendo até que o sopro, levemente,
se
diluí em cinzas.
Penso
em outras noites, não de tristes lembranças,
em que
tudo era um tremor, uma canção de sangue,
um
girar apenas das folhas,
a crepitação,
o nevoeiro, a densidade escura e quente
de outro
corpo;
penso
já sem nostalgia,
e
sinto que este quente animal que sou nas raízes,
já
estava sonhando com novas formas que encontravam-se na febre;
recatadamente,
eu, neste breve esplendor da matéria,
ficava
em sonhos, a me frear, para negar a fúria
e
disparar toda a aventura, maravilha,
até
um labirinto de águas negras, estupor,
do
esquecimento, de penumbra, por acaso.
Porém,
já é assim – e o animal triste,
sempre,
a partir do fundo,
ruge
no meio do deserto.
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