Wednesday, November 05, 2014

E o sempre eterno Jorge Luis Borges

A un gato 

Jorge Luis Borges

No son más silenciosos los espejos
Ni más furtiva el alba aventurera;
Eres, bajo la luna, esa pantera
Que nos es dado divisar de lejos.
Por obra indescifrable de un decreto
Divino, te buscamos vanamente;
Más remoto que el Ganges y el poniente,
Tuya es la soledad, tuyo el secreto.
Tu lomo condesciende a la morosa
Caricia de mi mano.
Has admitido,
Desde esa eternidad que ya es olvido,
El amor de la mano recelosa.
En otro tiempo estás.
Eres el dueño
De un ámbito cerrado como un sueño.

A um gato

Não são mais silenciosos os espelhos
Nem mais furtiva a manhã aventureira;
És, sob a lua, esta pantera
Que nos é dado divisar de longe.
Por obra indecifrável de um decreto
Divino, te buscamos inutilmente;
Mais remoto que o Ganges e o poente,
Tua é a solidão, teu o secreto.
Teu lombo condescende à amorosa
Carícia de minha mão.
Hás admitido,
Desde esta eternidade que já és esquecimento,
O amor da mão receosa.
Em outro tempo estais.
És o dono
De um espaço fechado como um sonho.


1 comment:

Amalia Grimaldi said...

O que buscamos...