Saturday, September 02, 2023

MANSIDÃO




Até mesmo quando faço um poema-
Em meio ao carnaval que me espera-
Me fantasio de formidável fera
E espero que minhas garras temas,

No entanto do teu corpo é meu temor

Ao vê-lo suado voluptuoso na dança

E ao pensar que, na cama, tuas tranças

Hão de se molhar na febre do amor.


Olhos fechados já o vejo doce, inteiro

Na mansidão de um mar tão perigoso

Naufragarei tão forte, tão fogoso

Sexo afoito por pernas, pelos, cheiros.


Sonho já com ardentes beijos úmidos

Com as mãos perdidas nos achados seios

na procura de um prazer na qual os meios

fará dos vencedores, os vencidos. 


E se o pecado for azul ou cor de rosa,

A luz do desejo, a energia da ação

Hão de fazer da carne a tentação,

refúgio certo do prazer que se goza.


Podes fingir que não és tão manhosa

Sabendo que só procuro os braços teus

para ter o prazer supremo que um deus

No cálice de um mortal em gotas dosa.


E bebo, do teu momento, o auge

Como a bebida mais doce e preciosa

Sorvendo com a língua o doce leite.

Rei, dentro de mim, puro deleite.

 


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