Sunday, March 28, 2010

AMAZÔNICA II



Só a mesma e densa
paisagem
esverdeada e longa
que entra pelos olhos,
pela boca, pela alma
nos assusta e nos acalma
e nos faz pensar
em como somos pequeninos...

com as águas e os peixes
remando
pela correnteza
com uma pressa
que tem tudo de mansidão e de engano.
Penso
como passam os anos
como a vida aqui
parece não passar
e nada neste mundo me importar,
além de sorrir, comer, amar.

Tuesday, March 23, 2010

AMAZÔNICA



Uma natureza tão grandiosa
que nos envolve
numa redoma ilimitada
de àgua e àrvores
de um verde sem fim
que brilha no fim de tarde
como um sol que não arde
e tinge de cor de rosa o mundo
antes que a escuridão
torne o negro profundo
e todas as coisas virem
mistérios e sombras.

Sunday, March 21, 2010

CONHECIMENTO



Flor, sórdida figura do chicote.
Amor, breve ilusão dos homicidas.
Cegam-me as luzes escuras dos archotes;
Paralisa-me a realidade conhecida.

Egoísmo, pétalas que se abrem nas manhãs,
Dinheiro, tola ilusão dos de razão deserdados.
Escorrem-me entre os dedos a tinta vã;
Escapa-me do conrole um papel alado.

Egoísmo e flor, amor e dinheiro, prismas..
As luzes, a realidade, os dedos, um papel,
A tinta, a manhã, archotes, homicidas,
Pétalas, breve,tola, deserdados, ilusão.

Dinheiro e egoismo, amor e flor, ilusão,
Pétalas, tola, manhã, breve, um papel,
A tinta, archotes, homicidas, luzes,
Os dedos, deserdados, a realidade, prismas...

(Do livro Apocalypse, 1982).

Thursday, March 04, 2010

DARIO JARAMILLO AGUDELO



Algun dia

Darìo Jaramillo Agudelo

Algun dia te escribire un poema que no
mencione el aire ni la noche;
un poema que omita los nombres de las flores,
que no tenga jazmines o magnolias.
Algun dia te escribire un poema sin pajaros,
sin fuentes, un poema que eluda el mar
y que no mire a las estrellas.
Algun dia te escribire un poema que se limite
a pasar los dedos por tu piel
y que convierta en palabras tu mirada.
Sin comparaciones, sin metaforas,
algun dia escribire un poema que huela a ti,
un poema con el ritmo de tus pulsaciones,
con la intensidad estrujada de tu abrazo.
Algun dia te escribire un poema, el canto de mi dicha.

Algum dia

Algum dia te escreverei um poema que na
Mencione o ar da noite;
Um poema que omita o nome das flores,
Que não tenha jasmins ou magnolias.
Algum dia escreverei um poema sem pássaros,
Sem fontes, um poema que esconda o mar
E que não olhe para as estrelas.
Algum dia escreverei um poema que se limite
A passar os dedos por tua pele
E que converta as palavras no teu olhar.
Sem comparações nem metáforas,
Algum dia escreverei uma poema que tenha teu pefume,
Um poema com o ritmo de tuas pulsações,
Com a intensidade esmagadora de teu abraço.
Algum dia te escreverei um poema que será meu canto de felicidade.

Wednesday, March 03, 2010

OUTRA VEZ BRANDOLINI


QUELLO CHE NON MERITO

Alessio Brandolini

Dentro di noi ci sono i pali delle luci
e i segnali abbattuti dal freddo polare
mi tendi la mano a uncino e io l’afferro
mi sollevo appena sulla punta dei piedi.

Più in alto trovo la sabbia e l’allegra
fila delle orme degli uccelli: la scrittura
insonne, vibrante nel rosso delle rose
nelle vene che scoppiano sulla fronte
nei segni dell’abbandono, delle spine
e sotto i cavi ghiacci perché uso il male
come un piccone, un martello pneumatico
vado a fondo nella carne (la mia, la nostra)
porto via il fegato, i polmoni, il cuore.

Quello che resta degli occhi.


Aquilo que não mereço

Dentro de nós estão os postes de luz
e as placas abatidas pelo frio polar
me estendes a mão de gancho a que me aferro
mal me erguendo sobre a ponta dos pés.

Mais para o alto encontro a areia e a alegre
fila dos rastros das aves: a escritura
insone, vibrante no rubor das rosas,
nas veias que estouram sobre a testa,
nos sinais do abandono, nos espinhos
e por baixo dos cabos gelados que mal uso
como um picão, um bate-estacas
entrando fundo na carne (na minha, na nossa)
arrancando o fígado, os pulmões, o coração.

O que ainda me resta dos olhos.

MAIS BOCCANERA



Arder

Jorge Boccanera

Cuando nos besamos trituramos un ángel.
Su última voluntad será nuestro deseo.
Tiempo habrá para escupir sus vidrios de colores,
su sombrero de plumas,
barajas manoseadas por tahures y ahora
hay que hacerlo entrar,
ofrecerle licor (que él lee en la oscuridad).
Dirá sus barajitas,
su forma de guiarnos al secreto de la vieja
estación.
Dirá que el vino está hecho de hojas secas,
que puede hacer fuego con tu rostro y el mío.
(Ni un centavo de luz a su trabajo).
Cuando nos besamos desollamos un ángel,
un condenado a muerte que va a resucitar en otras
bocas.
No tengas lástima por él, solo hay que hincar el
diente
y triturar al ángel.
Abrir tus piernas blancas y darles sepultura.

Arder

Quando nos beijamos trituramos um anjo.
Sua última vontade será o nosso desejo.
Haverá tempo para esculpir seus vitrais,
seus chapéus de plumas,
as cartas manuseadas por jogadores e agora há
de fazê-lo entrar,
oferecer-lhe licor (o que ele lê na obscuridade).
Dirá suas banalidades,
sua forma de nos guiar ao segredo da velha
estação.
Dirá que o vinho é feito de folhas secas,
que não pode fazer fogo com o seu rosto e o meu.
(Nem um centavo de luz ao seu trabalho).
Quando nos beijamos desalojamos um anjo,
um condenado a morte que vai ser ressuscitado em outras
bocas.
Não tenhas pena dele, só tens que cravar
os dentes
e triturar o anjo.
Abrir suas pernas brancas e dar-lhe sepultura.

AINDA BOCCANERA



Manual De Los Buenos Modales

Jorge Boccanera

Mis vecinos son sanos,
tienen el paso elástico y recortan el césped los domingos.
Pero yo no conozco a mis vecinos.
Tengo mi casa aquí,
pinte verde la verja, la pared blanca, pero no los conozco.
Los supongo educados,
eso se ve en el moño que corona sus bolsas de basura.
Mis vecinos son sanos,
tienen un perro largo que arrastra las orejas
y un jardín de candados.
Tengo mi casa aquí, puse una piedra, planté una
veranera,
pero no los conozco.
Cada mañana escucho el golpe del periódico contra sus
puertas de metal.
Estoy viendo mi casa: si le prendiera fuego, un curioso
quizá se acercaría.
Pienso en mi casa, tal vez si la quemara
este barrio sería más amable.

Manual dos bons modos

Meus vizinhos são saudáveis,
têm um passo elástico e cortam a grama aos domingos.
Porém, eu não conheço os meus vizinhos.
Tenho minha casa aqui,
a tinta verde da cerca, a parede branca, porém, não os conheço.
Os suponho educados,
isto se percebe no modo como carregam seus sacos de lixo.
Meus vizinhos são saudáveis,
possuem um cachorro grande que arrasta suas orelhas
e um jardim com cadeados.
Eu tenho minha casa aqui, pus uma pedra, plantei uns
buganvilles,
porém, não os conheço.
Cada manhã escuto a batida do jornal contra suas
portas de metal.
Estou vendo minha casa: se lhe ateassem fogo um curioso
quem sabe se aproximaria.
Penso em minha casa, talvez, se a queimar
este bairro seja mais amável.

JORGE BOCCANERA



Poema Ensayo Breve Sobre La Honestidad Poética

Jorge Boccanera

no es que los poetas mientan
es que los mentirosos
quieren hacer poesía

Breve poema ensaio sobre a honestidade poética

Não é que os poetas mintam
É que os mentiros
Querem fazer poesia

UM POEMA DE ALESSIO BRANDOLINI



Che sia l’albero di Giuda questo amore...

Alessio Brandolini

Che sia l’albero di Giuda questo amore
appeso in un angolo appartato della casa.
Dalle mani perse nei tagli
nelle cicatrici dei baci
nei piedi irrequieti, in attesa
di ripercorrere lo stesso identico percorso.

I nostri corpi ci stavano stretti
ce li eravamo scambiati
per caso o per sconfiggere la sorte.
Ora la pelle scolpisce altre parole
filtra la luce e attende con distacco
altri profumi, o i giochi della morte.

E caso seja...


E caso seja a árvore de Judas este amor
suspenso num ângulo apartado da casa.
As mãos perdidas nos cortes
nas cicatrizes dos beijos
nos pés inquietos, aguardando
percorrer o mesmo idêntico percurso.

Os nossos corpos não nos bastavam
nós os tínhamos trocado
por acaso ou para esconjurar a sorte.
Agora a pele cinzela outras palavras
filtra a luz e atenta distanciada
outros perfumes, ou os jogos da morte.