Sunday, November 29, 2015

Uma poesia de Luis Lloréns Torre

Barcarola                                                                               
Luis Lloréns Torre

Déjame, niña, bogar,
En el esquife de un verso,
Por el oleaje perverso
De tus pupilas de mar.
Quiero en ellas desafiar
Las rachas de tu ilusión,
Y que una ola de pasión
Me envuelva en sus espirales,
Me ahogue entre sus cristales.
Y me hunda en tu corazón.

Barcarola

Deixa-me, menina, remar
No barquinho de um verso
Pelo ondular perverso
De tuas pupilas de mar.
Quero nelas desafiar
As rachaduras de tua ilusão,
E que uma onda de paixão
Me envolva nos teus espirais,
Me afogue entre teus cristais.

E me afunde no teu coração.

Ilustração: Salvador Dalí 

Saturday, November 28, 2015

Eu gosto de ti

Eu gosto de ti                                    
como quem gosta de doce de goiaba
com uma vontade que nunca se acaba
e uma volúpia que sempre se renova.
Eu gosto de ti
como quem gosta de rosa
pela beleza, pela cor, perfume e forma
e por enfeitar a vida ser tua norma.
Eu gosto de ti
como quem gosta da mesma coisa
mil e uma vezes e mais.
Eu gosto de ti
como quem gosta de carnavais,
do vinho, da carne, da transgressão,
enfim, de todo meio de perversão
e, mesmo assim, permanece santo
só porque gosto de ti
tanto...tanto...tanto!


Ilustração: gabrielemolina.loveblog.com.br

Outra poesia de José Maria Eguren

Lied IV                                                                                       
José Maria Eguren

La noche pasaba,
Y al terror de las nébulas, sus ojos
Inefables reían de tristeza.

La muda palabra
En la mansión culpable se veía,
Como del Dios antiguo la sentencia.

La funesta falta
Descubrieron los canes, olfateando
En el viento la sombra de la muerta.

La bella cantaba,
Y el florete durmióse en la armería
Sangrando la piedad de la inocencia.

Lied IV

A noite passava,
E sob o terror das nebulosas, teus olhos
Inefáveis riam de tristeza.

A palavra muda
Na mansão culpada se via,
Como de um Deus antigo a sentença.

O fracasso desastroso
Descobriram os cães, farejando
No vento a sombra da morta.

A bela cantava,
E o florete e as flores dormiam no armário
Sangrando a piedade da inocência.

Ilustração:  www.diariodocentrodomundo.com.br

Friday, November 27, 2015

Uma poesia de Manuel Gutiérrez Nájera

                                                  
Para entonces

Manuel Gutiérrez Nájera

Quiero morir cuando decline el día,
En alta mar y con la cara al cielo;
Donde parezca sueño la agonía,
Y el alma, un ave que remonta el vuelo.

No escuchar en los últimos instantes,
Ya con el cielo y con el mar a solas,
Más voces ni plegarias sollozantes
Que el majestuoso tumbo de las olas.

Morir cuando la luz, triste, retira
Sus áureas redes de la onda verde,
Y ser como ese sol que lento expira:
Algo muy luminoso que se pierde.

Morir, y joven: antes que destruya
El tiempo aleve la gentil corona;
Cuando la vida dice aún: "Soy tuya",
Aunque sepamos bien que nos traiciona.
  
Em seguida

Quero morrer quando decline o dia,
No alto mar e com  o rosto para o céu;
Onde pareça sonho a agonia,
E a alma, um pássaro que voa ao léu.

Não escutar nos últimos instantes,
Já ao céu e o mar das solidões amargas,
Mais vozes e orações soluçantes
Que o majestoso bater das ondas.

Morrer quando a luz, triste, retira
Suas redes de ouro da onda verde,
E seja como o sol que lento expira:
Algo muito luminoso que se perde.

Morrer, e jovem: antes que destrua
Que o tempo leve a suave coroa;
Quando a vida ainda diz: "Eu sou tua"
Embora saibamos muito bem que nos atraiçoa.


Ilustração: socialspirit.com.br

Thursday, November 26, 2015

Uma poesia de Clemente Palma


Rompimiento                                      

Clemente Palma

Te vi, te amé; tu imagen peregrina
en mi alma se grabó.
Me hiciste comprender que me querías,
y aún más te quise yo.
Y cuando, loco, con tu amor formaba
halagüeña ilusión,
me diste con la puerta en las narices.

Pues ¡hija!, se acabó.

Toma tu rizo, mándame mis cantares,
y busca la ocasión
en que pueda tus besos devolverte
pues no los quiero yo.

Rompimento

Te vi, te amei, tua imagem fugitiva
em minha alma se gravou.
Me fizestes compreender que me querias,
e ainda mais te quis eu.
E, quando, louco, com teu amor formava
uma lisonjeira ilusão,
me deste com a porta no nariz.
Pois, filha, se acabou.

Toma teu riso, manda-me meus cantares,
e busco a ocasião
em que possa teus beijos devolver-te,
pois, não os quero eu.


Ilustração: noticias.bol.uol.com.br

Wednesday, November 25, 2015

Uma poesia de Carmen Toscano

Trazo incompleto                                                         
Carmen Toscano

Te encontré una vez más.
Tenías lo que mi alma deseaba,
lo que todo mi ser siempre pedía.
Te perdí una vez más,
tenías lo que yo no quería.

Mi alma era para ti, vino a buscarte
creyendo que ya estabas,
tú viniste después para esperarme
sin saberme llegada.

Sedientas se buscaron, y se vieron,
mas pasaron de largo, sin palabras;
porque yo te aguardaba por el norte
y en el sur, silencioso, me esperabas.

No pensamos, al vernos, en que el tiempo
pudiera haber burlado nuestras almas.
  
Traço incompleto

Te encontrei uma vez mais.
Tinhas o que a alma desejava,
o que todo meu ser sempre pedia.
Te perdi uma vez mais,
Tinhas o que eu não queria.

Minha alma era para ti, vim te buscar
crendo que já estavas,
tu viestes depois para esperar-me
sem saber-me chegado.

Sedentas se buscaram e se vieram,
mas, passaram ao largo, sem palavras;
porque eu te aguardava pelo norte
e, no sul, silencioso me esperavas.

Não pensamos, ao nos vermos, que o tempo
pudesse haver enganado nossas almas.

Ilustração: infinitoparticulardalva.blogspot.com


Tuesday, November 24, 2015

Uma poesia de Abel Feu

Un lugar en mi alma                                              
Abel Feu

Ahora que no nos vemos
y nuestras vidas corren por los días,
cada vez más lejanas,
siento, a veces, unas ganas enormes
de verte alguna tarde, tomar café
contigo, saber cómo te va...

Ahora que no nos vemos
y nos hemos perdido,
no pienses que olvidé todas tus cosas.
Guardo buenas recuerdos, y poemas
que te escrebí (te acuerdas?); guardo
cartas, y fotos...
y un lugar
em mi alma, donde, se quieres
siempre, siempre, puedes  estar.
  
Um lugar na minha alma

Agora que não nos vemos
e nossas vidas correm pelos dias,
cada vez mais distantes,
sinto, às vezes, um desejo enorme
de te ver em alguma tarde, tomar um café
contigo, saber como tu vais....

Agora que não nos vemos
e nos temos perdido,
não penses que esqueci tuas coisas.
Guardo boas recordações, e poemas
Que te escrevi (te recordas?); guardo
cartas e fotos...
e um lugar
na minha alma, onde, se quiseres
sempre, sempre podes estar.


Ilustração: portrasdasmarcaras.loveblog.com.br

Uma poesia de Abel Marín

Amor imposible                                                                       
Abel Marín

Si me fuera tu vida indiferente;
si yo te amara menos y tú más;
si corazón y sangre y alma y mente
latieran con un ritmo y un compás;

Si fuéramos dos almas paralelas
para volar, cantar, soñar y amar;
dos gaviotas errantes y gemelas
hijas del cielo azul y la ancha mar;

mas somos dos quejosos manantiales
que sueñan entre espinos y jarales
sediento uno del otro y nada más,

oyendo, bajo tálamo de frondas,
tu sollozar mis ondas, yo tus ondas
¡ay! sin podernos confundir jamás.

Amor impossível

Se me fosse tua vida indiferente;
se eu te amasse menos e tu mais;
se coração e sangue e alma e mente
tivessem um ritmo e um compasso de ais;

Se fossemos duas almas paralelas
para voar, cantar, sonhar e amar;
duas gaivotas errantes e gêmeas
filhas do céu azul e do largo mar;

mas, somos dois queixosos mananciais
que sonham entre espinhos e rosas
sedento um do outro e nada mais,

ouvindo, sob as árvores frondosas
tu soluçar minhas ondas, eu, tuas ondas
ai! Sem pudermos nos confundir jamais.

Ilustração: www.blckdmnds.com


Uma poesia de Eduardo Mitre

Prólogo al presente                           
Eduardo Mitre

Abre los ojos. Despierta.
El Paraíso está aquí,
De vuelta.
Con todos y todo
En la luz pasajera.

Es (no hay otro) esta tierra:
Mesa de encuentros,
Cuna de ausencias.

El Paraíso está aquí,
A la espera. Abre tus ojos
Que abren sus puertas.

Despierta. Está aquí.
No es la dicha.
Es la presencia.

Prólogo ao presente

Abre os olhos. Desperta.
O paraíso está aqui,
De volta.
Com todos e tudo
Na luz passageira.

És (não há outro) esta terra:
Mesa de encontros,
Berço de ausências.

O paraíso está aqui,
À espera. Abre teus olhos
Que abrem suas portas.

Desperta. Está aqui.
Não é a sorte.

É a presença. 

Monday, November 23, 2015

Uma poesia de Jaime Torres

Ruptura                                                                                   
Jaime Torres

Nos hemos bruscamente desprendido
y nos hemos quedado
con las manos vacías, como si una guirnalda
se nos hubiese ido de las manos;
con los ojos al suelo,
como viendo un cristal hecho pedazos:
el cristal de la copa en que bebimos
un vino tierno y pálido....

Como si nos hubiéramos perdido,
nuestros brazos
se buscan en la sombra...¡Sin embargo,
ya no nos encontramos!
En la alcoba profunda
podríamos andar meses y años,
en pos uno del otro,
sin hallarnos....

Ruptura

Nos vemos bruscamente desprendidos
e nos vemos inertes
com as mãos vazias, como se uma guirlanda
nos houvesse caído das mãos.
com os olhos no chão,
como vendo um cristal feito em pedaços:
o cristal do copo em que bebemos
um vinho suave e pálido...

Como se nós houvéssemos perdido,
nossos braços,
se buscam na sombra...Sem embargo,
já não nos encontramos!
Na alcova profunda
poderíamos andar meses e anos,
um após outros,

sem nos falarmos....

Ilustração: www.lookfordiagnosis.com

Thursday, November 19, 2015

Carpe Diem

No fim, o fim é sempre igual.                               Seja um santo, um criminoso, um gênio,
um parvo ou um animal.
A existência é um ciclo
que tem início, meio e fim,
independente da fé,
do que se é.
E, quando o ciclo se fecha
não há como fugir da constatação
de que tudo é fugaz, efemêro;
que a vida é uma bolha de sabão.

Ilustração: www.becodospoetas.com.br

Estréia

Pode ser que seja loucura.                 Pode ser só o desejo de contrariar a lógica,
de espantar a constatação do passar dos tempos.
Mas, voltar a te ver agora, neste instante,
me ressoa como um bom sinal.
Quase me sinto como um santo,
como um iniciante
que veste uma bela fantasia
no seu primeiro carnaval!

Ilustração: surgiu.com.br

Wednesday, November 11, 2015

História de um amor


Encheram-se de amor sem olhar para nada mais que o desejo
e se envolveram nos laços de beijos e abraços
como se a vida fosse uma eterna e profunda taça de prazeres.
Ficaram neles os cheiros do amor, o suor dos que sabem gozar
das delícias das horas de amar
e o crescente desejo de mais
que, num certo momento, não dá paz.
E perdidos, como barcos sem rumo,
no mar limitado dos dias
pagaram seus preços em agonias,
em tempos que passaram sem jamais voltarem a ter  
a glória e a doçura de quem soube o que é o amor.
E, como todas as histórias reais,
tanta beleza não tiveram mais
até o fim de seus dias.


Ilustração: www.vagalume.com.br

Uma poesia Jorge Montoya Toro

La amada indefinible                                                       
Jorge Montoya Toro

No podría encontrar la verdadera
palabra que trazara tu figura.
Y a veces le pregunto a mi amargura:
¿Cómo era, Dios mío, cómo era?

¿Era un ángel que vino en primavera
en forma de azucena que perdura?
¿Un poco de candor entre la impura
materia terrenal, perecedera?

Mas por mucho que quiero, no defino
su encanto inmaterial, ese secreto
que encierra su mirar esmeraldino:

Y la llamo Azucena, Estrella, Rosa,
sin que en ningún vocablo halle completo
el perfume de su alma misteriosa.

A amada indefinível

Não poderia encontrar a verdadeira
palavra que traçara tua figura.
E, às vezes, me pergunto em minha amargura:
-Como era, Deus meu, como era?

Era um anjo que veio na primavera
em forma de açucena que perdura?
Um pouco de candura em meio a impura
matéria terrenal, perecedoura?

Mas, por muito que eu queira, não defino
seu encanto imaterial, o jeito secreto
que encerra seu olhar esmeraldino.

E a chamo Açucena, Estrela, Rosa
sem que nenhum vocábulo seja completo
como o perfume de sua alma misteriosa. 


Ilustração: arrozcomtodos.blogspot.com

Uma poesia de Carlos Pendez

Ausente                                                                  
Carlos Pendez

Te presentí venir desde la ausencia,
que no fue soledad ni lejanía.
Era tanta esperanza tu presencia
que, sin quererte, te llamaba mía.

Torbellino de amor, mi adolescencia.
Mi otoño, el huracán de travesía.
Y siempre, en amorosa transparencia,
nostalgia de este amor que no venía.

Ahora estás. Y angustia de mi oído
es la ansiada palabra que no dices
y que ya el corazón ha recogido.

Vuelvo hacia ti mi soledad sufriente,
y ante tus ojos hondos y felices
siento que estás, en mi presencia, ausente.

Ausente

Te pressenti vir desd’a ausência
que não foi solidão nem distância.
Era tanta esperança tua presença
que, sem querer-te, te chamava minha.

Torvelinho de amor, minha adolescência.
Meu outono, o furacão de travessia.
E sempre, em amorosa transparência,
a nostalgia deste amor que não vinha.

Agora estais. E a angústia de meu ouvido
é a ansiada palavra que não dizes
e que já o coração há recolhido.

Volto até ti minha solidão sofrente
e ante teus olhos profundos e felizes
sinto-te em mim, em minha presença, ausente.



Tuesday, November 10, 2015

Mais uma vez Char

La rose de chene                                                            
René Char

Chacune des lettres qui compose ton nom,
ô Beauté, au tableau d'honneur des supplices,
épouse la plane simplicité du soleil, s'inscrit
dans la phrase géante qui barre le ciel, et s'associe
à l'homme acharné à tromper son destin
avec son contraire indomptable : l'espérance.

A rosa de carvalho

Cada uma das letras que compõem teu nome,
oh! Beleza, é um quadro de honra dos suplícios,
desposa a plana simplicidade do sol, se inscreve
na imensa frase que fecha o céu, e está associada
ao homem amargo a enganar o seu destino
com seu contrário indomável: a esperança.


Ilustração: bloodyfrida.blogspot.com

Outra poesia de Apollinaire

L'adieu                                                                   
Guillaume Apollinaire

J'ai cueilli ce brin de bruyère
L'automne est morte souviens-t'en
Nous ne nous verrons plus sur terre
Odeur du temps
Brin de bruyère
Et souviens-toi que je t'attends

O adeus

Escolhi este ramo das rosas.
O outono morto te lembra.
Não nos verá mais sobre a terra.
Odor dos tempos
Ramo de rosas
Recorda que sempre te espero.


Ilustração: escritada-alma.blogspot.com