Saturday, January 31, 2015

O notável Jorge Luis Borges

 
Mis libros                                                                  

Jorge Luis Borges

Mis libros (que no saben que yo existo)
son tan parte de mí como este rostro
de sienes grises y de grises ojos
que vanamente busco en los cristales
y que recorro con la mano cóncava.
No sin alguna lógica amargura
pienso que las palabras esenciales
que me expresan están en esas hojas
que no saben quién soy, no en las que he escrito.
Mejor así. Las voces de los muertos
me dirán para siempre.

Meus livros

Meus livros (que não sabem que eu existo)
são tão parte de mim como este rosto
de  cãs  grisalhas e de grisalhos olhos
que inutilmente busco nos cristais
e que percorro com a mão encurvada.
Não sem alguma amargura lógica
Penso que as palavras essenciais
que me expressam estão nessas folhas
que não sabem quem sou, nelas em que escrevi.
Melhor assim. As vozes dos mortos
me dirão para sempre.


Ilustração: canaldoempreendedor.com.br

Thursday, January 29, 2015

Uma poesia de Berna Wang

                                                                                      
DESPEDIDA IV

Berna Wang

Aún tuve suerte: 
al menos amaste mi cuerpo, 
aunque fuera con la desesperanza 
de la última oportunidad. 
Aún tuviste suerte: 
al menos amé tu cuerpo, 
aunque fuera con la ingenuidad 
de la primera vez.

(de La mirada oblicua, Ramada Ediciones, Madrid, 2008)

Despedida

Ainda tive sorte:
ao menos amastes o meu corpo,
ainda que tenha sido com o desespero
da última oportunidade.
Ainda tivestes sorte:
ao menos amei o teu corpo,
ainda que com a ingenuidade
da primeira vez.

(de “A olhada oblíqua”)


Ilustração: marasenna.blogspot.com

Wednesday, January 28, 2015

Um poema de Antonio Gala

 
Y LA LUNA ERAS TU                                                                 
 Antonio Gala

 Y la luna eras tú.
Una luna creciente, blanca, fría.
Mirabas hacia el mar y hacia las cosas
que no eran yo.
Y con cuánto silencio te gritaba
-Creciente, blanco, frío yo también-:
"Mírame, mírame,
Ay, mírame mirarte..."

E a lua eras tu

E a lua eras tu
Uma lua crescente, branca, fria.
Olhavas até o mar, até as coisas
que não eram eu.
E com quanto silêncio te gritava
-crescente, branco, frio eu também-:
“Olha-me, olha-me,
aí, olha-me te olhar...”   


Tuesday, January 27, 2015

Mais uma vez José Ángel Buesa

BRINDIS                                                                       


José Ángel Buesa
  
He aquí dos rosas frescas, mojadas de rocío:
una blanca, otra roja, como tu amor y el mío.
Y he aquí que, lentamente, las dos rosas deshojo:
la roja, en vino blanco; la blanca, en vino rojo.

Al beber, gota a gota, los pétalos flotantes
me rozarán los labios, como labios de amante;
y, en su llama o su nieve de idéntico destino,
serán como fantasmas de besos en el vino.

Ahora, elige tú, amiga, cuál ha de ser tu vaso:
si éste, que es como un alba, o aquél, como un ocaso.
No me preguntes nada: yo sé bien que es mejor

embriagarse de vino que embriagarse de amor...
Y así mientras tú bebes, sonriéndome —así,
yo, sin que tú lo sepas, me embriagaré de ti...

Brindes

Eis aqui duas rosas frescas, molhadas de orvalho:
uma branca, outra vermelha, como teu amor e o meu.
E eis que, aqui, lentamente, as duas rosas desfolho
a vermelha, em vinho branco, a branca, em vinho vermelho.

Ao beber, gota a gora, as pétalas flutuantes
me roçaram os lábios, como lábios de amante;
e, na sua chama ou neve de idêntico destino
serão como fantasmas de beijos no vinho.

Agora, elege tu, amiga, qual a de ser tua taça:
Se esta, como um amanhecer, ou aquela como um ocaso.
Não me pergunte nada: eu sei bem o que é melhor.

Embriagar-se de vinho que embriagar-se de amor...
E, assim, enquanto tu bebes, sorrindo-me assim,
eu, sem que tu saibas, me embriagarei de ti....

Ilustração: anoticianodiva.blogspot.com

Monday, January 26, 2015

De volta José Ángel Buesa

PEQUEÑA CANCIÓN                                                                  


José Ángel Buesa

Amor y primavera
son una cosa igual,
y cada cual lo sabe a su manera:
Vos, señora, pasando por mi acera;
yo, cuidando del rosal.

Es la única cosa
que exista entre los dos:
Vos que pasáis, feliz de ser hermosa,
yo, esperando que nazca alguna rosa
digna de vos...

Pequena canção

Amor e primavera
são uma coisa igual,
e cada qual o sabe a sua maneira:
vós, senhora, passando por minha calçada;
eu, cuidando das roseiras.

É a única coisa
que existe entre os dois:
vós, que passais feliz de ser formosa,
eu, esperando que nasça alguma rosa
digna de vós....


Outro poema de Carlos Alberto Díaz López

ERÓTICO                                                             


Carlos Alberto Díaz López


Mis manos acariciaron todo tu cuerpo
y te hicieron vibrar con la magia del amor,
mis dedos coquetos y algo temblorosos
se deslizaron por cada poro de tu piel.
Tu aliento femenino y excitado
me llevó al borde de una demencia angelical
donde solo mil besos tuyos en mis labios
me condenaron a perderme en todo tu ser.    

Erótico

Minhas mãos acariciaram todo o teu corpo
e te fizeram vibrar com a magia do amor,
meus dedos irriquietos e um pouco trêmulos
deslizaram por cada poro de tua pele.
Teu hálito feminino e excitado
me levou a bordo de uma loucura angelical
onde somente mil beijos teus nos meus lábios
me condenaram a me perder em todo o teu ser.


Sunday, January 25, 2015

Mais um poema de Octávio Paz


Tus ojos

Octávio Paz

Tus ojos son la patria del relámpago y de la lágrima,
silencio que habla,
tempestades sin viento, mar sin olas,
pájaros presos, doradas fieras adormecidas,
topacios impíos como la verdad,
otoño en un claro del bosque en donde la luz canta en el hombro de un árbol y son pájaros todas las hojas,
playa que la mañana encuentra constelada de ojos,
cesta de frutos de fuego,
mentira que alimenta,
espejos de este mundo, puertas del más allá,
pulsación tranquila del mar a mediodía,
absoluto que parpadea,
páramo.

Teus olhos

Teus olhos são o pátria dos relâmpagos e da lágrima,
silêncio que fala,
tempestades sem vento, mar sem ondas,
pássaros presos, douradas feras adormecidas
topázios ímpios como a verdade,
outono numa clareira de um bosque onde a luz canta no ombro de uma árvore e são pássaros todas as folhas,
praia da manhã é cravejada de olhos,
cesto de frutas de fogo,
mentira que alimenta,
espelhos deste mundo, portas de mais além
pulsação tranquila do mar ao meio-dia,
absoluto que brilha,
pântano.

Ilustração: lunaticlandblog.blogspot.com

Thursday, January 22, 2015

Três poemas de Carlos Alberto Díaz López

                                                                                              

MITO

Carlos Alberto Díaz López

Resurjo desde el interior de mi miedo
para galopar sobre el lomo de la incertidumbre
para sentir las miradas de los ojos del ayer
y huir tras el silencio de la inocencia
y así morir siendo esclavo de las penumbras.

Mito

Ressurjo de dentro do meu medo
para galopar nas costas da incerteza
para sentir o olhar dos olhos do passado
e fugir por trás do silêncio da inocência
e assim morrer sendo escravo das penumbras.


SENSIBILIDAD

La música golpea mi corazón
llenándose de lujuria y tristeza
e invitándome a buscar amores
bajo los secretos de otro pasados
y en medio de horizontes limítrofes.

Sensibilidade

A música golpeia meu coração
enchendo-se de luxúria e tristeza
e convidando-me a buscar amores
sob os segredos de outros passados
e em meio de horizontes limítrofes.

FUGITIVO

Ha escapado del fuego de la inspiración
para recorrer los camino de Adán
y me eternizo con los ojos de la ternura
para viajar en medio de laberintos

Fugitivo
Tenho escapado do fogo da inspiração
para percorrer os caminhos de Adão
e me eternizar com os olhos da ternura
para viajar em meio aos labirintos.


Wednesday, January 21, 2015

Canção do tempo



Tranquila dormia suavemente
Até seu respirar era melodia
E ao vê-la ali tão bela, de repente
Cheguei mesmo a pensar ser fantasia.

Tão perto fiquei dela...ela dormia
Cabelos soltos sobre a almofada
Ainda mais me convenci não existia
Uma mulher assim era uma fada.

E se sonhava quem o saberia?
Perdia-se a noção ao observá-la,
Pois, sua beleza plena de magia,
Inundava os meus olhos, toda a sala.

Mas, de nada ela sabia adormecida
No seu sono de toda a eternidade.
Chorei por ela, por mim e pela vida
Tanta beleza hoje, amanhã saudade!



(De "Apocalypse", São Paulo, Editora Zanzalás, 1982. Reeditado em 2013 pela Editora Per Se). 

Tuesday, January 20, 2015

Dois poemas de Raúl Gómez Jattin



Raúl Gómez Jattin

Gracias, señor
Por hacerme débil
Loco
Infantil
Gracias por estas cárceles
Que me liberan
Por el dolor que conmigo empezó
Y no cesa
Gracias por toda mi fragilidad tan flexible
Como tu arco
Señor amor.

Graças, senhor

Graças, senhor
por me fazer fraco
louco
infantil
graças por estas prisões
que me libertam
pela dor que comigo começou
e não cessa
graças por toda a minha fragilidade tão flexível
como o teu arco
senhor amor.


Raúl Gómez Jattin

Instantáneo relámpago
Tu aparición.
Te asomas súbitamente
En un vértigo de fuego y música
Por donde desapareces.
Deslumbras mis ojos
Y quedas en el aire.

Deslumbramento pelo desejo

Instantâneo relâmpago
tua aparição.
Te colocas subitamente
Numa vertigem de fogo e música
Por onde desapareces.

Deslumbras meus olhos

E pairas no ar. 

Monday, January 19, 2015

Uma poesia de Daniel Rojas Pachas


Exhumar

Daniel Rojas Pachas

Roto el contoneo celeste,
la galaxia de navajas en saliva y los truenos, que abren el brazo,
la verbal cima de quijadas acoge y amamanta
como madre y cemen-terio,
al último de la especie.
Esta raza, que humana se dice en cuidado del dolor,
sólo respira gracias a ese niño con rostro de elefante.
Manuscritos en lodo penden bajo su mamífero pie,
cuna de aves y quebrados dientes.
Épocas en agonía, des-paginadas, se martillan y suceden, van pariendo la
cosmogonía láctea,
la cruzada de mil cruzadas,
líneas paralelas y esporas luminarias.

Exumar

Roto o contorno celeste,
a galáxia de navalhas na saliva e nos trovões, que abrem o braço,
a verbal mandíbula acolhe e amamenta
como mãe e cemen-tério,
a última das espécies.
Esta raça, que se diz no cuidado da dor,
só respira graças a este menino com cara de elefante.
Manuscritos no lodo pendurados sob seu mamífero pé,
berço de pássaros e dentes quebrados.
Tempos em agonia, des-paginadas, são marteladas e se sucedem, vão parindo
cosmogonia láctea,
a cruzada mil cruzadas,

linhas paralelas e esporas luminárias.

Ilustração: www.fashionbubbles.com

Outra poesia de Jessica Freundenthal

La Bella y la Bestia                                          


Jesssica Freundenthal

De este cuento no hay mucho que contar.
No más que es puro cuento
y que yo soy bella
y tú un bestia.

Fin.

A bela e a fera

Deste conto não há muito o que contar.
Não mais que é um puro conto
e que sou a bela
e tu és a fera.

Fim.


Ilustração: www.portallos.com.br

Saturday, January 17, 2015

Outra poesia de Yanelis Encinosa


La conquista del fuego

Yanelis Encinosa Cabrera

No había otra forma de inventar la luz
noche cerrada
amenazaba el frío
en la caverna tiritaban las sombras
una danza de fieras se acompasaba
en cerco
ya cerca
hambre
dentro y fuera de las piedras
temblaban

aquellas entrarán en cualquier momento
            una sola basta para saciar
            la vida o la muerte
            la oscuridad decidirá la pelea


fuera
      rabia     fauces
dentro
      miedo   silencio

apretaron los cuerpos
                        frotaron
                                   se fundieron
                                               la primera chispa


A conquista do fogo

Não havia outra forma de inventar a luz
noite escura
ameaça de frio
na cavena tiritavam as sombras
uma dança de feras se aninhava
na cerca
e o cerco
da fome
dentro e fora de pedras
tremiam

aquelas entrarem a qualquer momento
             uma só basta para saciar
             a vida ou a morte
             a escuridão decidirá pela luta


fora
       mandíbulas raivosas
dentro
       medo silêncio

apertaram-se os corpos
                         se esfregaram
                                    se fundiram
                                                na primeira chispa


Ilustração: gcn.net.br

Friday, January 16, 2015

Uma poesia de Yanelis Encinosa


El séptimo día

Yanelis Encinosa Cabrera

      Dios conoció mi insomnio
            sonrió como si esperara desde siempre mi necesidad
            y dijo
                    hágase
                              abrió mis carnes
                              junto a la costilla
                              señaló lo más valioso
                                                         multiplicó

  
exhalé agradecida
                                                              vi que todo cuanto había
hecho

es bueno


O sétimo dia

Deus conhecia a minha insônia
       sorriu como se desde sempre esperasse a minha necessidade
             e disse
                     faça-se
                               abriu minhas carnes
                               junto a uma costela
                               sinalizou  o mais valioso
                                                          multiplicou


Exalei agradecida
                                                               vi que tudo quanto havia
feito


é bom

Ilustração: bispoerisvaldo.blogspot.com