Wednesday, September 30, 2009

SENSAÇÃO



Na manhã ela molhou os pés nas primeiras ondas
Como o sol veio brincar com o mar
Abrindo os braços na alegria de se entregar
Ao dia que brilhava como seu olhar.
O sol, ela, o vento, o mar num casamento
Cuja perfeição iluminava a vida
E ali senti, minha querida,
A separar nossas idades
Que as quatro dezenas de anos
Eram apenas uma ilusão.
De repente, menina, menino fiquei
E só Deus sabe o quanto abençoei
Os barcos que podiam dizer adeus,
Mas, apenas saudavam este novo amor
Que me tornava tão jovem!

Tuesday, September 29, 2009

PORDON


See You Next Year

Judith Pordon

(for Donna Leombruno)

Thanksgiving is in the tears
that burst like ripe grapes.

Proclaiming, see you next year,
we wave, begin to panic.

With these tears, the further we go
the tighter we are entwined.

We hold onto each others image,
hold each other way-deep

as the bus pulls us apart,
stretching our gratitude for miles.


Vejo você no próximo ano

No dia de Ação de Graças, as lágrimas
estouram como uvas maduras.

Proclamando que irei vê-lo no próximo ano,
como uma onda, começo a entrar em pânico.

Com estas lágrimas, quanto mais nós vamos
mais apertados nos sentimos.

Nós prendemos cada um a imagem do outro,
procurando mantê-la profundamente

até que o ônibus nos afasta
esticando nosso bem-estar por milhas.

Monday, September 28, 2009

O ENVIADO



Eu sou um santo homem
Por isto não vim trazer a paz
Vou separar o homem do seu pai
O filho, da mãe, a nora, da sogra,
E fazer dos de casa, os inimigos.
Eu sou o que tira o fogo dos umbigos
E faz, da melhor esposa, cascavel
Amargo a melhor uva, o melhor mel.
Não vim trazer o céu, mas, o inferno.
Eu vim lançar o fogo sobre a terra
Eu vim criar a divisão, a guerra.
Eu vim só para dizer que o inimigo é irmão
E que não importa a sua opinião
Que o resultado está na minha mão
E o fim do mundo será o meu presente
Chamas e cinzas tão somente.

UM SENHOR ALUNO



Peixes, barcos, estrelas, desenhos,
Palácios, taças, bolas, curvas-
A imaginação vagueia solta
Criando vinhos onde sobram uvas
Enquanto o mestre teoriza
Sobre uma equação que o fim não se divisa.
Ah! Gostaria de estar na Torre de Piza
Ou, quem sabe, em Veneza ou no Sena
Mesmo com a minha doce pequena
E não nesta aula sonolenta e chata.
Ah! Deus! Ser aluno ainda me mata!
E, indiferente, com o ar compenetrado
Me faço de muito interessado
Traçando ligeiro no papel um coqueiro
Que é o que mais perto chego da praia
Já que não descobrem que sou o águia de Haia
quem sabe termine a aula antes que no sono caía.

TEORIA ANTIREVOLUCIONÁRIA



De camponeses, operários, produção
Como quem vai ao mar.
Pela primeira vez, enjoei.
Sinto-me em descompasso com todas as regulações
E, num mundo de acumulação, estou sem nada.
Gostaria mesmo era de sair em disparada
Não ter quatro aulas para ministrar
E poder beber e amar até mais tarde,
Que é a verdadeira forma de usar os recursos naturais.
O resto não me interessa mais
É tudo pura fantasia de uns malucos intelectuais!

Saturday, September 19, 2009

CORRETJER, O POETA


TE ESPERARÉ...

Zoé Jiménez Corretjer

Esperaré a que las hojas del otoño
se cansen de mirarme
hasta que las lunas se hagan de leche
y un río de miel se deshaga en mi boca

Esperaré tus ojos como ciego pájaro
en la noche silenciosa
tus manos para conocer los caminos
de mis futuras órbitas...

Esperaré porque se consume ya un fuego fatuo en la memoria
y me duele el cansancio de una larga tristeza
Te esperaré hasta el final de los finales
para hallar la muerte en la paz de tus entrañas

Porque no hallo otra cosa que nombrarte...
Porque no soy otra cosa que tu propio espejo
devolviéndose la imagen...

Esperaré porque en tus manos llega el aire
que me habita...
porque te has adueñado de mi absoluto presente
porque no existo sin tu vida
porque sin ti soy nada inhabitada

Te esperaré con el vientre lleno
de albahacas moradas
con un ramo de vientos en los ojos y una espiga dorada
arrodillada ante tu vidrio
para rezarte eternidades olvidadas

No haré otra cosa que esperarte, amor mío
hasta que se caiga el cielo y los astros se vuelvan a adorarte
porque llevas la sangre que necesito
para beberme la vida en tu cauce...

Te esperaré, te esperaré hasta que llegues
hasta el final de las lunas
para borrar los regresos y los adioses
para entregarte el universo
y que mi alma descanse
y jamás dejarte ir...

Te esperarei

Esperarei as folhas do outono
cansarem de olhar para mim
até que as luas se façam de leite
e um rio de mel se derreta na boca

Esperarei teus olhos como um pássaro cego
na noite silenciosa
tuas mãos para aprender os caminhos
das minhas futuras órbitas ...

Esperarei porque se consome já o fogo fátuo
E me dói o cansaço de uma larga tristeza
Te esperarei até o fim dos fins
Para encontrar a morte na paz de tuas entranhas

Porque não sei fazer mais do chamar-te ...
Porque não sou nada mais que teu próprio espelho
devolvendo-se a imagem

Te esperarei porque de tuas mãos chega o ar
de que vivo..
porque tens tomado posse do meu presente absoluto
porque não existir sem a tua vida
porque sem ti sou desabitada

Te esperarei com uma barriga cheia
de manjericão roxo
com um ramo de vento nos olhos e uma espiga de ouro
ajoelhado ante teu vidro
para rezar-te eternidades esquecidas

Não farei outra coisa que esperar-te, meu amor
até que caia o céu e os astros se voltem para adorar-te
porque levas o sangue de que necessito
para beber a vida em tua cama ...

Te esperarei, vou te esperar até chegar
até o fim das luas
para apagar os regressos e os adeuses
para entregar-te todo o universo
e que minha alma descans
e nunca te deixes partir...

Ilustração: nuvemsobreoatlantico.blogspot.com/2009/05/est...

Wednesday, September 16, 2009

MONTESINOS



ACERCA DE LAS SOMBRAS

Jorge Montesinos

El elevador la está llevando, eleva su cuerpo
/menudo acurrucado en el elevador
el que la está llevando –el elevador– le muestra
le deja ver –permite la visión– hacia un
/sembrado que
El perfecto piano que dibujan
las sombras de los árboles
sobre la blanca altura
del polvo blanco
del camino
El perfecto piano que dibujan
las sombras
cayendo
sobre el polvo blanco del camino
sobre su luz
El perfecto piano que dibuja
el sol
al golpear su luz
sobre los árboles
y proyectar
las sombras
del follaje sobre el suelo blanco del camino
Ese perfecto piano que dibujan
las sombras de los árboles cayendo
el perfecto piano

Acerca das sombras

O elevador a está carregando, eleva seu corpo
muitas vezes mostra o que está conduzindo-o elevador, mostra
permite a visão até as arvores
que plantadas desenham
um piano perfeito
nas sombras das árvores
a altura sobre o branco
pó branco
do caminho
O piano perfeito que desenham
nas sombras
pó branco na estrada
em sua luz
O piano perfeito que desenha
o sol
ao golpear com sua luz
as árvores
e projetar
as sombras
na folhagem na terra branca da estrada
Este piano perfeito que desenham
as sombras das árvores caindo
o piano perfeito

Monday, September 14, 2009

PERGUNTINHA




Tu que no céu nunca vejo,
E me vês mesmo sem ver,
Como Deus , que é saber,
Nos deixa tão sós, sem beijos?

Saturday, September 12, 2009

OUTRA POETA PERUANA




DE ENCANTACIÓN

Rossella Di Paolo

La playa tendida como un lagarto
llora minuciosa
una vastísima lágrima.
Barcas en velan deambulan por su sal incesante
abrazando redes ateridas de peces.
Los hombres avanzan desfigurando la rectitud de las calles
con voces de botellas abiertas y pies desnudos
pero observan: Hoy la brisa
es pájaro invisible que las ramas presienten
como gitanas tintineantes
cuando desmadejan el hilo prodigioso de las manos.
La tarde es un renglón de niños que cruza las veredas
huyendo del árbol hojeroso
empeñado en dibujar sombras en la hierba.
(La cola de un gato será la rúbrica gentil
de un sol que tiene sueño).

Do encantamento

A praia estendida como um lagarto
chora minuciosa
uma vastíssima lágrima


Barcos a vela deambulam sobre por seu sal incessante
abraçando redes abastecidas de peixes.

Os homens avançam desfigurando a retidão das ruas
com vozes de garrafas abertas e pés descalços
mas note: Hoje, a brisa
é o pássaro invisível que os ramos pressentem
como estridentes ciganos
quando perdem o prodigioso controle das mãos.

A noite é uma fila de crianças atravessando os caminhos
fugindo das árvores imponentes
empenhados em desenhar sombras nas ervas.

(O rabo do gato é a rubrica gentil de
um sol que tem sono).

UMA POETISA PERUANA



XV

Magdalena Chocano

Ella pule sus escamas
bajo el claro de luna
un silencio perfecto cae sobre las olas
y la mar es una inmensa lágrima gastando los escollos
Ella fulge de fulgor mineral
bajo la luna nueva
un demudado mar calla rozando las arenas
y el brillo de la ceniza danza sobre las aguas
El Universo ha sido escarnecido
por la aciaga imposición de otro universo
y ha fugado hacia el Reverso del espacio
Nadie ha de alcanzarle
allí donde la soledad
es venganza de teoría irrefutable

XV

Ela lustra suas escamas
sob o clarão do luar
um silêncio perfeito cai sobre as ondas
e o mar é uma imensa lágrima desgastando as pedras

Ela brilha um brilho mineral
sob a lua nova
um transmutado mar se cala roçando as areias
e o brilho das cinzas dança sobre as águas

O Universo foi escarnecido
pela imposição infeliz de um outro universo
e escapou até o reverso do espaço
Ninguém há de alcançá-lo
ali onde a solidão
é a vingança da teoria é irrefutável

Wednesday, September 09, 2009

SALINAS




FE MÍA

Pedro Salinas

No me fío de la rosa
de papel,
tantas veces que la hice
yo con mis manos.
Ni me fío de la otra
rosa verdadera,
hija del sol y sazón,
la prometida del viento.
De ti que nunca te hice,
de ti que nunca te hicieron,
de ti me fío, redondo
seguro azar.

Minha Fé

Não me fio na rosa
De papel,
Tantas vezes que a fiz
Com as minhas mãos.
Nem me fio na outra
A rosa verdadeira,
Filha do sol e do sal,
A prometida do vento.
De ti que nunca te fiz,
De ti que nunca fizeram
De ti me fio, redondo
Seguro do azar.

Tuesday, September 08, 2009

MONTESINO




NATURALEZA QUIETA

Jorge Montesino

Las nubes ahora
de pie sobre los turbios – tejados de la noche
pasando y al alcance de la mano
vestidas tan de luna.
El cielo ahora
tendido
sobre el enorme lecho – de cenizas
espuma de la arrasadora – fogata de la tarde.
La lluvia ahora
tan leve en su caer
como un alimento – como copas
de un licor exquisito – frágil – de agua mansa.
¿Cómo conciliar el sueño cuando
la noche ahora
representa – el memorable acto
de estarse quietecita – en cada movimiento?

A Natureza quieta

As nuvens agora
De pé sobre os turvos telhados da noite
Passando e já ao alcance das mão
Tão vestidas de lua.

O céu agora
Estendido
Sobre o enorme leito de cinzas
Espuma do arrassador fogaréu da tarde.

A chuva agora
Tão leve em seu cair
Como um alimento, como cântaros
De um licor belo, frágil, de água mansa.

Como conciliar o sono agora quando
A noite representa o memorável ato
De se estar quietinho em cada movimento?

MERCEDES GONZÁLEZ GARCIA




Profundo

Mercedes González García

Como ese lago que me
permitía llegar a sus
profundidades , observé
una cierta y clara

aproximación de sus
orillas hacia el centro de
mi , no podía salir de
allí , aún sin saber que ya
no me permitía escapar,
logré ..casi a suspiros...sin
casi
permitirlo..comprobar
que era muy difícil
poderlo

penetrar nuevamente y
casi sin pensarlo pude
avanzar y me vi segura de
que en su centro podía
controlar todo su
extensión y de ahí es que
me permitió poderlo
conocer.

Profundo

Como este lago que me
Permitia chegar as suas
Profundidades, observei
uma certa e clara

aproximação de suas
margens até o centro
de mim, não podia sair
dali, ainda sem saber
que já não me permitia escapar
logrei...quase aos suspiros... sim
quase
permiti-lhe... comprovar
que era muito difícil
podê-lo

penetrar suavemente e
quase sem pensar pude
avançar e me vi segura de
que em seu centro podia
controlar toda sua extensão e daí,
então, isto me permitia, enfim
poder conhecê-lo.

Friday, September 04, 2009

SALINAS


Pensar en ti esta noche

Pedro Salinas

Pensar en ti esta noche
no era pensarte con mi pensamiento,
yo solo, desde mí. Te iba pensando
conmigo extensamente, el ancho mundo.
El gran sueño del campo, las estrellas,
callado el mar, las hierbas invisibles,
sólo presentes en perfumes secos,
todo,
de Aldebarán al grillo te pensaba.
¡Qué sosegadamente
se hacía la concordia
entre las piedras, los luceros,
el agua muda, la arboleda trémula,
todo lo inanimado,
y el alma mía
dedicándolo a ti! Todo acudía
dócil a mi llamada, a tu servicio,
ascendido a intención y a fuerza amante.
Concurrían las luces y las sombras
a la luz de quererte; concurrían
el gran silencio, por la tierra, plano,
suaves voces de nube, por el cielo,
al cántico hacia ti que en mí cantaba.
Una conformidad de mundo y ser,
de afán y tiempo, inverosímil tregua,
se entraba en mí, como la dicha entra
cuando llega sin prisa, beso a beso.
Y casi
dejé de amarte por amarte más,
en más que en mí, confiando inmensamente
ese empleo de amar a la gran noche
errante por el tiempo y ya cargada
de misión, misionera
de un amor vuelto estrellas, calma, mundo,
salvado ya del miedo
al cadáver que queda si se olvida.

Pensar em ti

Pensar em ti esta noite
não era pensar com meu pensamento,
eu só, desde mim mesmo. Eu estava pensando
comigo extensamente, o resto do mundo.
O grande sonho do campo, das estrelas,
calado o mar, as ervas invisíveis,
só presentes nos perfumes secos
todos,
de Aldebaran ao grilo te pensava.
Como silenciosamente
a concordância foi feita
entre as pedras, as estrelas,
a água muda, as árvores tremulas,
todo o inanimado
e minha alma
dedicando-se a ti! Tudo acudia
dócil ao meu chamado, ao teu serviço,
elevaram-se a intenção e a força amante.
Concorriam as luzes e as sombras
à luz de querer-te; participavam
do grande silêncio sobre a terra, plana,
vozes suaves de nuvens no céu,
a música para ti que em mim cantava.
Uma harmonia entre mundo e ser
Trégua de esforço e tempo, inverossímil trégua
que entrava em mim, como a sorte entra
quando vem sem pressa, beijo a beijo.
E quase
Eu parei de te amar por amar-te mais,
mais do que eu, confiando imensamente
este emprego do amara a grande noite
errante pelo tempo e carregada
de missão, missionária
de um amor povoado de estrelas,calma, o mundo
salvado do medo
do corpo que cai sem que se esqueça.

PEDRO SALINAS


ORILLA

Pedro Salinas


Si no fuera por la rosa
frágil, de espuma, blanquísima,
que él, a lo lejos se inventa,
¿quién me iba a decir a mí
que se le movía el pecho
de respirar, que está vivo,
que tiene un ímpetu dentro,
que quiere la tierra entera,
azul, quieto, mar de julio?


Margem

Se não fora pela rosa
frágil, de espuma, branquíssima,
que ele, de longe fantasia;
Quem teria me dito
que estava se movendo no peito
a respiração, que ela está viva,
que tem um ímpeto no interior
que quer a terra inteira,
azul, quieta, mar de julho?

Thursday, September 03, 2009

Amai Yume



doki doki

Amai Yume

cuando menos lo creia
de repente aparecio
ese calor intenso...
volvio a mi corazon el ardor

el vidrio se quebro
y la flor logro renacer
espero no sea demasiado pronto
para que el cielo pueda ver

poder respirar en paz
sabiendo que no sufrira
riendo sin parar
por tanta felicidad


doki doki

Quando menos acreditei
de repente apareceu
este calor intenso...
voltou a queimar meu coração

o vidro se quebrou
e a flor logrou renascer
espero que não seja demasiado tarde
para que o céu possa ver

poder respirar em paz
sabendo que não sofreria
rindo sem parar
de tanta felicidade

Ilustração: http://www.sidneyrezende.com/noticia/14380+pesquisa+revela+que+felicidade+cresce+no+mundo+todo

Wednesday, September 02, 2009

FROST



FIRE AND ICE

Robert Frost

Some say the world will end in fire,
Some say in ice.
From what I've tasted of desire
I hold with those who favour fire.
But if it had to perish twice,
I think I know enough of hate
To say that for destruction ice
Is also great
And would suffice.

Fogo e gelo

Alguns dizem que o mundo irá acabar em fogo,
Alguns dizem que em gelo.
Do que eu provei do desejo
Fico com aqueles que são a favor do fogo.
Mas se tivesse que morrer duas vezes,
Eu penso que sei o suficiente de ódio
Para dizer que a destruição pelo gelo
É também grande
E seria suficiente.