Tuesday, September 30, 2008

FIM DE SETEMBRO

Pretensão

Eu queria gostar de você
Com o sentimento dos jardineiros
Que cultivam rosas sem pensar
No tempo que vai embora.

Eu queria gostar de você
Sem que a passagem das horas
Me desse este temor de que o amanhã
Nunca vá acontecer
Senão como tempo inexistente

Eu queria gostar de você
Tão calmamente
Que o tempo resolvesse parar
Como única forma de respeitar
A significação de um amor
Que tem tudo de vulcão
E desliza como manso rio.

Eu queria gostar de você
Como gosto:
Por puro desafio.

Ilustração: http://www.stelinha.blogger.com.br/heart.jpg

Monday, September 29, 2008

SÓ MOSQUEIRO NOS SALVARÁ!


Poemeto da promessa

Nem me importa se chova
Ou faça sol
Qualquer dia
Nos encontraremos sob as árvores
Do Hotel Farol
Para falar de coisas banais,
Pois, talvez o desejo
Já não exista mais
Ou um simples beijo nos traga a paz.
Não importa muito o tempo
Nem a razão
Se somente a loucura
Nos torna são.

Ilustração: flickr.com/photos/leonovoa/172376536/

Wednesday, September 24, 2008

FAZ MUITO TEMPO...

Completamente perdido

Eu tentei me salvar de ti
Singrando mares que nunca vi
Me perdendo pelos caminhos
Como quem anda por terras estranhas
Sem saber o que é um mapa.
Eu tentei me salvar de ti
Mentindo que não senti
Vestindo máscara e capa
Com tamanhas artimanhas
Que, como um bobo da corte, ri
Do desprezo e da impotência
Que sem teu amor vivi
Perdido na inconsciência.

NEM TUDO É DOCE



Dor da vida

A minha última risada
Ainda ecoa,
Mas, você me diz
Que rio à-toa
Mesmo se a vida não é boa
Ainda é um milagre,
Pois, se muito arde
Até com pimenta,
Rosa, se goza.

REVIVAL


Chocante

Depois de tanto tempo
Me assusto com tua voz
Que vem de longe, muito longe,
Mas, para meu espanto,
Com aquele mesmo amor
Que ainda dói tanto
E canto.

Tuesday, September 23, 2008

STEVENS, O MAGNÍFICO


Metaphors of a Magnifico

Wallace Stevens


Twenty men crossing a bridge,
Into a village,
Are twenty men crossing twenty bridges,
Into twenty villages,
Or one manCrossing a single bridge
into a village.
This is old song
That will not declare itself . . .Twenty men crossing a bridge,Into a village,
AreTwenty men crossing a bridge
Into a village.
That will not declare itself
Yet is certain as meaning . . .
The boots of the men clump
On the boards of the bridge.
The first white wall of the village
Rises through fruit-trees.
Of what was it I was thinking?
So the meaning escapes.
The first white wall of the village...
The fruit-trees...
Metáforas de um Magnífico
Vinte homens atravessam uma ponte,
Rumo a uma vila,
São vinte homens atravessando vinte pontes,
Rumo a vinte vilas,
Ou um homem
Que atravessa uma ponte em uma única vila.
Esta é a velha canção
A qual você nunca cantará para si mesmo...
Vinte homens atravessando uma ponte,
Rumo a uma vila,
São Vinte homens cruzando uma ponte
Rumo a uma vila.
Que não irão dizer a si mesmo
Ainda qual o significado certo. . .
As botas dos homens rangem
Sobre as tábuas da ponte.
A primeira parede branca da vila
Sobe através das árvores frutíferas.
O que estava eu estava pensando?
Assim o significado me escapa.
A primeira parede branca da vila...
As árvores frutíferas...

Monday, September 22, 2008

A TRAIÇÃO DE UMA TRAIÇÃO

ANÁLISIS TARDÍO
(Fin de los años sesenta) ou, como tudo é sempre igual, pode ser também do Século XXI

Pier Paolo Pasolini


Sé bien, sé bien que estoy en el fondo de la fosa;
que todo aquello que toco ya lo he tocado;
que soy prisionero de un interés indecente;
que cada convalecencia es una recaída;
que las aguas están estancadas y todo tiene sabor a viejo;
que también el humorismo forma parte del bloque inamovible;
que no hago otra cosa que reducir lo nuevo a lo antiguo;
que no intento todavía reconocer quién soy;
que he perdido hasta la antigua paciencia de orfebre;
que la vejez hace resaltar por impaciencia sólo las miserias;
que no saldré nunca de aquí por más que sonría;
que doy vueltas de un lado a otro por la tierra como una bestia enjaulada;
que de tantas cuerdas que tengo he terminado por tirar de una sola;
que me gusta embarrarme porque el barro es materia pobre y por lo tanto pura;
que adoro la luz sólo si no ofrece esperanza.
Versión de Hugo Beccacece


Análise tardia
(Fim dos anos sessenta)

Sei bem que estou no fundo da fossa;
Que tudo aquilo que toco já foi tocado.
Que sou prisioneiro de desejos indecentes;
Que cada convalescência é uma recaída;
Que as águas estão estancadas e tudo tem sabor antigo;
Que também o humorismo forma parte do bloco inamovivel;
Que não faço outra coisa senão reduzir o novo ao antigo;
Que não tento senão reconhecer quem sou
Que já perdi até a antiga paciência de Jô;
Que a velhice me faz ressaltar, por impaciência, somente as misérias;
Que não sairei nunca daqui por mais que sorria;
Que dou voltas de um lado a outro pela terra como uma fera enjaulada;
Que, de tantas cordas que tenho, terminei por me prender numa só.
Que gosto de me enlamear porque o barro é matéria pobre e, portanto, pura;
Que adoro a luz somente se não oferece nenhuma esperança.

ATÉ NO TEMA





COTIDIANO

Um dia, quem sabe, como se enjoa do sal
Até serei capaz de fazer coisas diferentes,
Mas, hoje, monótono, faço tudo sempre igual.

ESQUECIMENTO DIGITAL


MEMÓRIA INSUFICIENTE


Não me envie mais e-mails.
Por favor, não encha
Minha caixa com imagens
Que meus programas não reconhecem.
Confesso que sou meio antigo, lento
E conservo velhos softs
Que não abrem
Os arquivos novos que me manda
tão modernos.

Apago logo seus PPTs ternos.
De Orkut não quero mais saber.
Me afastei de MSN por causa de você
E de You Tube só gostei para lhe agradar.
Já no Skipe nunca mais vou pegar
E até sonho em me isolar
em Mosqueiro, no Pará.


Enfim vou aposentar,
Se alguma vez tive,
O meu lado internauta
Por causa de meu coração tão magoado.
Preciso retirar teu nome da minha pauta
Como quem apaga um histórico grande e errado
Só porquê meu hard
Não tem mais memória para você!

Saturday, September 20, 2008

ÁPICE


ÁPICE


Quando me vi com a vida perfeita;

Tudo nos eixos, sem problema algum,

Emitiram o atestado de óbito.

TODO DIA


COTIDIANO


É possível que, um dia,
inesperadamente

Até me comporte de modo diferente.

Hoje, porém, faço tudo sempre igual.

Wednesday, September 17, 2008

MELHOR NÃO EXPLICAR

Explicação

Por seres infantil na tua doçura
Conquistada pelas graças do pecado
È que, na mulher, vejo a menina pura
Como águas de um lago indevassado.

Por seres de uma inocência tão patente
Leve, que se danças até flutuas,
Não explica porque navegas mansamente
Ainda quando brilham as carnes nuas.

E porque não há razão no sentimento,
Embora no sentimento haja razão,
Me embrulho na paixão e no momento.

Sei que explicar, às vezes, é tão vão
Como captar em palavras o movimento:
Melhor deixar falar toda a emoção.

Saturday, September 13, 2008

UM POEMINHA DO CHARLES

Finish

Charles Bukowski


We are like roses that have never bothered to
bloom when we should have bloomed and
it is as if
the sun has become disgusted with
waiting

Acabados

Nós somos como rosas que nunca chegaram a brotar,
se tornar botão, quando devíamos ter florescido e é como se o sol nos tivesse esturricado
durante a espera

OUTRO POEMA DE HUGDES

Bad Morning

Langston Hughes

Here I sit
With my shoes mismated.
Lawdy-mercy!
I's frustrated!

Manhã ruim

Aqui eu sento
Com meus sapatos desgastados.
Lei da misericórdia!
Eu me sinto frustrado!

UM POEMA DE HUGHES

Dream Variations

Langston Hughes


To fling my arms wide
In some place of the sun,
To whirl and to dance
Till the white day is done.
Then rest at cool evening
Beneath a tall tree
While night comes on gently,
Dark like me-
That is my dream!
To fling my arms wide
In the face of the sun,
Dance! Whirl! Whirl!
Till the quick day is done.
Rest at pale evening...
A tall, slim tree...
Night coming tenderly
Black like me.


Variações do Sonho

Abro meus braços de forma ampla
Em algum lugar do sol,
Para a vertigem e a dança
Até o dia branco está feito.
Então resta uma a noite fria
Sob uma grande arvore
Enquanto a noite vem suavemente,
Preta como eu - Este é o meu sonho!
Para abrir meus braços de forma ampla
Em face do sol,
Danço! Vertigem! Vertigem!
Até o dia é feito rápido.
Resta a pálida noite ...
Uma alta, esbelta árvore ...
A noite vem suavemente
Negra como eu.

Wednesday, September 10, 2008

A GRANDEZA DE SER

PAPEL



Sei que é muito difícl ser ator.

Claro que é fácil rir ou chorar,

Mas, interpretar está além

De ser o canastrão ou o zé ninguém

Que, na vida, sempre se é.




Ser ator

É coisa para Marlon Brando

Ou Meryl Streep.

É como tirar a roupa

Sem ficar nu

E continuar sendo quem se é

Quando se é outro.



Ser ator é como incorporar espirítos.

É ser outro no mesmo corpo.

Tuesday, September 09, 2008

POESIA DE HOJE

Epiphany


Carolina Maine




When the mind is darkened
Swells seem hastened
Only still is the heart
Beating not— for, time is an unruly dart
Chasing its path— ill defined
Until illumination of the spirit—in kind
All is revealed
When the body is receptive to all notions—unsealed


Epifania


Quando o cerébro está nublado
As dores parecem se apressar
Só ainda é o coração
Batendo não-, para o tempo que é um dardo sem rumo
Caçando o seu caminho-mal definido
Sob a iluminação do espírito-em espécie
Tudo é revelado
Quando o corpo está receptivo a todas as noções-não reveladas

DIRETO DO CRISBLOGANDO

LA ORACIÓN DEL ATEO

Miguel de Unamuno


Oye mi ruego Tú, Dios que no existes,
y en tu nada recoge estas mis quejas,
Tú que a los pobres hombres nunca dejas
sin consuelo de engaño. No resistes

a nuestro ruego y nuestro anhelo vistes.
Cuando Tú de mi mente más te alejas,
más recuerdo las plácidas consejas
con que mi alma endulzóme noches tristes.
¡Qué grande eres, mi Dios! Eres tan grande
que no eres sino Idea; es muy angosta
la realidad por mucho que se expande

para abarcarte. Sufro yo a tu costa,
Dios no existente, pues si Tú existieras
existiría yo también de veras.


A Oração do Ateu


Ouve a minha oração, Deus que não existes,
e em ti nada recolhes das minhas queixas,
Tu aos pobres homens nunca deixas
sem a consolação do engano. Não resistes
a nossa prece e o nosso desejo vistes.
Quando Tu de minha mente mais se afastas,
Mais recordo os conselhos que gastas
com a minha alma adoçando em noites tristes.
Que grande és, meu Deus! Tu és grande
que não és senão idéia, é muito estreita
a realidade por muito que se expande
para abarcar-te. Eu sofro nas suas costas,
Deus não existente, pois, caso Tu exista
existiria eu também, deveras

Fonte: A poesia original de Unamano peguei do blog sempre bonito que é o Crisblogando (htpp://crisblogando.blogspot.com)

UM POETA DA REPÚBLICA DOMINICANA

POUR TOI

Pedro Mir

Estoy de ti florecido
como los tiestos de rosas,
estoy de ti tus cosas...
Menudo limo de amores
abona mis noches tuyas
y me florecen de sueños
como los cielos de luna...
Como tú mido los pasos
y la distancia es más corta,
hablo en tu idioma de amor
y me comprenden las rosas...
Es que ya estoy florecido.
Es que ya estoy floreciendo
de tus cosas.

Por Ti

Estou de ti florescido
como os vasos de rosas,
Estou de ti florescendo de tuas coisas ...
Miúdo adubo do amor
abona minhas noites tuas
e me florescem de sonhos
como nos céus a lua ...
Como tu meço os passos
e a distância é mais curta,
Falo em teu idioma de amor
E me compreendem as rosas ...
É que eu já estou florescido.
É que eu já estou florescendo
de tuas coisas.

SAUDADES...

MANHÃS

Lembro que, no café,
Comia uns pãezinhos de grãos
Com a gulodice de uma criança
Cujos olhos comiam muito mais....


É verdade que o leite derramado
Me deixava de carne saciado,
Mas, junto de você, o tempo
Tinha o nome de prazer

E o apetite era sempre renovado.

Monday, September 08, 2008

SABOR PARA MIM


O MELHOR SABOR


Não há pecado nenhum
Na panela imensa
De garoupa com azeitonas pretas
ao manjericão.
Não. O pecado está no vinho tinto
Que adivinho ser gelado.

Não há nenhum problema
Em ter tanto apetite e sede.
Se os rigotonis de berinjela
estão deliciosos.
Teu olhar é o mais saboroso de todos os pratos.

Meu único desejo é a nudez da sobremessa.

PENSAMENTOS....

DESFAZENDO

Que tudo acontece por alguma razão
Acreditei sem razão nenhuma-
Isto me pareceu lógico.

No entanto também é tão racional
Que o acaso me pareceu irreal
E toda mágica inexistente
Poristo, mesmo tão inconsistente.

Nada pode ser tão pré-determinado
Me lembra Heisenberg
E, como tudo é relativo,
O destino é uma variável
Cheia de incógnitas.

Não há razão para coisa alguma.






VÔOS


Arrodeios


Se tudo acontece por um motivo

O mundo seria racional.

Se é...a lógica está no irreal.


Toda explicação boa

Que encontro,

Por acaso,

È culpa do destino.

Tudo é pré-determinado.


A probabilidade e a indeterminação

Me fazem meio evasivo.

Não sou perverso.

Sou Persivo.


Thursday, September 04, 2008

TEMPOS E NUVENS

Inconsistência

Há este céu,
Que também é o tempo,
Sempre quente,
Que cobre as casas.
Há a fumaça que jorra
Das florestas que já foram tapetes verdes
E as cinzas
Que se espalham pelo ar,
Sem parar, sem parar.

Sei que é preciso amar.
Hoje, no entanto, meu coração que bate tanto
Parece, como o tempo, parar.

Este é o nosso tempo
Que, ao mesmo tempo,
Já nem nosso é...
Depois do calor do momento
Há o frio esquecimento
E o nunca mais...
Como uma árvore que cai.

Na vida nada é sustentável.

OUTRA POETA DA NICARÁGUA

LO INEFABLE

Delmira Agustini

Yo muero extrañamente... No me mata la Vida,
no me mata la Muerte, no me mata el Amor;
muero de un pensamiento mudo como una herida.
¿No habéis sentido nunca el extraño dolor

de un pensamiento inmenso que se arraiga en la vida
devorando alma y carne, y no alcanza a dar flor?
¿Nunca llevasteis dentro una estrella dormida
que os abrasaba enteros y no daba fulgor...?

¡Cumbre de los Martirios...! ¡Llevar eternamente,
desgarradora y árida, la trágica simiente
clavada en las entrañas como un diente feroz...!

Pero arrancarla un día en una flor que abriera
milagrosa, inviolable... ¡Ah, más grande no fuera
tener entre las manos la cabeza de Dios!

O Inefável

Eu morro estranhamente....Não me mata a vida,
Não me mata a morte, não me mata o amor;
Morro de um pensamento mudo como uma ferida.
Não haveis sentido nunca tão estranha dor

De um pensamento imenso que se entranha na vida
Devorando alma e carne, e não chega a dar flor?
Nunca levastes dentro de ti uma estrela adormecida
Que se incendiava inteira e não dava fulgor?

Pico dos martírios...! Levar eternamente,
Desgarradora e árida, a trágica semente
Cravada nas entranhas como um dente feroz...!

Porém, arrancá-la um dia numa flor que se abriria
Milagrosa, inviolável...Ah!Maior nunca seria
Nem mesmo ter entre as mãos a cabeça de Deus!

UMA POETISA DA NICARÁGUA


Como Tinaja

Gioconda Belli

En los días buenos,
de lluvia,
los días en que nos quisimos
totalmente,
en que nos fuimos abriendo
el uno al otro
como cuevas secretas;
en esos días, amor
en mi cuerpo como tinaja
recogió toda el agua tierna
que derramaste sobre mí
y ahoraen estos días secos
en que tu ausencia duele
y agrieta la piel,
y el agua sale de mis ojos
llena de tu recuerdo
a refrescar la aridez de mi cuerpo
tan vacío y tan lleno de vos.

Como um pote

Nos bons dias de chuva
Nos dias em que nos quisemos
Totalmente
Em que fomos nos abrindo
Um para o outro
Como curvas secretas;
Nesses dias, o amor,
Em meu corpo como que
Recolheu toda a água terna
Que derramastes sobre mim
E agora, nestes dias secos,
Em que tua ausência dói
E resseca a pele,
A água sai de meus olhos
Plena de tua recordação
Como para refrescar a aridez de meu corpo
Tão vazio e tão pleno de ti.

Ilustração: http://www.indiosonline.org.br/blogs/index.php?blog=5&p=572&more=1&c=1

UM POETA DA REPÚBLICA DOMINICANA

COMO ME SIENTO

Iván Segarra Báez

Me siento como se siente el agua
entre mares de cenizas.
Mi fuerza es un ciclón
que choca contra el viento.
¡Será que soy de espuma,de silencios muertos!
Sé que no conozcolos gorriones sedientos.
Mi mundo es una playa sin orillas
y mi cuerpo tendido de azucenas
no conoce la desgracia
aunque la viva cerca.
¡Seré un marinero sin puerto,
un abismo suicida
que llorará sobre el tiempo!

¿Cómo me siento vida,
cómo me siento?


Como me sinto

Me sinto como se sente a água
Entre mares de cinzas.
Minha força é um ciclone
Que se choca contra o vento.
Será que sou espuma
De silêncios mortos!
Sei que não conheço
Os pássaros sedentos.

Meu mundo é uma praia sem areias
E meu corpo coberto de açucenas
Não conhece a desgraça
Ainda que seja uma cerca viva.
Serei um marinheiro sem porto,
Um abismo suicida
Que chorará sobre o tempo.

Como me sinto vida,
Como me sinto?

Ilustração: Site “Mundinho da Lisa”

Tuesday, September 02, 2008

PANERO NOVAMENTE

EL ÚLTIMO ESPEJO

Leopoldo Maria Panero


Inspirado en una pesadilla que tuvo por nombre«Marava Domínguez Torán»

Todo aquel que atraviesa el corredor del Miedo
llega fatalmente al Último Espejo
donde una mujer abrazada a tu esqueleto nos muestra
cara a cara el infierno de los ojos sellados
de los ojos cerrados para siempre como en una máscara
de muerta representando en el más allá el teatro último:
así miré yo a los ojos que borraron mi alma
así he mirado yo un día que no existe en el Último Espejo

O Último Espelho

Todo aquele que atravessa o corredor do medo
Chega fatalmente ao ultimo espelho
Onde uma mulher abraçada ao esqueleto nos mostra
Cara a cara o inferno dos olhos cerrados
Dos olhos cerrados para sempre como uma máscara
De morta representando mais além do último teatro:
Assim olhei a todos que sujaram minha alma
Assim olhei eu um dia em que não mais existe no último espelho.

Monday, September 01, 2008

SAN JUAN DE LA CRUZ

Glosa de el mismo


San Juan de la Cruz

Sin arrimo y con arrimo,
sin luz y ascuras viviendo
todo me voy consumiendo.

I
Mi alma está desassida
de toda cosa criada
y sobre sí levantada
y en una sabrosa vida
sólo en su Dios arrimada.

II
Por esso ya se dirá
la cosa que más estimo
que mi alma se vee ya
sin arrimo y con arrimo.

III
Y aunque tinieblas padezco
en esta vida mortal
no es tan crecido mi mal
porque si de luz carezco
tengo vida celestial
porque el amor da tal vida
quando más ciego va siendo
que tiene al alma rendida
sin luz y ascuras viviendo.

IV
Haze tal obra el amor
después que le conocí
que si ay bien o mal en mí
todo lo haze de un sabor
y al alma transforma en sí
y assí en su llama sabrosa
la qual en mí estoy sintiendo
apriessa sin quedar cosa,
todo me voy consumiendo.

Glosa de si mesmo

Sem amparo e com amparo,
Sem luz e às escuras vivendo
Tudo vai me consumindo.

I

Minha alma esta desassistida
De toda a coisa criada
E sobre si levantada
Numa saborosa vida
Somente em Deus amparada.

II

Por isto assim se dirá
Que a coisa que mais estima
Que minha alma se vê já
Com amparo e sem amparo.

III

E ainda que na escuridão padeça
Nesta vida mortal
Não é tão crescido meu mal
Porque se de luz careço
Tenho a vida celestial
Porque por amor de tal vida
Quanto mais cego vou sendo
Quem tem a alma rendida
Sem luz e às escuras vai vivendo.

IV

Faz tal obra o amor
Depois que lhe conheci
Que se há bem ou mal em mim
Tudo tem maior sabor
E a alma se transforma em si
E assim sua chama saborosa
Apressa sem deixar coisa,
Tudo que sou consumindo.