Friday, July 31, 2015

Um poema de Daniel Rojas Pachas

Exhumar                                                                     

Daniel Rojas Pachas

Roto el contoneo celeste,
la galaxia de navajas en saliva y los truenos, que abren el brazo,
la verbal cima de quijadas acoge y amamanta
como madre y cemen-terio,
al último de la especie.
Esta raza, que humana se dice en cuidado del dolor,
sólo respira gracias a ese niño con rostro de elefante.
Manuscritos en lodo penden bajo su mamífero pie,
cuna de aves y quebrados dientes.
Épocas en agonía, des-paginadas, se martillan y suceden, van pariendo la
cosmogonía láctea,
la cruzada de mil cruzadas,
líneas paralelas y esporas luminarias.

Exumar

Roto o contorno celeste,
a galáxia de navalhas na saliva e nos trovões, que abrem o braço,
a verbal mandíbula acolhe e amamenta
como mãe e cemi-tério,
a última das espécies.
Esta raça, que se diz no cuidado da dor,
só respira graças a este menino com cara de elefante.
Manuscritos no lodo pendurados sob seu mamífero pé,
berço de pássaros e dentes quebrados.
Tempos em agonia, des-paginadas, são marteladas e se sucedem, vão parindo
Cosmogonia láctea,
a cruzada mil cruzadas,
linhas paralelas e esporas luminárias.


Ilustração: punctumstudium.blogspot.com

Thursday, July 30, 2015

Uma poesia de Mary Oliver

NEXT TIME                                                                    
Mary Oliver 

Next time what I'd do is look at
the earth before saying anything. I'd stop
just before going into a house
and be an emperor for a minute
and listen better to the wind
      or to the air being still.

When anyone talked to me, whether
blame or praise or just passing time,
I'd watch the face, how the mouth
has to work, and see any strain, any
sign of what lifted the voice.

And for all, I'd know more -- the earth
bracing itself and soaring, the air
finding every leaf and feather over
forest and water, and for every person
the body glowing inside the clothes
    like a light.

Da próxima vez

Da próxima vez eu poderei olhar  
a terra antes de dizer alguma coisa. Eu poderei parar
justo antes de entrar na casa,
e ser imperador por um minuto
e escutar melhor o vento
e o  ar  imóvel.

Quando alguém  me falar, para
culpar-me ou elogiar ou apenas passar o tempo,
Gostaria de ver o rosto, como a boca
trabalha, e ver alguma tensão,  qualquer
sinal de que há levantado a voz.

E acima de  tudo, conheceria mais –a terra
Apoiando-se em si  mesma e levantando-se, o ar
encontrando em cada folha e cada pluma sobre
a floresta e a água, e em cada pessoa
o corpo resplandecendo dentro das roupas
como uma luz.


Ilustração: natannobrega.blogspot.com

Wednesday, July 29, 2015

Mais uma poesia de Manuel Altolaguirre






TIEMPO A VISTA DE PÁJARO

A Luiz Cernuda

Manuel Altolaguirre

La eternidad es tuya,
profeta con memoria,
gozador del presente.

¿Qué extensión se dilata
dentro de ti?

¿Qué mirada gozosa
por tu espíritu extiendes?

El pasado, el futuro,
lo presente, el hundido
tiempo total del hombre,
pensativo dominas.

La eternidad, que es sólo
tiempo a vista de pájaro,
vive entre tus ideas,
bajo los cielos tuyos,
bajo las altas águilas
que vuelan en tu frente.

O tempo na visão de um pássaro

A eternidade é tua,
Profeta com memória,
desfrutador do presente.

Que extensão se dilata
dentro de ti?

O olhar alegre
por teu espírito estendes?

O passado, o futuro,
o presente, o fugitivo
tempo total do homem,
pensativo dominas.


Ilustração: ultradownloads.com.br

Tuesday, July 28, 2015

Outra poesia de Maria Tereza Cervantes

SILENCIO                                                                                    

Maria Tereza Cervantes

Llevas el dedo a tus labios.
                                Silencio!
Es la hora de callar,
                       de desmentirse
de lo dicho, de desmentirse de los sueños.
Es la hora de pensar, de recogernos,
de ocultarnos de tantos como miran,
                                             como hieren,
                                             como eliminan.

Pides silencio,
                 más de lo que yo esperaba.
Te entiendo. Sí, te entiendo.

Silêncio

Levas o dedo a teus lábios.
                                Silencio!
É hora de calar,
                       de desmentir-se
o dito, de desmentir-se dos sonhos.
É a hora de pensar, de nos recolher,
para nos ocultar de como nos olham,
                                             como ferem,
                                             como eliminam.
 
Pedes silêncio
                 mais do que eu esperava.
Te entendo. Sim, como te entendo.


Ilustração: odiscipulogauderio.com

Monday, July 27, 2015

Outra poesia de Mariana Colomer


Mariana Colomer                                                               

El corazón, cuántas veces extraño,
a la espera de que el amor se revelase.
Fue necesario el deseo de ti
antes de conocerte,
y también la inquietud
de estar sin tu presencia.
Cuando no te busqué, apareciste

O coração, quantas vezes estranho,
a espera de que o amor se revelasse.
Foi necessário o desejo de ti
antes de conhecer-te
e também a inquietude
de estar sem tua presença.
Quando não te busquei, aparecestes.


Sunday, July 26, 2015

Uma poesia de Mariana Colomer




EN TODO AMOR HAY ALGO QUE SE OCULTA

Mariana Colomer 

En todo amor hay algo que se oculta.
Si el evocado tacto y tu voz me colmaban,
ahora ansío el rostro que me niegas, 
aunque sé que goce tan pleno
no puede perdurar.
Todo lo pierdo por quererte alcanzar todo
y no saben dónde hallarte mis manos,
mariposas en busca de tu cuerpo.
Fue necesario huir hasta mis simas
para tenerte nuevamente,
o tal vez estuviste siempre en mí,
y ya no sé mirarte
con los ojos de entonces. 

Em todo amor há algo que se oculta
Em todo amor há algo que se oculta
Se ao recordar o tato e a tua voz que me satisfaziam,
agora anseio o rosto que me negas,
ainda sei que prazer tão pleno
não pode perdurar.
Tudo perdi por querer-te alcançar tudo
e não sabem onde encontrar-te minhas mãos
borboletas em busca de teu corpo.
Foi necessário afundar até o poço mais profundo
Para te ter novamente,
Ou, talvez, estivestes sempre em mim,
E já não sei te olhar
Com os olhos de ontem.


Ilustração: passarinhosnotelhado.blogspot.com

Saturday, July 25, 2015

Mais uma poesia de Reina María Rodriguez

                                                                                            
la diferencia

Reina María Rodriguez

yo que he visto la diferencia,
en la sombra que aún proyectan los objetos en mis ojos
-esa pasión de reconstruir la pérdida;
el despilfarro de la sensación-
del único país que no es lejano
a donde vas. donde te quedas.
sé que en la tablilla de terracota
que data del reinado de algún rey,
con caligrafía japonesa en forma de surcos
están marcados tus días.
los días son el lugar donde vivimos
no hay otro espacio que la franja que traspasan
tus ojos al crepúsculo.
no podrás escoger otro lugar que
el sirio de los días,
su diferencia.
Yen esa rajadura entre dos mundos
renacer a una especie (más estética)
donde podamos vivir otra conciencia de los días
sin los despilfarros de cada conquista.

a diferença

Eu que vi a diferença,
na sombra que ainda projetam os objetos nos meus olhos
-Esta paixão de reconstruir o perdido;
a dilapidação da sensação-
do único país que não está distante
aonde vais. Aonde ficas.
Sei que na tabuleta de terracota
que data do reinado de algum rei,
com caligrafia japonesa em forma de ranhuras
estão marcados teus dias.
Os dias são este lugar onde vivemos
não há outro espaço que a franja que atravessam
teus olhos para o crepúsculo.
Não poderás escolher outro lugar
que a procissão dos dias,
sua diferença.
Yen esta rachadura entre dois mundos
renasce para uma espécie (mais estética)
onde possamos viver outro consciência dos dias
sem os desperdícios de cada conquista.


Ilustração: hugolapa.wordpress.com

Outra poesia de Marco Yupanqui

2                                                                            

Marco Yupanqui                                                                                  
Recuerdas padre, los tiempos de abundancia,
cuando teníamos el hocico hundido
                                    en el comedero
y mi madre      como una gran vaca se desangraba.

No tenía que saber cuál era el color de los muertos.

Ahora entro a las carnicerías
y te imagino ensartado en esos garfios

2

Recorda-se pai, os tempos de abundância,
quando tínhamos  o focinho afundado
                                                 nas panelas
e minha mãe como uma grande vaca se dessangrava.

Não tinha que saber qual era a cor dos mortos.

Agora entro nos açougues
e te imagino pendurado naqueles ganchos


Ilustração: minilua.com

Friday, July 24, 2015

E, outra vez, a poesia de Graciela Wencelblat

Viaje                                                                                             

Graciela Wencelblat Wainbuch

Cada viaje es una salida
que deja el contorno de mi cuerpo
 incompleto.
Un salto sin preámbulos hasta
que voy y vengo.
Entonces comprendo la necesidad de
movimiento para desenvolver pensamientos
sacar la confusión de mis ambientes internos.
Llevo mi infierno y oasis
vuelvo llena de metáforas
escribiendo con fuego.
Remonta olas corazón y late
revelando secretos y este intenso sabor a tierra.

Raíz en lo profundo.

Viagem

Cada viagem é uma saída
que deixa o contorno de meu corpo
incompleto.
Um salto sem preâmbulos até
que vou e venho.
Então, compreendo a necessidade de
movimento para desenvolver pensamentos
sacar a confusão de meus ambientes internos.
Levo meu inferno e oásis
volto pleno de metáforas
escrevendo com fogo.
Remonta ondas coração e bate
revelando segredos e este intenso sabor da terra.

Raiz do profundo.


Ilustração: www.brasilescola.com

Thursday, July 23, 2015

Mais uma poesia de Reina María Rodriguez

qué confusión                                                           
Reina María Rodriguez

qué confusión me invade cuando despierto
y sé que estas cerca
qué confusión me invade cuando despierto
y no te puedo abrazar
hasta fundirme sudorosa al caos de las cosas.
el sonido de mi corazón (como patas de caballo)
golpea mi sangre acelerada por el vino.
qué confusión me invade
y no te puedo abrazar
-animal magnífico que inventé contra mi soledad
y que desprecio por ser tan vulnerable-.
reseca está la arena donde ni un escombro
ha quedado,
sólo patas de caballo que levantan su dolor
con esfuerzo.

que confusão

Que confusão me invade quando desperto
e  sei que não estais perto
Que confusão me invade quando desperto
e não te posso abraçar
até fundir-me suada ao caos das coisas.
o som do meu coração (como as patas de um cavalo)
golpeiam meu sangue aceleradao pelo vinho.
Que confusão me invade
e não te posso abraçar
-Eu animal magnífico que inventei contra a minha solidão
E que desprezo por ser tão vulnerável-.
Ressecada esta a areia aonde nenhum escombro
há caido,
somente as patas do cavalo que aumentam a sua dor
com esforço.


Ilustração: juhdiz.blogspot.com

Wednesday, July 22, 2015

E, de volta, a poesia de Graciela Wencelblat Wainbuch




Toda cosecha

Graciela Wencelblat Wainbuch

Sostengo el poema
con manos de ausencia
el vaivén del silencio se desliza
rompiendo toda regla.

Cualquier color
aroma de tierras extrañas
un grito en la noche
hondo tajo en el día.

Que sea el poema un atardecer
                                       de uva
el ojo ajeno, los ojos de mi locura
que penetran el beso.
Café con leche y después
que se anuncie el deseo.

Que el poema se atreva
a ser mi amante
lengua que atraviesa mi cuerpo
el verbo en acción
que se abra en las noches.

Que absorba de esta mujer
toda la cosecha.

Toda a colheita

Sustento o poema
com mãos de ausência
o vaivém do silêncio se desliza
rompendo toda a regra.

Qualquer cor
aroma de terras estranhas
um grito na noite
fundo talho no dia.

Que seja o poema um entardecer
                                         de uva
o  olho alheio, os olhos da minha loucura
que penetram o beijo.
Café com leite e depois
que se anuncie o desejo.

Que o poema se atreva
a ser meu amante
língua que atravessa meu corpo
o verbo em ação
que se abra nas noites.

Que absorva desta mulher
toda a colheita.


Ilustração: damiaomartinspintor.blogspot.com

E, mais uma vez, a poesia de Bécquer



RIMA XLII

Gustavo Adolfo Bécquer

Cuando me lo contaron sentí el frío
de una hoja de acero en las entrañas;
me apoyé contra el muro, y un instante
la conciencia perdí de dónde estaba.
Cayó sobre mi espíritu la noche,
en ira y en piedad se anegó el alma.
¡Y entonces comprendí por qué se llora,
y entonces comprendí por qué se mata!
Pasó la nube de dolor…. Con pena
logré balbucear breves palabras…
¿Quién me dio la noticia?… Un fiel amigo…
Me hacía un gran favor… Le di las gracias.

RIMA XLII

Quando me contaram, senti o frio
de uma lâmina de aço nas entranhas;
me apoiei no muro e, por um instante,
a consciência perdi de onde estava.
Caiu sobre meu espírito a noite,
em ira e em piedade se afogou a alma.
E então, compreendi porque se chora,
e então, compreendi porque se mata!
Passou a nuvem de dor…Com que pena
logrei balbuciar breves palavras…
Quem me deu a notícia? Um fiel amigo…
Me fazia um grande favor… E lhe dei graças.


Ilustração: euqueaprendaalevantar.blogspot.com

Sem salvação


Oh! Pobre de mim
Que não posso ser diferente do que sou!
E tenho essas marés de entusiasmo
e, de repente, me vejo, pasmo,
afogado num abismo de tristeza.
e nem mesmo, meu amor, tem pena de mim,
pois, ao me ver assim,
a reclamar da minha cruz
até dúvida que seja por ela
e faz pouco do sofrimento
na distância que alimento.
Só mesmo Jesus na causa!
Afinal todo castigo é pouco-
para um infiel-
que, nem mesmo com reza,
Vê probabilidade de alcançar o céu! 

Ilustração: reflexaodoutrinaria.blogspot.com