Wednesday, December 26, 2012

José Ángel Buesa




Amor tardío

José Ángel Buesa

Tardíamente, en el jardín sombrío,
tardíamente entró una mariposa,
transfigurando en alba milagrosa
el deprimente anochecer de estío.

Y, sedienta de miel y de rocío,
tardíamente en el rosal se posa,
pues ya se deshojó la última rosa
con la primera ráfaga de frío.

Y yo, que voy andando hacia el poniente,
siento llegar maravillosamente,
como esa mariposa, una ilusión;

pero en mi otoño de melancolía,
mariposa de amor, al fin del día,
qué tarde llegas a mi corazón...

Amor tardio

Tardiamente, no jardim sombrio,
tardiamente entrou uma borboleta
transfigurando numa manhã bonita
o deprimente anoitecer de estio.

E sedenta de mel e do rocio,
tardiamente no roseiral pousa,
pois, já se despojou da última rosa
com a primeira aproximação de frio.

E eu, que vou andando até o poente,
sinto chegar maravilhosamente,
como esta borboleta, uma ilusão;

porém,  em meu outono de melancolia,
borboleta de amor, ao fim do dia,
sinto que tarde chegas ao meu coração ...

Ilustração:  olhares.uol.com.br

Miguel Hernández




Silbo de la llaga perfecta

Miguel Hernández

Ábreme, amor, la puerta
de la llaga perfecta.
Abre, amor mío, abre
la puerta de mi sangre.
Abre, para que salgan
todas las malas ansias.
Abre, para que huyan
 las intenciones turbias.
Abre, para que sean
fuentes puras mis venas,
Mis manos cardos mondos,
pozos quietos mis ojos.
Abre, que viene el aire
de tus palabras… ¡Abre!
Abre, amor, que ya entra…
¡Ay!
Que no se salga… ¡Cierra!

Silvo de uma fenda perfeita

Abre-me, amor, a porta
a fenda perfeita.
Abre, amor meu, abre
a porta do meu sangue.
Abre, para que saíam
todas as ânsias más.
Abre para que  fujam
todas as intenções turvas.
Abre, para que sejam
fontes puras minhas veias,
Minhas mãos cardos puros,
poços quietos meus olhos.
Abre, para que venha o ar
de suas palavras ... Abre!
Abre, Amor, que já entra ...
Oh!
Que não saia ... fecha!

Ilustração:  becodospoetas.com.br

Tuesday, December 25, 2012

Manuel Alcantára




Soneto para esperarte en una cafetería

Manuel Alcantára

Resulta que la historia estaba escrita
cuando yo quise hacerla a mi manera.
Cuando yo no quería que volviera
resulta que la historia resucita.

Resulta que en el tiempo de la cita
tendrán que hacer un banco de madera.
Al corazón le viene bien la espera,
quién sabe si además la necesita.

Azafatas de vuelo alicortado
van del café a las piñas tropicales
por aires ciudadanos y ruidosos.

Arriba el tiempo nuevo ha presentado
sus fluorescentes luces credenciales
y enrolla pergaminos luminosos.


Soneto para te esperar numa cafeteria

Acontece que a história estava escrita
quando eu quis fazê-la à minha maneira.
Quando eu não queria que voltasse
resulta que a história ressuscita.

Acontece que na época do encontro
terão que fazer um banco de madeira.
Ao coração lhe faz bem a espera,
quem sabe se, ademais, o necessita.  

Aeromoças de vôo entrecortado
vão do café a drinques  tropicais
por ares de citadinos e ruidosos.

Corre o novo tempo presenteado
suas luzes fluorescentes credenciais
e enrola pergaminhos luminosos.

Ilustração: Cafefacil 

Manuel Alcantára





Amanecer                                                       

Manuel Alcantára

Una vez más reaparece
el día de ayer, ya dado
por muerto y por enterrado.
Otra vez desaparece

el silencio y me amanece
otra vez a nuestro lado.
No sé si será pecado.
A mí no me lo parece.

En este día cualquiera
párate a ver cómo canta,
antes que me vaya fuera,

mi corazón en tu mano
y tu boca en mi garganta
por la mañana temprano.

Amanhecer

Mais uma vez reaparece
o dia de ontem, já dado
por morto e enterrado.
Outra vez desaparece

o silenciar e me amanhece
outra vez ao nosso lado.
Não sei se será pecado.
A mim, porém, não me parece.

Neste dia, qualquer hora
estarei a ver como canta,
antes de que me vá embora,

o meu coração na tua mão
e tua boca em minha garganta
pela manhã  bem cedinho.

Cançãozinha do fim do mundo





(Feita antes do dia 21 de dezembro de 2012)

Por saber que existes
(ainda que nos separe o tempo e a distância)
Para eu, o pessimismo se perdeu,
ou, se transformou numa doce saudade.
A verdade é que, talvez, o fim,
não seja, como se pensa, tão ruim.
E, tanto tempo longe de ti,
sem poder cantar, como cantam os Skank,
aquela musiquinha “Vamos Fugir”,
já me faz até achar interessante
o mundo explodir!

Saturday, December 22, 2012

Vitier novamente





La obra...

Cintio Vitier

Mientras más guardo en mis despensas, soy más menesteroso,
siempre ante el mismo muro, de nada me han servido
las lámparas que encendí. Es de noche. Estoy solo.
Las estancias aun tibias del festejo desiertas,
ni un gesto, ni una sílaba, ni un aroma, podrían ayudarme.
Tengo que hacerlo todo otra vez, de la raíz
para encontrar al cabo que no poseo nada,
que el pabellón oscuro se inclina a la intemperie.

A obra

Quanto mais guardo em minha despensa, mais estou necessitado,
sempre ante o mesmo muro, de nada hão me servido
as lâmpadas que acendi. É noite. Estou sozinho.
As casas ainda cálidas de festejos desertos,
nenhum gesto, nenhuma sílaba, nenhum aroma, pode ajudar-me.
Tenho que fazer tudo de novo, a partir da raiz
para descobrir, ao fim, que não tenho nada,
que a sala escura se inclina ao sabor da intempérie.

Cintio Vitier



 Canción                                                        

Cintio Vitier

¡Oh dulcísimo callar
del ángel de mi sigilo!

¡Oh dulcísimo callar
del mundo en mi corazón!

¡Oh dulcísima miseria
de mis ojos en la flor,

de mi soñar en el ro,
de mi tacto por el cielo!


                                                            Canção

                                                         Oh! dulcíssimo silêncio
                                                         do anjo do meu sigilo! 

                                                         Oh! dulcíssimo silêncio
                                                         do mundo no meu coração!

                                                         Oh! dulcíssima miséria
                                                         de meus olhos sobre a flor,

                                                         de meu sonhar sobre o rio,
                                                         de meu tato pelo céu!

Ilustração:  fundosiphone.com

Friday, December 21, 2012

Adolfo Montejo Navas




CALENDA

Ahora que el tiempo se escucha y es de vidrio
en el fondo de los ojos, un velo disparatado
por los dardos de una música ciega que recorre
todo, ahora que el tiempo hiere, dime.  

Calendário

Agora que o tempo se escuta e é de vidro
no fundo dos olhos, um véu disparatado
pelos dardos de uma música cega que percorre
tudo, agora que o tempo dói, me diga.

Thursday, December 20, 2012

Olvido outra vez



Te busco por las calles...                            

te busco por las calles
de casas en ruinas y olor acre,
no hay timbres ni nombres;
te encuentro y me miras
pequeño y envejecido, no eres tú,
te pones un sombrero rayado
de ala vuelta y mínima, te vas

De "Ella, los pájaros" 1993


Te busco pelas ruas ...

te busco pelas ruas
de casas em ruínas e odor acre,
não há timbres nem nomes;
te encontro e me olhas
pequeno e envelhecido, não és tu,
te ponhes um chapéu listrado
de asa repuxada e mínima, te vais

Ilustração: reticenciaspoeticas.blogspot.com


Olvido García Valdés




Hundir los dedos entre sus cabellos...

Olvido García Valdés

Hundir los dedos entre sus cabellos
o pájaros jugando,
muy despacio, a caerse de un cable
de la luz,
muy despacio, abanico
de mirlos.
Cerca hay una charca y un árbol
en el centro.
Reverbera la fiebre,
el amarillo hiere sobre el agua.

De "Exposición" 1979


Afundar os dedos entre seus cabelos ...

Afundar os dedos entre seus cabelos
ou feito aves se jogando,
muito lentas, caindo de um cabo
de luz,
muito lenta, leques
de melros.
Perto há um lago e uma árvore
no centro.
reverbera a febre,
o amarelo fere a água.

Ilustração:  taylorlautnermania.com

Tuesday, December 18, 2012

Gelman novamente



La secreta dulzura del dolor...

Juan Gelman

la secreta dulzura del dolor
es transparencia/sale
de la furiosa resignación del sueño/
suena en la boca del perdido

en su origen/en su
rumor de existencia que
le clava la cabeza al gran espanto/
al doble andar/al doble hilo/a la

no verdad del estar como no estar/
el vuelo torpe que los cría/
lo que rompe la luz/memoria

confusa por sus números/
pecho que dura como huella/
la nada que te ama/


A secreta doçura da dor ...

a secreta doçura da dor
é a transparência / venda
da furiosa resignação  do sono /
sons na boca do perdido

na sua origem/ em
seu rumor de existência
se crava na cabeça o grande espanto/
ao duplo andar / o fio duplo / para

a não verdade do estar como não estar /
o vôo desajeitado que os cria /
o que rompe a luz / memória

confusa por seus números /
peito que dura como uma pegada /
a nada que te ama /

Juan Gelman retorna




Nota V                                           


Juan Gelman                                                    

no echés a la tristeza del fogón/
siéntese aquí a mi lado/vieja/
usted nunca me va a dejar/
perdonemé si la olvidé

si anduve de rabia en rabia
saliendo de un muerto entrando
a otro muerto o mundo roto/
si así viaje todos estos años/

arrímese/tristeza/
que me hace tanta furia
y tanto puerto muerto y
necesito viajar/viajar


Nota V

Não jogues a tristeza do fogão/
sentando-se aqui a meu lado / velha /
você nunca vai me deixar /
Perdoe-me se a esqueci

se tivesse andado da raiva para a raiva
saindo de um morto entrando
em outro morto ou num mundo roto /
se assim viajei todos esses anos /

arremesse/ a tristeza /
que me faz tanta fúria
e tanto porto morto e
necesito viajar / viajar