Wednesday, January 31, 2007

UM POETA MEXICANO


BAJO MIS MANOS CRECE...

Jaime Sabines

Bajo mis manos crece, todas las noches. Tu vientre suave, manso, infinito.
Bajo mis manos que pasan y repasan midiéndolo, besándolo, bajo mis ojos que lo
quedan viendo toda la noche.

Me doy cuenta que tus pechos crecen también, llenos de ti, redondos y
cayendo. Tú tienes algo. Ries, miras distinto, lejos.

Mi hijo te está haciendo más dulce, te hace frágil. Suenas como la pata de la
paloma al quebrarse.

Guardadora, te amparo contra todos los fantasmas, te abrazo para que madures
en paz.


SOB MINHAS MÃOS CRESCE...

Sob minhas mãos cresce, todas as noites. Teu ventre suave, manso, infinito.
Sob minhas mãos que passam e repassam medindo-o, beijando-o, sob meus olhos
que o seguem vendo toda a noite.

Me dou conta que teus seios também crescem, plenos de ti, redondos e
Caindo. Tú tens algo. Ris, olhas diferente, distante.

Meu filho te está fazendo mais doce, mais frágil. Sonhas com a suavidade da pata
de uma pomba ao se quebrar no vôo.

Protetora, te amparo contra todos os fantasmas, te abraço para que amadureças
em paz.

Tuesday, January 30, 2007

CASAL DO SÉCULO XXI

Depois do sexto casamento te encontrar,
Apesar dos tantos anos entre nós,
Foi como um sinal de que era para parar
E que, finalmente, havia, outra voz,
Outra vez sentido para o amor e para a vida.
Nos amamos como seria impossível
Imaginar lado a lado, inseparáveis
Em cada momento, em todo instante, lugar.
Só em mim, por tradição, havia
O leve instinto de trair ou abandonar
Tudo que vivíamos a compartilhar.
Devo confessar que te traí primeiro,
Mas tu, que não parecias capaz de me trair,
É verdade me traístes muito mais.
Depois por outro amor inesperado
Como um cachorrinho abandonado
Me largastes a choramingar inconformado.
Te pedi por todos os santos para voltar
Sem o menor resultado.
Não nego que dei vexame,
Bebendo pelos cantos e bares,
Lamentando em todos os lugares,
Como um louco, sem precisar de exame,
Agredindo teu amante em plena rua,
Mas como não sentir saudades tuas
E não ter raiva de quem usava o corpo teu
Embora também, vez por outra, fosse meu?
Tudo, no entanto não tem valor, pura asneira.
Tudo passa e vira folclore ou lenda
No fundo uma mera brincadeira
E amar não é apenas o outro suportar
É, acima de tudo, desejar seu bem.
Esqueçamos. Por favor, logo volta, vem!
Bem sabes que sempre esteve aberta a porta
E este negócio de se separar
Não é forma para que o amor se aprenda.
Fica bem para pessoas fracas,
Incapazes de amar e superar problemas.
Amor grande, casamento verdadeiro, real
É o que suporta as tempestades,
Mas resiste. Vem de volta com a alegria.
Deixa pra lá os tempos tristes, o dia
É hoje, a hora é agora.
Nós enfrentamos tudo juntos.
Não somos covardes.
Vamos dar uma festa de regresso,
Sorrir de tudo que passou
E, pela madrugada adentro,
Celebrar o nosso grande amor
Com todo seu pesar e seu contentamento.


(De Poemas Mal-Comportados).

Monday, January 29, 2007

AS BRASTEMPS IRRECONHECIDAS

ODE AS BELAS GORDAS

A beleza de uma bela mulher gorda
Não é feita para qualquer paladar.
Só bons apreciadores podem entender
O algo mais que as gordas tem pra dar.

A beleza de uma mulher gorda
É como uma jóia de finos adereços.
O prazer que uns quilos a mais dão
É uma sensação que não tem preço!

(A ilustração é do notável Botero).

Sunday, January 28, 2007

O AMOR FOI TANTO, TANTO...

O MAR DO AMOR

Se me lembro
De já ter sido poeta
Foi em teus braços
Soletrando o verbo amar.
Bem devagar:
A-mar, am-ar, am-mar, a-mar.
Bem depressa:
Amar, amar, amar, amar, amar, ah!
E bem me lembro
Das delícias de tal mar.

Saturday, January 27, 2007

UMA POETISA DA ARGENTINA

LA JAULA

Alejandra Pizarnik


Afuera hay sol.
No es más que un sol
pero los hombres lo miran
y después cantan.


Yo no sé del sol.
Yo sé la melodía del ángel
y el sermón caliente del último viento.
Sé gritar hasta el alba
cuando la muerte se posa desnuda
en mi sombra.


Yo lloro debajo de mi nombre.
Yo agito pañuelos en la noche y barcos sedientos de realidad
bailan conmigo.
Yo oculto clavos
para escarnecer a mis sueños enfermos.


Afuera hay sol.
Yo me visto de cenizas.


A JAULA

Lá fora há o sol
Não é mais que um sol
Porém os homens olham
E depois cantam.

Eu não sei do sol.
Eu sei a melodia do anjo
E o sermão quente
Do último vento.
Sei gritar até a aurora
Quando a morte pousa desnuda
Na minha sombra.

Eu choro debaixo de meu nome.
Eu agito lenços na noite e barcos sedentos de realidade
Dançam comigo.
Eu oculto cravos
Para zombar de meus sonhos doentios.

Lá fora há o sol
Eu me visto de cinzas.

Friday, January 26, 2007

UM POETA DA ESPANHA

MANUAL PARA SALVAR EL ODIO

Rodolfo Serrano

Cuando ella o él te dejen, no perdones,
niégate a conprenderlo.
Cultiva bien tu ódio, nunca seas
generoso en palabras o en olvido.

Cuando ella o él te dejen, nunca digas
adiós, o que vamos a hacerle.
Maldice cada letra de su nombre.
Y júrale odio eterno mirándole a los ojos.

Cuando ella o él te dejen, nunca creas
ni justificaciones ni promesas
y busca las palabras más hirientes
el insulto más infame que conozcas.

Cuando ella o él te dejen, nunca juegues
a ser Rick perdido em Casablanca.
Provoca llanto, dolor, remordimientos
y que el adiós te corte igual que una cuchilla.

Porque cuando ella o él te dejan, habrá alguien
tarde o temprano esperando en otra esquina
y volverán a gozar en otros brazos
y dirán “te amo”. Y “vem, dámelo todo ».

Y olvidarán. Para que, entonces,
mentir? Que ella o él se lleven
-aunque dure bien poco-nuestro odio
igual que una bandera. Para siempre.


Manual para salvar o ódio

Quando ela ou ele te deixar, não perdoes
Nega-te a compreendê-lo.
Cultiva bem teu ódio, nunca sejas
generoso nas palavras ou no esquecimento.

Quando ela ou ele te deixar, nunca digas
adeus, ou o que vamos fazer.
Maldiz cada letra de seu nome.
E jura-lhe ódio eterno olhando-o nos olhos.

Quando ela ou ele te deixar, nunca creias
nas justificativas nem nas promessas
e procura as palavras mais ferinas
o insulto mais infame que conheças.

Quando ela ou ele te deixar, nunca julgues
ser Rick perdido em Casablanca.
Provoca pranto, dor, remorsos
e que o adeus te corte feito uma lâmina.

Porque quando ela ou ele te deixar haverá alguém,
mais cedo ou mais tarde, esperando em outra esquina
e eles voltarão a gozar em outros braços
e dirão “te amo. E “vem me dar tudo”.

E vão se esquecer. Para que então,
mentir? Que ela ou ele levem consigo
- mesmo que dure bem pouco-nosso ódio
igual a uma bandeira. Para sempre.

UM POETA COLOMBIANO


POEMAS DE AMOR (I)

Darío Jaramillo Agudello

Ese otro que también me habita
acaso propietario, invasor quizás o exiliado en este cuerpo ajeno o de ambos,
ese otro a quien temo e ignoro, felino o angel,
ese outro que está solo siempre que estoy solo, ave o demônio,
esa sombra de piedra que há crecido em mi adentro y em mi afuera,
eco o palabra, esa voz que responde cuando me preguntan algo,
el dueño de mi embrollo, el pesimista y el melancólico y el inmotivadamente alegre,
ese outro,
tambiém te ama.


Poemas de Amor (I)

Este outro que também me habita
talvez proprietário, invasor, quem sabe o exilado neste corpo estranho ou de ambos,
este outro a quem temo e ignoro, felino ou anjo,
este outro que está só sempre que estou só, pássaro ou demônio,
esta sombra de pedra que tem crescido dentro e fora de mim,
eco ou palavra, esta voz que responde quando me perguntam algo,
o dono de meu enredo, o pessimista e o melancólico e o imotivadamente alegre,
este outro,
também te ama.

Thursday, January 25, 2007

OUTRA DE GRIL

LO QUE YO QUISIERA HACER

Fernando Gril

Lo que quisiera hacer contigo
ya no es un amor convencional y
despampanante no es siquiera esa foto
para que nos envidien las abuelas ajenas
lo que quisiera hacer es tan atroz y sencillo
tan de mi y de mis demências que supongo
te escandalizaria tanto como
cuando te propongo reivindicar el silencio
lo que quisiera hacer contigo no lo há hecho nadie todavia
es una forma de descostillarnos
de replantear nuestras certezas
lo que quisiera hacer contigo
claraboya del presente calcomania de superman
mujer de película hablada
es una metafísica de las carências.

O QUE EU QUERIA FAZER

O que queria fazer contigo
já não é um amor convencional e
deslumbrante não é sequer esta foto
para que nos invejem as avós estranhas
o que quero fazer é tão atroz e sensível
tão meu e de minhas demências que suponho
te escandalizaria tanto quanto
quando te proponho reivindicar o silêncio
o que queria fazer contigo não o fiz nada ainda, todavia
é uma forma nos descarnarmos
de replantar nossas certezas
o que o queria para fazer contigo
clarabóia do presente decalque de super-homem
mulher de cinema falado
é uma metafísica das carências.

Wednesday, January 24, 2007

AS PAIXÕES FORTES BRILHAM

CHAMA

Preciso de um amor imoralmente belo.
Um amor que seja assim escandaloso como uma rosa
[ vermelha aberta
Que se aperte no peito que o aperta
Qual um nó de ladrão.
Preciso de um amor desmesuradamente material
Que se desdobre em pernas,
Que se revolva em braços,
Que grite, morda, gema
e em suor se desmanche.
Um amor que os lencóis manche
E que, no meu peito, deixe uma mancha eterna.
Preciso de um amor imaterialmente criminoso
Que seja perverso na maldade da tortura
De um beijo longo, doce, torpe, cruel
Que, ao mesmo tempo, que maltrate traga a cura.
Que seja um amor que fique
na carne, na cama e no papel.
Preciso de um amor moralmente feio
Que seja, ao mesmo tempo, ternura e chicotada
E, ao me elevar, me arraste pela lama
Onde, trêmulo, hei de glorioso
Chafurdar no perfume de seu seio!

(Do livro Apocalypse)

O SENHOR INEXORÁVEL DAS HORAS


TEMPO

Te abandonas molemente aos afagos.
Percebo que teus seios são montanhas,
Teu ventre, um vale e, quando me apanhas,
Que teus olhos são dois enormes lagos.

Quando, então, danças no escuro
No ritmo febril de tua respiração
Teu sangue é uma lava, teu corpo, um vulcão
E no teu corpo o tempo está seguro.

Depois mais mole, e mesmo saciada,
Um sorriso, ou melhor, uma flor
Desabrocha como fruto do amor
E o tempo parece que não é mais nada!
(Do livro Apocalypse, Editora Zanzalas)

Tuesday, January 23, 2007

OUTRA POESIA DE LUZ

Oración

Luz Lescure

Ojalá que la duda
me asalte siempre
para no caer en la tentación
de adueñarme de esta, aquella
o cualquier verdad;
para mantenerme incrédula,
insegura y libre,
libre del pecado
de la certidumbre total.

Oração

Oxalá que a dúvida
me assalte sempre
para não cair na tentação
de apropriar-me desta, daquela
ou de qualquer verdade;
para manter-me incrédula,
insegura e livre,
livre do pecado
da certeza total.

UMA POESTISA DO PANAMÁ

RENUNCIO

Luz Lescure

Renuncio, me retiro
de este juego, no me sé las reglas
yo jugaba a las blancas
pero tú haces jugadas que no entiendo
-tal vez hay muchas damas em tu mesa
o jugará este juego a tu manera-
Pero aún, a pesar de la tiniebla
y el miedo, tengo torres en pie
caballos empotrados en la noche
alfiles plata en línea de horizonte
mi corazón es reina entre la niebla
de tu insegura piel.
Jugador de noches tíbias, me retiro
prefiero mi soledad y mi antigua tristeza.
Mejor dejemos tablas la partida, amor.

RENUNCIO

Renuncio, me retiro
deste jogo, que não sei as regras
eu jogava com as brancas
mas tu fazes jogadas que não entendo
- talvez haja muitas damas na tua mesa
ou jogarás este jogo à tua maneira-
porém ainda, apesar da fraqueza
e do medo, tenho torres em pé
cavalos bem posicionados na noite
bispos prateados na linha do horizonte
meu coração é rainha na névoa
de tua insegura pele.
Jogador de noites suaves, me retiro
prefiro minha solidão e minha velha tristeza.
Melhor deixarmos à partida empatada, amor.

Monday, January 22, 2007

OUTRO POEMA DE DALTON

DESNUDA

Roque Dalton

Amo tu desnudez
porque desnuda me bebes con los poros,
como hace el agua cuando entre sus paredes
me sumerjo.

Tu desnudez derriba con su calor los limites,
me abre todas las puertas para que te adivine,
me toma de la mano como un niño perdido
que a ti dejara quietas su edad y sus preguntas.

Tu piel dulce e salobre que respiro y que sorbo
pasa a ser mi universo, el credo que me nutre ;
la aromática lámpara que alzo estando ciego
cuando junto a las sombras los deseos me ladran.

Cuando te me desnudas con los ojos cerrados
cabes en una copa vecina de mi lengua,
cabes entre mis manos como el pan necesario,
cabes bajo mi cuerpo más cabal que su simbra.

El dia en que te mueras te enterraré desnuda
para que limpio sea tu reparto em la tierra,
para poder besarte la piel en los caminos,
trenzarte em cada rio los cabellos dispersos.

El dia em que tu mueras te enterraré desnuda,
como cuando naciste de nuevo entre mis piernas.


NUDEZ

Amo tua nudez
porque desnuda me bebes com o poros,
como faz a água quando escapa entre as paredes
me encontro submerso.

Tua nudez demole com seu calor os limites,
me abre todas as portas para que te adivinhe,
me toma as mãos como de um menino perdido
que a ti deixará quieta tua idade e perguntas.

Tua pele doce e salgada que respiro e que sorvo
passou a ser meu universo, o credo que me nutre;
a lâmpada aromática que levanto estando cego
quando, em meio as sombras, os desejos me ladram.

Quando tu me despes com os olhos cerrados
cabes numa taça próxima da minha língua,
cabes entre minhas mãos como o pão necessário,
cabes sob meu corpo mais exata do que minha sombra.

No dia em que tu morreres te enterrarei despida
para que limpa seja tua distribuição na terra,
para poder beijar-te a pele nos caminhos,
tresandando em cada rio teus cabelos dispersos.

No dia em que tu morreres te enterrarei despida,
como quando nascestes de novo entre minhas pernas.

UM POETA DE SALVADOR

EPIGRAMA

Roque Dalton

Somos la pareja menos infinita y menos adánica
que podría encontrarse en estos últimos 30 ãnos de
História.

Desde el punto de vista muscular
apenas hemos hecho poco más que dos perros.
Desde el ángulo cultural
hemos despertado bien poças envidias.

Pero este amor nos há devuelto mejorados al mundo
y, entre nosotros, inolvidables.

Ahora vamos a hacer que alguien sonria
o paladee un pedacito de dulce tristeza
hablando de nuestro amor en este poema.

EPIGRAMA

Nós somos o casal menos infinito e menos edênico
que poderia existir nestes últimos 30 anos de
História.

Do ponto de vista muscular
apenas fizemos pouco mais do que dois cães.
Do ângulo cultural
temos despertado bem poucas invejas.

Porém este amor nos devolveu melhorados ao mundo
e, cá entre nós, inesquecíveis.


Agora vamos fazer alguém sorrir
ou provar um pedaçinho da doce tristeza
falando de nosso amor neste poema.

Sunday, January 21, 2007

O MODERNO DE PÉ QUEBRADO

DE VOLTA PARA O FUTURO

E, no fim, quando a tarefa
parece completa
Eis que as letras todas fogem.
Na tela, contrariando todos os conhecimentos
e esforços,
se fixa o vazio
Expresso numa mensagem que não entendo.
Depois de tentar todas as teclas e truques
O inevitável reset traz de volta
A marca mundial triunfante
de garantia da Windows,
E, como comprovante de qualidade,
O computador restaura o texto.
É a glória! Como toda glória efêmera,
Pois logo falta energia.
( Do livro A Alquimia da Vida ).

PARA INÍCIO DE ANO

TRAMA
Se todas as imagens ficaram velhas
E todas as novas lógicas são velhas linguagens
Por certo o que há de mais moderno
Se esconde nas trevas do passado
Ou deve estar enterrado
Em textos cujas palavras
ninguém mais domina.
Assim se aproxima o novo da velhice,
A alquimia da medicina
E toda a sabedoria
da minha
insuspeitada tolice,
Porém a chave do segredo,
Repousa, como esta poesia,
Na ausência de enredo.

(Do livro A Alquimia da Vida)

Friday, January 19, 2007

TEMPOS


Trying to Pray


James Wright

This time, I have left my body behind me, crying
In its dark thorns.
Still,
There are good things in this world.It is dusk.
It is the good darkness
Of women's hands that touch loaves.
The spirit of a tree begins to move.
I touch leaves.
I close my eyes and think of water.

Experimentando Orar

Nestes tempos, eu havia deixado meu corpo atrás de mim, gritando
Nos seus espinhos escuros.
Ainda,
Há boas coisas neste mundo.
É noite.
É boa a escuridão
Das mãos das mulheres das formas que tocam.
O espírito de uma árvore começa a se mover.
Eu toco nas folhas. Eu fecho meus olhos e penso na água.

BORGES SEMPRE BORGES


Final de año

Jorge Luis Borges

Ni el pormenor simbólico
de reemplazar un tres por un dos
ni esa metáfora baldia
que convoca um lapso que muere y outro que surge
ni el cumplimiento de un proceso astronómico
aturden y socavan
la altiplanicie de esta noche
y nos obligan a esperar
las doce irreparables campanadas.
La causa verdadera
es la sospecha general y borrosa
del enigma del Tiempo:
es el asombro ante el milagro
de que a despecho de infinitos azares,
de que a despecho de que somos
las gotas del rio de Heráclito,
perdure algo en nosotros;
Inmóvil,
algo que no encontró lo que buscaba.


Fim de ano

Nem o detalhe simbólico
de substituir três por dois
nem a metáfora inútil
que provoca um lapso entre um que morre e o outro que se levanta
nem o cumprimento de um processo astronômico
aturdem e enterram
os altiplanos desta noite
e nos obrigam a esperar
as doces e irreparáveis tocaias.
A causa verdadeira
é a suspeita geral e nebulosa
do enigma do Tempo:
é o assombro ante o milagre
de que a despeito dos infinitos acasos,
de que a despeito de que somos
as gotas do rio de Heráclito,
perdure algo em nós;
Imóvel,
algo que não encontrou o que buscava.

COTIDIANO


Fantasia

Não há melhores nem piores hipóteses.
A dúvida, única certeza nos envolve.
Sou uma interrogação ambulante,
O verdadeiro mutante temporal.
Todos não são? Estendo minha mão
Onde mostro, vazia, o sentido
Que só minha mente pode dar.
Minha imaginação é o caminho.
Não há dias piores nem melhores.
Existe a paixão, o amor, o medo.
Segredo é o resto que nos cerca,
Porém que importância tem?
Todos adquirem uma direção,
Mas não há canção nem partitura.
Somos nós que a fazemos
De lágrimas, risos, gozos.
Não há melhores nem piores destinos.
O julgamento os faz diferente.
Em frente a vida segue sempre
Brincando da ilusão que é.
Todos sabem de algum modo
Que tudo é fantasia.
Na mágica da vida tudo se confunde
E, por mais que mude, sempre segue igual.
(Do livro Imagens da Incerteza)

FELIZ 2007


Ano Novo

Ano novo. A vida escorre por dias
De incertezas. Uma sobra de alegria
Perpassa por sobre as mesas. Taças
Que brindam, bocas, champanhes espoucam,
Toda a dúvida continua a mesma.
No entanto o ano é novo. A vida,
Por convenção, tem uma esperança
Que , também, põe novidade nas datas.
A diferença, mínima que seja,
Existe. Ontem, por mais que pareça,
Não é hoje. Nem se precisa ser sábio
Para perceber que os dias passam.
A chuva, que molha o ano novo, cai.
Lágrimas não tenho. Cheio de desejos
Espero o encontro dos dias que virão
Com a certeza que o igual não é igual.
Jogo fora do estômago e intestinos
O que resta do velho ano passado
E tomo banho para ficar limpo de tudo
E reescrever os dias de um novo ano.
(A ilustração é do belo Site Imagem do Obvius-Um Olhar Mais Demorado -http://blog.incovering.org).

Tuesday, January 16, 2007

DUAS POESIAS DE ROBINSON RODRIGUES HERRERA


PECADO
Robinson Rodriguez Herrera

Te llevas mis ojos donde quieras que vas,
en tus caderas se enredómi corazón
como una hiedra.
Por ti Adán renunció al paraíso,
David desafió las runas del arca,
Agamenón fue muerto,
cayó la cabeza del Bautista
mientras Salomé danzaba.



PECADO

Tu levas meus olhos onde quer que vá
Que em tuas cadeias se enredou
Meu coração como um hera.
Por ti Adão renunciou ao paraíso,
David desafiou as runas da arca ,
Agamenon foi morto,
Caiu a cabeça de Batista
Enquanto Salomé dançava.


MUERTE

Robinson Rodriguez Herrera

Sigo los pasos de la noche,de la diosa ancestral
hasta el altar del sacrificio.
He visto correr las estaciones
la prisa de los hombres
los aromas salobres,
las lágrimas fluyendo
como océanos.
Tú que me diste vida

MORTE

Eu sigo os passos da noite,
da deusa ancestral
até o altar do sacrifício.
Eu vi passar as estações
a pressa dos homens
os aromas salobros,
as lágrimas fluindo
como os oceanos.
Tu que me destes vida.

UMA POESIA DE FIM DE ANO


31 DE DICIEMBRE

Vilma Vargas Robles

Hagamos tiempo mientras podamos,
tendremos hoy las mejores galas.

Después de un minuto de silencio
habrá una plegaria, serpentinas.

La escenografía está a punto.
El piso un poco más roto.

31 DE DEZEMBRO

Aproveitemos o tempo enquanto nós podemos,
Temos o melhor momento hoje.

Depois de um minuto do silêncio
Haverá uma oração, serpentinas.

A cenografia está no ponto.
O assoalho um pouco mais velho.