Monday, July 30, 2007

A DOR DA TUA AUSÊNCIA ESTÁ PRESENTE


EXCESSO

Há o tempo-este carrasco implacável-
E a morte-a recolhedora das vidas-
Que são inevitáveis,
Porém, não precisava também
Da distância e da saudade de você
Que não param de doer.

Sunday, July 29, 2007

UM POETA DE COSTA RICA

La contemplación de las horas.

César Gonzalez Granados

El insomnio es una casa abierta,
una recopilación de goteras golpeteando contra el piso,
la pena capital para Morfeo,
la reina incertidumbre, el peso por lo hecho,
el miedo por lo muerto, el tiempo para anhelarte,
el precio por tus besos.

El tiempo de algunas noches parece muerto,
y hay que velarlo en la contemplación de las horas
soñando despierto,
inventándome tonos similares a los tuyos
que me arrullen con su canto, para soñar con tu cuerpo.

El insomnio es el trance delicioso del recuerdo,
el trago de vinagre por miedo a morirse seco,
el resonar del relojcon arritmia en los minutos,
las cataratas del cuerpo
y vos en un barril;
como decir, es el sueño…

A Contemplação das horas.

A insônia é uma casa aberta,
Uma compilação das goteiras golpeando de encontro ao assoalho,
A pena capital para Morfeu,
O reino da incerteza, o peso do fato,
O medo pelos mortos, o momento para o desejar-te,
O preço por seus beijos.

O tempo de algumas noites parece morto,
E é necessário velá-lo na contemplação das horas
Sonhando desperto,
Inventando tons similares aos teus
Que sejam no seu canto, para sonhar com teu corpo.

A insônia é o momento delicioso da recordação,
O trago do vinagre pelo medo de morrer a seco,
O ressonar do relógio
Com arritmia nos minutos,
As cataratas do corpo
E vozes num tambor;
como a dizer, é o sonho

Saturday, July 28, 2007

O MÚSICO NO PARQUE

EMBRIAGUEZ MUSICAL

Yo-Yo Ma,
Com Petúnia, seu violoncelo mágico e belo,
Toca em Toronto.

Yo-Yo Ma
Toca Bach
Em pleno o ar livre
Para meu espanto.

A Natureza é um canto
E, de beleza, fico tonto!

Friday, July 27, 2007

VER PARA CRER

CANTO AO AMOR OCULTO

Como um passarinho vivo
Criando um ninho para o meu amor...

Hei de fazê-lo com as mais belas flores da floresta
e envolvê-lo com os mais doces cantos de outros pássaros
para te cantar com os mais suaves sons que há.

Nem me importo de voar mais alto
Ou, de nas longas distâncias me cansar
Ou, se, na busca, posso me machucar
Se os melhores e saborosos frutos recolher
Para te ofertar.

Só me importo, antes de aparecer o luar,
de olhar nos olhos teus,
e cantar, no por do sol, o meu canto de glória,
pelo meu imenso amor...

Sei que é fonte de prazer e dor
Que é mais belo por ninguém desconfiar ....
E somente parecer história.

O melhor pecado é oculto.
O segredo da joía está no diamante bruto.

Wednesday, July 25, 2007

UM POETA DE COSTA RICA

UN POETA ES UN POETA

Robinson Rodriguez Herrera


¿Te acuerdas de un muchacho triste
que te robaba sonrisas
insomne en el periplo
de sus poemas?
Tu habrás cambiado tanto,
pero ese pastor de sueños
sigue regalando al viento
la vida
de sus versos.

Um poeta é um poeta

Te lembras de um menino triste
Que te roubava sorrisos
no périplo insone
de seus poemas?
Tu mudastes tanto,
Porém esse pastor dos sonhos
continua dando ao vento
a vida
de seus versos.

Tuesday, July 24, 2007

NO ENTANTO É PRECISO DORMIR....

La contemplación de las horas.

César Gonzalez Granados

El insomnio es una casa abierta,
una recopilación de goteras golpeteando contra el piso,
la pena capital para Morfeo,
la reina incertidumbre, el peso por lo hecho,
el miedo por lo muerto,
el tiempo para anhelarte,
el precio por tus besos.

El tiempo de algunas noches parece muerto,
y hay que velarlo en la contemplación de las horas
soñando despierto,
inventándome tonos similares a los tuyos
que me arrullen con su canto,
para soñar con tu cuerpo.


El insomnio es el trance delicioso del recuerdo,
el trago de vinagre por miedo a morirse seco,
el resonar del reloj
con arritmia en los minutos,
las cataratas del cuerpo
y vos en un barril;
como decir, es el sueño…

A Contemplação das horas.

A insônia é uma casa aberta,
Uma compilação das goteiras golpeando de encontro ao assoalho,
A pena capital para Morfeu,
O reino da incerteza, o peso do fato,
O medo pelos mortos, o momento para o desejar-te,
O preço por seus beijos.

O tempo de algumas noites parece morto,
E é necessário velá-lo na contemplação das horas
Sonhando desperto,
Inventando tons similares aos teus
Que me encantem com seu canto, para sonhar com teu corpo.

A insônia é o momento delicioso da recordação,
O trago do vinagre pelo medo de morrer a seco,
O ressonar do relógio
Com arritmia nos minutos,
As cataratas do corpo
E vozes num tambor;
como a dizer, é o sonho

HÁ COISAS QUE SÃO ETERNAS

AMOR IMORTAL

Há gestos que nenhum
dinheiro paga.
Lembra aquele dia
em que me disse
que faria amor comigo
Até de graça?

Não teve a menor graça
o que tive de pagar.

As coisas são assim:
Todo mundo tem a sua vez de rir.
preciso avisar
que não posso mais lhe sustentar.

Meu advogado foi embora.
Meu contador
acabou de sacar
o resto do dinheiro que havia.
Meu bem, sei que seu amor
vai resistir
ao fato de que acabo de falir.

A casa? Não. Não precisa deixar.
É só esperar
que o banco vem tomar.
O carro que lhe dei de presente?
É passado.

Pode me xingar.
Não ligo não.
Sei que estarei para sempre
No seu coração.

(De Poesias Mal-Comportadas)

DILEMA PÓS MATRIZ

Dúvida Cruel

Faz algum tempo
Deixei de tentar me entender.
São tantos os papéis que faço
Ora um super-herói, um louco, um palhaço
Que me confundo
Até entre os mundos.
Agora mesmo
Estou aqui analisando
Se devo comer esta barata-
presa no copo.
Deve estar aí para este escopo.
Não me lembro se já comi alguma;
Se faz parte de minha dieta
Num papel que fiz de atleta,
Se me foi indicado por ter vitamina,
Mas um jeito apetitoso ela tem.
Vou comer.
Deve me fazer muito bem!

Sunday, July 22, 2007

UM GRANDE MESTRE ARGENTINO

VOLTO A BORGES
Poesia não se explica. Momentos sim. Esta poesia de Borges, hoje, condiz com meu momento. Nem sei se já a publiquei, mas, mesmo se for um bis, não será demais. Voltar a Borges é sempre voltar a ler boa poesia ainda que com os defeitos que o tradutor (traidor) sempre introduz.



EL INSTANTE
¿Dónde estarán los siglos, dónde el sueño
de espadas que los tártaros soñaron,
dónde los fuertes muros que allanaron,
dónde el Arbol de Adán y el otro Leño?
El presente está solo. La memoria erige
el tiempo. Sucesión y engaño
es la rutina del reloj. El año
no es menos vano que la vana historia.
Entre el alba y la noche hay un abismo
de agonías, de luces, de cuidados;
el rostro que se mira en los gastados
espejos de la noche no es el mismo.
El hoy fugaz es tenue y es eterno;
otro Cielo no esperes, ni otro Infierno.

O INSTANTE

Onde estarão os séculos, onde o sono
De espadas que os tártaros sonharão,
Onde os fortes muros que levantaram,
Onde a arvore de Adão e outro lenho?
O presente está só. A memória
Erige o tempo. Sucessão e engano
É a rotina do relógio. O ano
Não é menos vão que a vã história.
Entre a aurora e a noite há um abismo
De agonias, de luzes, de cuidados;
O rosto que se mira nos gastos
Espelhos da noite não são os mesmos.
O hoje fugaz é tênue e é eterno;
Outro céu não esperes, nem outro inferno.

Friday, July 20, 2007

O DIFERENTE É UMA FLOR


A Flor do Diferente

Num mundo permanentemente igual, mecânico,
Apenas os meus sentidos parecem indicar
Que o único esforço real deve ser o de amar,
Porém, a pele e os ossos de se mexer têm pânico.

Os dias parecem ser contra as nuances da vida
Como se até a troca do calendário fosse irreal
E toda mudança, de tanto ser, o fixo, normal,
Soasse sem encanto como uma melodia perdida.

Todos os dias parecem longamente iguais,
e lânguidos se arrastam sem remédio,
a se repetir num monótono, crônico, tédio,
música contra a qual não há resistência mais.

Não me importam as favas contadas do cotidiano.
Quando não há escolha o errado e o certo
Se confundem na certeza do imenso deserto,
Do qual, por ironia, brota a flor de modo insano.
E assim perdido na aspereza do uniforme
Me sinto um ser que, por mais desperto, dorme
E por mais esforço que faça para ser e amar
Só vive pela vida a navegar, navegar, navegar....

E por muito mais mar e água que haja ainda
Toda a viagem parece a mesma e mais infinda
Um caminho sem sentido para frente, para frente
Em busca de um porto que nunca é diferente.

Wednesday, July 11, 2007

DEBOCHANDO


AQUÍ SE DICE COMO DON SANCHO TORNÓ SU IRA EN GOZO Y SU TRISTURA EN CÁNTIGO, CÁNTIGA Y DULZOR DEL CIELO

Álvaro Miranda

Sea que sí, sea que no, brínquese por la cola,
cójase por el cuello, apriétese el pispirispi,
húndasele el gaznate, muérdasele el juanete, aquí
y allá, en la hora en que el sinsonte se vuelca
en el mar, silba la iguana, silba el carmín, arde
el cotudo, se amasa la bilis, come mi risa puerro y orín.
Va la vieja, viene la niña, vende que vende,
grita que grita, ofrécese aquí, desnúda
se allá,lluvia tras lluvia la mar no se va, sea que sí,
sea que no, váse la huella con el caracol y
el sueño que vela, infla la música, cristal
de la aurora, barco que aflora allá en el confín,
muralla que arpegia la luna y la aurora.

AQUI SE DIZ COMO DOM SANCHO TORNOU SUA IRA EM GOZO E SUA TRISTEZA EM CÂNTICO, CANTIGA E DOÇURA DE CÉU

Seja porque sim, seja porque não, brinca-se pelo rabo,
pega-se pelo colo, aperta-se a preciosinha,
junta-se a garganta, morde-se o joanete , aqui
e ali, na hora em que o pássaro se volta
do mar, silva a iguana, silva o carmin, arde
a papada, se amassa a bilís, come meu riso, amarga e oxida.

Vai a velha, vem a menina, vende que vende,
grita que grita, oferecesse aqui, desnudasse ali,
chuva após chuva o mar não se vai, seja porque sim,
seja porque não, siga a trilha com o caracol e
o sonho que guarda, infla a música, cristal
da aurora, barco que se levanta atrás da beira,
muralha que harmoniza a lua e o aurora.

Tuesday, July 10, 2007

Até eu que sou mais bobo sei...
Que o mundo não é tão diferente!

Pedro Calderón de la Barca (1600-1681)

Voy contra mi interés al confesarlo;
Pero yo, amada mía,
Pienso, cual tú, que una oda sólo es buena
De un billete del Banco al dorso escrita.
No faltará algún necio que al oírlo
Se haga cruces y diga:
"Mujer, al fin, del siglo diecinueve,
Material y prosaica..." ¡Bobería !
Voces que hacen correr cuatro poetas
Que en invierno se embozan con la lira!
Ladridos de los perros a la luna!
Tú sabes y yo sé que en esta vida,
Con genio, es muy contado quien la escribe;
Y con oro, cualquiera hace poesía.

Atualizada
Eu vou contra meus próprios interesses ao confessar;
Porém, amada minha,
Penso, igual a ti, que uma ode somente é boa
Escrita no verso de um bilhete de banco.
Não faltará algum tolo que quando ouvir
se benza e diga:
"Mulher, no final do século vinte,
material e prosaica". Bobagem!
Vozes que fazem correr quatro poetas
que no inverno se enrolam com a lira!
Latidos dos cães para a lua!
Você sabe e eu sei que nesta vida,
com gênio, contam-se nos dedos os que escrevem;
E com ouro, qualquer um faz a poesia.

Sunday, July 08, 2007

MÚSICA & DESEJO

SEM PARTITURA

O que me atrai em seu marido
É o violino.
É a obsessão e a forma delicada como toca.
É evidente que isto seja só um detalhe
Que aumenta o meu desejo pelo seu corpo.
Cada um com a música e o instrumento pelo qual tem paixão.
Ele só pensa em tocar violino.
Eu só penso em lhe passar as mãos.
Ele atento à partitura
Enquanto meu ser todo gosta de jazz-
É pura improvisação.

(De Poemas Mal-Comportados).

Friday, July 06, 2007

UM POETA DE EL SALVADOR

Promesa

Manlio Argueta

Juro no morirme jamás. No sublevarme.
No decir la verdad cuando nos duela.
Ofrecer la mejilla cada vez
Que me ofendan. A los pobres
Daré limosnas. Comeré pan duro
Para ser bueno contados.
Sólo dinero (pues no tengo nada)
No habré de repartir… Después morir
Tranquilamente, libre de pecados,
De bronconeumonía o de un callo
En el pie
O de un catarro en el alma.

Promessa

Juro não morrer jamais. Não me revoltar.
Não dizer a verdade quando nos ferir.
Oferecer a outra face cada vez
Que me ofenderem. Aos pobres
darei esmolas. Eu comerei o pão duro
para ser bem visto.
Só não darei dinheiro (pois não tenho nada)
Não terei o que distribuir … Depois morrer
Tranqüilamente, livre de pecados,
De broncopneumonia ou de um calo
no pé
ou de catarro na alma.

Wednesday, July 04, 2007

UMA RELEITURA

MIRROR

Sylvia Plath


I am silver and exact. I have no preconceptions.
Whatever I see, I swallow immediately.
Just as it is, unmisted by love or dislike
I am not cruel, only truthful —
The eye of a little god, four-cornered.
Most of the time I meditate on the opposite wall.
It is pink, with speckles. I have looked at it so long
I think it is a part of my heart. But it flickers.
Faces and darkness separate us over and over.


Now I am a lake. A woman bends over me.
Searching my reaches for what she really is.
Then she turns to those liars, the candles or the moon.
I see her back, and reflect it faithfully
She rewards me with tears and an agitation of hands.
I am important to her. She comes and goes.
Each morning it is her face that replaces the darkness.
In me she has drowned a young girl, and in me an old woman
Rises toward her day after day, like a terrible fish.


ESPELHO
Eu sou prateado e exato. Não tenho preconceitos.
Tudo o que vejo engulo de imediato
De qualquer jeito, por amor ou por desgosto.
Não sou cruel, somente verdadeiro -
O olho de um pequeno deus, de quatro cantos.
A maior parte do tempo medito sobre a parede oposta.
Ela é rosa, com pontos. Tenho olhado tanto tempo para ela,
Que, penso, já faz parte do meu coração. Mas ela dança.
Rostos e sombras nos separam mais e mais.

Agora sou um lago. Uma mulher se dobra sobre mim,
Procurando me alcançar para saber o que ela realmente é.
Então ela se vira para aquelas mentirosas, as velas ou a lua.
Vejo suas costas, e a reflito fielmente.
Ela me recompensa com lágrimas e o acenar das mãos.
Sou importante para ela. Ela vem e vai.
Em cada manhã é seu rosto que substitui a escuridão.
Em mim ela afogou uma menina, e de mim uma velha
Se ergue em sua direção dia após dia, como um terrível peixe.