Monday, March 31, 2008

UMA POETISA ARGENTINA

LA SIN TIEMPO

Luisa Futoransky

deshice casas
perdí bibliotecas
me fui con lo puesto
en una valija
dos valijas
tres
indivisible
la trinidad
es

lágrimas
patitas
para qué te quiero

las actrices pobres y viejas
terminan sus días
emparedadas
tomando mate
en un asilo temible
la Casa del teatro
¿Acaso no matan a los caballos?
Fonte: Palabravirtual.com


A Sem Tempo

Desfiz casas
perdi bibliotecas
segui com o que coube
numa valise
duas três
valises
indivisível
a trindade
é

lágrimas
pequeninas
para que te quero

as atrizes pobres e velhas
terminam seus dias
emparedadas
tomando seu mate
num asilo terrível ylum frightful
a Casa dos Artistas

Por acaso não matam os cavalos?

Tuesday, March 25, 2008

O VELHO MALDITO DE VOLTA

you

Charles Buckowski

you’re a beast,
she said
your big white bell
yand those hairy feet.
you never cut your nail
sand you have hands
paws like a catyour bright red nose
and the biggest balls
i’ve ever seen.
you shoot sperm like awhale shoots water out of the
hole in its back.
beast, beast, beast,
she kissed me,
what do you want for
breakfast?



Besta é tu



Você é uma besta,
ela me disse
com sua barriga enorme e branquela
e estes seus pés cabeludos.
Você nunca corta as unhas
tanto que suas mãos parecem patas de gato.
Este seu narigão brilhoso e vermelho
e com estas bolas gigantescas
como parecem ser.
Você esporra como
uma baleia que espirra água
pelo buraquinho das costas.
Besta, besta, besta,
ela disse me beijando
e perguntou o que você quer
comer
no café da manhã?

WALLACE STEVENS


THE MAN WITH THE BLUE GUITAR

Wallace Stevens
The man bent over his guitar,
A shearsman of sorts. The day was green.

They said, "You have a blue guitar,
You do not play things as they are."

The man replied, "Things as they are
Are changed upon the blue guitar."
And they said to him, "But play, you must,
A tune beyond us, yet ourselves,
A tune upon the blue guitar,
Of things exactly as they are."
II
I cannot bring a world quite round,
Although I patch it as I can.
I sing a hero's head, large eye
And bearded bronze, but not a man,
Although I patch him as I can
And reach through him almost to man.
If a serenade almost to man
Is to miss, by that, things as they are,
Say that it is the serenade
Of a man that plays a blue guitar.

De The Man with the Blue Guitar, 1937


O HOMEM DO VIOLÃO AZUL

O homem curvado sobre o violão,
Como se uma foice fosse. Um dia verde.

Eles disseram: "Você tem um violão azul,
Que não toca as coisas tais como são".

O homem replicou: As coisas tais como são
Mudam com ao som do violão azul ".
Eles disseram: "Toca uma canção
Que esteja além de nós e seja nós,
No violão azul, toca a canção
Das coisas exatamente como elas são".

II
Eu não sei fazer o mundo bem redondo,
Ainda que o remende como sei.
Eu canto heróis de grandes olhos, barbas
De bronze, mas homem não cantei
Ainda que o remende como sei
Quase cheguei a cantar o homem que não cantei.
Mas se sempre cantar o homem falta
Deve-se as coisas tais como são,

Então que seja só a serenata
De um homem que toca seu violão azul.

Saturday, March 22, 2008

O MARAVILHOSO RENÉ DAUMAL

É o centenário de Daumal. Um poeta francês que aprendi a amar na sua língua e que escreve de uma forma totalmente pessoal, única. Não consegui encontrar na minha confessa desorganização uns poemas que, na época em que possuía alguma coragem, verti do francês para o português. Queria mostrar algo de Daumal e achei este poema em inglês. Nem sei de quem é a tradução. Porém, trai o traidor por uma causa justa. Espero que gostem. Eu mato aquilo que amo é puro Oscar Wilde.

Skin of Light

René Daumal


The skin of light enveloping this world lacks depth and I can actually see the black night of all these

similar bodies beneath the trembling veil and light of myself it is this night that even the mask of the sun cannot hide from me I am the seer of night the auditor of silence for silence too is dressed in

sonorous skin and each sense has its own night even as I do I am my own night I am the conceiver

of non-being and of all its splendor I am the father of death she is its mother she whom

I evoke

from the perfect mirror of night i am the great inside-out man my words are a tunnel punched

through silence I understand all disillusionment I destroy what I become I kill what I love.


A Pele de Luz

Á pele da luz envolvendo este mundo falta profundidade e posso atualmente ver que a preta noite de todos estes
corpos similares tremendo sob o véu e a luz de si mesmo é esta noite que mesmo a máscara
do sol não pode esconder de mim que sou o profeta da noite, o auditor do silêncio para o silêncio demasiado vestido
em sonora pele e cada sentido tem sua própria noite mesmo para eu que sou a minha própria noite que sou o conhecedor
do não ser e de todo seu esplendor, que sou o pai da morte ela sua mãe a quem
evoquei
do espelho perfeito da noite eu que sou o grande homem do engano cujas palavras são um túnel perfurado
através do silêncio que compreendo que, como toda desilusão, eu destruo o que venho a ser;
eu mato o que eu amo.

PONTOS DE VISTAS POÉTICOS

BUSY

by michael rothenberg

I’m too emotional to see anyone. Decorum
doesn’t mean squat.I buy broccoli
and cook it alone. If you’ll let me be myself,
ask nothing of me, won’t pick up the phone
when it rings, you can come share the broccoli
with me. I was raised to be transparent.
In bed no lover wonders if my mind is
somewhere else. They know. My mother lies
between my lover and poetry to make sure
I am respectful I want to be anonymous
Invisible. So I’m painting the clear plastic
window to my world with a rainbow
from the inside. In the future you’ll have to
ask me where I’m at. Maybe I’ll tell you
[]

Ocupado

Eu estou emocionado demais para ver qualquer um. Decoro não significa agachamento. Eu compro brócolis e
cozinho sozinho. Se você me deixar ser eu mesmo,
não me perguntar nada, talvez pegue o telefone
quando tocar e você possa vir compartilhar os brócolis
comigo. Eu levantei da cama para ser transparente.
Na cama nenhum amante quer saber se minha mente vai
à algum lugar outro. Eles sabem. Minhas mentiras de mãe,
entre meus amantes, e a poesia certificam
que sou respeitável e desejo ser um anônimo
invisível. Assim pinto uma plástica e brilhante janela
de meu mundo com um arco-íris interior.
No futuro você terá que
perguntar-me onde estava. Talvez eu lhe diga.
[]

EDWIN ARLINGTON ROBINSON E A FLOR HUMANA

Richard Cory

Edwin Arlington Robinson

Whenever Richard Cory went down town,
We people on the pavement looked at him:
He was a gentleman from sole to crown,
Clean favored, and imperially slim.

And he always quietly arrayed,
And he was always human when he talked;
But still he fluttered pulses when he said,
“Good morning”, and he glittered he walked,

And he was rich-yes, richer than a king
And admirably schooled in every grace:
In fine, we thought that he was everything
To make us wish that we were in his place

So on we worked, and waited for the light,
And went without the meat, and cursed the bread;
And Richard Cory, one calm summer night,
Went home and put a bullet through his head.

Richard Cory

Sempre que Richard Cory ia até a cidade cada mês,
Que o povo, na calçada, o olhasse era fatal:
Era um cavalheiro da cabeça aos pés,
De feições perfeitas, esbelto, imperial.

E sempre elegantemente bem vestido
E sempre muito humano quando falava;
Mas só em falar as pulsações haviam crescido,
"Bom dia", e até no andar ele brilhava.

E era rico-sim, mais rico do que um soberano
E admirável e educado em cada assunto singular:
Em suma, devia ter tudo possível a um ser humano.
O que nos fazia desejar estar no seu lugar

Assim nós vivemos esperando luz para a alma
E fomos sem a carne, e o pão a maldizer tão tolos ;
E Richard Cory, num verão, na noite calma,
Em casa estourou, com uma bala, os miolos.

O SILÊNCIO ÀS VEZES NECESSÁRIO

EN SILENCIO

María Luisa Artecona de Thompson

En el fondo de mí
ya no hay
palabras.
Sólo un cristal
de otoño
ceniciento
que escucha el golpear
de algunas hojas
y el pasaje fugaz
de gotas finas.
Ya no me queda
al fin
de esta jornada,
sino el mirar
sin ver
de mis pupilas;
ni el crepitar
del llanto
existe ahora;
soy, apenas;
la piedra del camino.
Sostengo
a solas
mi frutal
maduro
por el sol de la angustia
y de la pena.
No sé
de dónde llegan
mis heridas
ni a qué destinos
yo
y ellas vamos.
En el fondo de mí
ya no hay
palabras.
Sólo hay un ser que piensa
y se amalgama
con el silencio y en silencio
estamos.



EM SILÊNCIO

No fundo de mim
Já não há palavras.
Só um cristal de outono cinzento
que escuta o desfolhar
de algumas folhas
e a passagem fugaz das finas gotas.
Já não me sobra ao fim desta jornada,
senão o cego
olhar de minhas pupilas;
nem o crepitar do pranto existe agora;
sou, apenas, a pedra do caminho.
Sustento a sós
meu pomar maduro
pelo sol da angústia e da pena.
Não sei de onde chegam
minhas feridas
nem a que destinos
eu e elas chegaremos.
No fundo de mim
já não há palavras.
Só há um ser que pensa
e se converte no silêncio
e em silêncio estamos.

Tuesday, March 18, 2008

UM POETA COLOMBIANO

APARICIONES

Dario Jaramillo Agudero




No son de carne o espíritu
tampoco son la confusa mezcla de ambas,
ni bestias ni ángeles
ni su desquiciado promedio.
Son destellos,
huecos de tiempo llenos de luz o sin ella,
galopes sobre la luna,
seres que invento y son mi vida,
entre visiones de un jardín sagrado,
formas de poesía,
milagros en metáfora de cuerpo,
metáfora incompleta sin tacto ni perfumes,
metáfora total, plenitud donde no existe el tiempo
donde no existen los efímeros tactos y perfumes que están
dentro del tiempo.

Aparições

Não são de carne ou espírito
tampouco são a confusa mescla de ambas,
nem bestas nem anjos,
nem a desengonçada média.
São lampejos,
buracos de tempo cheios de luz ou sem ela,
galopes sobre a lua,
seres que a invento e são minha vida,
entre visões de um jardim sagrado,
formas da poesia,
milagres em metáfora de corpo,
metáfora incompleta sem tato nem perfumes,
metáfora total, plenitude onde o tempo não existe
onde não existem os efêmeros tatos e perfumes que estão
dentro do tempo.

Monday, March 17, 2008

UM POETA COLOMBIANO

LA LUNA BLANCA...Y EL FRÍO...

León de Greiff

La luna blanca... y el frío...
y el dulce corazón mío
tan lejano... tan lejano...

¡tanto distante su mano...!

La luna blanca, y el frío
y el dulce corazón mío
tan lejano...

Y vagas notas del piano...
Del bosque un aroma arcano...
Y el remurmurar del río...

Y el dulce corazón mío
tan lejano...!

A Lua Branca…E o Frio

A lua branca...e o frio...
e o doce coração meu
tão distante...tão distante...

tão distante sua mão...!

A lua branca, e o frio
e o doce coração meu
tão distante...

E as vagas notas do piano...
Do bosque um aroma arcano...
E o murmurejar do rio.....

E o doce coração meu
tão distante…!

Sunday, March 16, 2008

SEI QUE EXAGEREI NA LIBERDADE POÉTICA..

MINHA PROFESSORA DE INGLÊS ME PERDOE!

Against the Gods

Rebecca Lu Kiernan

What makes me alive,
How can I contain it
So it doesn't bleed
Into you,
And parts of you becoming me,
Not the way I am,
But how you see me?

What makes me human?
How to seal it off
In case you become merciless
Reducing me to some ragged beast
Busy with survival needs,
Dreaming not of love,
Breathing not
Poetry.
What makes me a woman?
How to hold it?
In case angels ascend
Leaving me guardless
In this park,
In the surrender
Of willow limbs
Reaching for the grave, untended,
Just honeysuckle to whisper
In the stir of midnight air,
Never forget
We have walked
Against the gods

Contra os deuses

O que me conserva vivo,
assim como me contenho
sem sangrar
por você,
e parte do que vim a ser ,
não é a maneira que sou,
mas como você me vê?

O que me faz mais humano?
Como cair fora
caso você se torne cruel
reduzindo-me a alguma besta áspera
ocupada apenas com a sobrevivência,
sonhando não com o amor,
não respirando
a poesia.

Que me faz uma mulher?
Como o prendê-lo?
Caso os anjos ascendam
Deixando-me desprotegida
neste parque,
capitulada
aos galhos do salgueiro
que procuram a sepultura, desentendida,
trepadeira agitada a chorar
no ar da meia-noite,
Nunca se esqueça que
nós temos caminhado
contra os deuses

Saturday, March 15, 2008

UM POETA NORTE-AMERICANO

WHELP

by Corey Mesler

Melancholy as a hearse-plume,
I rattle the keys
and little words appear:
clouds of vapor breath.
What I work here,
it's easy to say,
is for the children, my progeny
loose in the world,
coins rolled down the sidewalk.
These poems are worthless to them.
I add little. But, sometimes,
when I'm alone,
and they're as far away
as my own clamant youth,
I think of a phrase
which can hold them,
a handful of well-placed words,
that work like a charm.
Then it's gone
and I'm back here,
a man in a bag, a blind dog.
Coitadinho

Melancólico como uma pena morta
eu chocalho as chaves
e as palavras pequenas aparecem: nuvens
de respiração do vapor.

O que eu trabalho aqui,
é fácil dizer,
é para as crianças, minha geração
perdida no mundo,
moedas rolando ladeira abaixo.

Estes poemas são insignificantes
para eles. Eu adiciono
pouco. Mas, às vezes,
quando estou sozinho,
e tão distanciado
quanto a minha própria clamante juventude,

Eu penso numa frase
que possa prender-lhes a atenção,
um punhado de palavras bem-colocadas,
que tragam como por encanto.
aquilo que se foi
e, aqui, eu ando atrás,

um homem num saco, um cão cego.

UMA POETISA DA COLÔMBIA

VENGANZA

Laura Victoria

Quieres borrar con el sopor del vino
la hiel de olvido que dejé en tu boca,
y eres la polvareda en mi camino
y yo soy en tus vértigos la roca.

Es inútil que sigas mi destino
con el sarcasmo que tu pie provoca.
Yo fui para tu orgullo el torbellino,
y tú la inundación que se desboca.

Por eso para ahogar tus ambiciones,
te azotaré con risa en mis canciones,
y como esclavo te unciré a mis huellas.

Mientras que cien pupilas de mujeres,
te ofrecerán en lúbricos placeres
mi propia imagen deformada en ellas.

Vingança

Queres apagar com o torpor do vinho
o fel do abandono que deixei na tua boca,
e és a poeira que ficou no meu caminho
e nos teus trajetos sou uma rocha.

É inútil que sigas meu destino
com o sarcasmo que tua razão provoca.
eu fui para teu orgulho o torvelinho,
e tu a inundação que em mim desemboca.

Por isto para afogar tuas ambições,
Te chicotearei com meus risos e canções,
e como escravo te unirei às minhas trilhas.

Ainda que cem pupilas de mulheres,
te ofereçam em lúbricos prazeres
minha própria imagem deformada nelas.

Friday, March 14, 2008

UM CERTO SR. WONG

Evocación de la doncella

Oscar Wong

El rostro dúctil de la niña,
la sonrisa etérea de la niña,
la cadera ansiosa de la niña,
el rotundo bramido de las piernas de la niña.

Retumba la ternura transparente en esta niña,
el Amor transfigura el semblante complacido de la niña,
la turbación retrocede ante el vigor minucioso de la niña.

Ahora tiemblan los labios de la niña,
voraz se turba el cuello de la niña,
se estremecen los pechos contundentes de la niña,
clandestinos naufragan los muslos de la niña
(y la fértil vulva de la niña me calcina).

Evocação da Donzela

O rosto doce da menina,
o sorriso do etéreo da menina,
o meneio ansioso da menina,
o provocante ruído das pernas da menina.

Ecoa a ternura transparente desta menina,
o amor transfigura o semblante prazeroso da menina
a perturbação passa ante o vigor exuberante da menina.

Agora tremem os lábios da menina,
voraz se turva o colo da menina,
estremecem os seios salientes da menina,
clandestinos somem os músculos da menina
(e a vulva fértil da menina me queima).

Wednesday, March 12, 2008

VIVER É PRECISO

INQUIETAÇÕES Nº 2

Há, certamente, sensações que nunca terei...
Viajar por uma estrela cadente
Sempre me passou pela mente
Ou acordar mais jovem de repente
Ou recuperar o amor que não amei.

Os sonhos me parecem mais reais
Quando me conscientizo agora
Que o tempo que já foi embora
Me exige ter prazer com a hora,
O minuto, o segundo e até mais,
Com coisas como a fé.

È preciso não me inquietar.
Surge como um raio o pensamento
De que a vida, como um breve vento,
Passa. Viva-se ou não, e tento
Olhando teu retrato não chorar
E voltar a respirar o mesmo ar.

Inútil. Inquietações ou desejos.
Mesmo que voltes, os beijos
Nem nós somos mais os mesmos
E não há mais razões nem ensejos
Para que exista a mesma paixão
E o mesmo amor que criou a ilusão
De que tivemos o mundo nas mãos.

UM POETA PANAMERICANO


CULTIVO UNA ROSA BLANCA

José Marti

Cultivo una rosa blanca,
en julio como en enero,
para el amigo sincero
que me da su mano franca.

Y para el cruel que me arranca
el corazón con que vivo,
cardo ni ortiga cultivo:
cultivo una rosa blanca.

Cultivo uma Rosa Branca

Cultivo uma rosa branca,
Em julho como em janeiro,
Para um amigo sincero
Que me dê sua mão franca.

E para o cruel que me arranca
O coração com que vivo
Cardo nem urtiga cultivo:
Cultivo uma rosa branca.

Friday, March 07, 2008

VIVENDO OU NÃO....PASSA

Fora de Ritmo

É ainda com o mesmo olhar de menino
Que procuro meus brinquedos
De homem velho.
Há, é certo, muito além
Da inocência de outrora
A urgência do desejo e da hora
E a maldade, envolta
Em palavras gentis e suaves,
Que examina as promessas,
Mesmo as mais reais,
Com incredulidade.
Não me alimento de saudade
Nem de esperança.
Sei que o mundo é uma dança
E vou me balançando como posso.

Thursday, March 06, 2008

A MORTE PODE SER A VIDA

HUÉSPED SÚBITO

Manuel Del Cabral

Ahora estás aquí.
¿Pero puedes estar?
Tú dices que te llamas... Pero no, no te llamas...
Desde que tengas nombre comienzo a no respirarte, a confirmar que no existes,
y es probable que desde entonces no te nombre, porque cualquier detalle, una línea, una curva,
es material de fuga;
porque cada palabra es un poco de forma,
un poco de tu muerte.
Tu puro ser se muere de presente.
Se muere hacia el contorno.
Se muere hacia la vida.

HOSPÉDE SÚBITO

Agora estais aqui.
Porém podes dizer que estais?
Tu dizes que te chamas…Porém não te chamas...
Desde que tenhas nome começo a não te respirar,
A confirmar que não existes,
E é provável que desde então não te nomeie,
Porque qualquer detalhe, uma linha, uma curva,
É material de fuga.
Teu puro ser que morre de presente.
Morre na busca do contorno.
Morre na busca da vida.

Tuesday, March 04, 2008

NADA MUDOU...

OVAÇÃO

De longe você vem
Desenterrar velhos fantasmas.
Lembrar de tempos de paixão e poesia,
Abrir de novo as portas da magia,
Soltar as amarras do cotidiano,
Do palco abrir as cortinas
E gritar:
-Ação!
É tarde.
Por pura covardia não me movo.
E, de novo, a platéia joga ovo!

(De Poema Mal-Comportados)

Monday, March 03, 2008

UM POETA DO CHILE

Y de la vida. Y de la muerte

Alfredo Lavergne

¿ Qué somos...
La autobiografía de América
Su memoria institucional
La palabra de sus chozas
O el discurso del abrazo electrónico?.
Con el olvido que me es permitido
No sé cuanto llovió anoche
Ni los meses que nevó este año en tu país
O la razón de la sequía de la tierra que no he leído
O si mis sentidos y los actos son efectos de un final
O si el hombre que pasa a mi lado dejó su origen.
Sólo sé
Que anoche escribí pateando un tapón de botella.


E da Vida. E da Morte
O que somos?
A autobiografia da América
Sua memória institucional
A palavra de suas choças
ou o discurso do abraço eletrônico ?
Com o esquecimento que me é permitido
Não sei o quanto choveu ontem à noite
Nem quantos meses nevou este ano em teu país
Ou a razão da seca da terra que eu não li
Ou se meus sentidos e os atos são efeitos de um final
Ou se o homem que passa a meu lado deixou sua origem.
Eu sei somente
Que ontem à noite escrevi chutando uma cortiça de garrafa.